Trick Of Fate escrita por WIND Flower


Capítulo 14
Sem rodeios


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente!
Como estão?

P.S - Não reparem no título. Não consegui pensar em nenhum decente. TuT

Fiquei feliz em receber comentários no capítulo anterior, afinal foram eles que me motivaram a escrever e cá estou atualizando a fanfic num momento inesperado. Tenho certeza que vocês não esperava pela minha aparição repentina, não é? o/
Eu dei várias risadas enquanto escrevia, meu povo. Pois é! Anne é uma figura, mas o Nathaniel também me tirou algumas risadas. Espero que se divirtam e apreciem enquanto leem, pois Cau adorou escrever esse capítulo. ♥

(Por favor, leiam as notas finais)

Boa Leitura ♥



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ANNE

Eu poderia fingir um desmaio, assim teria mais tempo para pensar sobre a proposta. Sou uma ignorante. Nem deveria pensar — já que é uma chance. Chance para o quê, senhor? Chance para vê-lo novamente. Cale-se segunda alma de Anne. Como se atreve a se intrometer no assunto? Minha mente estava uma bagunça, parecia um labirinto e eu estava presa nele. Cacete! Por que estou hesitando? Diga sim, Anne! Diga sim! O que você teme?

— Não precisa pensar tanto, minha querida. Estarei ao seu lado quando... — Ambre dizia, porém fora interrompida por Castiel:

— Ela está pensando tanto que fritou o próprio cérebro. Está saindo fumaça da cabeça da Nanica. — Ele começou a rir, mas o riso foi cessado quando Rosalya voltou a estrangula-lo. Continua assim, Branquela! Mostre para esse infeliz quem é que manda.

Respirei fundo. É tão fácil falar, mas não consigo. Existe uma barreira. Minha garganta se fechou e continuo hesitando. Por quê?

— Anne... — Ambre me chamou, contudo ao pronunciar o meu nome percebi que a sua voz soou tristemente; isso piorou ainda mais as coisas. Ela queria que eu aceitasse.

Um silêncio horroroso caiu sobre a sala. O clima estava incômodo até que Kentin exaltou a voz pela sala:

— Deixem-na pensar sobre a proposta. Ela precisa decidir por conta própria. Sem nenhuma pressão. — Sua voz era firme e sua expressão séria. No entanto, havia algo estranho, ele parecia zangado.

— Kentin tem razão, Ambre. — Rosalya disse serena. — Deixemos Anne pensar a respeito e tomar a decisão sem nenhuma influência, pois ela é ciente que terá que está ao lado de certo alguém quando exercer a profissão.

A branquela deu ênfase para a palavra “alguém”. Ela não queria que eu aceitasse o emprego; visto que está chateada com as atitudes de Nathaniel em relação a mim. Obrigada, Rosa. Você acabou de me deixar ainda mais indecisa comigo mesma. Sua resposta fora bastante influenciável. Sonsa!

Ambre apenas assentiu. Fiquei agradecida por meus amigos me entenderem e me disponibilizarem espaço para decidir-me, embora meu sexto sentindo esteja cutucando: “Algum deles tentarão te influenciar”.

Ignorei os meus pensamentos e encaminhei-me para o meu quarto. Tranquei a porta e respirei fundo. Senti um alívio de estar sozinha e poder refletir. Naquele cômodo poderia pensar... Pensar no quê?

Vamos começar do início. Como eu poderia ser uma boa secretária? Sou desastrada, não sei falar corretamente, tenho uma má postura, tenho boca suja... Meu deus! Tenho tantos pontos negativos que poderia passar o dia listando-os. Chega de destaca-los, afinal me deixa depressiva. Sou sentimental.

Nos filmes, a secretária é a imagem da empresa. Imagem... Eu não tenho imagem para ser uma secretária. Como daria uma boa impressão sendo que sequer sei me maquiar? Tudo depende da porcaria da imagem física. E também, tenho certeza que faria o Nathaniel passar vergonha, pois assim como nos filmes, ele deve ter aquele tipo de relacionamento que os chefes têm com as suas secretárias gostosas.

Infeliz, desgraçado, animal, tarado... Como ousa me trair? Espera! Não posso mais pensar assim. Não tenho mais nada com ele. Ops! Desde quando eu tinha alguma coisa com esse abestado? Céus, o almoço não me caiu bem.

