Olhos Azuis escrita por MariRizzi


Capítulo 4
Capítulo 4 - Corredores e Sala Comunal


Notas iniciais do capítulo

Bem, como prometido, Elizabeth e Sirius se aproximam mais nesse. Acho que ficou meio doce demais, mas, enfim, vá lá... não consegui mudar rsrsrsrs



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/57567/chapter/4

(...)

It was your first taste of love

Living upon what you had

(Something Inside)

Conforme as semanas passavam, Elizabeth foi ficando cada vez mais cansada. Era um desgaste não tanto físico, mas mental. Além de toda a carga de deveres das disciplinas, ela tinha os treinos de quadribol e a monitoria. Mas nada seria tão ruim se ela não estivesse passando por grandes dificuldades em Transfiguração, ou se não tivesse parado de falar com o irmão. No entanto, não voltaria atrás até que Alberto pedisse desculpas por ter gritado com ela e Fábio como um insano. E que ele aceitasse o fato de os dois estavam namorando, é claro.

Tudo isso definitivamente estava contribuindo para seu mau-humor, pensou Elizabeth ao entrar no banheiro feminino após o término de um dia de aula. Quando tinha acabado de entrar na cabine e fechar a porta, ela ouviu a voz de Caroline Mcmillan:

- ... ainda não sei onde vou colocar a poção, mas ele não é bobo, então tem que ser algo bem pensado.

Liza imediatamente ficou alerta. Poção para quem? Seria algo ilegal? Resolveu ficar ali escondida para ouvir mais.

- Mas você sabe que poção de amor é proibido, Caroline... – comentou outra voz.

- Bem, se você quiser,- comentou ainda mais uma garota, a voz animada - eu posso colocar a Poção no suco de abóbora do Sirius agora no jantar quando ninguém estiver vendo. – Então a Poção de amor era para Sirius Black, pensou Elizabeth, sufocando o riso. Fazia sentido, já que a escola inteira sabia que ele tinha terminado com Caroline. E agora Liza reconhecia essa voz excitada. Era uma menina do segundo ano da Grifinória, por sinal, prima de Caroline. Que absurdo, colocar a menina para fazer o serviço sujo.

Até que seria bom se Black tomasse a poção e fizesse papel de bobo, mas permitir algo proibido não era característica de Elizabeth.

- Ótima idéia, Pan. Tome aqui – e Elizabeth saiu da cabine bem na hora que Caroline tirava um frasco com líquido perolado das vestes.

- Bem- disse calmamente Liza – vou ter que confiscar isso.

Caroline estava vermelha.

- Mas... Elizabeth, eu achei... achei que você era minha amiga! – comentou, ofendida.

- Eu sou – mas não a ponto de deixar algo proibido passar bem embaixo do meu nariz, pensou Liza – porém, é meu dever, Caroline. Até acho que talvez Black merecesse, seria uma lição para ele, mas terei de confiscar – disse firmemente, a mão estendida.

Caroline lhe deu a poção e saiu do banheiro com as outras garotas, não sem antes lhe lançar um olhar furioso.

Após esse incidente, Elizabeth deixou o banheiro com o objetivo de jantar. No caminho, ao passar por um dos corredores do castelo com o objetivo de jantar, ouviu um choro, alguém gritando um feitiço e logo em seguida Avery passou correndo por ela. Droga, tinha ficado tão surpresa que nem pensara em lançar um feitiço para pará-lo. O som de choro continuava. Será que alguém tinha se machucado, sido atacado? Seguindo o som, ela pisava de forma silenciosa. Ao dobrar o corredor, viu uma garotinha de cabelos loiros, provavelmente do primeiro ano, sentada no chão. O choro era dela, e aparentemente, não estava tendo muito sucesso em se acalmar. A alguns metros dela, Sirius Black recolhia livros espalhados no chão. Quando terminou, encaminhou-se até a garota e agachou em frente a ela.

