Balada a Dois escrita por Chibieska


Capítulo 4
Palavras Não Ditas


Notas iniciais do capítulo

E o mundo comemora porque atualizei a fic duas vezes na mesma semana!!!!! Falei que voltar a ler as novel iria me inspirar o/.

Sem muitas ladainhas por hora.

Boa leitura!



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PALAVRAS NÃO DITAS

Tsukuyomi Komoe ficou observando a menina diante de si, no outro lado da mesinha de centro, que falava sem parar.

A pequena professora fora até o apartamento visitar Yomikawa, mas a mulher estava no banho. De forma que Last Order serviu-lhe de anfitriã. A menina a introduziu no espaço e preparou chá para as duas. Não estava gostoso, mas Tsukuyomi agradeceu polidamente. Podia ouvir o som do chuveiro e sabia que a amiga sempre demorava muito no banho.

Last Order, que apesar de infinitamente mais jovem era alguns centímetros mais alta, discursava sobre um programa de televisão que assistira recentemente. A menina era muito alegre e falante, com vícios de linguagem que poderiam divertir e irritar.

Komoe sabia sobre o passado da pequena, Aiho tinha lhe contato. Sabia sobre o experimento, sobre a Rede Misaka, sobre a relação dela com Accelerator e as tentativas de assassinato que sofrera.

– Por que você o escolheu? – A frase cortou o que Last Order dizia e a menina voltou os olhos gigantes para a professora do cabelo rosado. Komoe-sensei não tinha realmente intenção de questionar tal coisa, mas havia uma curiosidade latente que a perturbava desde que conhecera os novos protegidos da colega de profissão.

Last Order nada respondeu, encarou a professorinha duvidosa do que lhe foi perguntado.

– Accelerator. Eu sei que você, todas vocês, as irmãs, foram programadas para o bem dele, do experimento. Então, acho que é natural que você tivesse uma curiosidade mórbida em conhecer aquele a quem foi criada para servir. Mas você não precisa mais estar ao lado dele, certo?

Não que Komoe achasse errado o relacionamento entre eles, mas para ela, era estranho. Quer dizer, ela não se sentiria confortável em viver ao lado de alguém a quem estava destinada a servir apenas de fantoche. Se a server da Rede ainda estava viva, centenas de outras irmãs não tinham tido um destino tão piedoso. E ela, em seu lugar, se lembraria sempre das vítimas que o garoto fez.

Last Order girou a xícara na mão e encarou seu reflexo no líquido dentro do recipiente.

=8=

Fazia horas que estavam no alto daquele prédio no centro da Cidade-Academia, fazendo campanha. Tsuchimikado Motoharu e Accelerator estavam posicionados, esperando um desenrolar de uma importante reunião de negócios. O que seria discutido no evento pouco importava, mas eles tinham a missão de recuperar uma maleta que continha dados que poderiam colocar em risco a segurança da Cidade-Academia.

A reunião estava sendo mais longa e demorada do que esperavam. Musujime Awaki estava posicionada em outro prédio e não parava de reclamar em como estava entediada através do rádio comunicador. Accelerator arrancou o comunicador do ouvido e se levantou, esticando as pernas e caminhando pelo terraço do prédio.

Quando voltou a sua posição, Tsuchimikado estava ao celular. Falava com alguém usando um tom de voz mais suave do que geralmente usava e ria vez ou outra, sinceramente. A conversa não demorou muito. Desligou o aparelho e voltou a sua posição.

– A conversa estava animada... – Accelerator não era de se meter, mas até ele estava ficando entediado com a demora.

– Garotas sempre deixam nosso dia mais animado. – Respondeu ajeitando os óculos no rosto. Accelerator se lembrou automaticamente de Last Order. Tinha suas dúvidas sobre essa afirmação. – Maika principalmente.

– Namorada?

– Certamente é alguém que eu amo, mas não é minha namorada. Maika é minha irmã.

– Então o egocêntrico Tsuchimikado também ama alguém.

– Todo mundo ama alguém. – Respondeu puxando os binóculos e focando na sala onde a reunião acontecia.

– Todo mundo?

– Musujime deve amar a si mesma, apenas, mas já é alguma coisa. – Accelerator não amava ninguém, nem a si mesmo, era uma exceção àquela afirmação.

– Essa sua teoria...