Estava andando em círculos. Estava a ponto de arrancar os fios do meu cabelo. Recusar seria o óbvio, portanto me lembrei do que Ambre me disse minutos atrás:

“Aliás, já conversei com o meu irmão. Acabei de vir de casa e acertamos sobre Anne trabalhar na empresa. Ele aceitou numa boa”.

Isso quer dizer que Nathaniel não se importa em me ter ao seu lado nas reuniões, debates... Ele me considera fisicamente bonita? Calma lá, Anne. Não se empolgue, jumenta. Estou achando que tudo depende da beleza física. Culpa dos filmes! Aliás, desde quando me preocupo com esses detalhes? Enfim, se eu aceitasse, certamente poderia ganhar alguns pontos positivos nessa história.

— Por que não tentar? — Murmurei com um sorriso nos lábios. — Acho que daria conta de ser uma secretária. Só preciso...

Escutei batidas na porta.

— Quem é? — Perguntei indignada porque não me deram nem cinco minutos de privacidade. Ui, estou me achando.

— Aqui é o Kentin. Posso entrar? — Ele girou a maçaneta, mas para o azar dele a porta estava trancada. Dã!

Corri até ela e a abri.

— Desculpe. — Eu disse sem jeito.

Kentin avaliou-me. Seus olhos me estudavam cautelosamente. Acho que ele esperava me encontrar transtornada — como eu estava há pouco. Contudo, agora acabou! Finalmente decidi e estou firme que não irei voltar atrás. Sinto-me até mais leve. Tenho certeza que a minha aura estava brilhando. Aliás, estava ofuscando a aura do Kentin. Este rapaz me lembrava do sol, mas parado a minha frente... Sinto frio e por que ele está rodeado como uma nuvem negra prestes a me atingir com raios? Que diabos! Estou viajando.

— Posso entrar? — Questionou novamente.

Corei, porque estava parada impedindo a passagem dele, sendo assim dei espaço para que adentrasse.

Certifiquei-me de deixar a porta escancarada. Não sei, mas a aura negra rodeando o Kentin estava me assustando. Sentia-me um coelho encurralado, então para ter uma boa oportunidade de fuga... Céus, o que estou escrevendo? Como sou infantil.

Ele parou no centro do quarto. Fiquei avaliando-o. Kentin parecia estar reprimindo alguma coisa. Coloque tudo para a fora e pare de me assustar, homem!

— Pela sua expressão, deduzo que já chegou a uma conclusão a respeito da proposta de Ambre, certo?

— Sim! — Respondi empolgada.

Ele respirou fundo. Ele respirou fundo mais uma vez. Está com nariz entupido, meu filho?

— Você vai aceitar?

— Sim! — Mais uma vez, respondi entusiasmada.

Uma coisa mais sinistra ainda aconteceu. Kentin começou a gargalhar sozinho. Pois é! Fiquei com os olhos arregalados. Uai, qual é a dessa criatura? Eu hein. Cada um e suas manias estranhas. Depois eu que sou a E.T.

— Ele negou o seu amor. Ele te acusou de roubo na primeira oportunidade. Ele te deixou partir... — Kentin sussurrava as palavras, precisei me esforçar para ouvir.

— O que disse? — Perguntei para ter certeza que tinha ouvido bem.

O rapaz respirou fundo novamente. Gente, esse menino tá com uma gripe danada.

— Nada não. — Respondeu. Kentin se virou e pude vê o sorriso falso que ele forçava-se em mostrar. — Não disse nada de importante.

Por que a nuvem negra que o rodeia se tornou ainda mais medonha? Esse rapaz poderia participar de um filme de terror, pois quase que mijo nas calças. Ui que medo!

Com bastante esforço, ele conseguiu relaxar, mas ainda podia sentir que Kentin estava se reprimindo. Seja o que fosse, não saberia naquele momento o que tanto incomodava essa pobre alma.

— Resolvi aceitar o emprego porquê...

— Porque quer estar ao lado dele, não é?

— Não! — Mentira cabeluda, mas também era verdade. O quê? — É só que eu quero ser independente. Quero conseguir dinheiro através dos meus próprios esforços. Nunca trabalhei, porém estou entusiasmada; até porque não viverei em sua casa para sempre. — Eita, desde quando sou boa em responder de imediato? Essa frase ficou bonita. Hoje eu estou toda, toda.