- Ei, não foi nada. – tentava acalmá-la, numa voz tranqüila que Liza não lembrava de um dia ter ouvido – Olhe, seus livros, e sua mochila – ele apanhou a mochila rasgada e disse Reparo, com um aceno de varinha. A menina parara de chorar e agora gaguejava um "Obrigada", olhando Sirius como se ele fosse alguma aparição.

- Qual seu nome? – perguntou Sirius enquanto ela se levantava. A garota respondeu num sussurro tão baixo que Elizabeth não foi capaz de ouvir. – Bem, Sara, não é bom você andar sozinha pelos corredores se Avery ou outro perdedor resolveu implicar com você... Você tem amigos, não tem? – Sara assentiu – Ótimo. Ande sempre com eles, então. E qualquer coisa, pode me falar. Agora, acho que você deveria ir jantar, seus amigos devem estar te procurando.

Dizendo mais um Obrigada, ela passou correndo por Elizabeth. Sirius virou-se para olhá-la ir embora e só então viu Liza parada ali. O sorriso deixou seu rosto e ele a encarou com uma expressão meio séria, algo que ela definiu mentalmente como quase vergonha. Vergonha de quê?, pensou ela.

- Hum... Avery passou correndo por mim lá atrás, então ouvi um choro, e pensei que era melhor vir ver o que... – explicou Elizabeth, sem graça.

- Ele estava atormentando ela – disse Sirius, com raiva – Eu a ouvi gritar e chorar, e quando cheguei aqui, ele havia rasgado a mochila da menina, Sara estava no ar de cabeça para baixo, assustada. E Avery dizendo que ia brincar com a sangue-ruim...

Elizabeth ia comentar que eles costumavam lançar o Levicorpus em Snape também, mas se conteve. Pelo menos ele tinha sido legal com a garota, parecia que se importava.

- Mas – continuou Sirius – eu só consegui atingi-lo com um feitiço antes de ele sair correndo. Isso não vai ficar assim, eu vou...

- Olha, Black, seja lá o que você for fazer, não deve dizer a mim, prefiro não saber. Sou monitora, lembra?

- Ah, é. Esqueci que estou falando com a Perfeição em forma de gente... – Liza girou os olhos enquanto ele dava aquela risada profunda – Acho melhor irmos para o salão principal.

-Claro – concordou Elizabeth, sentindo-se estranha enquanto andava ao lado de Black. Isso não acontecia desde quando? O segundo ou terceiro ano talvez, quando ela não morria de raiva dele, e costumava rir das suas brincadeiras. Parecia uma eternidade agora. De repente, algo veio a sua mente.

- Sirius, lembrei de uma coisa importante – o primeiro nome dele veio instantaneamente aos seus lábios, e ele olhou para ela intrigado. – Hoje eu confisquei uma poção de amor que iam dar para você, então acho melhor tomar cuidado com o que bebe e come.

Sirius ergueu as sobrancelhas, surpreso.

- Nossa, obrigado mesmo. Mas... de quem era?

- Acho que não é legal da minha parte dizer..

- Espera aí! Se você não quer dizer, é porque deve ser alguém relativamente próximo, mas não tão próximo, se não você nem me alertaria e se sentaria para rir de mim... Então não pode ser Marlene ou Dorcas, então... Ah, meu Deus, é a Caroline!

Elizabeth riu com a rapidez da dedução dele e depois disso não disseram mais nada. No entanto, o silêncio entre eles não era desconfortável, e a recente cena dera a ela o que pensar. Ao chegarem perto da mesa da Grifinória, Fábio gritou:

- Ei, Liza! Estive te procurando – e olhou de esguelha para Sirius. Elizabeth passou por onde estavam os Marotos, e com um último olhar em direção a Sirius, foi sentar ao lado do namorado.

