Human World Observation escrita por Lady Pompom


Capítulo 4
Capítulo 03: O Plano


Notas iniciais do capítulo

Essa história não tem qualquer relação com pessoas, fatos ou acontecimentos da vida real, qualquer semelhança é mera coincidência. É uma obra de ficção com fins de entretenimento.



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Após o incidente, com os soldados e a civil hospitalizados, o governo tentou tomar mais medidas contra a criatura. Eles o levaram até uma região campestre sob o pretexto de mostrá-lo parte da fauna e flora do mundo humano, o jogaram no meio do descampado e o atacaram com bombas, mísseis e outras armas de guerra.

A ineficácia da estratégia provou-se algo amedrontador, ainda mais quando o próprio extraterrestre admitiu que sabia do plano deles desde que leu seus pensamentos, e foi somente com o intuito de provar que não estava brincando quando falou que armas humanas seriam inúteis contra ele.

Depois, o governo teve que dar explicações aos cidadãos que viram, de longe as explosões e conturbação naquela área, disseram que foi uma “falha humana” da base de armamento bélico do país, que estava produzindo e testando aquelas armas, isso repercutiu nas relações com o exterior, pois foi considerado uma “ameaça” a outros países.

_Vocês não aprendem mesmo. Eu havia ouvido falar que não usam toda capacidade cerebral, mas não imaginava que fosse assim.

...

Imediatamente, os altos governantes convocaram uma reunião de emergência, e discutiam sobre o que poderia ser feito...

_Sr. Presidente... –Gilbert falava espantado- Nenhuma das armas que usamos foi o suficiente, talvez até mesmo uma bomba nuclear não seja... Não temos força para lidar com esta criatura... Além disso, os líderes internacionais estão duvidando de nossa conduta por utilizar armamento pesado dentro de nosso próprio território...

_Não diga isso! –repreendeu- Tem que haver um modo! Deve haver! E se não tiver, criaremos um! Ele não é imortal, possui algum tipo de fraqueza, só temos que descobrir qual é! E quanto aos outros líderes, os convocarei para uma reunião em outro momento, agora a prioridade é conseguir erradicar ele sem fazer mais alvoroço...

_S-sim senhor... –disse hesitante-

...

O Presidente acredita que possamos vencer aquele monstro... No entanto... Não estou certo de que isto aconteça... Devo interrogar aquela mulher, ao que parece ela estava com ele durante o dia... Talvez saiba algo...

No quarto do hospital particular do governo, no leito onde se encontrava a civil que estava envolvida em toda aquela bagunça, Eileen Sanders.

_Srtª. Sanders... –o comandante deu leves batidas na porta, entrando no quarto-

_...? –ela olhou, atordoada pelos medicamentos- Por que estão me mantendo aqui...?

_Calma. Tivemos que trazer todos os feridos para este hospital, mas não se preocupe, seus ferimentos não foram graves, mais alguns dias e você sairá, só por precaução...

_Isso é mentira... –disse focando o olhar no teto- Sr. Gilbert deve saber... Não tem como uma civil ter visto tudo aquilo e permanecer viva... Por que ainda não me deram nenhum medicamento pra acabar logo com isso? Podiam simplesmente dizer que foi erro médico... Ou envenenar minha comida...

_... –o homem sentiu um pouco de pena e uma pontada de decepção por uma civil pensar tão mal do governo- Sua ajuda é necessária... Nós precisamos saber o que aquela criatura alienígena esteve fazendo e o que disse enquanto esteve com você...
_Então é por isso que me mantiveram viva? –deu um sorriso torto-

_Presumo que ele esteve com a Srtª todo o tempo, tendo em vista que te arrastou e voou para longe, e quando fizemos a operação, nenhum de vocês estava na sua residência, mas voltaram juntos.

_O que ele fez, é o que quer saber...?

_Sim... Se possível. –franziu o cenho preocupado- Dependendo de sua colaboração, posso providenciar sua “liberdade”...

_Então eu sou uma prisioneira...? –suspirou- Ah! Tanto faz... Seja por o governo ou por aquele Alien, eu só estou sendo usada no fim das contas...

_...

_Bem, Sr. Gilbert... Quando chegamos à minha residência eu acabei desmaiando e dormi por algumas horas, quando acordei era perto do meio dia, e ele me ameaçou para que saíssemos de minha casa.

_Para onde foram?