— Poderia ficar aqui para sempre, boba. — Sua voz saiu baixa. — Não me importaria de ter você aqui... Comigo.

Kentin me encarou. Pude sentir a intensidade de seus olhos. Seu pomo de adão se mexeu quando engoliu em seco. Estava começando a ficar confusa.

— O motivo de vim até o seu quarto era para te dizer uma coisa, porém através de suas reações percebo que serei apenas um incômodo. Acho que você não está preparada, então deixo para a próxima, apesar de estar louco para ter essa conversa com você.

Gente, o que esse homem quer me dizer? Não é justo despertar a minha curiosidade.

— Por favor, diga-me o que quer dizer. — Fiz biquinho.

Nessas duas semanas, aprendi coisas a respeito deste rapaz parado diante a mim. Sempre quando eu fazia bico, Kentin cedia as minhas vontades. Credo, assim soa que eu sou uma garota chata e mimada. Cruzes!

Meu bico fez efeito certeiro. Viu? Não sou mentirosa. Os olhos esmeraldas brilhavam enquanto me observavam. Sua expressão séria se desfez. Também notei que a aura dele até se aqueceu, mas ainda assim o infeliz se recusou. Olha o que ele me disse:

— Desculpe, mas ainda não irei dizer-te.

Bufei.

— Chato!

Ele sorriu — e desta vez foi sincero. Kentin caminhou e parou bem a minha frente. Estávamos tão próximos que precisei erguer a cabeça para poder olha-lo. Essa criatura não sabe o limite da aproximação. Até ele consegue me deixar constrangida, então percebi que não conseguiria encara-lo diretamente. Oh derrota.

Kentin acariciou a minha bochecha, depois colocou a mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. Que diabos! Que diabos! Comecei a sentir um calor desnecessário, mas não conseguia olha-lo nos olhos. A direção do meu olhar estava fisgada em seu peito firme tampado pela blusa vermelha. Como sou abusada, mas sei que és firme porque já vi essa perdição sem camisa. Ah gente, longa história. Pensei até em dizer que tinha uma aranha rondando naquela área, contudo seria uma coisa retardada... Espera, eu sou retardada, não é?

— Anne? — A voz rouca dele me chamou.

Ainda não consegui encara-lo, mas estava a ponto de desmaiar. Olha o drama.

— Só quero que saiba que não desisti. Durante esses dias que você ficou aqui em casa, percebi que posso ter esperanças. Você me deu esperanças, sem perceber, é claro.

Ah? Do que esse homem está falando?

— Bebeu água da privada, meu filho? — Deixei escapar um dos meus pensamentos dementes.

Kentin sorriu e apertou a minha bochecha.

— Realmente, você ainda não está preparada.

Por que tenho a sensação que essa criatura está me tratando como uma idiota? Ia reclamar da dor do aperto na minha bochecha, entretanto fui surpreendida. Kentin depositou um beijo no canto da minha boca. Pronto! Misericórdia de Alfredo. O que há com esse macho? Fiquei petrificada a ponto de cair dura no chão. Meu coração estava a mil. Aguente a emoção, querido. Tenho certeza que minha imagem física deveria estar uma rocha. Se ele triscar em mim, eu quebro.

— Quero que não se esqueça de mim. — O moreno caminhou para a porta, mas ainda me olhou por cima do ombro e finalizou com um sorriso exposto: — Você vai se lembrar de mim no momento certo, assim ficará ciente de seus sentimentos em relação a nós; até lá ficarei aguardando e sempre caminhando ao seu lado.

Quando Kentin saiu do quarto, deslizei meu corpo pela parede e me sentei no chão. Levou alguns segundos para me recuperar.

O que diabo acabou de acontecer aqui?

Mal consegui me recuperar e escutei uma voz familiar — uma voz de palhaço retardado dizendo:

— Anne tá namorando!

— Castiel... — Pronunciei seu nome com raiva. Praticamente rosnei enquanto cuspia cada silaba. — Você viu?

— Quem mandou deixar a porta aberta, Nanica. — Explicou adentrando no quarto e vindo em minha direção. — Parecia até um filme pornô. — O idiota começou a rir da própria babaquice. Oh menino que fala besteira. As vezes nem sei porque dou ideia para essa peça rara.