 

--------------------------------------------------------------

 

Ao vê-la se afastar para sentar com Fábio, Sirius se sentiu estranho. Era como se lhe tirassem alguma coisa, por isso cruzou os braços no peito ao perceber o olhar do namorado. O idiotinha... Quando ela o chamara pelo nome ele ficara agradavelmente surpreso, tinha soado para ele como elogio, quase carinhoso. Mas então sacudiu a cabeça, que tinha ele, Sirius, a ver com Elizabeth? Absolutamente nada, ela nem podia suportá-lo...

- Oi!- disse Tiago, que estava sentado, acenando a mão em frente ao rosto de Sirius – O que foi?

- Nada – murmurou Sirius, sacudindo a cabeça e sentando-se – Ah, escutem o que aconteceu agora há pouco... – e contou aos amigos sobre o ataque de Avery.

- Bem, - disse James sorrindo – isso com certeza fará eu me sentir melhor quando azará-lo.

Sirius concordou, distraído. Por que, se perguntou enquanto tentava dormir, sentia-se tão estranho ultimamente? Andava sempre irritado, insatisfeito, e quando a imagem de dois olhos azuis veio a sua mente, ele disse Droga!, socando o travesseiro. Provavelmente xingara alto demais, porque Tiago que dormia na cama vizinha acordou com uma cara assustada:

- O que? O que aconteceu?

- Nada, James, volte a dormir – seguindo seu conselho, o amigo se virou e imediatamente caiu num sono profundo.

No dia seguinte, uma sexta-feira, na aula de Transfiguração, Sirius foi o último a chegar, e acabou sentando ao lado de Elizabeth. Ele não podia evitar olhá-la, observar como fazia anotações de maneira concentrada e como se esforçava para realizar os exercícios. Porém, também não pode deixar de perceber que parecia haver olheiras embaixo dos seus olhos e as maçãs do seu rosto tinham perdido o levíssimo rosado. Estava, pensou Sirius olhando para o outro lado, quase como Remus. Aquela noite seria a primeira de lua cheia do mês, e então antes de anoitecer, ele iria para a Casa dos Gritos, para onde Sirius, James e Peter o seguiriam enquanto todos dormiam no castelo.

- Senhorita King – disse McGonagall ao fim da aula. Somente Lily, Elizabeth, James e Sirius permaneciam na sala, arrumando a mochila para sair – Sei que tem boas notas em todas as outras disciplinas que cursa, mas se não melhorar seu desempenho em Transfiguração, não atingirá o NIEM necessário para se tornar Auror.

Ela tinha tentado mudar a cor de uma mecha do seu cabelo para roxo, sem sucesso. Quase todos estavam tendo dificuldades com transfiguração humana, mas o desempenho de Elizabeth era o pior.

- Eu melhorarei, professora, não se preocupe. – suas faces ficaram vermelhas de vergonha e ela saiu apressadamente da sala.

A próxima aula era Estudo dos Trouxas, em que estavam Sirius, James e Elizabeth. Sirius percebeu que os olhos da garota estavam vermelhos, como se tivesse chorado. Ele pensou em se oferecer para ajudá-la, mas desistiu. Com certeza ela acharia que ele estava se intrometendo demais.

 

Na mesma data, já na madrugada da sexta para o sábado, os Marotos voltavam de mais uma aventura no povoado de Hogsmeade, sem Remus, que àquela hora estava de volta a Casa dos Gritos. Encobertos pela Capa de Invisibilidade, tinham dado alguns passos em um corredor do quarto andar, quando ouviram Impedimenta, e os três caíram de cara no chão, a capa escorregando. Ao erguerem o rosto, deram de cara com Elizabeth King empunhando sua varinha.

- Seus imbecis – comentou ela, a voz fria – Eu devia ter imaginado...

- Como você nos viu? – perguntou James, parecendo curioso.

- Se vocês não perceberam – suspirou ela – essa Capa não cobre os três por inteiro, eu vi pés andando sem corpo.

- É –disse Peter – nós crescemos.