_Para o centro da cidade... Ele disse que queria visitar um lugar cheio de pessoas para poder começar a recolher “informações”.

_Por quanto tempo ficaram lá, e o que ele fez durante este tempo?

_Nós ficamos lá durante a tarde toda, vagamos pelas ruas e ele ficava observando tudo ao redor, as pessoas, a paisagem, vez ou oura fazia alguma pergunta sobre “humanos” e esperava que eu respondesse... Fora isso ele não fez nada realmente estranho além de me ameaçar para que eu o obedecesse. –teve vertigem ao lembrar-

_Está dizendo que tudo que ele realmente fez foi “observação”?

_Sim... Apesar das ameaças, ele não encostou um dedo em nenhuma pessoa nem em mim...

_Mesmo assim, não poderemos garantir a segurança dos cidadãos enquanto ele continuar solto pelas ruas... –franziu o cenho-

_Não sei como pretendem lidar com ele, mas não me parece que ela vai embora tão fácil.

_Obrigado pela sua cooperação senhorita, desejo sua melhora. –saiu da sala-

Então vou ficar viva por mais um pouco...? Imagino por quanto tempo...

...

O governo que havia roubado a nave do alienígena, convocou diversos cientistas famosos para tentar analisar, mas de nada adiantou. A tecnologia, o maquinário utilizado, tudo era muito diferente de algo produzido na terra.

Não importava o quanto tentassem ligar ou acessar os comandos, a nave não respondia. Criou-se a teoria de que talvez fosse um veículo que respondia apenas ao piloto, pois quando tentaram desmontá-la, um campo magnético se formou e repeliu os pesquisadores, mantendo-os longe e ferindo-os.

O Comandante Gilbert se incomodava com as dores de cabeça frequentes, fazia apenas uma semana que o alien estava lá, e do que soube dos soldados espiões que mandou para observá-lo, a criatura não havia encostado num só fio de cabelo humano, ao contrário dos humanos, que continuavam mandando tropas e mais tropas afim de matá-lo e falhavam miseravelmente.

E agora, o líder das forças especiais dirigia-se a sala de reuniões, onde novamente os maiores líderes do país discutiam sobre como iriam resolver a situação sem que se tornasse pública.

_Não podemos mais comportar a situação! –disse o presidente num tom severo- Exijo que soluções sejam propostas, e rápido!

_Sr. Presidente, quando o atacamos num campo aberto da última vez, ele sobreviveu, as balas de qualquer tipo de arma simplesmente se amassam e se explodem, não o ferem! –o ministro da segurança disse-

_Além disso, os soldados estão começando a ficar com medo, não querem mais se sujeitar a lutar contra um monstro invencível! –O ministro da justiça complementou-

_Nós temos que estudá-lo e descobrir um modo para derrotá-lo, uma fraqueza. Biologicamente falando, quero dizer... –o ministro da saúde sugeriu-

_Mas como? Nossos soldados mal querem chegar perto dele, quanto mais cientistas para recolher amostras de estudo! –Ministro das relações exteriores quase gritou-

_Não importa se podemos ou não nos aproximar, temos que ficar de olho nele, seus hábitos, ações, tudo que pudemos reunir de informação! –o ministro da agricultura disse-

_Não há como fazer isto com aquele monstro!! –o ministro da educação esbravejou, levantando-se abruptamente-

_Não... –o Ministro da Segurança disse como se algo clareasse em sua mente- Podemos fazer de uma forma diferente...

_Como assim? –os outros ficaram confusos-

_Pensem bem, Senhores , -continuou sua linha de pensamento- Enquanto ele estiver na casa daquela civil, podemos colocar câmeras e monitorá-lo, até mesmo soldados patrulhando casa para evitar que ele fuja, e durante este período, nós iremos estudá-lo e descobrir como lançá-lo fora da terra, até mesmo matá-lo se possível. Podemos espiá-lo sem que ele saiba!

_Como não tínhamos pensado nisso...?- o presidente se surpreendeu com a ideia-

_Estamos muito nervosos, nossos cérebros não trabalham muito bem sob pressão... –suspirou o comandante Gilbert-

_Colocaremos câmeras, escutas e se possível, soldados à paisana patrulhando o perímetro. –o Ministro da segurança bolava o plano- Sr. Gilbert se encarregará do pessoal responsável para espiá-lo.

_Sim Sr.!

