A Livraria Yakuza escrita por Arquivo


Capítulo 1
Seu Nome Era Susie


Notas iniciais do capítulo

-O título deste livro só começa a fazer sentido no capítulo 4, eu já tenho toda a história no manuscrito, então vocês não vão precisar esperar tanto pelos lançamentos.

—O foco da história se divide de dois em dois para os dois principais personagens. 2 capítulos em foco para um, dois capítulos em foco para outro.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/575907/chapter/1

08h00min PM, San Francisco.

O FBI foi solicitado para investigar o assassinato de uma família inteira. De maneira mais exata: Os pais e provavelmente seus três filhos, duas meninas e um menino, uma vez que no relatório dos policiais que já estavam na cena do crime constava que o corpo da filha do meio não havia sido encontrado.

Foi quando um jovem agente entrou na trágica história da família Marshall. Era seu primeiro caso sério, mas ele não estava se sentindo bem no ambiente daquela casa, mas por quê? Ele era treinado, já viu muitos cadáveres e já havia estudado casos de serial killers muitas vezes. Então qual seria o porque de tudo isso? Desses tremores nas mãos e frios na espinha.

—Eu não fui treinado pra isso... – Disse o agente Benedict Michaelson.

—Nunca somos. – Respondeu o agente forense.

Ben e seu parceiro estavam retirando o corpo de Isaac Marshall debaixo de sua pequena beliche, ele tinha apenas três anos de idade e com certeza de todos os outros corpos foi o que mais sofreu antes de morrer. O assassino o perfurou, o cortou e o arranhou centenas de vezes com um garfo até ele morrer de sangramento interno. O que para um ser humano do porte e idade dele é bem fácil, talvez fosse isso que deixasse Bem tão angustiado naquele lugar, o ar de sofrimento das vítimas ainda estava lá. Como um grito abafado por um travesseiro.

—... Eu posso ir lá pra baixo, você se aguenta sozinho aqui? – Perguntou para seu parceiro.

—Eu ainda tenho que embrulha-lo, pode descer.

—Sim. – Disse ele, quase num suspiro.

—Ninguém nasce de ferro, Ben. Você vai se acostumando com o tempo.

As palavras do outro agente eram bonitas, mas não melhoraram tanto as coisas.

Ben desceu as escadas do segundo andar que davam para a sala de estar. A sua direita estava um grande porta retrato do tamanho de uma tela de pintura, nele estavam registrados os três filhos do casal, todos bem semelhantes à mãe, cabelos castanhos escuros com olhos azuis um tanto acinzentados e bochechas rosadas. A sua esquerda estava o resto da equipe que estava transportando os outros três corpos, os corpos dos pais e da filha mais velha foram encontrados juntos. Eleonor Marshall foi espancada e em seguida estrangulada pelo assassino com fios de nylon, seus pais chegaram do trabalho 3 horas depois que os filhos chegaram da escola, o que era tempo o suficiente para ele ter os matado, os pais viram o corpo de Eleonor no chão e se debruçaram sobre ela tentando reanima-la, o assassino então os matou com tiros na cabeça por trás.

—O objetivo dele não era a família toda.

—Disse alguma coisa, Ben? – Um dos policiais que estava por perto da cena perguntou.

—O filho da mãe que fez isso, pelo que vejo, ele não veio atrás dos pais, ele veio atrás das crianças.

—Concordo... mas fala ai... você acha que foi ela? – O policial fez uma pergunta que pegou o agente de surpresa, ele não fazia ideia do que ele estava falando.

—Perdão?

—Eu estava falando com um pessoal, e sabe, eles acham que foi a filha do meio que fez isso, tipo aqueles mini psicopatas que a gente encontra uma vez em um milhão.

—O que faz você acharem isso?

—Qual é? Vai me dizer que você não parou nem um pouquinho pra pensar sobre isso?

—Não gosto de pensar sobre isso.

—Então vamos aos fatos, cada um dos pilares da família morreu de um jeito diferente. Os pais foram baleados, a filha mais velha foi estrangulada por fios de nylon, o mais novo foi perfurado por um garfo até morrer e a do meio, obviamente, sumiu. O que essas três coisas têm em comum?

Benedict como todos os outros que viram as armas do crime sabiam de uma coisa.

—As asmas do crime, todas pertenciam à família.

Sim, o rolo de fio de nylon encontrado na sala de estar pertencia ao atelier da mãe, o garfo era da prataria da casa e a arma era do pai que havia se aposentado de seu cargo de tenente depois de um ferimento na perna.

—Eu não creio que tenha sido a Susie. Deus nos ajude que talvez ela tenha fugido, mas caso ela esteja morta, que ele nos ajude a encontra-la para que ela possa ser enterrada com sua família.

