Olhos Azuis escrita por MariRizzi


Capítulo 3
Capítulo 3 - A primeira semana


Notas iniciais do capítulo

O próximo ficará mais interesante, vou focar mais nos sentimentos de Elizabeth.



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No one knows what it's like, to feel these feelings

Like I do, and I blame you

(…)

(Pete Townshed)

 

- Cuidem-se, meninas. – disse Hugo, abraçando os filhos e Lily entre as plataformas 9 e 10. Elizabeth sentia-se apreensiva ao se despedir dos pais. Ela tentava afastar aquele medo, mas sempre havia a sensação de que podia ser a última vez que os veria. Mas precisava fingir que estava bem a todo custo, porque não poderia preocupá-los ainda mais. Por isso, ela disse em um tom otimista:

- Pode deixar! Tchau, mamãe, papai.

- Mande minhas lembranças ao James! – gritou a mãe enquanto Liza era a primeira a atravessar a barreira que a levaria à plataforma. Quando abriu os olhos estava do outro lado, olhando para o grande Expresso vermelho. Lily e Alberto vieram logo atrás.

- Vamos achar um lugar antes que o trem fique cheio – ele disse. Liza ergueu as sobrancelhas para o irmão. Desde quando ele resolvera ficar tão prestativo? Em todo caso, ela achou aquilo uma mudança muito positiva quando Alberto resolveu erguer os malões das meninas para colocar no trem.

Em algum lugar alguém produziu uma explosão e o grande gato branco que Liza trazia firmemente preso em seus braços a arranhou, assustado.

- Shhhhh, Fera, não foi nada... – e olhando para trás não ficou surpresa em ver Black rindo ao longe. Obviamente, o autor da explosão. Será que Remus como monitor não podia simplesmente controlá-lo? E você os controla ou algum de seus amigos, como monitora?, disse uma vozinha acusadora em sua cabeça. Ela afastou o pensamento, porque, bem, não havia nada que pudesse fazer. Não tiraria pontos de sua própria Casa, tiraria? Não podia simplesmente delatá-los a Professora McGonagall, e mesmo que pudesse, ela não era o tipo dedo-duro.

- Fera – comentou a voz de Dorcas atrás dela – É simplesmente o nome certo para esse gato de cara feia. Você o comprou nesse verão?

- Na realidade – disse Liza, olhando avaliadoramente para a face achatada do gato- Alberto me deu de presente de aniversário, já que meu rato morreu. Ele disse que comprou porque achou que ele era a minha cara. Na hora, eu achei que fosse um elogio – e encarou o irmão de maneira acusadora.

- Bem, ele é muito parecido com você. Os mesmos olhos, e o ar de mau-humor.

Elizabeth encarou o gato de novo e falou com convicção:

- O ar de dignidade.

Quando finalmente entraram em um compartimento, Alberto se despediu ainda rindo e murmurando “Ah, sim, dignidade”. Dorcas, Lily e Elizabeth mal tinham se acomodado nos bancos quando Marlene, outra sextanista, veio se juntar a elas. Após cumprimentá-las, foi logo perguntando sobre o episódio de ataque aos trouxas.

- Eles não pegaram ninguém, é claro, senão teriam noticiado. Mas eles descobriram quem? – Dorcas perguntou.

- Não, não se pode afirmar nada - comentou Liza, de mal-humor.

- Mas – insistiu Dorcas – Eles devem suspeitar de alguém.

- Suspeitar? – perguntou Liza, sentindo sua paciência ir toda embora com a tolice das pessoas – Mas quem vai levantar a voz para acusar um Lestrange, um Black, um Malfoy? Só se tivessem provas concretas, essa gente ocupa as melhores posições na comunidade bruxa.

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 Depois de deixar uma relutante e quase pegajosa Carolina com seus colegas da Lufa-Lufa, Sirius passou pelo corredor a fim de encontrar seus amigos, e então ouviu aquela voz dela um tanto alterada Mas quem vai levantar a voz para acusar um Lestrange, um Black...

Ele não parou para ouvir. Devia se acostumar a ter  uma espécie de maldição no nome, ainda mais agora. Mesmo assim, ele gostaria que ela parasse de dizer qualquer coisa relacionada a qualquer parte de seu nome. Veio a sua cabeça Um Black é sempre um Black. Ele nunca tinha tido nada muito contra Elizabeth, na  realidade, lembrava-se vagamente de gostar dela no primeiro ano. Agora Sirius a odiava, não queria nem vê-la. Mas isso não seria possível, já que ela era artilheira, e ele batia pela Grifinória.

