Silver Snow ESPECIAL DE NATAL DO TAP vol.2 escrita por Matheus Henrique Martins


Capítulo 20
Gêmeas




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A copia perfeita de Denise anda até nos calmamente, o sorriso frio, vestindo o mesmo vestido preto que ela usou no dia anterior. Olho para a outra Denise e ela esta cuspindo sangue. Espero que a que esta em pé nos olhando friamente desapareça, como a sombra que ela usou no telhado do depósito quando cruzamos com ela na primeira vez, mas ela não desaparece.

Na verdade, ela se agacha até sua gêmea machucada e toca seu rosto com os dedos frios. Escuto ela murmurar algumas palavras e tirar a espada de Felipe pelo cabo. Denise se ergue do chão, parecendo melhor e desconfio que sua cópia a curou.

As duas se viram para nós e sorriem maleficamente e fico olhando seus rostos idênticos e bizarros sem parar, me perguntando qual delas é a verdadeira.

– Gêmeas? – Eduardo guincha atrás de mim e vejo que esta bem, uma vez que o feitiço da outra Denise se quebrou. – Esse tempo todo vocês eram duas?

Olho para as duas mulheres de cabelo castanho e ligo um ponto ao outro. As roupas diferentes, o fato de que Eduardo fugiu de uma e dopou com outra ontem, no estacionamento da Vallywood High School.

Encaro as duas sem acreditar e quase solto uma risada nervosa. Bruxas e gêmeas, quem diria.

– Parabéns, Eduardo – a de suéter azul sangrento ri. – Você matou a charada.

– Qual de vocês é Denise? – Andressa questiona, sendo a única com um sorriso estampado entre nós.

– Eu – diz a de vestido preto sem sorrir. – Fiquei sabendo que vocês estavam a minha procura... Pedi para minha irmã sondar vocês... Freya disse que lutaram muito bem naquele depósito – ela ri alto. – Pelo visto ela se enganou.

Cerros os dentes de raiva e tento me erguer do chão, mas Denise (ou Freya, sei lá) aponta um dedo indicador magro na minha direção e sinto uma pressão me mantendo no chão.

Inútil, a palavra ecoa em minha mente enquanto vejo Andressa e Eduardo atirando seus esforços contra elas ao passarem por mim. Olho Felipe atrás delas na clareira e só o que consigo pegar é seu rosto inconsciente.

Não. Ele não pode estar... Pode?

Encontro forças para me levantar e tento pensar em algo para fazer enquanto Dessa e Edu mantem as Bruxas ocupadas.

Procuro uma pedra ou algo do tipo no chão, mas de repente sinto vejo uma sombra no chão e olho para cima. Um corpo cai em cima do meu e me joga com tudo no chão.

Tento me desvencilhar dele e jogo seu corpo para o lado. É um garoto. Deve ter no mínimo dois anos a menos que o meu e tem cabelo escuro. Seus olhos estão fechados, mas quando checo sua pressão cardíaca, vejo que ele ainda respira – só esta desmaiado, não morto.

Olho para cima, para o alto do monte e me pergunto o que ele estava fazendo lá; será que queria se matar?

Um grito de Andressa enche a clareira e me concentro em suas roupas. São roupas boas e caras e de repente tenho uma ideia. Tiro seus tênis e suas roupas, olhando o combate o tempo todo.

Eduardo joga chibatadas de vento na direção de Freya e ela tenta repeli-las, jogando outras. Mas Eduardo as controla de volta e eles ficam nesse joguinho. Já Andressa por outro lado sofre nas mãos de Denise versão gótica, tentando chegar perto e levando choques a cada tentativa em vão. Olho Denise e sei que essa é a mesma que queimou os próprios pais dentro da própria casa. Seus olhos são frios e sádico.

Enquanto olho de uma gêmea para a outra, de repente tenho uma ideia. É totalmente louca e pode ser que eu esteja me enganando, mas logo quero tentar.

Deixo o garoto de cabelo escuro deitado no chão, apenas com uma camisa cinza e cueca box. Se não fosse em uma noite de desespero eu não ia conseguir manter o foco na missão. Mas é uma noite de desespero.

Vasculho os bolsos da calça antes de vesti-la e encontro uma garrafa de cerveja enfiada no bolso detrás de forma perigosa. Olho para o garoto seminu no chão e me pergunto quem ele realmente é.

Pisco para frente e me concentro nas duas lutas. Eduardo esta quase ganhando desvantagem, e Andressa esta sendo brinquedinho de outra. Aproximo um pouco do lado de onde Eduardo luta e vejo o rosto de Freya – parece ter olhos inocentes, o contrario de sua irmã emo-gótica.

Ela consegue empurrar Eduardo para longe e ergue a mão esquerda; uma bola de energia começa a se formar em sua palma.

Quando Freya esta prestes a lança-la, eu grito:

– Freya, não!

Ela para, mas me lança um olhar incrédulo.

– Como disse Metamorfo?! – ela guincha.

Eu suspiro, já achando isso um bom começo.