- Pois é, não que dê para reparar muito... – comentou, mordaz.

- Você está fazendo o que aqui? – perguntou Sirius.

- Não que seja da sua conta, Black, mas eu sou monitora, então estava fazendo a ronda...

- Ah, tá – interrompeu James rindo – aposto que estava fazendo a ronda com Fábio e aproveitando para dar uns amassos... – Peter o acompanhou na risada. No escuro Sirius não podia ver, mas adivinhou que ela corara e não foi capaz de rir. Elizabeth voltara a lhe chamar de Black e ele procurava afastar a imagem mental dela com Fábio em um canto escuro...

- Bem, o que você vai fazer – perguntou, estressado – vai tirar pontos, vai reportar isso ou o que?

- Eu vou... – ela começou, mas então eles ouviram passos e uma voz asmática:

- Sim, vou pegar quem está andando por aí há essa hora e vou fazê-los se arrepender...

- Vão – sussurrou Elizabeth, de uma forma urgente – Vão logo, se ele ver vocês...

Mais que depressa os garotos se cobriram com a capa da Invisibilidade e foram para o lado oposto ao do zelador. Podiam ouvir a voz de Elizabeth simulando raiva:

- Foi o Pirraça, senhor Filch. Estava gargalhando e ameaçando arremessar um armário. Quando ouviu seus paços, ele desceu as escadas...

- Essa foi por pouco! – disse Pedro, ao tirarem a Capa da Invisibilidade na Sala Comunal, que, àquela hora, estava vazia.

- É verdade... – concordou James, dirigindo-se ao dormitório, parecendo cansado – Você não vem? – perguntou a Sirius

- Em um minuto – eu... hum... preciso falar com Elizabeth. – James deu de ombros e subiu a escada circular.

Dez minutos depois, Elizabeth apareceu na porta do retrato.

 

------------------------------------------------------

 

- Você parece cansada – disse uma voz profunda assim que ela entrou na Sala Comunal da Grifinória. Elizabeth, que estava mesmo meio que andando de olhos fechados devido ao sono, levou um tremendo susto. Sirius estava ali, sentado em uma das poltronas mais próximas da saída, como se estivesse esperando por ela.

- Desculpe, eu não queria assustá-la. – Merda, ele ia ficar sendo gentil quando ela não estava para gentilezas?

- Você não me assustou realmente. – disse secamente.

- Que bom – então ele se levantou, sorrindo. Isso fez com que Elizabeth sentisse frio na barriga. O que está acontecendo comigo?! – Eu só queria te agradecer por ter nos livrado do Filch lá embaixo.

- Eu não fiz isso por você, Black – disse ela, sentindo-se nervosa – Eu não quero que Grifinória perca pontos...

- Sabe, Elizabeth – disse Sirius lentamente, se aproximando, os olhos cinzentos brilhando. São realmente, realmente os olhos mais bonitos que eu já vi..., ela pensou – Você não precisa ficar me chamando de Black, se já me chamou de Sirius.

Então ele colocou uma mão no braço de Elizabeth e ela imediatamente congelou.

- Mesmo que não tenha feito por mim, e em nenhum momento eu achei isso, tenho de te agradecer, porque mesmo sem querer você me livrou de uma detenção. Muito obrigado, de novo.

- Tudo bem, agradecimentos aceitos - ela disse. Preciso mudar de estratégia, pensou ela, só quero me livrar dele antes que chegue mais perto. Ai, isso aqui tá ficando muito estranho!

- E, para recompensar, eu queria oferecer minha ajuda em Transfiguração, percebi que você está tendo algumas dificuldades.

- Ah, você andou rindo da minha desgraça, da minha pretensão de chegar a Auror? – perguntou ela, encontrando um motivo para se afastar do seu contato.

- Não – ele disse de forma firme – eu andei observando que até o melhor de nós tem um ponto fraco... O que te faz mais humana e ainda mais... admirável.