- Maldita! – xingou por entre dentes ao entrar no compartimento dos Marotos. Não foi baixo suficiente, pelo visto, já que seus amigos o olhavam espantados.

- Hum... Sirius? – perguntou Remus, cauteloso – você está bem?

- Bem? – sussurrou ele – como poderia estar bem quando aquela vaca que não sabe nada da minha vida fica se referindo a mim ou a porcaria do meu nome de família o tempo todo?

- Olha, Sirius- pontuou James - não fale de Elizabeth assim, ela....

- Não fale dela assim? – Sirius percebeu que aumentara bastante o tom de voz, provavelmente estava gritando agora – Não fique defendendo essa idiota! Olha tudo o que eu passei na minha casa por não concordar com as idéias deles, e ela agora age como se eu fosse mesmo como eles?

Um pesado silêncio caiu. Alguns minutos depois, Remus se levantou e foi o primeiro a falar dizendo:

- Bem, até logo. Vou chamar Eli..- e olhando para a expressão assassina de Sirius, preferiu nem dizer o nome dela - quer dizer, vou chamar os outros monitores para fazermos o que temos de fazer...- e dizendo isso saiu.

James olhava para seu amigo de maneira irritada agora e Peter olhava de um para o outro.

- Olha, escuta aqui agora.  Ela é uma ótima artilheira, e não quero perdê-la. Então acho bom que vocês suspendam as hostilidades durante os treinos de quadribol.

- Como você quiser – bufou Sirius, escorregando no banco. Então abriu um lento sorriso, mais calmo agora – Mas não me responsabilizo por nenhum balaço que acerte a cabeça dela...

James franziu o cenho para ele, mas Sirius percebeu que o amigo estava se esforçando para não rir. Nesse momento a porta abriu e Tibério McLaggen, que estava também no último ano, na Grifinória, estendeu a mão para eles.

- Olá, tudo bem com vocês? – perguntou, sem dar tempo para que respondessem , olhou diretamente para Sirius e James – O professor Slughorn manteve contato comigo durante o verão e pediu para que eu avisasse a todos que a nossa primeira reunião será no segundo final de semana. Portanto, não marquem treinos de quadribol esse dia.

Sirius rolou os olhos. Havia esquecido completamente dos encontros do Clube. Ele havia ficado bem surpreso quando ele e James foram convidados, afinal, estavam sempre metidos em confusões ou cumprindo alguma detenção. Mas talvez não fosse tão estranho assim, Sirius pensara depois, reconsiderando. Eles eram os melhores alunos dos seu ano, apesar de tudo. Jogavam quadribol, eram populares e Slughorn adorava o fato dos Black serem tão prestigiados. Ele quase não podia agüentar o tédio dos encontros, mas James praticamente o obrigava a ir, já que Lily ia a maioria das reuniões.

O sexto ano da Grifinória de fato contava com 4 freqüentadores do Clube do Slugue, mais do que qualquer uma e isso fazia as fofocas correrem soltas.  Além deles, havia duas garotas da Covirnal, um menino da Lufa-Lufa, e três sonserinos, dentre eles, Regulus.

-Ah, o outro irmão Black. – dissera Slughorn animado quando Regulus chegara em Hogwarts. Sirius em geral não falava muito com o irmão, e agora pretendia nunca mais trocar uma palavra com ele.

Não havia nenhuma combinação mais explosiva do que aquela, pensou Sirius. Será que Slughorn não percebia? Dois irmãos que se odiavam, sonserinos que não suportavam ninguém a não ser eles mesmos e um apaixonado que só estava ali por causa de uma garota. Esqueça,  pensou ele  quando encarou McLaggen, lembrando de como olhava Elizabeth com um ar esperançoso, havia dois idiotas apaixonados sendo completamente ignorados pelas garotas.

 

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Quando Mc Laggen terminou seu aviso, Liza praticamente o convidou a se retirar, se recusando a responder suas perguntas sobre as férias que não fosse por monossílabos. Apesar de considerar o clube importante em suas relações sociais, podia dispensar a presença de Black e dos sonserinos. E a de McLaggen também, é claro. Obviamente, namorá-lo no ano anterior fora uma escolha da qual ela se arrependia profundamente. Quer dizer, ele até poderia parecer legal à primeira vista, mas ela descobriu que ele podia passar tempo demais falando dele mesmo.  

