Dead Z escrita por Gustavo Costa


Capítulo 1
Ilha de Kaort


Notas iniciais do capítulo

Bom dia/boa tarde/boa noite, galerê. Seguinte: pra quem nunca leu a versão original da história, escrita por mim desde 2012 até o começo de 2014 e nunca terminada, espero que aproveitem a leitura. E pra quem já leu a versão original, eu espero que ainda gostem da história. Apesar de eu ter feito algumas mudanças drásticas, os principais pontos ainda estarão aí.Bem, fiquem com o primeiro capítulo reescrito. Espero que todos gostem.



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Era uma ilha no meio do Pacífico da qual alguns governos nem sabiam da existência. Mas ela existia, era relativamente bem povoada e, principalmente, cheia de animais selvagens. Animais estes, porém, que nunca saíam da floresta que ocupava a metade leste da ilha. E a floresta, a propósito, é a parte mais importante para o avanço desta história. Tendo isso em mente, vamos a ela.

O lugar mais temido pelos moradores e turistas — estes últimos sendo raros por ali — era aquele. Em partes pelos animais, mas não era exclusivamente por causa deles. Havia um segundo motivo que estava por trás de todo o medo. No meio de todos os selvagens, viviam três seres humanos. Bem, ao menos aparentavam ser humanos. Muitos duvidavam que, de fato, fossem. Para além disso, também existia um terceiro — e quase inexistente — motivo, que era a neblina que aparentemente cobria toda a floresta e nunca diminuía de intensidade. Alguns diziam que era proveniente de bruxaria dos humanos que viviam por lá e outros, mais religiosos, diziam que aquele lugar ficava logo acima do trono de Lúcifer.

Em geral, os três moradores de lá não saíam com muita frequência. Uma vez por mês, apenas, com dois objetivos. Primeiro: comprar suprimentos para o mês inteiro, como comida, água, remédios para caso sejam preciso, coisas do tipo. Segundo: patrulhar a área e ver se os cidadãos estão seguros. Por mais que as pessoas sentissem certo repudio deles, os três sentiam como se fosse obrigação deles manter tudo em ordem, visto que eram, querendo ou não, superiores em força do que qualquer um dali.

– 2 de Novembro de 2006, Ilha de Kaort, Oceano Pacífico, 10:34 -

Os três “irmãos” estavam caminhando tranquilamente, voltando das compras para o mês. O da direita, mulato de cabelo preto, carregava praticamente tudo, talvez 90% das coisas. Vestia-se com sua clássica jaqueta de couro preto, sua marca registrada há tempos. O que caminhava ao meio, por outro lado, nada carregava em suas mãos. Andava de braços cruzados, com seu sobretudo também preto. Era pálido, e não abria seus olhos por nada. Em verdade, ninguém nunca teve a oportunidade de olhar para seus olhos. Não sabiam nem mesmo qual era a cor. Por fim, o da esquerda. Loiro, olhos azuis. Um pouco acima do peso, porém. Era o único que usava uma simples camiseta casual, mas também na cor preta. Era como o uniforme deles.

Chegaram, finalmente, à beira da floresta, mas ainda não entrariam. Antes de mais nada, como era de costume, eles passariam na lanchonete que ficava do outro lado da rua da entrada da Floresta Cinzenta — ou, no dialeto local, da Naligo Dása. — Eles gostavam de comer no lugar porque era sempre o dono, um velho, quem os atendia. E o que isso tem a ver? Bem, este mesmo dono era um dos poucos que conversava normalmente com os três, sem tratá-los de modo diferente como se fossem aberrações. Z, como era conhecido o jovem pálido que muitos acreditavam que era cego — o que era verdade —, sabia o motivo para ele agir normalmente, mas era o único que sabia. Talvez pretendesse contar a seus dois companheiros futuramente, talvez não. Não há como saber o que se passa em sua mente.

O almoço ocorreu normalmente. Eles pediram, comeram, jogaram os restos no lixo, agradeceram ao dono da lanchonete, e então se viraram para ir direto pra casa. Entretanto, no momento que eles saíram do local um homem que corria desesperadamente esbarrou em Zack, o loiro gorduchinho, que caiu imediatamente no chão, derrubando algumas das compras. Derek, o mulato, pensou em correr atrás e derrubar o homem, mas hesitou, uma vez que não sabia o motivo para tal correria. Mas Z sabia muito bem o motivo, e não pensou duas vezes antes de alcançar o homem em questão de 3 segundos, pular e acertar um chute na nuca do mesmo, fazendo-o desmaiar.

