Minha Pequena escrita por bellinhaborges


Capítulo 2
Capítulo 2




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Capítulo II

Já deviam ser 3 da tarde, mas a floresta ainda estava escura e um denso nevoeiro cobria tudo. Neji e Tenten se locomoviam cautelosos em meio à relva, atentos a qualquer sinal de movimento inimigo. Eles ainda não haviam conseguido descobrir qual era a missão a ser cumprida, mas no momento era tarde demais para voltar atrás, então preferiram continuar.
Neji era quem estava mais preocupado, pois ele não conseguia utilizar o byakugan pela presença da grossa camada de névoa e temia que algum inimigo os pegasse de surpresa. Também tinha outro fator que os deixava cautelosos: uma fina e escorregadia camada de lama cobria o chão, proveniente da chuva do dia anterior. Qualquer distração e seria um tombo na certa, caindo por cima de gravetos e galhos pontiagudos.
O tempo foi passando depressa e eles continuaram caminhando sem rumo pela mata. A cada segundo que se passava, o nevoeiro ia se intensificando ainda mais, até não ser possível enxergar mais que dois metros à sua frente. Neji, que a cada segundo ficava mais tenso, ouviu um barulho de repente vindo de algum arbusto perto dos dois.
- Tenten, cuidado...
- Neji! Eu o encontrei! Eu o encontrei! – gritou a garota, interrompendo seu alerta.
Confuso e preocupado, Neji abriu a boca para perguntar, mas a voz da garota chegou mais rápida a seus ouvidos:
- Ande logo! Vamos levá-lo à Tsunade e acabar logo com isso, porque eu estou exausta! – e logo depois Neji pôde ouvir um largo bocejo da garota, mas estava preocupado com outra coisa.
À medida que Tenten falava, sua voz ia ficando cada vez mais longe numa velocidade surpreendente, como se ela estivesse se deslocando numa velocidade mínima de 60 km/h. Mas ao que tudo indicava, a garota ainda estava por perto e, provavelmente, o estaria esperando para concluírem a missão juntos. Uma idéia passou na cabeça do Hyuuga:
- Tenten, continue falando.
- Hãm? – perguntou ao longe.
- Continue falando, para eu conseguir chegar até você. – repetiu Neji, nervoso com a situação.
- Falando? Falando o quê?
- Qualquer coisa! Grite, cante, sei lá...
- T-tá, entendi. – respondeu a garota, desconcertada.
Neji continuou caminhando às cegas pela imensidão branca, até que seus temores foram confirmados quando uma doce canção se iniciou. A voz de Tenten ia se afastando a cada nota que soava e ele não conseguia acompanhar esse ritmo.
- Tenten, fique parada num só lugar! – gritou ele.
- Mas eu não estou me mexendo! – retorquiu ela ao longe interrompendo a canção, visivelmente irritada.
- Como assim, não está se mexendo? – perguntou Neji, desconcertado.
- Eu estou parada te esperando. – respondeu ela. – Neji, está acontecendo alguma coisa?
- Não, é só que... – mas parou ao ouvir um estampido vindo ao longe, que fez um grupo de pássaros voarem de suas árvores. Logo em seguida, um grito agudo cortou o ar, interrompendo a doce melodia da garota.
- TENTEN!
Então começou a correr em disparada na direção na qual o som havia vindo. Alguns sons metálicos de shurikens se chocando o alertaram de que uma luta deveria estar sendo travada não muito longe dali, e que era melhor ele se apressar.
Após correr mais algum tempo, ele havia chegado à uma clareira, praticamente sem árvores e sem direção para seguir em frente.
- NEJI!
Ela definitivamente estava com problemas.
“Tenten, se você não tivesse sido tão precipitada...”pensou ele, amargo, enquanto corria às cegas e sem direção, atravessando a clareira. Em sua ânsia de chegar o mais rápido possível à garota, ele não percebeu que tudo aquilo não passava de uma armadilha do inimigo, caindo direto em sua armação.
Dois galhos pontiagudos saíram do chão e atravessaram suas pernas, o impossibilitando de se locomover. Tomado pela dor e pelo temor do que estivesse acontecendo com Tenten, ele tentou se livrar da armadilha o mais rápido possível, mas não teve sucesso.
Uma risada gélida ecoou pela floresta, seguida por um grito de Tenten, ao longe.
