A Livraria Yakuza escrita por Arquivo


Capítulo 6
Jinja: O Santuário Das Víboras




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Ela acordou, mas não podia respirar direito ou se mexer. Sentia que a forte luz colocada sobre ela a estava derretendo aos poucos, como um peixe fora d’água para apodrecer.

—Finalmente...

Moveu seus olhos, tentou reconhecer o local a sua volta, mas mal podia mover seu pescoço, percebeu que estava amarrada a uma maca, porem mesmo que não estivesse... a dor não lhe permitiria nem mesmo ficar de pé, a terrível dor que sentia em suas regiões inferiores a estava matando. Era como se aquela maldita faca ainda estivesse lá, desenhando cortes sobre seu sexo e esperando que ela gritasse mais e mais e mais.

Uma sombra se aproximou da maca e levantou suas pernas que na verdade estavam presas a um instrumento de exame ginecológico. O mesmo que as mulheres usam para dar a luz. O homem que estava lá travou então o adereço da maca, mantendo suas pernas paradas naquela posição.

—Susie, eu pensei que você nunca mais fosse acordar. Perdoe-me se meus métodos cirúrgicos não são os melhores, talvez as cicatrizes não saiam...

Ela percebeu que estava despida; ele foi até seu rosto, era aquele maldito... ela mal se lembrava do que havia acontecido depois que ele a cortou. Ela ainda não sabia, mas estava apagada há dois dias.

—... Se vai me matar, faça logo... – Tentava falar, mas sua garganta parecia preenchida de areia ou espinhos.

—Não, não. Como eu poderia fazer isso sem que o nosso lindo tempo juntos seja especial. – Ele a beijou e chupou seu lábio que ainda estava um pouco ferido.

Depois voltou para entre suas pernas e se abaixou, fazendo carícias com sua boca, das coxas até seu sexo. Então fechando seus dentes sobre a ferida costurada, apertando-a como um cão faz com um osso.

Hebi contorceu-se, ganhando forças que pareciam inexistentes segundos atrás, mas ela se esforçava para não gritar, ficava repetindo “Não grite, não grite, não grite, por favor!”, sua mente estava para explodir com aquelas palavras.

—Delicioso... – Ele disse ao se levantar, sua boca escorria sangue e seu sorriso maligno de dentes vermelhos e grandes poderiam fazer uma pessoa comum lhe confundir facilmente com um demônio. – Me da vontade de cozinha-la, assim se eu devorar você, ninguém mais poderá tê-la.

Ele foi até a única porta da sala. Aquele lugar possuía vários dutos de ferro no teto, grandes e enferrujados, era possível escutar aviões de maneira que ela parecia estar sobre a turbina de um. De certo modo perturbante, a vibração que aquilo fazia em seus ouvidos.

—Eu volto já. – Ele piscou e saiu pela porta escura.

A luz estava lhe estragando a vista, mesmo não iluminando bem a sala, era como se todo o seu calor estivesse sendo mandado para sua pele e toda a sua luz para seus olhos.

O tempo passava e passava, ela estava sentindo como se a boca daquele miserável possuísse veneno, que estava corroendo sua carne... para sua sorte não sentia vontade de ir no banheiro naquele momento, mesmo garantindo autocontrole o suficiente para não ter se urinado quando ele a mordeu.

Quando barulhos começaram surgir no corredor, logo percebeu que era um choro. A porta se abriu e ela viu seu sequestrador junto de uma bela menininha de longos cabelos loiros e finos, que estava com um pano amarrado em sua boca, mas ainda podia-se escutar seu choro. Suas pequenas mãos estavam atadas com fita na frente de seu corpo.

—Esta aqui é a Susie, eu trouxe você para essa sala para ver se a Susie consegue te fazer parar de chorar. Está começando fazer eu me lembrar do pequeno Isaac... não queira me fazer lembrar dele.

Hebi tentou puxar suas amarrações, fazendo com que sua maca tremesse ao ponto de quase cair no chão. O homem apenas observava seu esforço, divertindo-se ao vê-la frustrada com suas tentativas; então ela parou e olhou com seus olhos gelados e vazios cujo ódio transparecia como um tenebroso céu de tempestade.

—Não ouse falar o nome do meu irmão...