_Coletaremos tudo que ele deixar como amostra naquela casa, e faremos uma pesquisa de como eliminá-lo! –O ministro da saúde disse-

_E quanto àquela civil que vive lá? –O ministro da educação perguntou-

_Ainda não está morta? –o ministro das relações exteriores falou com desprezo-

_Não, Sr... –Gilbert disse-

_Não, tudo bem, isso é ótimo, podemos usá-la! –O ministro da defesa sugeriu- A criatura maligna não deixa soldados se aproximarem porque sabe que eles irão atacá-lo, mas se um civil tentar se aproximar para conseguira amostras, será perfeito! Ele não irá desconfiar...

_Mas será que esta civil aceitará fazer isto? –o ministro do meio-ambiente questionou-

_Claro! Só precisamos ludibriá-la um pouco... Dizemos que ela ficará viva se aceitar fazer este trabalho e que estará realizando uma grande missão pela humanidade, envolvemos um pouco de dinheiro, prestígio e não tem como recusar!

_Sim, mas não podíamos arrumar outra pessoa mais capaz para cumprir este papel?

_Ele se recusa a sair da casa, Senhor, disse que a nave dele parou ali e é ali que ficará... –Gilbert respondeu seriamente- Não podemos simplesmente matar a dona da casa e deixar que outra pessoa viva lá, além disso, quanto menos pessoas souberem sobre a criatura, melhor...

_O Sr. Gilbert tem razão, não podemos tornar isso um escândalo! Temos que ser discretos. –o presidente falou calmo- Se pudermos usufruir da ajuda desta cidadã, que seja assim! Não é mais uma questão de quem está fazendo o serviço, mas se pode ser de alguma utilidade, e se for, não hesitaremos em usá-la!

_Então, Gilbert, você cuidará do preparo do plano, nós lhe daremos o dinheiro e equipamentos que precisar! Faça os preparativos o mais rápido possível! –o ministro da segurança disse autoritário-

_Imediatamente, Sr.! –fez continência e saiu da sala-

...

_O quê?! –a mulher arregalou os olhos- O-o governo q-quer minha ajuda?

_Sim, Senhorita. –o comandante confirmou com a cabeça-

_Precisamos da sua cooperação, já que a criatura está em sua casa, e intimida os soldados, concluímos que para realizar tal trabalho, é necessário a ajuda de alguém que não seja suspeito a machucá-lo, assim ele baixará a guarda, e conseguiremos informações através de você.

_Mas... Eu não posso fazer nada contra aquele alien, não é como se eu pudesse descobrir uma forma de matá-lo perguntando, além do mais ele pode ler pensamentos!

_Mesmo assim, requisitamos sua ajuda, precisamos de alguém que seja só um cidadão comum, ao longo do tempo a Srtª. Descobrirá as fraquezas dele, e aí que nós do governo cuidaremos do resto... Se nos ajudar, ficará viva, ganhará muito dinheiro, e estará ajudando não só o país, mas a humanidade a se libertar de uma ameaça! Pense bem, é uma tarefa muito importante e que irá ajudar a todos! Não quer ajudar a humanidade?!

_...

_Não se preocupe, só queremos que seja a “babá” dele, siga-o onde quer que ele vá, reúna informações. Eu, como comandante das forças especiais manterei sempre contato, e estarei observando e protegendo-a de longe, lhe prometo.

_... –fez uma expressão de incerteza-

_Isto é muito importante... Tente compreender, estamos numa situação difícil, teremos que usar métodos arriscados para conseguir resultados, atualmente não temos poder para aniquilá-lo, mas se nos ajudar a descobrir algo...

_Tudo bem...

O que ele disse é verdade... Aquilo é uma criatura perigosa, e pelo que ele explicou, as armas que tentaram não funcionam contra ele... Naquele dia eu vi com meus próprios olhos que ele era um monstro, tanto na aparência como nas habilidades absurdas que possui... Se eu realmente puder ajudar...

_Colocaremos equipamentos de vídeo e escutas em sua casa, não se preocupe, manteremos sua privacidade, claro. Queremos que vigie criatura e extraia o máximo que puder de seu comportamento, hábitos, pontos fracos...

_Espere, eu trabalho, não posso ficar o dia todo com ele...

_Não se preocupe, nós pagaremos pelo serviço, iremos explicar sua ausência no trabalho, apenas diga que está trabalhando num novo programa de recepção a estrangeiros no país.