- Ok, - ela disse apressadamente – Esqueça o que eu disse, e obrigada pelo oferecimento, mas Lily já está me ajudando...

- Tudo bem – ele disse, parecendo mais distante agora – Mas, se isso não adiantar, me avise. Ela é a melhor em Poção, mas sem falsa modéstia, em Transfiguração, eu sou melhor. Boa noite, Liza – então ele virou as costas, parecendo tão naturalmente elegante como sempre ao subir a escada do dormitório.

Elizabeth ficou ali alguns instantes, paralisada. Com sua ausência, tudo parecia um sonho.

 

 

Esqueça isso

, disse Elizabeth a si mesma nos dias que se seguiram. Provavelmente Black só está brincando com você, querendo que você babe por ele, enquanto ele ri. Ela evitou encontrá-lo e nunca mais ficou sozinha com ele. No entanto, não conseguia se segurar, e ficava observando Sirius de longe quando ele não estava vendo.

 

 

Sirius, por sua vez, parecia também decidido a manter distância, o que por um lado era um alívio, por outro, decepção. Aquela atitude controversa por parte dele só provava que ele brincara com Elizabeth aquela noite. Ou que nada acontecera, e ela só tinha imaginando coisas.

- O que você tem? – perguntou Lily em um café da manhã

- Como assim? Não tenho nada. – mentiu Elizabeth

- Ah, por favor, Liza – disse Lily, impaciente – Você está sempre com os lábios caídos numa cara triste, sabe, às vezes parece que vai chorar. Outras, fica quieta, distraída... Os alunos passam por você com coisas proibidas e você nem percebe!

- Passam é? – perguntou, surpresa – Bem, é por causa da partida de estréia de quadribol.

Lily não ficou muito satisfeita com essa explicação, mas, de fato, aproximava-se o primeiro jogo, contra Lufa-Lufa e James havia aumentado o número de treinos. De fato, dali uma semana o dia chegou, e ela estava se sentindo estranhamente infeliz, além de nervosa.

- Muito bem, time. – dizia James antes deles entrarem em campo – Nós somos muito bons, somos o melhor time dessa escola! Treinamos duro para isso, demos tudo, e venceremos hoje! – ela sentiu Fábio apertar sua mão, e em resposta, Liza forçou um sorriso.

Ao dar impulso na sua vassoura, Elizabeth pode sentir que todos seus problemas ficavam em algum lugar lá embaixo. Ali, era só ela, o jogo e o dever de fazer a goles passar pelo aro. Após vinte minutos, ela conseguira marcara duas vezes, e recebera a goles novamente das mãos de Anne quando um balaço, que ela não vira, veio em sua direção. Sirius percebeu e já vinha para o seu lado, mas Fábio, mais longe, o interceptou, chegando ao balaço antes dele. Fábio não só conseguiu rebater, como também freou em cima de Elizabeth, que perdeu a posse da goles para o time adversário. Lufa-Lufa só não marcou devido a uma ótima defesa de Alberto.

Elizabeth viu a face de Sirius ficar vermelha de raiva, parecia que ele ia sufocar.

- Prewett, seu imbecil, você não está aqui para proteger só sua namorada! – ele gritou a plenos pulmões – Você deveria defender os outros jogadores também, eles estão sendo atingidos por sua causa!

Para piorar, agora Elizabeth podia distinguir a voz do locutor lá embaixo, um aluno da Corvinal.

- Parece que a equipe da Grifinória não está bem entrosada esse ano. Claramente o estrelato subiu a cabeça de Black e Prewett e agora os dois tentam aparecer fazendo uma infame discussão...

James voou na direção deles, parecendo irritado.

- Fábio, vai para lá, Ricardo acabou de ser atingido enquanto você atravessava o campo para defender Liza, Sirius ia rebater... Elizabeth, para de ficar parada aí como idiota, e Sirius: Eu sou o capitão, droga! – gritou James antes de voltar a procurar o pomo.