- Você acha que vai conseguir me vencer? – perguntou a voz, que parecia vir de todos os cantos da mata. – Você REALMENTE acha que vai conseguir me vencer?
Os gritos de Tenten, ao longe, cessaram. Novamente uma risada fantasmagórica preencheu o rápido silêncio, o que deixou Neji ainda mais apreensivo.
- Vocês, ninjas de Konoha, não passam de idiotas metidos a besta e merecem morrer. Acho que vou deixar você de exemplo para não atravessarem mais meu caminho.
Nesse momento, várias kunais surgiram de todos os cantos em direção à Neji. Mesmo sem poder se mexer muito, ele ainda conseguiu se desviar de algumas, mas grande parte delas o atingiram em cheio.
A voz rira novamente e começara a se afastar, assim como acontecera anteriormente com a voz de Tenten. Neji tentava à todo custo se livrar da armadilha, mas à medida que ele se esforçava, os galhos iam se contorcendo mais e mais em suas pernas e aumentando sua resistência, até que, ele, após ter perdido muito sangue e quase todo o seu chackra, caíra exausto sobre lama que cobria o chão.
Observando o céu nebuloso, ele tentava não pensar no que teria acontecido com Tenten, mas não conseguia. Um trovão ao longe anunciava que uma tempestade estava por vir e alguns pingos gelados de chuva começaram a cair como facas sobre o rosto de Neji. Quando ele estava quase perdendo os sentidos, imagens diversas da garota vieram à sua mente e quase o fizeram entrar em desespero, temendo ser tarde demais. O rosto dela pálido, frio e sem vida; seu corpo duro, inerte; seus olhos castanhos mortos e sem brilho; seus lábios negros e gélidos, sem o costumeiro sorriso de antes...
Uma gota maior de chuva bateu com toda a força em sua face e o fez acordar de súbito.
- TENTEN! – gritou, ainda desesperado, procurando por sinais da garota por todos os lados.
Só quando ele avistou sua face serena, que repousava tranquilamente ao seu lado, que caiu em si de que tudo havia sido apenas um pesadelo. Mesmo assim, as imagens do corpo de Tenten sem vida não saíam de sua mente.
“Ser um shinobi significa muito mais do que treinos, controle de chackra, ninjutsus ou genjutsus. Mesmo depois de todos esses anos, será que eu estou realmente preparado pra isso?” pensou, enquanto observava Tenten.
Entretido em seus pensamentos e reflexões, aos poucos ele foi se aproximando da garota, sem nem se dar conta do que estava fazendo. Quando seus rostos estavam à menos de 2 centímetros de distância, a respiração quente e suave da menina o fez voltar a si.
- O que eu estou fazendo? – perguntou para si mesmo corando e depois se afastando num salto da garota, como se ela representasse um perigo eminente.
A resposta para aquela pergunta? Ele simplesmente não sabia. Não fazia idéia do porquê estava acontecendo aquilo, por que ele estava agindo daquela forma tão estranha e por que a visão de Tenten dormindo tranquilamente à sua frente lhe despertava pensamentos e sentimentos até então tão estranhos, desconhecidos...
“E perigosos” pensou ele.
Já fazia três anos que eles eram do mesmo time. Há três anos eles compartilhavam laços de amizade que nem o mais forte dos ninjas conseguiria quebrar. Ele sentia isso por Lee e Gai-sensei também, mesmo não querendo admitir e sabia que devia zelar por esses laços. Mas aquele turbilhão de pensamentos e emoções tão estranhos, ele sabia que era algo completamente diferente disso e não tinha certeza se poderia controlar.
Levantando-se de onde estava, ele resolveu dar um jeito naquela situação, afinal eles estavam longe da vila e de todos, numa caverna no meio de uma floresta. Calmamente, caminhou até a fogueira, ao lado de Tenten, para apagar uma pequena brasa restante que ainda estava quente e então ir procurar algo para comer. Assim que se aproximou dada garota, ele sentiu uma nova sensação, mas que dessa vez ele não conseguia explicar. Era como se seu peito tivesse começado a arder de repente e a pequena brasa da fogueira à sua frente estivesse dentro dele, crepitando ao ritmo do seu coração. Ele sentia que uma pequenina chama estava crescendo e ficando mais quente a cada segundo. Assustado e sem saber o que fazer, ele limitou-se a correr para fora da gruta em direção à mata, longe de qualquer par de olhos serenos e castanhos que porventura pudessem fazê-lo perder a cabeça ou a noção do tempo.