Junto com Lily, Dorcas e Marlene, Elizabeth embarcou em uma das carruagens que  levariam os estudantes até o castelo. Passou pelas mesas no salão Principal e escorregou na cadeira ao lado de Fábio, que por sua vez estava ao lado de Alberto.

- E então – perguntou Fábio – Muito trabalho com a monitoria?

- Parece que esse ano está pior que o anterior. Tive vários problemas nos corredores dos trens.

- Quem sabe – provocou Fábio, rindo – ano que vem você se torna monitora-chefe.

- Eu espero que não! – comentou Liza com fervor – nunca iria dar conta de estudar para o N.I.E.M., jogar quadribol e ainda ser monitora-chefe.

- Então – disse Alberto, rindo – acho bom você parar de se esmerar em tudo. Se não, você vai ser promovida e ter um colapso.

- Bom - disse Elizabeth, séria – que tal ajudar sua irmã a não ter um colapso e se comportar melhor esse ano? Realmente eu detestaria que você contribuísse para que nós perdêssemos o Campeonato das Casas novamente.

Alberto fez uma cara em que se misturavam fingidas ofensa e surpresa:

- Eu? Nós não perdemos o Campeonato por minha causa. Não é como se eu ficasse procurando encrencas o tempo todo... É só uma azaração aqui, uma resposta engraçadinha nas aulas... – e olhando para os Marotos que nesse momento chegavam ao Salão – Eles são os grandes culpados, maninha.

- Se você não me dissesse Alberto... – comentou ela, ironicamente – O que eu quero dizer é que já que certamente perderemos pontos por causa deles, todos devem se comportar muito bem, para compensar.

- Silêncio, vocês dois! – pediu Lily – A seleção vai começar! – e todos se calaram para olhar os pequenos calouros que formavam fila para experimentar o chapéu.

O tempo da seleção e do banquete pareceu passar voando e antes do que Elizabeth esperava, Dumbledore se levantou.

- Bem, que todos sejam bem-vindos para um novo ano em Hogwarts. Agora vocês devem estar cansados, boa-noite.

Sentindo-se extremamente cansada, Elizabeth se levantou, chamando Alunos do primeiro ano aqui!, então levou os garotinhos assustados para a torre da Grifinória. Após dizer a senha a Mulher Gorda, explicou a eles onde ficavam os dormitórios.

 

No dia seguinte, acordou não se sentindo totalmente disposta, talvez porque tivera sonhos estranhos o dia inteiro, em que ela brigava com um menininho. Ele a olhava bem nos olhos, magoados e então ela sentia aquela sensação estranha, um nó no estômago, um vergonha, que não sabia bem identificar. Mas quando acordou, lembrou-se o que era.

-Remorso -  murmurou.

- O que? – perguntou Lily, que era a única no dormitório e já estava colocando sua meia.

- Nada... Um sonho estranho, só isso.

- Acho que você realmente estava murmurando coisas de madrugada, Liza, mas eu não entendi o que era. Bem, então acho melhor se apressar. Acho que você dormiu um pouco demais.

Elizabeth colocou suas vestes pretas e o distintivo de monitor, como sempre. Mas quando foi se olhar no espelho antes de tomar café, tomou um susto.

- Meu Deus, eu simplesmente estou um horror! – havia olheiras em baixo dos seus olhos, e ela estava pálida.

- Acho que você só dormiu mal, Liza... – consolou Lily, enquanto observava a amiga correr até uma malinha, frenética, e tirar um estojinho de maquiagem.

- Hum... Liza? Você está bem? Quer dizer, você não costuma usar maquiagem todo dia... – a amiga se virou para ela, os olhos arregalados, ainda numa espécie de frenesi.

- Lily, só veja como eu estou! Não podem me ver assim. – comentou, passando base em baixo dos olhos com precisão. – Isso é péssimo para manter qualquer conversa ou situação social. Se alguém me pergunta “O que você tem”? Eu digo “Nada” e então logo começam as fofocas! Até o final da semana eu estarei dando festas noturnas no dormitório.

Lily riu, mas logo depois perguntou, em voz baixa, visivelmente preocupada.

- Sabe, você não andou tendo de novo aquelas... – e então calou-se.

- Visões? Não, eu tenho me controlado bem.

Porque Elizabeth era uma garota de sorte, mas não tanto assim. Ela fora dotada com o poder muito raro da vidência. Quando havia uma Profecia não havia como controlar, mas isso era algo mais raro ainda de se acontecer. Em toda sua vida, somente uma vez recebera uma profecia, há muito tempo atrás, então ela não se preocupava tanto.