— O que quer? — Perguntei irritada e ainda com o rosto vermelho. Não acredito que esse ruivo do capiroto tinha visto Kentin e eu naquele momento estranho.

— Só quero perguntar... — Castiel passou a mão pelos cabelos. Ele estava estranho também. — Se você ainda precisa de mim?

Meu coração se apertou.

— Como assim?

— Bom... Ah que chatice! — Ele reclamou. — É só que agora você está segura. Eu confio neles. Essas pessoas se importem com você. Agora minha Nanica vai começar a trabalhar e eu continuarei a ser um... Desgraçado sem teto. Somos diferentes agora.

— Não vejo diferença nenhuma entre nós dois.

— Não posso ficar aqui e você sabe muito bem disso. Eu vou...

— Cala essa boca! — Gritei quase chorando. — Nem pense em terminar essa frase. Castiel, se você ousar a me deixar sozinha... Saiba que jamais te perdoarei.

Por que justo agora Castiel me vêm com essa? Ele também se tornou amigo de meus amigos, então não entendo. Por que ele quer se afastar?

— Maldito orgulhoso! — Eu disse. — Kentin já disse que não se importaria de ter você aqui.

— Ele diz isso porque eu sou o seu amigo. Anne, pare de ser burra! Olha a nossa situação, caramba. Imagine se vocês dois começassem a ter um relacionamento e eu morando aqui? Seria o cúmulo!

— É com isso que está preocupado? — Limpei a garganta e prossegui: — Você sabe que eu ainda...

— Eu sei, mas do jeito que as coisas estão indo, não duvido que você e esse sujeito possam...

— Hoje você tirou o dia para falar um monte de merda. — Desconversei — Castiel, você se superou, meu amigo!

O ruivo suspirou. Ele parecia cansado de minhas atitudes. Até eu me canso de mim mesma

— Você sabe que a gente não pode continuar assim. Só estou dizendo que você precisa se acostumar com a ideia de viver sem me ter ao seu lado. É só isso!

Só isso? Infeliz.

Castiel deu por fim a nossa conversa. O sonso virou-se pronto para sair do quarto, mas gritei:

— Seu porco desgraçado. Fique ciente que jamais irei te perdoar. Se você levar a sério essa nossa conversa... Castiel Jumento da Silva... Não te p-e-r-d-o-a-r-e-i.

~x~

Sentada na praça de alimentação de um Shopping. Ambre e Rosalya me acompanharam para comprarmos roupas. Comprarmos? Quem está bancando tudo é a Ambre. Oh tristeza. Poderia ser três amigas normais jogando conversa fora, mas...

— Castiel infeliz! — Murmurei.

Assim que me lembrei desse ruivo desgraçado, comecei a esbofetear a mesa e xingar diversos nomes sinistros. Ambre e Rosalya me olharam assustadas, uma delas questionou:

— Anne, você está bem?

— Melhor impossível. — Comecei a rir maleficamente. — Só estou treinando alguns golpes, pois quando vê o Castiel irei usa-lo como cobaia para aperfeiçoar os meus novos movimentos.

—Tenho a sensação que você sairá lascada dessa história. — Ambre comentou brincalhona.

— Cuidado, mulher! Posso usar você como cobaia também.

Elas começaram a rir, mas eu estava falando sério. Quando visse o sonso do ruivo do capiroto... Ah iria fazê-lo esquecer daquela nossa conversa num piscar de olhos. Cuidado! Estou perigosa.

— Anne, você está nervosa? — Rosalya me questionou. Sua voz suave fez-me esquecer da raiva e ficar mais calma. Ela estava se referindo ao emprego.

— Um pouco. — Disse a verdade. — Ambre estará comigo, então me sinto melhor.

— Bonitinha, sabe que não estarei com você na empresa para sempre, certo? — Ambre sorriu — Você será a secretária do meu irmão, então terá que recorrer a ele se tiver alguma dúvida.

Não vou precisar da ajuda dele, estou confiante que conseguirei aprender tudo apenas com os ensinamentos de Ambre. Tenho fé! Amém, senhor!

— Querida, agora vamos para a melhor parte.

— Melhor parte? — Perguntei sem entender. A melhor parte do shopping, para mim, era a parte da comida.

