Silver Snow ESPECIAL DE NATAL DO TAP vol.2 escrita por Matheus Henrique Martins


Capítulo 19
Covarde




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Em quatro patas de Lobo, eu passo por Felipe e começo a seguir a trilha, sem olhar seu rosto. Mesmo na forma que estou, a dor entorpece meus musculo, mas continuo andando e olhando pelos arbustos, tentando encontrar meus amigos.

Não quero mais saber de Felipe. Só quero encontrar Denise e arrancar seu pescoço para que eu possa ir embora daqui e nunca mais ter que ver Felipe. É claro que, se conseguirmos completar a missão, ele vai ser um forte concorrente a entrar no meu Pack, mas vou ter que garantir de alguma forma que ele vá embora da minha vida.

Não sei como vou fazer isso, mas vou.

Foco meus olhos à frente e a visão preta e branca me deixa frustrado. Maldita maldição, não podia acontecer isso de dia? Mas então penso que se fosse humano ainda Felipe tentaria se desculpar por suas palavras e eu realmente não quero mais ouvi-lo.

E é nesse momento em que ele decide falar:

– Espera um pouco – ele olha ao longe. – Já que você é um Lobo agora... Acha que consegue rastrear eles com o cheiro?

Tenho vontade bufar ou empurra-lo com o focinho, mas penso em Edu e Dessa por um segundo e me concentro para senti-los. Meu nariz de animal fareja o ar ao meu redor.

No começo não sinto nada, mas então meu nariz capta algo. É o cheiro dos sais de banho da pousada. Andressa, provavelmente. Aponto meu focinho para a direita da trilha e seguimos correndo. Eu em minhas quatro patas avantajadas. Ele em sua letargia de dois passos.

Sorrio por dentro.

– Eu sei que é a última pessoa que você quer ver agora – ele arfa atrás de mim. – Mas se me deixar aqui, todo o plano vai por agua baixo, acredite em mim!

Sinto meus tendões trincarem, mas percebo que pelo menos ele esta na razão. Dou um tranco para trás e passo seu corpo para cima das minhas costas. Ele bate as pernas de cada lado delas e eu volto a correr rapidamente, sentindo seus dedos segurando alguns pelos meus para não cair.

Meus olhos se adaptam a floresta e de repente estamos descendo uma trilha que nos leva ainda mais para baixo. Olho para cima e vejo que estamos bem debaixo do ponto mais alto do monte; se alguém olhar para baixo vai nos ver, se alguém cair de lá cima vai cair em cima de nós.

Paro perto de um campo rodeado de flores de várias cores, mas que parecem preto e branco apenas e avisto Edu e Dessa convergindo para nós.

– Graças a Deus! – Dessa corre para tocar meu focinho.

– Onde vocês se meteram?! – pergunta Felipe enquanto desce das minhas costas.

– Fomos separados de vocês – Edu explica. – Encontrei a Andressa agora pouco e agora encontrei vocês; onde se meteram?

– Continuamos seguindo a trilha – Felipe diz. – E ficamos procurando até agora – ele olha para cima e todos olhamos também. Será que Denise esta lá no topo? Será que vai começar o feitiço?

– A Lua Cheia – Andressa arfa e percorre os olhos para baixo de novo. – Precisamos encontrar essa vadia, agora!

Felipe assente acena com a cabeça concordando, mas de repente seu corpo se retesa e o observo se virar lentamente e olhar algum ponto atrás de mim.

– Na verdade – ele engole em seco. – Acho que a Vadia nos encontrou.

Todos seguimos o seu olhar e Denise esta caminhando na nossa direção. Usa a mesma roupa da primeira vez que a vimos, um suéter azul-claro e calças jeans desgastadas. Pergunto-me o que a fez trocar de roupa de novo, mas ela começa a andar na nossa direção de forma mais rápida.

Andressa e Eduardo tomam frente; ela com uma arma, ele criando uma bola de fogo. Os dois começam a disparar nela, mas Denise apenas continua andando enquanto os ataques são repelidos.

Edu troca um olhar com Dessa e o vento começa a soprar no meu focinho e nos meus pelos. Quando consigo olhar além disso, Andressa e Eduardo jogados no chão, gritando com dor.