--x—

“Minha cabeça, acho que vai explodir!” pensou, mas ao realizar um mínimo movimento, mudou de idéia. “Não, meu corpo inteiro parece que vai explodir.”
Ela queria se levantar dali, mas sabia que se se mexesse um pouquinho, novamente as pontadas de dor tomariam conta de seu corpo, então limitou-se apenas a abrir seus grandes olhos castanho-chocolate e ficar estática no chão.
Fitou o teto por um segundo e ficou sentindo a estranha sensação que o calor que emanava daquele lugar proporcionava. Por um momento Tenten permaneceu completamente entregue ao lugar, mas depois de um lapso de memória, quase deu um salto de surpresa.
Calor? Teto? Afinal, não era para ela estar no meio de uma missão, numa floresta fria e chuvosa? E que perfume estranho era aquele que ela estava sentindo tão perto de si? Afinal, o que havia aconecido?
Dessa vez não houve como evitar: ela levantou-se vagarosamente observou o ambiente. Ela estava dentro de uma caverna, aparentemente vazia. Se tivesse sido um inimigo quem a predera ali, com certeza já estaria longe. Quando ela se arrastou para se encostar sobre uma pedra próxima, duas coisas chamaram-lhe a atenção.
A pedra estava mais gelada que mármore e queimou suas costas assim que as tocou. Era impressão dela, ou apenas o lugar onde ela estava dormindo agora a pouco que estava tão quente?
Foi então que ela viu uma pequena fogueira ao eu lado que, mesmo apagada, ainda emanava algumas pequenas ondas de calor.
Ela sentiu vontade de deixar a pedra fria e voltar para o lado da fogueira, mas ainda estava por demais exausta para isso, limitando-se apenas a suspirar de tédio. Foi então que ela notou que o estranho perfume que ela sentira não vinha do local onde ela estava deitada, mas, sim, dela própria. Desde a noite anterior, ela ainda vestia a camisa que Neji lhe entregara para aquecê-la do frio, algo que pelo visto fizera muito bem. Mas havia uma coisa que a intrigava, um desejo um tanto estranho. Aproveitando que ele não estava ali, ela sucumbiu à própria curiosidade e retirou a camisa, levando-a depois próximo ao seu rosto e inalando o perfume de Neji que exalava da roupa.
O cheiro dele, mesmo misturado ao do seu próprio corpo, causara-lhe um arrepio. Sentiu vontade de passar o dia todo daquele jeito, mas sabia que só faria mal à ela mesma se continuasse alimentando suas ilusões com o jovem Hyuuga.
“Onde eu estava com a cabeça quando pensei que Hyuuga Neji pudesse sentir alguma coisa por mim? Logo o Neji! Esta claro que eu preciso esquecê-lo, mas... mas...” pensou, enquanto lutava para se afastar da camisa dele, porém seu corpo com seus desejos estavam vencendo essa luta. Após alguns segundos nessa “árdua” batalha, o choque que ela sentiu de passos vindo em sua direção finalmente a fez afastar-se da camisa de Neji subitamente e ficar em estado de alerta.
“Então, o inimigo deve estar chegando...”
--x—
Uma nuvem se moveu em frente ao sol e deixou com que seus feixes de luz atingissem a copa das árvores.
“Acho que agora já é seguro voltar” pensou Neji, desencostando-se de uma grande cerejeira. “Acho que não corro nenhum perigo mais”
Dez minutos longe da caverna pareciam ter sido suficientes para diminuir a chama que se acendera nele, mas algo ainda crepitava silenciosamente em seu interior e isso o deixava receoso quanto ao que poderia acontecer.
“Eu preciso voltar.” pensou ele, enquanto corria de volta à gruta. “Mas... Pensando bem, o que demais poderia acontecer?”
Uma kunai vindo em direção à ele quando chegou na entrada da caverna o fez mudar de idéia. Após desviar da primeira, uma chuva de kunais começou a cair sobre ele, forçando-o a utilizar alguns golpes que não gostaria de usar para economizar seu chackra. Assim que a “chuva” de kunais cessou, ele se endireitou e voltou-se para o local de onde ela haviam saído.
Mitsashi Tenten desabara exausta sobre uma pedra atrás dela. Ao seu lado, jaziam dois pergaminhos em branco, cujas inscrições ela acabara de utilizar para invocar as armas, e, depositada delicadamente em seu colo, estava a blusa de Neji.