—Você vê, May? – Ele apontou para Hebi. – É por isso que quero ela viva e você não... consegue ver esse brilho?

Ao dizer aquilo, a menina se ajoelhou no chão e começou a chorar mais, como se suas esperanças estivessem lhe dizendo adeus e partindo diante de seus olhos. Ele riu de seu desespero e lhe agarrou os cabelos, entrelaçando-os em seus dedos para que ela não pudesse puxa-los. Ele a arrastou até um dos cantos da sala e a deixou lá sem dizer mais nada a ela.

—Eu vou checar como está nossa outra... “convidada”.

Ele se retirou, trancando a porta em seguida. Hebi não sabia o que dizer a menina, ele a queria morta, então por que a deixou viva? Ela olhava envolta daquela sala imunda se perguntando como estavam Benedict e Norman, ela sentia queimaduras em seu peito, algo que lhe dizia que não os veria mais. Ela fechou os olhos e por um segundo imaginou-se na maca do hospital White Palace, entre a dor e o entorpecimento, onde da porta um jovem homem a observava com olhos caridosos... “talvez eu tenha perdido tudo o que havia me restado, sacrifiquei Ben para cair dentro de um poço”, disse a si mesma.

Então escutou pequenas batidas no ferro da maca, abriu os olhos e se deparou com May de pé ao seu lado, segurava um prego afiado e de um tom reluzente. Uma vez que não estava enferrujado estaria tudo bem em a menina o segurar com a boca.

—May... – Estava tão mergulhada em seus pensamentos que não percebeu o silêncio. May já havia parado de chorar.

A menina foi até a mão de Hebi, que diferente da sua, estava apenas amarrada e com seus dedos livres. Ela colocou o prego em sua palma e então lhe estendeu as mãos presas.

—Você é genial... na sua idade eu passei por algo parecido... mas não pude fazer nada.

Segurando o prego e perfurando a fita adesiva, tentava ao máximo não ferir os dedos da criança, pois aquele látex usado na fita era grosso e necessitava de força para ser perfurado. Ela não pode evitar fura-la uma ou duas vezes antes que a menina puxasse seus braços, finalmente rompendo a fita.

Tratou logo de retirar o pano que estava lhe privando de falar, em seguida se aproximou do rosto de Hebi.

—Ô tia, meu plano acaba mais ou menos por aqui... – Ela foi bem sincera.

—Entendo, você fez bastante, agora deixe comigo.

—Você... tá morrendo. – Disse May, enquanto encarava para o sangue que escorria pelas pernas da jovem. Seu rosto pálido mostrava que não fora alimentada por seu sequestrador, o medo só piorava a situação, a menina tremia por conta de ambas as razões. Teriam que sair de lá naquele dia, ou não sairiam.

—Não estou não. Eu tenho um plano sim. Consegue me soltar também?

—Acho que sim.

A menina desatava as amarrações com dentes e unhas, logo Hebi já a estava ajudando, mas ao chegarem quase no fim das últimas amarrações das pernas, ambas escutaram barulhos.

—Isso vem do... teto?

Algo se movia nos dutos de ar. Era impossível ser uma pessoa, os dutos não eram resistentes nem grandes o suficiente para alguém estar ali. Apressaram-se e quando se viu livre da maca, Hebi desceu e, meio desequilibrada pela dor que ainda residia nos pontos mal feitos de seu sequestrador, se pôs na frente de May. Elas esperaram que aquilo, seja lá o que fosse, saísse dos dutos pelo fim do “túnel” bem a sua frente, mas para sua surpresa, Hebi já conhecia quem havia saído.

—Ripper. – Uma mamba-negra, que pertencia ao seu senhor, Tatsumi Keita. Não havia como confundi-la. Uma cobra que possuía em sua carne uma queimadura eterna, de quando a Sra. Keita a comprou de um circo que estava fechando por falência após um incêndio. Ela presenteou a cobra a seu filho quando ele tinha 25 anos. A idade em que assumiu o cargo de seu falecido pai. Hebi adquiriu sua fascinação por cobras através de seu senhor, ela entendeu a filosofia que as cobras carregavam e decidiu transformar sua vida através dela. 