– Você pode ficar de conversa fiada, falando não ter amor próprio. –Tsuchimikado conhecia a personalidade do albino relativamente bem. Era o tipo de personalidade que ele lidava diariamente em suas atividades na GROUP. – Mas você ama aquela garota. – Disse sem desviar os olhos do prédio de fronte.

– Besteira...

– Depois de tudo o que você fez na noite do Hound Dogs você diz que é besteira?

– Eu prometi que iria protegê-la, apenas isso.

– E você faria essa promessa para quem não ama? – Finalmente desviou o olhar e encarou Accelerator. – Maika e eu não somos irmãos biológicos, mas eu faria qualquer coisa para mantê-la segura.

Accelerator apenas resmungou, mas não disse nada efetivamente. Nunca soubera exatamente porque prometera a Last Order cuidar dela. Havia a dívida que tinha comas irmãs, mas ele se sacrificava por ela mais do que porque outro, até por si mesmo. E tinha pavor que algo de ruim acontecesse a tagarela de estimação.

Nunca iria admitir, mas Tsuchimikado tinha razão.

=8=

– Eu posso estar ligada a ele por obrigação por causa dos experimentos, diz Misaka enquanto Misaka encara a professora chibi. Mas isso nada tem a ver com os sentimentos que Misaka sente por Accelerator.

– Isso pode ser um reflexo da conexão neural que você tem com as outras irmãs.

– Misaka entende essa possibilidade. Mas a conexão neural não influência Misaka dessa forma. A maneira como eu me sinto em relação a ele, nenhuma das irmãs se sente assim. Elas não odeiam, mas nenhuma realmente se sente ainda na obrigação em cumprir o próposito do experimento. Pode-se dizer que elas são indiferentes a existência dele agora. Mas a relação que Misaka... – Respirou fundo e se corrigiu. – ... que eu e Accelerator temos, é única, diz Misaka externando seus sentimentos.

– Então você o ama realmente... – E a pequena professora sorriu. Por mais que não entendesse de todo, sabia que o amor podia mudar a relação entre duas pessoas. E percebia que esse sentimento vinha provocando muitas mudanças na menina e mudanças ainda maiores no adolescente problemático.

Last Order não entendeu realmente. Conceitos como amor ainda era algo muito complexo para ela, mas ela balançou afirmativamente a cabeça. Por mais que não entendesse todas as facetas do amor, sabia que era isso que a mantinha unida a Accelerator.

=8=

Quando Last Order saiu do banho, já estava escuro. O cabelo molhado, a toalha pendurada nos ombros, trajando um pijama com desenhos de pinguins. Quando chegou a sala, encontrou Accelerator deitado no chão do cômodo. Ele estava com os olhos fechados e a respiração leve. O cabelo estava todo desgrenhado, havia alguns pequenos machucados na mão e parte da camisa listrada estava coberta com fuligem. Ela nunca sabia o que ele andava fazendo quando sumia no meio do dia.

A menina se sentou no chão, se ajeitando ao lado dele. A conversa com a professora repassou em sua cabeça. Entendia como deveria ser estranho ao resto do mundo, ele estava destinado a destruir a Rede que ela comandava, todo esse afeto e união era inconcebível. Mas as coisas eram mais do que uma relação de gato e rato. Ela não saberia precisar, mas não podia imaginar seus dias sem o mau-humor matinal, as latas de café amassadas, o mar de cabelos brancos que por vezes invadia sua cama quando Accelerator percebia que ela estava tendo um pesadelo, os gritos para tentar discipliná-la.

Não fazia ideia de como ele se sentia em relação a ela, mas ele protegera sua vida duas vezes e ela seria eternamente grata.

– Eu te amo. – Disse baixinho encarando a feição adormecida diante de si. Podia não conhecer tudo o que aquela palavra abrangia, mas sabia que o amava.

Se inclinou e depositou um beijo nos cabelos desgovernados e se levantou. Accelerator abriu os olhos e a viu se afastando, indo em direção à cozinha. Os lábios se moverem lentos e silenciosos até formar palavras que ele nunca diria em voz alta. Ele também a amava.


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Notas finais do capítulo

N/T: Tô virando a rainha do fluffy, não tinha como esse capítulo ter ficado mais kawaii. :3

Comentários, críticas, sugestões, pedidos de casamento para o Accelerator.

Beijokinhas e até!