Naquele momento, porque Elizabeth também tivera sonhos sobre o futuro e há três anos anos atrás isso ocorreu com muita freqüência. Quando isso acontecia, ela ficava extremamente mal, cansada. Com muita força de vontade, Liza aprendera simplesmente a bloquear isso. Ninguém sabia desse dom, somente sua família, Dumbledore e Lily e, para sua segurança, continuaria assim. O poder da vidência passara de geração a geração, porém quando a famosa Flora King foi seqüestrada por um bruxo demente que desejava saber o tempo inteiro o que seus inimigos iam fazer, os próximos videntes da família disseram que o dom não passara para eles. Isso já fazia um século, então ninguém suspeitava de nada.

- Ummm.... Será que podemos descer então, Liza? – perguntou Lily.

- Vai indo, eu já vou.

Quando terminou de disfarçar os efeitos da noite no seu rosto, ela já estava quase atrasada para a aula. Pegou somente uma torrada, enquanto Lyli informava:

- Nossa primeira aula é Transfigurações, com a Sonserina.

- Maravilha – ela resmungou, enfiando o último pedaço de torrada na boca – tudo o que eu precisava agora era de uma aula difícil em que se reúnem James, Black, Snape & amigos. – disse, sarcástica. – Talvez possamos todos nos dar as mãos.  Lily estava com um ar chateado ao se dirigirem a sala. Droga, pensou Elizabeth, eu não deveria ter mencionado o Snape. Esqueci que ela sempre fica triste quando alguém fala nele. Não sei por que Lily se importa...

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O acaso estava brincando com Sirius de “vamos ver o quanto você agüenta”. Por que outro motivo ele teria uma primeira aula com Sonserina? Ou por que ele continuava a pegar os trechos em que Elizabeth falava dele de uma forma negativa? Quer dizer, ela deveria conversar sobre outra coisa que não fosse Um Black é sempre um Black ou Black é um idiota convencido ou ainda uma aula onde se reúnem James, Black, Snape...

Essa última ele ouvira quando estavam indo para a  aula  e ela entraram a sua frente no corredor em que estavam, com Evans.

- Ei, Pontas. - disse, apontando para Elizabeth – acho que sua amiga virou minha fã.

- Querias – disse James – Além disso, você já não tem o suficiente? – perguntou, indicando um grupo de garotas que davam risadinhas enquanto eles passavam. Sirius resolveu ignorar o comentário.

Foram os últimos a chegar à aula, e por isso, obrigados a pegar os lugares que havia sobrado. Sirius acabou sentando atrás de Dorcas e ao lado de King, que naquele momento parecia estar com um ar desfocado. A Professora McGonagall começou a aula com um discurso sobre o que se esperava dos estudantes nesse ano e ele simplesmente deixou sua atenção vagar. Ranhoso tinha a expressão concentrada na professora, mas Sirius percebeu que às vezes ele lançava olhares furtivos a James. Quando a professora terminou de falar, eles iniciaram um exercício prático que ninguém foi capaz de concluir naquela aula.

O dia correu com o mesmo clima estressante em todas as aulas. Todos os professores só falavam em quanto eles teriam de estudar para atingir as notas desejadas nos N.I.E.M.´s.

Sirius começou a se sentir cada vez mais entediado, mas se consolava pensando que semana que vem seria lua cheia. Porém, Remus foi ficando com a aparência cada vez pior enquanto ela se aproximava. Por tudo isso ele ficou grato quando o final de semana chegou, acordando mais cedo que o próprio James, que continuava como capitão aquele ano. Quadribol era algo importante.

Quando viu que as arquibancadas contavam com um bom número de espectadores para os testes de artilheiros e batedor, Sirius sentiu certo desagrado Ele já se divertira mais com toda a atenção e popularidade, mas aquilo estava começando a cansá-lo. E a sensação piorou quando percebeu que Caroline estava na arquibancada, com um grupo de amigas, acenando para ele com um sorriso enorme. Ele gostava da garota, mas isso era meio que ridículo. O sol tinha acabado de nascer, e devia fazer menos de sete horas que ele deixara Caroline perto da sala da Lufa-Lufa.

- Que droga, Pontas. Isso pode virar uma bagunça.