– Não faça isso – eu suspiro. – Você não quer nos machucar!

Ela franze o cenho e me avalia de cima abaixo.

– Claro que quero – ela aperta os olhos. – Observe.

Sinto um peso em meus pulmões e preciso tomar arfadas.

– Viu só – ela ri como lunática. – Eu posso te machucar.

– Machucar sim, - eu ainda ouço dizer. – Mas não vai conseguir me matar!

Ela franze a testa e abre a boca de um jeito horrendo.

– Esta duvidando de mim?!

O peso aumenta, mas continuo encarando ela nos olhos.

– Estou.

– Como se atreve?!

Eduardo dá um passo para intervir, mas eu o alerto com o olhar e balanço a cabeça para Andressa. Denise esta prestes a soltar outro truque nela, mas fica ocupada quando uma bola de fogo quase acerta seu rosto.

Ela e Eduardo começam a colidir fogo contra fogo.

Agora é o momento.

Freya me olha com frustração e ergue a mão para me levantar.

– Ela matou seus pais! – eu guincho. – Ela queimou a própria casa com seus pais dentro!

De repente, os olhos de Freya se arregalam e observo enquanto eles vão escurecendo.

– Como disse?

– Denise – eu aponto com a cabeça. – Foi por isso que viemos até aqui... Ela assassinou os pais de vocês, Freya... Foi ela!

O olhar de Freya oscila para a irmã ardilosa que solta faíscas impiedosas na direção de Eduardo. Ele desvia de algumas e repele outras, mas não consegue espaço para atacar.

Engulo em seco.

– Ela matou – eu suspiro. – Ela mentiu para você, não foi um acidente. Denise queimou a casa de seus pais porque sabia que eles não aprovariam o feitiço que ela quer fazer.

– Cala boca! – Freya grita, mas vejo ela encarar a gêmea sem parar. Ela pisca e vejo seus olhos brilhando um pouco.

– É a verdade – eu continuo. – Ela te convenceu do que? Que foi um acidente? Ou não? Foi pior? Ela fingiu estar tão surpresa quanto você, não foi?

Por um segundo acho que vou errar, mas minha capacidade de dedução acerta em cheio. Quando falo sobre Denise fingir, Freya arfa e encara a irmã novamente, de modo mais atento.

Ela me solta do feitiço e caio no chão, estatelado.

Denise ainda esta lutando contra Eduardo e um riso doentio escapa de seus lábios quando ela consegue joga-lo no chão. O timing desse gesto é perfeito porque Freya ainda encara seu rosto. De repente, ela contrai o rosto e chora.

Fico com pena por um segundo.

– Olhe só, Freya – Denise ri histericamente. – Consegui deter o dominador de elementos... Viu só como ele não é tão bom quanto achávamos?

Mas Freya não responde e apenas anda lentamente, ainda encarando sua gêmea. Denise percebe a falta de respostas e a encara.

– Que cara é essa garota?

– Você mentiu – Freya funga. – Esse tempo todo... Você mentiu para mim!

– Do que esta falando?

– Nossos pais – ela funga de novo. – Você pôs fogo na nossa casa e fingiu que não sabia de nada! Todos esses anos, como você pode?!

O olhar de Denise vacila.

– Não, Freya, eu – ela balbucia. – Eu nunca...

– Cale a boca! – Freya ergue a mão. – Sua mentirosa, traiçoeira vagabunda! Você escondeu de mim esse tempo todo... Sua vadia!

O rosto de Denise então se contorce.

– Cale a boca você, sua fraca – ela sibila de volta. – Estou totalmente cansada desse seu papo moralista! Todos os dias a mesma ladainha! Você não faz nada de útil! Se recusa até mesmo a matar um mortal!

Então eu estava certo. Olho para o rosto de Freya e vejo o ódio queimar em suas lagrimas que escorrem por todo o seu rosto.

– Eu deveria ter me tocado – ela balança a cabeça e funga. – Você é uma vadia totalmente psicótica!

Denise ri.

– E você não? – ela dança em sua direção. – Posso ser uma Bruxa vadia, mas consegui arrastar até aqui! Você vai afundar comigo nessa.

Mas Freya balança a cabeça.

– Não, não vou – ela limpa as lagrimas. – Não dessa vez.

Denise agora é quem tem um olhar traído. Ela grita palavras inteligíveis e ergue a mão direita que tem um brilho vermelho sangue. Freya ergue a mão também, sem pestanejar. Olha a gêmea e limpa uma lagrima.

Mas antes que o conflito exploda, Denise solta um suspiro alto e cai primeiro de joelhos no chão. A energia em sua palma se esvai e ela olha para o próprio peito. Onde agora uma agulha perfura seu coração.

Olho acima dela e Andressa parece cansada, mas também determinada. Não muito longe dali, Felipe esta acordado e olhando toda a cena com os olhos emocionados.

Então foi dali que Andressa tirou a tal agulha.

Freya funga alto e dá uma última olhada para a gêmea.

– Isso é pelos nossos pais.

E então Denise cai no chão, os olhos vazios para todo sempre.


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