Levanto a cabeça para ver Denise e seus olhos estão cinzentos. Ela me olha de volta e sorri.

– Um Metamorfo – ela sorri mais ainda. – Isso era inesperado.

Solto um grunhido e impulsiono minhas patas para frente, latindo alto na sua direção. Ela fica meio hesitante ao me olhar de distancia, mas então estala os dedos e sinto meu corpo estancar.

De repente, sinto meus pelos começarem a se eriçar; não, espera, não tenho mais pelos, eles estão sumindo aos poucos. Caio trôpego no chão e inútil. Percebo que estou nu, mas esse é o menor dos meus problemas. Denise anda até mim sem pressa com o mesmo sorriso patético no rosto e me estapeia no rosto.

Surpreso demais, não consigo revidar.

– Eu prefiro você assim – ela sussurra. – Você é inútil assim.

O jeito como ela fala cutuca uma ferida e me lembro de Felipe dizendo que me preferia como um animal na cama; pelo menos eu podia ser útil.

Mas agora que tento passar minhas pernas por baixo dela sinto um choque percorrer minha espinha e caio derrotado contra o chão frio.

– Vocês, caçadores me atrapalharam o suficiente – ela sorri e aponta para a Lua. – Quando eu terminar com vocês aqui subirei até o topo e realizarei o feitiço mais poderoso de todos... E acabar com vocês.

Sinto outro choque percorrer meu corpo e Denise dá uma risada maléfica.

– O correto é se você acabar, vadia!

Olho para frente e Felipe esta vindo na nossa direção, com a espada de Bronze empunhada. Denise solta um raio de energia em sua direção, mas Felipe sai ileso dele, ainda caminhando na direção da Bruxa.

Sinto ela grunhir acima de mim e mover as mãos no ar. De repente amarras surgem do chão e pegam Felipe pelos ombros. São tantas que penso que logo Felipe será puxado; mas ao invés disso as amarras caem ao lado de seu corpo e ele limpa uma sujeirinha do ombro.

– Pois é – ele sorri e dá de ombros enquanto aponta a espada para frente. – Essas são as vantagens de ser imune.

Denise grita e coloca as duas mãos para frente, lançando uma camada de energia que faz o chão onde estamos estremecer. Mas com minha visão tremida observo Felipe apenas erguer a mão de volta.

Quando Denise arfa e acaba, Felipe sorri debochado.

– Agora é minha vez – e então se atira para frente.

Porém, algo acontece rapidamente e sinto meu corpo se mover com tudo do chão e pairar no ar. Estou alguns centímetros do chão e minha cabeça pende um pouco demais para o lado.

– Pare já! – Denise guincha. – Você pode ser imune, mas seu amigo aqui não é! Dê mais um passo e eu quebro o queimo na sua frente.

Felipe para de andar no meio da frase e me encara totalmente aterrorizado; e me lembro constantemente que estou na sua frente. E isso não ajuda em nada.

Ele engole em seco e vejo sua expressão vacilar entre mim e Denise por um segundo enquanto ele decide. A Bruxa ri ao meu lado e começa a andar lentamente até ele.

– Parece que você tem seu ponto fraco, afinal.

De repente, os olhos de Felipe escurecem e ele atira a espada na direção dela. Denise arregala os olhos e tenta tira-la do caminho; mas ela feita de bronze e não pode ser enfeitiçada. A Bruxa caí no chão quando ela atinge o lado esquerdo de seu peito.

Dou um grito de vitória enquanto caio e ergo o olhar para ver Felipe – mas então minha voz some na mesma hora.

Ele esta correndo. Felipe esta correndo na direção oposta onde Andressa e Eduardo estão. Onde a Bruxa Denise esta. Onde eu estou caído. Felipe esta fugindo.

Ele olha uma vez para trás, hesitante e reconheço a expressão em seu rosto. Covarde.

Porém, uma forma se sobrepõe sobre ele e o acerta com algo prateado. Felipe cai com tudo no chão e geme de dor.

Olho para nossa ilustre e nova convidada e começo a achar que estou ficando louco.

Porque andando até nós, esta uma cópia exata de Denise.


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