Repentinamente o celular de Ben tocou, ele deveria ter colocado no silencioso, pois aquele alarmezinho poderia desconcentrar muitas pessoas naquela sala.

—Benedict! – Era Lars, ele era especialista em arquivos.

—Lars...?

—Consegui!

O assassino foi cauteloso, ele quebrou as câmeras de segurança da casa da família Marshall e de mais cinco de seus vizinhos sem ser filmado. Bem, era o que ele achava, até Lars concertar a única câmera que estava parcialmente danificada, a da família Marshall.

 

—Você só pode tá de brincadeira.

—Foi só uma cena, a câmera ligou e desligou um pouco antes de quebra. – O assassino não quebrou as câmeras de uma maneira “física”, ele as eletrocutou, sobrecarregando-as.

—Fez isso em 3 horas de ação no caso. Você é um gênio!

—E modesto, cuidado. – Ele limpou a garganta. – Mas voltando ao assunto, preciso que você venha aqui com o Trevor para examinar o filme.

—Trevor está muito ocupado orientando os outros agentes e policiais...

—Você serve.

Ben fez seu caminho para fora da casa, mesmo cercado de repórteres e fotógrafos ele conseguiu se enfiar no carro. Dirigiu o mais rápido que pode até o centro de investigação onde Lars estava, o mesmo lugar onde ele assistiu diversas palestras e aprendeu a atirar. Quando chegou ao prédio foi até o laboratório, que era no subsolo, um lugar tão iluminado que podia tirar o sono de uma pessoa por até dois dias inteiros e sem direito a bocejar, por exemplo: Lars, que estava sempre acordado e se entupindo de café. Ele se parecia com um louco cheio de olheiras às vezes.

—Finalmente, você dirige muito devagar! – Eles pareciam irmãos, tirando a cara de louco de um deles. Cabelos e olhos castanhos, com rostos um tanto triangulares e quase o mesmo penteado, mas Ben era um pouco mais bronzeado. Lars era pálido e amarelado, de tanto tempo que passava naquele lugar. – Eu tive sorte de um policial que chegou a pouco tempo reconhece-lo!

—Como assim?

—Ele estava voltando da cena do crime há uma hora e viu um homem igual a esse indo a pé na direção da avenida do aeroporto! – Lars levantou de sua mesa e mostrou a foto para Benedict.

A foto mostrava um homem loiro entrando na casa dos Marshall, a hora marcava as 15:00. Ele usava um conjunto de roupas de ginastica vermelhas vinho e sapatos pretos, provavelmente para que as pessoas não notassem sua roupa manchada. Porém o que mais chamou a atenção foi a grande mala preta que ele carregava.

—Ligue para o...

Novamente um celular tocou, mas este não era o de Ben, era o de Lars.

—Alo? – Ele de repente fez uma expressão de total surpresa, mas não era tão boa. – Não pode ser...

—O que?! – Benedict se angustiou, Lars então colocou o celular no viva voz.

—Repito... encontrei ele, no condomínio abandonado, estou com um parceiro ferido, não posso sair daqui! O filho da mãe tá com uma bomba na mala.

A sala congelou, todos que escutaram os gritos do policial ficaram boquiabertos, principalmente Ben. Ele correu para a porta de saída e carregava sua arma enquanto o fazia. Lars o seguiu até a entrada do prédio.

—Ben! Chame os reforços antes!

—Você faz isso! Aquele pedaço de merda pode matar mais duas pessoas inocentes, policiais que têm família.

Ele correu até seu carro que estava no estacionamento aberto e entrou sem nem mesmo olhar para trás, deixando Lars com o telefone na mão chamando o máximo de reforços que ele podia. Aquilo não era mais só uma investigação criminal, aquele homem poderia se tornar um terrorista.

Ninguém conseguiria dirigir mais rápido que Benedict Michaelson naquela noite. Eram quase nove horas e ele mal podia acreditar que o assassino simplesmente saiu andando normalmente pelas ruas e cruzou a cidade inteira até o único condomínio abandonado perto do aeroporto. Ele além de sádico era masoquista também?! Suicida, caso decidisse explodir-se. As ruas e prédios foram diminuindo sua concentração ao decorrer da aproximação do aeroporto. Era horrível morar perto daquele lugar, ninguém dormia, por isso o condomínio foi abandonado e depois fechado.

—Ali...

O condomínio já podia ser visto e luzes de uma viatura também. Ele parou o carro no que uma vez já foi a entrada do condomínio, agora eram apenas barras de ferro quebradas como se o carro da viatura as tivesse atropelado. “Provavelmente durante a perseguição”, foi o que Ben pensou.