Após pular do fim dos dutos, rastejou até Hebi que estava com seu braço estendido para a cobra, ela reconhecera seu cheiro e rastejou até sua mão. A jovem a enroscou em seus braços para olha-la melhor, “O que você faz aqui?” se perguntava, até que viu a cobra abrir sua boca, O susto por achar que estaria tentando dar um bote por estranhar o cheiro de May, a fez segurar sua mandíbula. Mas na verdade ela queria lhe mostrar algo.

—Isso é... – May notou que havia algo embalado em um plástico dentro da boca de Ripper.

Hebi colocou a cobra no chão e esta regurgitou. Hebi pegou o plástico e abriu, tirando deste um pedaço de papel com uma mensagem em japonês.

—“Ben sobreviveu. Norman está no inferno com mais 3 cobras.”

—Significa... que esse tal de Ben tá vivo e o outro morreu?

—Não. – Hebi escutou um barulho mais alto vindo dos dutos, algo que deslizava rápido e que arranhava os dutos. – O inferno é onde vivem os demônios, nós estamos num inferno com um demônio. Norman está aqui...

O objeto foi lançado dos dutos e caiu no chão próximo a maca. Uma arma e um finíssimo gancho amarrados um ao outro.

—Isso fez um barulhão. – May disse, olhando preocupada para Hebi.

—Sim, fez mesmo. Precisamos ser rápidas.

Correram para a porta negra e metálica da sala, Hebi tratou logo de olhar pela fechadura, para sua sorte a chave havia sido deixada na porta. A ponta reta do fino gancho serviu para empurrar a chave e o gancho para puxa-la por debaixo da porta, trazendo sua liberdade para o outro lado. A tranquilidade daquele plano estava estranha demais... A cada segundo silencioso que se passava, mais Hebi acreditava que aquilo tudo não estava certo. Onde estava o assassino?

A porta se abriu, mostrando uma escadaria de madeira e paredes que aparentavam ser apenas tijolos sobre tijolos unidos por um cimento mal estruturado. De repente tudo fez sentido para ela.

O condomínio abandonado ao lado do aeroporto, o assassino nunca planejou fugir de San Francisco com a pequena Susie, seu esconderijo sempre foi em uma das casas. Como ninguém nunca encontrou este esconderijo, nem mesmo seus informantes, ela talvez nunca descubra.

—Por isso os aviões...

—Hm? – May cobria suas vergonhas com suas pequenas mãos.

—Estamos... quase lá. – Se sentia tonta.

As duas subiram, era um porão bem fundo e completamente escuro com exceção de uma fraca luz no topo da escadaria. Porem Hebi estava percebendo uma fraca sombra, poderia ser de um dos dutos que estavam passando por cima de suas cabeças, pois o teto da construção não estava feito corretamente.

A sombra parecia aumentar, Hebi destravou a arma e colocou May para trás, passo a passo nos degraus, ignorando a dor que sentia entre suas pernas. Até que a silhueta de cabelos bagunçados e ruivos lhe fez relaxar os músculos.

—Norman...

Norman mesmo correu ao seu encontro e a envolveu em um abraço, com um dos lados do rosto completamente enfaixados e sua coxa com apenas algumas bandagens.

—Ainda bem que está viva! – Ele a apertava com mais força e mais força, ela o beliscou para que ele se afastasse um pouco.

—Como foi que você...?

—Tatsumi Keita.

—Tatsumi-dono está realmente aqui então...

—O filho da puta não atirou no meu fêmur, o tiro abafou. Como você pediu... eu fiz minhas pesquisas... descobri que todas as vítimas dele tinham tiros nesse osso, ele realmente adora escutar uns gritos hein... – Ele retirou de seu bolço uma placa metálica com silicone cheio de um líquido vermelho escuro e grosso bem maleável por cima. – A bala nem chegou a entrar.

Ele abaixou sua cabeça por um segundo. Olhou para o ferimento que ela possuía, no começo ele tentava falar, mas as palavras não saiam.

—Norman, não olhe.

—Perdão... é que se eu não tivesse fingido... só para poder chamar reforços e uma ambulância pro chefe... eu... é minha culpa. Perdoe-me.

—Você fez o certo. Ben estaria morto se não fosse você, você também precisava se salvar. Meus problemas não tinham nada com você no começo. Não sei por que agora você se importa tanto.