Ele pegou uma bolsa azul que o homem carregava, e voltou para a lanchonete. Arremessou-a para o dono, que pegou-a no ar sem hesitar. Não sabia o que era, mas sabia que seriam dadas as devidas instruções para si.

— A dona dessa bolsa deve chegar aqui em um ou dois minutos com a polícia. Explique toda a história para eles, e não se esqueça de citar meu nome. Isso faz eles acreditarem com mais facilidade. Mas se mesmo assim não acreditarem na história, você tem algumas testemunhas — a voz de Z era mais grossa do que deveria se esperar. Era suave, até bonita e agradável aos ouvidos, mas bem grossa.

— Como sabe de tudo isso?

— Você sabe como eu sei disso, mas quer tornar público, não é? Tudo que posso dizer é que eu ouço. Assim eu sei das coisas.

Sabendo que já não havia mais nada pra fazer, ele se virou e, junto de seus dois companheiros, voltou para a Naligo Dása, onde ficava a mansão na qual moravam, fundada originalmente com o nome de Skobris Archio, o que, no dialeto local, significava “Mansão Escura”. Em verdade, apenas duas pessoas moradoras da ilha sabiam quem era o verdadeiro fundador do local e porque ele colocou esse nome. E Z era uma dessas pessoas.

A densa neblina da floresta já não fazia mais diferença para eles. Há tempos decoraram exatamente o caminho que era preciso fazer para chegar ao destino final deles, Skobris. E, como sempre foi, quanto mais fundo eles iam na floresta, menos densa a neblina ficava. A não ser eles, ninguém sabia que havia um ponto fraco ali, um pouco mais ao centro de Naligo. Era como se a mansão tivesse um escudo protetor contra a neblina, pois ao redor dela o tempo era limpo. É claro que, visto por cima, era como se ainda estivesse lá. Por isso só os três sabiam. Somente aqueles que chegam até a mansão sabem.

Para completar a segurança, Skobris não tinha uma porta. A entrada era subterrânea, fechada com uma chapa de aço tão pesada que poucos conseguiriam levantá-la para passar. Como Derek e Zack estavam com as mãos ocupadas, carregando as compras, foi Z quem levantou a chapa e abriu caminho para que eles passassem. Entraram na passagem, e então a “porta” foi colocada de volta em seu lugar. Aquilo era, nada mais nada menos, do que um longo corredor no qual as paredes e o chão eram terra e, até metade do caminho, o teto também. O restante do caminho já era dentro da mansão e, portanto, o teto era feito de concreto.

Quando chegaram ao término do corredor, subiram uma pequena escada de, talvez, cinco degraus, para emergirem na sala de estar. E que sala de estar. Como era de se esperar de uma mansão, o local era muito grande. Mais ao centro, encontrava-se um sofá de três lugares de frente pra uma estante que cobria a parede frontal inteira repleta de livros e duas poltronas logo ao lado do mesmo. Zack e Derek foram direto para a cozinha guardar o que tinham comprado, enquanto Z sentou-se na poltrona da direita, cruzando as pernas. Em momento algum, como era de se esperar, ele abriu os olhos. Não precisava disso.

Não demorou muito para que os dois amigos retornassem da cozinha, sentando ambos no sofá. A maioria dos dias não funcionava assim: geralmente, eles treinavam. Cada um, é claro, treinava um pouco de sua especialidade. Derek, por exemplo, ficava o dia inteiro levantando coisas pesadas da casa, a fim de treinar sua força e elevá-la ao máximo possível para um ser humano que, apesar de tudo, era o que ele era.

— Responda-me com sinceridade, Z — Derek iniciou. — Está chegando a hora, não está? De você nos contar o verdadeiro motivo de treinarmos todo dia como se nossas vidas dependessem disso, e porque só nós três estamos aqui, nos excluindo do resto. Você está ficando mais tenso.

— Primeiro, nós treinamos todos os dias como se nossas vidas dependessem disso porque nossas vidas dependem disso — Z estava dizendo a verdade. — Segundo, está sim chegando a hora pra isso, mas ainda dependemos de uma pessoa. Aliás, uma pessoa que acabou de chegar. Zack, vá recebê-la, sim? Não seremos mais só nós três.


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Notas finais do capítulo

É isso aí. Gostaram? Não gostaram? Por quê? Vocês podem responder tudo isso aí nos reviews maravilhosos que eu com certeza lerei e responderei com todo carinho :3Eu espero poder postar o próximo capítulo já na semana que vem, então até lá, fiquem todos bem.