Ben se aproximou da viatura que estava parada na frente de um dos becos que dividia dois blocos do condomínio. Havia alguém lá dentro, sentado no banco de trás.

—Policial?

Nada. Ele se aproximou da viatura, mas então seu campo de visão viu algo no escuro do beco.

—Parado! – Disse apontando sua arma para o escuro. A silhueta tornou-se imóvel. Ele se aproximou da janela da viatura, ainda mirando na silhueta. De fato era um policial sentado no banco de trás, ele estava sangrando pela barriga, mas estava quase consciente.

—... Ajuda...

—Meu Deus... – Ele tentou pressionar a barriga do policial.

—... Salve...

—A ajuda está a caminho, aguente firme!

O policial encheu seus pulmões de ar e então deu sua última resposta.

—Não eu... A menina...

—Menina. – Benedict sentiu seu sangue ferver. Ela estava viva, precisava ser resgatada.

Ele ascendeu os faróis da viatura, mas estavam quebrados com o impacto das grades, mas havia uma lanterna sobre o porta-luvas. Ele a pegou e a apontou para o beco junto de sua arma. Um homem com uma mala de rodinhas preta ao seu lado, usando roupas de ginastica vermelho vinho com tênis e bonés pretos. Ele estava com os braços erguidos, mas não era possível ver seu rosto ainda.

—Onde está a bomba?! Está na mala?!

Ele não respondeu.

—Deite-se no chão com as mãos na cabeça agora seu filho da mãe, ou eu juro por Deus que atiro na sua cabeça!

Depois de Uns 5 minutos naquela situação, Ben começou a escutar o som de sirenes de longe. Mesmo com medo de que de fato a bomba estivesse na mala, ele perdeu sua paciência e confrontou o homem de costas no beco. Algo estava errado, quanto mais ele se aproximava com a lanterna mais ele notava fios reluzente indo de um lado para o outro no beco. Então quando chegou bem perto do homem, percebeu que os fios vinham dele.

—Mas que merda é essa...?

—Ben! – Era Trevor e o resto dos reforços. – Se afaste dai! A bomba!

Ele estava tão surpreso com o que estava vendo que seus pensamentos ficaram lentos, mas sem mais nem menos ele segurou o ombro do homem e o virou para os policiais.

O corpo estava amarrado por fios de nylon como uma marionete, logo percebeu que não fora o policial que ligou para Lars...

—Pela misericórdia... – Ben então soltou o corpo e rompeu os fios, caindo no chão. Porém um barulho estranho começou a soar bem baixo, um barulho que vinha da mala. Ele olhou para ela e o que viu não foram fios, mas sim tubos. Saindo de dentro da mala.

Benedict não se controlou e a abriu desesperadamente, mesmo com os avisos e gritos dos outros agentes e policiais. Mas o que ele encontrou na mala fez com que algo que ele nunca tinha sentido antes nascesse. Susie Marshall estava dentro da mala.

Os finos tubos entravam em suas narinas, com o objetivo de fazê-la respirar, havia um cobertor elétrico envolta de seu corpo esquentando-a, seus olhos e boca estava tampados por fitas pretas e seus cotovelos e joelhos estavam um tanto torcidos para que ela coubesse na mala. A cena fez Ben chorar, mesmo sendo ele um agente de 30 anos treinado, as lágrimas escorreram de seu rosto e caíram sobre as pálidas bochechas da criança. Todos os outros ficaram horrorizados com a revelação da menina e correram ao seu socorro.

—Acorde... Susie! Acorde! – Ben gritava enquanto puxava a menina de dentro da mala e tirava as fitas e o cobertor de seu corpo. Sua respiração estava parando aos poucos.

Trevor se aproximou e logo notou que havia algo estranho saindo de dentro da boca de Susie, como um liquido meio esverdeado.

—A boca! – O aviso fez Ben abria a boca da criança e ver que havia uma pastilha estranha se dissolvendo embaixo de sua língua. – Merda, eu conheço isso ai! – Trevor retirou rapidamente a pastilha de sua boca. – É uma droga, ela esta tendo uma reação forte porque é uma criança...

—Chamem um dos paramédicos aqui!

Um dos paramédicos que estava ajudando o policial ferido correu até o beco. Ele examinou Susie e então correu até a ambulância com ela em seus braços. Ben o seguiu.

Mas foi preciso muito tempo para fazê-la respirar bem novamente, horas de desintoxicação, mas valeu a pena para Benedict. Ela abriu os olhos e a primeira pessoa que ela viu foi ele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Livraria Yakuza" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.