- Bem, parece que Potter colocou ordem na bagunça...– observou o comentador– Ei, esperem. Parece que Potter viu o pomo...

De fato, Elizabeth viu James voando com toda velocidade em direção ao pomo e muitas coisas aconteceram em seguida. James fechou a bolinha dourada em sua mão, a torcida da Grifinória explodiu em comemoração. Elizabeth pousou a fim de abraçar James como todos, mas antes que corresse em sua direção sentiu o melhor abraço de toda sua vida, pelo que podia se lembrar. E antes mesmo de ouvir a voz alegre gritando Vencemos, Liza!, ela já sabia que era ele. Era mais que um abraço afoito de comemoração, era mais um carinhoso, o que se dá em alguém querido para matar as saudades.

- É, vencemos, você esteve ótimo – e então antes do que ela desejava, Sirius se afastou.

- Vamos! – ele disse, agora a puxando pela mão e correram juntos em direção a todos. Elizabeth não podia lutar contra esse gesto, nem contra o sentimento vibrando dentro dela.

 

A Grifinória comemorava com uma festa na sala comunal. O leão em vermelho e dourado estava por toda a parte, e havia muita gente. Elizabeth observava tudo, sentada ao lado de Lily, que mais uma vez negava a um animado James a oportunidade de um encontro. Estava de bom-humor, pois Alberto voltara a falar com ela após a patida.

- Já te disse, Potter, eu nunca vou sair com você, então desista! – Liza riu baixinho e nesse momento encontrou o olhar de Sirius, que vinha com os braços carregados de comida. Ele parou ao lado dela, sorrindo.

- Esses dois não têm jeito mesmo – Sirius comentou baixinho, indicando Lily e James.

Elizabeth se limitou a sorrir, sem encontrar nada para dizer. Não queria avaliar seus sentimentos naquela hora, então era melhor fazer o estilo Sou uma garota calada e sorridente, que era mais seguro. Sirius sentou a seu lado

- Ei, desculpe pelo meu ataque lá no campo. Fui um idiota...

- Bem, não foi comigo que você gritou, então não é comigo que tem de se desculpar... – ela disse de forma suave, mas interiormente, uma voz gritava que Fábio fora completamente ridículo e merecera isso. Agora mesmo, ele, seu namorado Fábio, estava se vangloriando sobre cada lance seu no jogo para ouvintes atentos.

-Eu sei – disse Sirius – Já me desculpei com Fábio e está tudo bem. Mas eu realmente não queria sabe, falar o que falei, agir como um louco na sua frente... – ele parecia envergonhado agora, de uma forma fofa, pensou Elizabeth. Era como se a opinião que ela fazia dele importasse. Ela sorriu para ele, sentindo-se verdadeiramente agradada agora:

- Não faz mal, todo mundo perde a cabeça de vez em quando... Eu mesma – ela encheu os pulmões de ar, tomando coragem – fui uma... uma vaca com você na minha festa. Estou me sentindo culpada há muito tempo, mas não sou boa em pedir desculpas. – e respirando fundo novamente. – Me desculpe, Sirius. Eu sei que você tem seus defeitos, mas definitivamente não tem nada contra os trouxas... Que você gosta deles e jamais faria algo horrível como eu insinuei... Fui má pessoa, uma péssima anfitriã... Enfim, desculpe

Sirius tinha seus olhos cinzentos arregalados, em surpresa. Depois de alguns instantes, ele relaxou e riu gostosamente:

- Você foi tudo isso, sabe... Só não concordo com uma coisa. Acho que você é ótima em pedir desculpas.

-----------------------------------------------------

Elizabeth lhe pedira desculpas de uma maneira sincera e também brusca. Ela respirara fundo, franzira a testa, concentrada, parecendo quase... doce. Seus olhos não tinham nem o veneno, nem a frieza daquele dia. Mas ela nem precisava ter pedido desculpas, pois ele já desculpara, praticamente esquecera. Sabe, pensou Sirius na festa, Elizabeth é uma garota legal. Só isso?, uma voz acusadora surgiu na sua cabeça em resposta ao profundo desagrado que sentiu quando Fábio finalmente parou de se exibir e levou Elizabeth sabe-se-lá-para-onde.