—É... complicado. – Seu rosto ficou rubro como uma maçã.

—Explique-me depois que essa coisa toda acabar então. – Ela se aproximou dele e deu um gentil beijo em sua testa. – Obrigado por tudo Norman. Eu também sinto muito pelo seu olho...

Norman olhou para May, ele retirou seu blazer e colocou envolta dela.

—Prontinho...

—Valeu!

—O seu... Hm... como eu digo isso? Seu cara da yakuza me achou na sala de espelhos, ele meio que... tirou meu olho fora. Doeu pra caralho, mas ele meio que estava todo destruído mesmo... sempre quis usar aqueles tapa-olhos. É coisa de chefão.

—Onde está o desgraçado que nos colocou aqui?

—Eu não o encontrei em todo o caminho que fiz da entrada do condomínio até aqui. Só segui o barulho da cobra que estava te rastreando.

—Suspeito demais.

Eles subiram o resto das escadas, Norman explicava que havia dois contratados de Tatsumi Keita do lado de fora da casa, o jovem agente não entendia uma só palavra do que eles diziam, apenas quando seu chefe ligou e, mesmo com um sotaque bem forte, lhe deu as instruções do resgate em inglês.

Ao chegarem aos escuros corredores da casa, May se segurou na cibtura de Hebi, ela além de exausta estava muito mais assustada do que todos lá.

—Ele não pode ter escapado de novo... – Sussurrou Norman.

—Se você diz que não o viu uma só vez desde que entrou na casa, ele só pode estar se escondendo para dar o bote de um dos cômodos. Você se lembrou de colocar alguém no teto de tocaia?

—Merda...

Então passos se aproximaram do início do corretor principal, o que dava da sala para as escadas do porão. A casa era dividida em quatro corredores em formato de cruz, o centro do corredor poderia ser a área mais perigosa, pois havia cômodos para todos os lados. Os passos com certeza vinham da sala.

—Surpresa. – O louco na entrada do corredor, com a luz de uma lanterna voltada para seu rosto. Seu sorriso fez com que May voltasse a chorar. – Mas já vão?

Ele fechou seu rosto transformando-o em a imagem perfeita do desgosto. Possuía um escudo do FBI em sua mão e uma cobra vermelha viva enrolada como uma corda em seu outro braço.

—Atire! – Gritou Norman, enquanto também puxava sua arma.

Não adiantou muito, ele se cobriu pelo escudo e correu na direção dos dois como um touro, atropelando-os. May foi jogada para longe por Hebi.

—May corra...! – Gritou Hebi enquanto tentava se levantar do chão, mas o assassino se jogou sobre ela. –Argh!

May se escondeu perto da entrada da escadaria.

—Hebi! – Norman tentou se levantar para socorrê-la, mas havia algo de errado em seu pescoço, quando percebeu a cobra vermelha se enroscando e apertando sua circulação, entrou em desespero.

A cobra vermelha então o picou no ombro.

—Há! Mais que maravilha! – Dizia o assassino enquanto segurava os braços de Hebi contra o chão. – Ela não é linda? Você só tem uma hora para chegar ao hospital, meu amigo!

Agonizando, Norman se contorcia para tentar tirar a cobra de seu pescoço. Com aquilo, o veneno somente correria mais rápido.

—Norman! Por favor, escuta! Procure a outra... - Tampando sua boca com uma das mãos, o assassino não permitiu que ela terminasse de avisar ao Norman sobre a Ripper.

Mas não foi tão necessário, pois Ripper seguiu Hebi. Ela estava subindo as escadas a um bom tempo sem que eles tivessem percebido enquanto estavam conversando alguns segundos atrás.

—Eu ainda não escutei, preciso escutar de novo, como você grita! – Ele destampou sua boca e voltou a segurar seu outro braço, que tentava desesperadamente alcançar a arma. Então lhe deu uma joelhada entre as pernas, bem em seus pontos.

Ela gritou novamente, enquanto ele fazia repetidas vezes seu sofrimento, ela olhou para o lado, para a lanterna derrubada cuja luz apontava para a sala. Os dois subordinados de seu senhor estavam mortos no chão.