_Como assim um programa para estrangeiros?

_ Ele disse que queria ser visto como um “humano” pela sociedade, não? E não podemos causar pânico dizendo que há um alienígena na terra, então para toda a sociedade ele será conhecido como um “estrangeiro” que faz parte desse novo programa do governo, que será o qual você participará.

_Então ele vai mesmo se infiltrar na nossa sociedade...

_Não há outra escolha se quisermos manter os olhos nele.

_Me afastar do meu emprego... –dizia decepcionada-

_Quando tudo acabar, cuidaremos para que possa ter uma vida normal novamente. –tentou confortá-la-

_Acho que num momento desses, me preocupar com minha própria vida é bem egoísta... Não importa... Aceito a proposta do governo, Comandante Gilbert!

E assim os dois apertaram as mãos, selando o acordo. Após isso, Eileen Sanders foi liberada do hospital , e voltou para casa para iniciar o plano. Adicionou agora mais um número a sua lista de celular, o de Gilbert que ficaria vigiando sua casa, de longe e estaria de prontidão para qualquer problema eventual.

Apesar de sua incerteza sobre conseguir alcançar ou não o objetivo da missão, não era uma questão se ele era ou não capaz, mas de que ela devia, a todo custo cumprir.

_O presidente se reuniu com alguns líderes mundiais, não queremos causar pânico, mas a situação exige certas medidas... –disse sério- Faremos uma parceria com todos os países possíveis, é hora de ignorar as diferenças e unir contra um inimigo em potencial.

_Ele está fazendo uma balbúrdia e tanto no governo... Esse alien... –disse reflexiva-

Mal falou dele e o próprio apareceu:

_Ora, se não é a proprietária da casa. –o extraterrestre sorriu- Pensei que não voltaria com medo de morar na própria casa porque estou hospedado aqui, me sentiria muito ofendido se isso acontecesse.

_Não vou mesmo deixar um alien se apossar da minha casa!

_Rude como sempre. Não interessa, estou mais concentrado em algo: Me fale mais sobre os humanos, o que vocês fazem, quero saber. –dizia com um olhar coberto de curiosidade e expectativas-

_T-tudo bem , mas vamos dar uma volta, não quero conversar sobre isto aqui! –mentiu-

Na verdade o plano que lhe foi proposto era que ela atraísse a criatura para fora da casa e enquanto estivessem fora, os soldados especiais agiriam e plantariam câmeras e escutas na casa toda.

...

Novamente, andando pelo centro enquanto torcia para que o plano desse certo. Ouviu a criatura que andava a seu lado suspirar pesadamente, num tom reprovativo.

_Eu disse tanto para que não bisbilhotassem minha nave, mas vocês de fato tem aquilo que chamam de “teimosia”, aposto que ficaram assustados com o que aconteceu...

_Eu não sei de nada disso, nunca mexi na sua nave e não faço ideia do que o governo tem feito com ela.

_De qualquer forma, colocarei isto nos meus relatórios, sobre essa persistência negativa dos humanos. –deu de ombros-

Arrogante como sempre. Se eu pudesse esganá-lo... Ugh! Esqueci que ele deve estar lendo meus pensamentos, você os está lendo, não é?

Ela encarou o monstro disfarçado de homem, que parecia não dar atenção.

Não está? Estranho...

Quando estavam andando pelas ruas, com uma multidão de pessoas transitando pelas calçadas, alguém peculiar parou.

_Eileen! –disse uma mulher-

Ela tinha pele morena, de cabelos acastanhados em cachos pequenos, que iam formando molas até os ombros, os olhos castanhos claros. Abraçou a mulher como um cumprimento.

Que péssima hora para encontrá-la, péssima hora! Droga!

_Halley! Há quanto tempo! –sorriu para disfarçar o desgosto do encontro-

_Eu que o diga! Você simplesmente sumiu da empresa, não atende ao telefone, nem avisou nada, desapareceu do trabalho do nada por uma semana, o que houve? –disse preocupada-

_Na verdade eu tive que ficar afastada um tempo, resolvendo uns assuntos... –manteve o sorriso forçado-

_Assuntos...? –arqueou o cenho em desconfiança-

O extraterrestre não disse uma única palavra enquanto escutava a conversa e tentava entender sobre as relações humanas, porém, logo foi notado por estar parado ao lado de Eileen.