 

-Só isso

– ele disse a si mesmo, tratando de, novamente, não procurá-la muito, e falar com ela casualmente sobre assuntos leves, impessoais. Não queria arrumar mais confusão com Fábio, ele poderia entender mal.

 

 

Apesar disso, às vezes Sirius se pegava a olhando de longe, observando preocupado que Elizabeth continuava com algum bloqueio em Transfiguração e isso estava fazendo mal a ela. Seja como for, ele estava se sentindo um pouco fora do controle ultimamente. Quando lhe dava na telha, ia encoberto pela Capa da Invisibilidade até a Dedosdemel ou à cozinha pegar comida, saindo mais do que o próprio James. Ou azarava Snape e seus amigos se eles cruzassem seu caminho. Na semana seguinte ao jogo, foi flagrado por um professor azarando Avery e recebeu uma detenção para cumprir na sexta-feira a noite. Ele tinha polido sem auxílio de magia cada troféu ganhado pelos alunos de Hogwarts através dos séculos e era já mais de meia-noite quando chegou a Sala Comunal da Grifinória.

Sentia-se extremamente cansado e já ia subir quando, dessa vez, foi ele que deu de cara com Elizabeth sentada na poltrona, a única pessoa ali. Mas ela estava dormindo. Sirius notou que estava com um livro de Transfiguração aberto, pergaminho em cima da mesa com uma lição incompleta e uma pena de escrever ainda na sua mão. Estava sentada de modo que as pernas se dobravam em cima da poltrona, e sua cabeça estava apoiada no encosto. Tinha os traços relaxados, abandonada num sono profundo. Ela nunca pareceu tão frágil e delicada aos olhos de Sirius, um anjinho, havia dito a Sra. Potter. Ele estendeu a mão para seu rosto, queria tanto tocá-la... E então retirou a mão rapidamente.

Porque era tão óbvia, tão ridícula a conclusão... A coisa mais absurda, que ele demorou uma eternidade para perceber. Ele estava apaixonado por essa garota. Se tivesse percebido enquanto se apaixonava, ainda poderia ter lutado, se recusado, esquecido. Por isso sentia tanta raiva do namorado dela, por isso andava de mau-humor, por isso ela era toda sua preocupação. Mas agora, talvez não houvesse mais jeito. E ele ficaria ali, sendo torturado, obrigado a vê-la o tempo inteiro com Fábio. E onde estava ele, por sinal? Deixara ela aqui, sozinha? E sem se conter dessa vez, estendeu a mão e tocou o rosto de Elizabeth, mas ela não acordou. Então se aproximou e pousou um suave beijo no rosto dela. Sirius se afastou, bem na hora em que Elizabeth abria os olhos. Teria ela percebido?

- Sirius? O que, o que...?

-Levanta, Elizabeth. Estou voltando de uma agradável Detenção agora, e dei com você aí dormindo. Estou tentando te acordar há um tempão – mentiu ele.

- Nossa, obrigada, acho que eu vou indo então...

- Onde está o Fábio – perguntou irritado enquanto a ajudava a juntar suas coisas – Ele não devia ter te deixado sozinha.

- Ele foi dormir cedo, estava cansado... Obrigada mesmo, Sirius. – e sorrindo de um modo que fez seu coração acelerar, ela disse – Boa noite.

- Boa noite, Liza.- e foi para seu dormitório.

---------------------------------------------------------

Liza entrou no dormitório sorrindo. Ou ela tinha sonhado ou o conquistador-sem-coração Sirius Black lhe dera um inocente e puro beijinho na bochecha.

 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Olhos Azuis" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.