- Tenten, da próxima vez avise quando você quiser tentar me matar. – disse ele, o que fez com que a garota, até então cabisbaixa, olhasse para ele e desviasse os olhos corando.
- N-neji, é que e-eu pensei que você fosse...
- Tudo bem, tudo bem. – disse ele, sorrindo. – Aqui, vamos comer alguma coisa.
E lhe estendeu uma pequena trouxinha que ele fizera com algumas frutas, enquanto reacendia a fogueira.
A garota desamarrou com uma das mãos o pequeno nó e abriu o que antes deveria ter sido um lenço e que agora se tornara uma “trouxinha de frutas”. Dentro do pequeno embrulho, estavam as cerejas mais vermelhas e suculentas que ela jamais sonhara em ver.
“Neji, como você adivinhou que cereja era minha fruta favorita?” pensou ela, enquanto comia as pequenas frutas.
- Pelo visto você gosta de cerejas então. Achei que eu fosse ter que comer sozinho se não gostasse. – disse Neji, encostado à uma das colunas de pedra.
Tenten olhou para ele e sentiu seu coração dar um golpe violento contra seu peito e em seguida disparar. Neji ainda estava sem sua camisa, coberto somente pelas faixas que ele usava para treinar, deixando parte do seu corpo à mostra. E agora, que ele se reencostara na pilastra, após ter acendido o fogo, ficara na posição perfeita para as luzes das chamas dançarem sobre ele.
Após alguns segundos boquiaberta, Tenten voltou a si e, quando avaliou a expressão de “quem não está entendendo nada” de Neji, corou e novamente abaixou a cabeça.
“Ela está um tanto estranha” pensou Neji, enquanto caminhava em direção ao local onde deixara as coisas de ambos. Somente quando ele estava se dirigindo em direção à saída da caverna que Tenten criou coragem para perguntar:
- Hey, onde é que você vai, Neji?
- Vou arranjar alguma coisa pra gente comer.
- Mas você acabou de trazer essas cerejas...
- Elas são para você, Tenten. – retorquiu.
- Então me espere – começou, se levantando de onde estava – que eu vou com você, Ne...
Mas mal levantara e caíra novamente. Dessa vez, uma dor lancinante em uma das mãos que ela não havia percebido antes estava quase arrancando lágrimas de seus olhos.
- Ai... – gemeu ela baixinho, mas foi suficiente para o jovem Hyuuga ouvi-la.
Ele estava evitando se aproximar da menina, pois não sabia o que estava acontecendo com ele toda vez que chegava perto dela. Mas, agora não havia mais jeito.
- Tenten, deixe-me ver. – disse ele, agachando em frente à garota e endireitando-a do tombo.
- Neji... – disse ela, surpresa de vê-lo ali.
- Tenten, acho que dois dos seus dedos estão quebrados. – concluiu ele, ao ver uma das mãos da garota.
Ela olhou de relance para a mão dolorida e viu que dois de seus dedos estavam virados para trás, na direção contrária da qual deveriam estar.
- Acho que foram esses que eu quebrei na noite passada, quando fui pega por aquele ninjutsu.
Um arrepio passou por todo o corpo de Neji ao se lembrar da noite anterior, mas tratou logo de esquecer tudo.
- Tenten... – anunciou, receoso, pegando delicadamente a mão machucada dela.
Assim que os dedos de Neji encostaram em sua mão, o corpo dela estremeceu.
- O-oi. – respondeu, rezando para que ele não tivesse percebido nada.
- Vou ter que recolocar seus dedos no lugar e acho que vai doer um pouco.
- A-ah. – balbuciou ela, não sabendo de estava com medo da dor ou de soltar Neji.
- Quando eu contar até três.
- Ok.
- Um, dois...
- AH! – gritou a garota, puxando subitamente a mão machudada e a apertando contra seu peito. – Mas você não disse que seria no três?
- As expectativas que a gente cria no tempo de espera só servem para aumentar a dor. – respondeu ele, sério.
Tenten parou de gemer pela dor na mão e encarou os olhos perolados de Neji, sentindo uma pontada de dor maior que antes.
“Ele tem razão. As expectativas criadas durante o tempo de espera só aumentam a dor.” E lançou um olhar de desespero ao jovem Hyuuga. “Neji, será que algum dia você vai ser meu?”


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