_Olá... –a amiga acenou- Eili, não me diga que este cara é seu namorado e não me contou nada!

_Não. –negou com ênfase- Hahahaha, -riu sem graça, tentando aliviar o tom que utilizou na última frase- Bem, sobre os assuntos que estive resolvendo, ele é... –procurava palavras- Um estrangeiro, estudante de intercâmbio, e ficará sob meus cuidados por um tempo...

_Estudante de intercâmbio? –ficou perplexa- Desde quando você ajuda estudantes de intercâmbio?

_É... Eu não te disse antes, mas estou fazendo parte de um novo programa do governo, eu fiz uma prova sabe e fui chamada, e o programa é sobre receber estrangeiros e ingressá-los no mercado do nosso país, e como esse cara está fazendo doutorado...

_Uau! Não sabia que tinha um trabalho assim... Mas por que faltou no escritório?

_Erm... Estive me preocupando com o programa, tive que faltar! –recebeu um olhar abismado da amiga- Eles pagam bem!

_Depois quero que me explique isso em detalhes... –olhou com desconfiança para a outra- Mas, por que não me apresenta seu amigo?

Não diga nada ouviu, alien?! Só confirme tudo que eu disser e não me traga problemas! Vai estar em apuros se alguém lhe descobrir não é? Então só concorde comigo!

_Ele é... Hum... Da Noruega, isso, da Noruega, e veio em busca de um emprego aqui, não é? –ela o encarou e ele respondeu alargando o sorriso-

_Ele por acaso entende nossa língua? –perguntou ao estranhar o silêncio do homem-

_Perfeitamente. –o próprio respondeu mantendo o sorriso-

_Uou! Ele é um cara e tanto, isso é uma grande oportunidade rapaz! Mas, qual é seu nome?

O coração da pobre publicitária acelerou, ela começou a suar frio. O que devia dizer? Que tipo de nome?

_Siv... Siv Borghild! –disse antecipadamente- Este é o nome dele. Sim.

Ainda bem que lembro daquele trabalho de faculdade que pesquisei sobre publicidade em outros países e escolhi a Noruega! Ainda bem que lembro desses nomes esquisitos!

_Siv?

_Sim, exatamente! –esperou a confirmação do outro-

_É um nome legal, bem... Preciso ir agora, meu horário de almoço acabará logo, te vejo depois...? –acenou para a amiga-

E assim, a amiga da protagonista, Halley, saiu dali, deixando uma Eileen nervosa e preocupada com a situação.

_Siv Borghild...? Humanos tem padrões extremamente estranhos para nomes... Bem, acho que é comum estranhar o nome, é um choque cultural muito grande afinal...

_D-desculpe, terá que ser chamado assim daqui pra frente, alguém pensa que esse é seu nome, não tem mais como voltar atrás... –disse com certo medo-

_Não importa, contanto que se enquadre nos padrões do que vocês chamam de “humanidade”... –respondeu desinteressado-

...

Quando voltaram para casa, os soldados já haviam terminado de instalar os equipamentos, e a mulher que estava agora ajudando no trabalho resolveu não pensar muito no assunto para que o alien não descobrisse nada.

_Hey, você esteve na minha casa enquanto eu estive fora, certo?

_Hum...?

_Onde esteve dormindo?

_Dormir? Ah, naquilo que vocês chamam de “sofá”. Suas acomodações carecem de conforto.

Sério, não sei mesmo se devo ter pena ou rir da cara dele... Acho que ele nem olhou a casa direito, não deve ter visto que tinha quarto de hóspedes... Talvez nem saiba o que é isso...

_Eu vou introduzi-lo a algo com mais “conforto” no mundo humano.

Como ele veio até aqui sem saber de coisas tão básicas? Ele não sabe o que é uma cama? Aaah... Que problemático vigiar alguém assim...

Enquanto apresentava os cômodos da casa, tomava cuidado para não pensar em onde estariam as câmeras e escutas, para que ele não soubesse do plano.

_Então, você ficará neste quarto, que é o lugar onde os hóspedes ficam.

_Eh~ -pareceu desinteressado- O senso de arquitetura dos humanos não é nada sofisticado...

_G-gh... –cerrou o punho irritada-

Tudo que ele sabe fazer é criticar?! Eu tenho que ouvir este desprezo à raça humana todos os dias?!