- É, talvez - disse James de forma vaga enquanto endireitara a coluna, parecendo um pavão. Sirius parou no meio do campo, fingindo olhar o céu e terminantemente se recusando a olhar Caroline. Ele podia sentir que ela o encarava.

- Pontas... Ela ainda está sorrindo e acenando?

- Está. Eu diria que ela está quase rindo de forma histérica. – informou James. Sirius suspirou, torcendo para o time chegar quando Caroline tivesse parado de se exibir. Mas esse, como a semana inteira, não era um dia de sorte.

O primeiro jogador a chegar foi Elizabeth acompanhada por Fabio Prewett. Só se fosse surdo Sirius não ouviria a sonora gargalhada dela ao olhar a pequena multidão na arquibancada, com várias garotas que riam e soltavam gritinhos o tempo inteiro. A namorada dele, a pior de todas.

- Nossa, Fábio, olha só isso. Espero que você não se importe com platéia. – e lançando um olhar enviesado a Sirius e James – Porque para ser um jogador desse time, é melhor que adore atenção.

- Suponho – gritou Sirius para o lado dela – que você jogue nesse time também.

- Sim, mas eu sou uma jogadora do time. – disse ela calmamente. E voltando-se para Fábio, sorrindo – Você pode esperar, acho que começaremos logo. E boa-sorte. – então foi ficar próxima a James.

Isso era raro, pensou Sirius, ela nunca sorria.

- Então, eu não sabia que você podia ter momentos de bom humor, King. Tentando conquistar alguém? – perguntou, indicando Fábio.

- Ah, sim. Gostaria de um namorado que ficasse rindo e acenando acompanhado de amigos igualmente entusiasmados. – ela falou, mas não naquele tom frio. Tinha humor na sua voz, e por isso ele meio que sorriu contra a vontade.

- Detesto interromper essa conversa amigável – comentou James – mas o resto do time chegou, podemos começar.

O teste foi consideravelmente bem rápido, poucos sabiam voar bem o suficiente. James ficou satisfeito com a escolha dos artilheiros, o quartanista  Ricardo Green e a nascida trouxa Anne Turner, terceiranista  e a única garota do time além de Elizabeth. Quem batera melhor fora Fábio, mas como estava no último ano significava que James teria de fazer novos testes pra batedor no próximo verão, e para goleiro também, pois Alberto era quem defendia e também estava no sétimo ano.

James resolveu aproveitar que ainda era cedo para treinar com os novos integrantes, mas alguns no time estavam incomodados com a platéia lá embaixo, o que prejudicou o desempenho dos jogadores. Definitivamente Ricardo não deu nenhum trabalho para Alberto, já que a goles fora atirada muito longe dos aros.

- Não sei, acho que teremos de dar um jeito de simplesmente diminuir as pessoas nas arquibancadas até que os jogadores se acostumem – comentava James enquanto saíam do vestiário, os outros já tinham ido. – Eu não vejo nada de mais com as pessoas quererem assistir os treinos, mas se tem gente que se incomoda...

- Talvez pudéssemos enfeitiçar eles... – e então se calou. Os estudantes já tinham ido, incluindo Caroline. Apenas duas pessoas eram visíveis, ao longe, no campo. Duas figuras coladas uma na outra como se fossem uma. Alguém alto e loiro, alguém com cabelos negros inconfundíveis balançando ao vento... Elizabeth e Fábio estavam se beijando.

Ao chegarem ao saguão encontraram Alberto, que ao vê-los, perguntou:

- Vocês viram minha irmã? Eu precisava falar com ela.

- Ah, vimos, sim – comentou Sirius, sério – Fábio estava agarrando ela no campo de quadribol. Um traidor, não? Aposto que ele nem te falou que estava interessado nela...

Ao ver Alberto sair pelas portas do castelo, carrancudo, James virou-se para Sirius em descrença:

- Por que você fez isso?

- O quê, eu só falei onde ela estava. Foi Alberto que perguntou. – disse, com cara inocente.

- Você sabe muito bem o que quero dizer. Por que você disse que o Fábio estava agarrando Liza, como se ela não tivesse consentido ou algo assim?

- Bem, você lembra o que ele falou na festa, que não queria os dois juntos. Que era uma traição. E se eu tivesse uma irmã mais nova, ia querer que fizessem o mesmo por mim - justificou ele. – Bem, eu tenho que correr, prometi a Caroline que ia me encontrar com ela. Até mais, Pontas. – e apressando o passo, subiu as escadas de dois em dois degraus, deixando um desconfiado James para trás.


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