— Depilação, Dona Anne. Você deve estar com uma tarântula no meio das pernas, né? — Rosalya começou a rir.

Depilação o cacete!

— Diacho! — Exclamei desesperada — P-por que vocês não me informaram dessa palhaçada?

— Se a gente tivesse lhe dito, tenho certeza que você não viria conosco. — Ambre explicou — Você é espertinha demais.

Exatamente! Eu devia correr, afinal ainda tenho chance. Não gostei disso. Não quero ninguém mexendo na minha periquita.

Ambre e Rosalya seguraram os meus braços, uma em cada lado.

— Vamos nessa! — A branquela exclamou toda animada.

— No! No! No! — Comecei a protestar, mas as diabas me carregaram para o inferno.

IMAGINAÇÃO ON

Duas mulheres gordas estavam na minha frente — As criaturas também tinham bigode. Elas me amarraram numa cama e estava nua, totalmente exposta para aqueles alienígenas. Detalhe: O quarto era preto, apenas tinha uma luz branca me destacando no meio do cômodo.

— Jesus! — Uma delas disse assustada quando viu a mata entre minhas pernas — Precisaremos de uma serra, Gildete.

Serra? Misericórdia!

— Socorro! — Gritei.

— Calma, mocinha. Levaremos três horas para te deixar limpinha. — Ela sorriu maliciosamente — Até lá, será bastante divertido, não é Carminha?

— Com certeza!

Zrum! Zrum! Zrum!

Era o ronco do motor da serra. Aquele trem estava louco para arrancar um coro da minha parte íntima. Estou sabendo de tudo!

“Periquita finalmente pode respirar livremente, mas Anne traumatizou-se cabulosamente”.

Poema inspirado pela minha derrota, gente.

IMAGINAÇÃO OFF

Uma coisa é certa: Quem estivesse passeando pelo Shopping naquela tarde, tinha escutado os meus gritos.

~x~

Minha periquita estava vermelhinha. Tadinha da bichinha. Estava esparramada na cama, emburrada.

— Terei pesadelos com aquelas tias. — Murmurei ao lembrar-se das figuras.

— Anne? — Ambre abriu a porta e entrou toda sonsa. — Me desculpe. Sei que estás chateada, mas faz parte. Todas nós passamos pelo mesmo sofrimento, mas o resultado é agradável, certo?

— Feia.

Ela sorriu, depois informou:

— Irei tentar te dar algumas aulas sobre modos, escrita e tudo que me lembrar. Está pronta? Amanhã é o grande dia!

Meia hora depois.

— Anne, você é um caso perdido. — A sonsa da Ambre reclamando comigo. Como se atreve?

— Você é uma péssima professora. Diacho! Nem sabe explicar porque “casa” se escreve com “S” em vez de “Z”. Tu também é burrona, minha filha. — Protestei em minha defesa.

Ambre queria rir, mas manteve a postura.

— Céus, você fica querendo questionar o que estar certo. Onde já se viu? — Ainda dizia estressada. Agora eu vi mesmo! — É com “S” e ponto, criatura!

Ela até pegou as minhas manias de falar. Que bonitinha.

— Então, por que um mais um é dois em vez de onze?

— Meu deus, será uma longa noite!

NATHANIEL

Acordei com o meu celular tocando. Virei o corpo para o outro lado e tentei ignorar a melodia, mas era impossível. Bela maneira de começar o dia: música irritante do aparelho e uma ressaca animal. Minha cabeça estava latejando de tanta dor.

O celular voltou a tocar. Aquela luz desagradável iluminando a escuridão do meu quarto. Não tinha como ignorar. Adeus meu querido sono. Peguei o aparelho e avistei o nome da Ambre na chamada.

— Está ferida? — Pergunto sonolento, afinal ela me liga em plena madruga. Ninguém merece.

— Por que não atende? – Ela demandou irritada e nem respondeu a minha pergunta. — Estou te ligando desde cinco da manhã!

Reviro os olhos. Realmente, ninguém merece. Essa mulher me ligou para nada, apenas para me atormentar. Penso em desligar na cara dela, mas Ambre resmunga baixinho e diz sem rodeios:

— Te arranjei uma Secretária.

— Só para isso que você ligou? — Suspiro. Não tinha interesse naquele assunto. — Ambre, não era necessário; até porque o Armin existe para isso, lembra? Ele cuida desses detalhes...