_Não estou criticando, estou analisando sua espécie, humana. –encarou-a como se fosse superior-

_Pode, por favor, parar de ler meus pensamentos o tempo todo? É um tanto incômodo... E novamente, meu nome é “Eileen”...

_Não os leio o tempo todo... -sorriso- Para vocês, humanos é algo impossível ler pensamentos, creio eu... E mesmo para minha raça não é tão simples como imagina...

_Não os lê o tempo todo...? Isso não é algo automático?-relaxou a expressão de irritação dando lugar a curiosidade-

_Obviamente que não. Humph. Como esperado de uma raça inferior, não compreendem as habilidades de seres mais evoluídos... –se gabou-

_Então como você lê os pensamentos...? -perguntou com uma pontada de interesse-

_Minha raça é capaz de mimetizar características de várias espécies, quando o fazemos, conseguimos analisar o cérebro da raça, isto nos permite conseguir ver e entender os sinais que seus cérebros enviam, o que torna algo extremamente simples ler pensamentos. –superestimou-se- Contudo, eu tenho que “ler” estes sinais, tente imaginar o quão trabalhoso é ler e entender vários sinais ao mesmo tempo... Vocês humanos pensam muito, é realmente cansativo acompanhar o ritmo do que há na mente de sua raça...

Não tenho o que dizer... Ele tem uma habilidade muito assustadora... E não é a única, isso me preocupa...

_Eu tenho que repetir isto de novo? Não vou machucar nenhum de vocês, é realmente desconfortante ouvir seu medo o tempo todo... –suspiro-

_Não acabou de dizer que era cansativo ler pensamentos o tempo todo?!

_Sim, mas nunca disse que não faria isso... –sorriu-

Que ódio! Que ódio dessa criatura alienígena!

_Como esperado de um espécime menos inteligente... Deixam-se consumir por um sentimento inútil... –sussurrou-

_Hum?

_Humana, quero mais daquilo chamado “café”, pegue para mim.

E aqui me vejo eu numa situação hilária, e ao mesmo tempo, que me dá nos nervos. Morando e sendo babá de um alien convencido, monstruoso, invencível e que parece adorar café!

_Se beber muito café, não vai conseguir dormir à noite...

_...

_Ah, quero dizer, não sei se terá o mesmo efeito no seu organismo anormal, mas com humanos é isso que acontece quando bebem café demais! Além disso, vicia.

_Vocês ingerem substâncias viciantes então...? Puf –risos-

Você também tomou isso e está se viciando seu alien desgraçado!

_De qualquer forma, quero programar meus horários de observação.

...

Enquanto isso, perto da casa da mulher...

...

As forças especiais, que eram um esquadrão preparado e exclusivo do presidente, que apenas agia sob ordens do mesmo, estava em uma casa cheia de telas, que mostravam o que as câmeras implantadas gravavam. O Comandante ordenava e organizava os soldados e equipamentos.

_Sr. Não precisa ficar aqui, o avisaremos se algo acontecer... –um agente sentado numa cadeira perto do telão do computador informou-

_Tenho que observar pessoalmente para me acalmar. –disse nervoso-

Gilbert Lorran tinha sob seu comando uma equipe diversificada e especializada em variadas áreas, desde técnicos em informática até soldados de exército treinados, tudo para que pudesse agir sob as ordens do grande presidente, e ainda assim, num momento crucial, sua equipe se demonstrava fraca desde que a ameaça alienígena apareceu, o que o deixava inquieto.

_Até agora parece-me que ela apenas apresentou as instalações, e de vez em quando ele fala frases sem sentido... Que não se encaixam na conversa... –comentou incerto-

_Deve ser porque pode ler pensamentos, provavelmente está retrucando aos pensamentos dela...

_Ele pode fazer isso?! – o homem na cadeira do computador engoliu seco-

_Fique atento, se ele fizer algum movimento estranho e ela fizer algum sinal pedindo ajuda, informe ao esquadrão de assalto para entrar na casa imediatamente.

_Ah! Ela entrou no quarto dela! –o jovem homem falou-

_Como sabe que é o quarto dela? –Gilbert encarou o outro-

_É o único lugar que não tem câmeras, só escutas, lembra-se Sr.?

_Ah, sim... Claro... –disse avoado, sua inquietação lhe tomava a razão da cabeça-

Espero que nada ruim aconteça...

...

Voltando a casa dela...

...