Mas as forças finais vieram de outra pessoa na casa. May se aproximou de Norman, Ripper envolta de seu ombro e braços como um manto assassino. Ela a soltou sobre Norman e imediatamente esta atacou a outra cobra vermelha, que começou a se desenrolar, sendo picada de novo e de novo, até ser devorada pela mamba-negra.

—May, você é genial... – Norman se lançou sobre o assassino.

Ele estava fraco, cada vez mais fraco, mais se fosse morrer naquela noite, com certeza o levaria junto. Mesmo com socos, rolando no chão e depois de cabeçadas na testa, Norman não o soltava.

—Me largue seu verme imundo que não morre! Diz-se uma cobra? Você não possui nem metade do que ela tem pra se quer me enfrentar! – O assassino pressionou a mordida que a cobra havia deixado em seu ombro, fazendo com que Norman gritasse. – Seu grito é horrível, como o de um maldito porco... como se atreve a me enfrentar...

—Não estou te enfrentando seu pedaço de merda! Só estou te segurando para ela te terminar.

O assassino congelou, esqueceu completamente de seu alvo principal. Mas antes que ele se quer virasse seu rosto, Hebi lhe segurou pelos cabelos levantando seu rosto para cima.

— Quero que olhe para mim enquanto eu mato você. Watashi wa jigoku ni, anata o okuru. – Ela colocou a arma contra sua cabeça e atirou. – Eu te envio para o inferno.

Ela o soltou, deixando seu corpo morto cair ao chão. Estava feito, depois de tudo o que ela havia sacrificado, estava feito.

—Hebi... – Disse Norman, então passou mal sobre chão.

Ela o arrastou para fora da casa junto de May. Um grande carro preto a estava esperando do lado de fora, cujo um homem de blazer laranja e camisa preta bem aberta e de tatuagens extravagantes que apareciam sobre seus ombros, acenava com o braço fora do vidro.

Ela chegou a tempo de deixar Norman no mesmo hospital onde Ben estava, pôde deixar May na porta de sua casa, pôde se despedir da Sra. Keita e finalmente pôde ir a sua velha casa, anos se passaram, mas aquele velho imóvel não conseguia ser vendido por conta de seu histórico... vazio e frio, ela andava pelos cômodos com apenas uma manta cobrindo seu corpo.

—Tatsumi-dono, acha que seria melhor eu ficar com sua mãe até o fim?

—Não é necessário, vou mandar outras duas enfermeiras para a casa dela. Eu preciso de você perto da casa Keita. Eu teria lhe convocado para se casar com Naoto. Mas acho que agora não é uma das melhores opções...

O homem se aproximou dela, colocando a mão em seu ombro.

—Eu não sou muito a favor de casamentos comerciais, mas se isso fosse uma ordem do Tatsumi-dono, é claro que eu faria.

—Então está decidido. – Ele saiu da casa e caminhou pelo gramado, a jovem o seguiu. – Vamos agora para o laboratório de “um amigo meu”, ele precisa dar uma olhada nisso ai.

—Sim senhor.

—Depois disso partiremos.

—Sim...

Eles entraram no carro e Hebi se apoiou na janela, observava os prédios passando enquanto sua mente flutuava em outro lugar.

—Hebi. Você não poderá entrar em contato com nenhum de seus informantes americanos de maneira alguma sem a minha permissão. Isso inclui Ben e Norman.

—... – Seu coração teve apenas uma batida mais forte que o resto, que doeu como uma pancada. -... Sim.

—Mas você honrou o símbolo de nossa casa, você se tornou uma víbora experiente e ágil. Uma boa víbora sabe se defender. Essas pessoas se tornaram parte de você, queira você esconder esse sentimento ou não. – Ele parou no sinal vermelho e se virou para olhar diretamente nos olhos dela. – Estou orgulhoso por você ter gastado seu veneno com sabedoria. Estas pessoas que você protegeu vivem por que você as salvou, elas são sua responsabilidade agora.

—Obrigado senhor.

Ela olhou para o céu que ainda permanecia estrelado, pela primeira vez em todos aqueles anos, seus olhos brilharam com as estrelas de novo. Mesmo que bem profundamente guardada e protegida em seu coração de gelo, a pequena Susana Marshall sorriu.


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