Ela me interrompe:

— Quero você na empresa as sete! — Ela ordena, sem mais nem menos e ainda desliga na minha cara.

Bufei. Larguei o celular em algum canto e meu corpo caiu com tudo no colchão. Voltaria a dormir e deixaria minha querida irmã na espera. Só para a bonita aprender, não aparecia na empresa. Quem ela pensa que é para me dar ordens?

Acho que não dormi nem por dez minutos, logo o lençol fora arrancado com força de cima de mim. Quando abro os olhos, vejo o demônio em pessoa, Ambre.

— O que fiz para merecer isso?

— Me agradeça por não ter jogado água fria em você. Seria maravilhoso vê-lo pulando de um lado a outro com essa cuequinha branca.

— Cara, me deixa em paz. — Peço, quase suplicando.

— Não mesmo! — Ela anda até a janela e abre a cortina. — Se apronte, estarei esperando lá embaixo.

E saiu do quarto batendo a porta. Bufei de raiva e a xinguei mentalmente. Considerei a ideia de voltar a dormir, mas Ambre me conhecia muito bem, pois gritou:

— Ande logo, Nathaniel! Não me faça subir aí de novo!

Por causa de Ambre não queria me casar com uma mulher autoritária e de pavio curto. Já bastava ter minha irmã, não aguentaria outra me enchendo o saco pelo resto de meus dias.

Desisti e fui tomar o meu banho, no fim era uma batalha perdida. Ambre não me deixaria em paz.

~x~

— Acho que na outra vida você foi uma mulher, Nathaniel. —Ambre brincava com o meu humor enquanto dirigia. — Nunca vir um homem demorar uma eternidade para se arrumar, e olha que não vejo nenhuma diferença.

Precisei me esforçar para não pedir que parasse o carro. Vontade não faltava para voltar para a minha cama quente. Enfim, ignorei o seu comentário e perguntei:

— Por que quer tanto que eu veja essa secretária? — Perguntei fazendo cara de tédio — Hoje em dia essas mulheres só tem beleza, sequer sabem organizar uma reunião. Acho que me sairia melhor sozinho em vez de ter um braço direito.

— Quer dizer que você repara que elas só têm beleza e nem um pouco de cérebro? Estou chocada! — Ela ironizava ainda brincando com o meu humor. — Isso é para você aprender e parar de escolher essas mulheres pela aparência física.

— Pelo menos espero que essa moça saiba fazer um bom café, pois o da Melody era horrível. — Comentei com a expressão de nojo ao lembrar-se do gosto.

Ambre estava segurando o riso, seus lábios estavam trêmulos e sua expressão era engraçada.

— Qual é a graça? Saiba que seu rosto está horroroso. Não fico surpreso por você estar solteira, afinal homens destetam mulheres enrugadas antes da hora. — Aproveitei para dar-lhe o troco pelas provocações.

Ambre bufou.

— Idiota!

Comecei a rir.

— Continue com esse sorriso maravilhoso no rosto. — Ela começou a dizer. — Acho que seu sorriso pode ser alargar ainda mais ou... — Ambre me encarou e sorriu mostrando os dentes — Ou você pode acabar ficando com o rosto enrugado antes da hora, embora eu tenha certeza que você vai surtar quando vê a sua nova secretária. Ela é de matar qualquer um!


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Mereço recadinho? *O*
Meu deus! E esse Kentin? O que acharam desse rapaz? Eita, Eita, G_G - Tanta coisa acontecendo. E o Castiel com birra? TuT

Essa aqui vai especialmente para Abby. Mulher, o que achou do PVO do Nathaniel? *O*

PERGUNTA PARA VOCÊS LEITORES:

Vocês querem que no início do próximo capítulo quem comece narrando? O Nathaniel ou a Anne? Assim, será a reação de um deles ao se encontrarem na empresa. Anne está ciente, mas fora enganada. A bichinha achava que o Nath sabia dela ser a nova secretária... Vish~ No caso do Nath ele nem imagina que a nova secretária é a Anne. O que vocês querem? Eu tenho ideias das reações de cada um deles, mas gostaria de saber o que vocês esperam. o/

Obrigada por lerem até aqui ♥

Até a próxima, tchucos de Cau//