O quarto onde estava, com paredes brancas, uma cama de casal com dossel de cor areia, o chão coberto por um tapete vermelho de veludo, como na sala, e a janela com cortinas da mesma cor do dossel.

Imagino se há câmeras aqui... Pelo que o Comandante Gilbert falou, eles colocariam apenas escutas, mas queria dar só uma conferidinha... A ideia de ser espiada não me cai bem...

Trancou a porta de seu quarto, aproveitando que aquele alien parecia estar distraído no quarto que ela o mandou ficar, e começou uma busca minuciosa pelo local, atrás de câmeras ou escutas, apesar de que não tivesse certeza de que iria encontrar.

Após checar tudo, foi até a pequena sacada, desapontada por não ter encontrado nada. Suspirou profundamente. Eles eram mesmo bons em esconder as coisas, as pessoas do governo. Ou talvez eles realmente não tenham posto nada no quarto dela?

Enquanto suspirava, viu o alienígena calmamente sentado no corrimão de sua sacada.

_AHHHH!!!! –assustou-se- C-Como chegou até aqui?! O que está fazendo?!

_Eu quero falar com o governo, preciso que eles me expliquem sobre alguns assuntos, e disponibilizem horários de estudo para mim... Pode chamá-los aqui? –olhou desinteressado-

_C-como assim eu? Não sou a garota de recados! E por que o governo iria escutar ao meu chamado? –tentava disfarçar a falta de calma- E como chegou aqui? É o primeiro andar!

_Ah, isso, eu vim voando... –disse casualmente- Não vai chamá-los?

_Não posso...-nem completou a frase-

_Tudo bem, acho que terei de fazer isto eu mesmo... –sorriu cínico com uma maldade disfarçada em sua expressão facial-

Não, não gosto desse sorriso! E como assim voando?! Que aberração é ele afinal?! Não posso deixá-lo fazer nada, ele com certeza planeja algo suspeito, esse sorriso é a prova!

_T-tudo bem, tentarei entrar em contato... –tremia amedrontada -

_Oh, que ótimo! –disse alargando o sorriso-

Pegou o celular e ligou para o número do Comandante, salvo no aparelho para o caso dela precisar.

_C-comandante... –disse com medo-

[Ligou mais cedo do que o esperado!]

_D-desculpe, aquele alien –recebeu um olhar penetrante da criatura com a face sorridente - Quero dizer, Siv Borghild...

[Quem é esse?]

_Perdoe-me, é assim que ele prefere ser chamado agora... E-ele tem algo para “pedir” ao governo... –entregou o celular-

O monstro em forma humana pegou e passou a conversar normalmente através do aparelho...

_Você é aquele humano do governo?

[S-sim...]

_Preciso de alguns preparativos, irei citar quais são, gostaria que os providenciasse para amanhã...

[A-amanhã?!]

_Não é impossível, afinal conseguiram aquele tanto de munição e armas para me atacar, alguns materiais mais leves não devem ser uma tarefa difícil... –disse num tom afiado-

[... I-irei anotar... O que precisa...]

Podia-se sentir o mesmo que o comandante só pela voz que usava ao telefone. Ele estremecia a cada frase que o extraterrestre dizia, mas se manteve firme na conversa. Acabadas as exigências, a criatura retornou o telefone à dona e saiu do local pacificamente, dizendo:

_Humph. Os aparelhos de comunicação de seu planeta são tão primitivos...

_Comandante... E quanto a mim? O que direi no meu emprego? Disse que teria que ficar afastada enquanto vigiaria esta coisa...

[Sim... Não se preocupe, o secretário do ministério de relações exteriores irá pessoalmente falar com seu chefe sobre o “programa de intercâmbio para incluir estrangeiros no mercado nacional”, e ele terá de cooperar com sua condição, conseguiremos um acordo para que trabalhe só por meio período.]

_Certo... –suspiro- Obrigada pela ajuda desculpe por incomodá-lo... Tenho certeza de que seu trabalho é exaustivo...

[Não se incomode. É meu dever. Tenha uma boa noite Senhorita.]

–desliga-

É assim que meus dias serão daqui pra frente? Trancafiada numa casa cheia de equipamentos de espionagem junto com um alien? Não é uma vida muito boa... Aff... Não posso fazer nada quanto a isso... Só espero que acabe logo...

Olhava a lua, da sacada de seu quarto, tentando vislumbrar como sua própria vida seria no futuro.


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