Silver Snow ESPECIAL DE NATAL DO TAP vol.2 escrita por Matheus Henrique Martins


Capítulo 13
Desaparecido




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Andressa e Felipe me ajudam a levantar, segurando meus braços de cada lado. O aperto da mão de Andressa é comum, nem parece que ela esta se esforçando; mas o de Felipe é nervoso e me deixa ainda mais nervoso ainda.

Quando consigo me manter me pé, olho para os dois e sinto que esta faltando alguém. Eduardo. Eles olham para minha expressão; Felipe de forma inteligente, Andressa de um jeito melancólico.

– Ela o pegou – ela solta. – Na hora em que escapou do Felipe... Ela tinha tudo planejado.

Eu encaro Andressa por um segundo e me pergunto onde foi parar a garota safada e totalmente aventureira de antes de ontem. Mas então ela pisca e os ombros se ajeitam para frente.

– Precisamos ir atrás dele.

– Não vai ser tão fácil assim – Felipe balança a cabeça de forma negativa.

– O que quer dizer com isso?

Felipe brinca com os dedos por um segundo e então a encara por um segundo.

– Acho que ela não o sequestrou.

Andressa vai um pouco para trás, horrorizada, mas eu apenas aceno com a cabeça, entendendo aonde ele que chegar.

– É verdade, tem uma possibilidade de Denise ter feito com ele o mesmo que fez com a gente – eu a olho nos olhos. – Ela pode ter jogado ele pra fora da cidade.

Algo passa pela expressão de Dessa, um misto de alivio e raiva. O mais impressionante é que ela sorri; brevemente, porque quando nota que eu a noto, ela desfaz na hora.

– Tem razão, ela pode ter feito isso – ela ajeita os ombros. – Onde fica a beira dessa cidade?

Estou prestes a responder, mas Felipe balança a cabeça.

– Nós não vamos voltar pra lá – diz ele.

Franzo a testa para o seu tom petulante. Foi impressão minha ou o tom dele ficou só mais agudo no final? Eu o encaro e seu rosto esquenta.

– Desculpa, como? – Andressa da uma falsa risada. – Nós? – ela cruza os braços. – Como pode haver um nós se nem mesmo você estava incluído.

Ai.

Olho para Felipe e vejo aquela familiar expressão em seu rosto. Ele se sente excluído ainda e sinto pena dele por isso. Mas não devia ficar nos dando ordens.

– Calma aí, Dessa – eu toco em seu ombro. – Também não é assim...

Ela olha para minha mão encostada na pele dela e a retiro rapidamente, com medo de perde-la.

– Então como é – ela vira o olhar de novo. – Felipe? Explica pra mim como é que é então?

Por alguns segundos ele fica sem palavras e eu não o culpo. Andressa já nos intimida normalmente, imagina quando esta irritada. Ainda mais quando Eduardo esta do outro lado da borda. Felipe encontrou a hora errada para falar o que quiser.

– O que eu quero dizer – seu tom é firme. – É que não tem como passar por aquela borda!

Franzo o cenho para ele.

– Como você sabe disso? – Dessa questiona, pouco satisfeita com a resposta.

– Na verdade – eu me intrometo. – Tem sim uma maneira, você mesmo passou por ela hoje, nós dois vimos você passando por ela.

O olhar dele cruza com o meu e posso jurar que ele esta me enforcando mentalmente. Andressa bate o pé, incentivada por meu pequeno comentário.

– Ah, então você passou pela borda – ela estala a língua. – Diga de novo pra mim, querido: Não tem como passar por aquela borda?

Ele não responde e Andressa ri, passando por ele e esbarrando em seu ombro no caminho.

– É exatamente isso que eu estou falando – diz enquanto começa a andar na direção da borda.

– Dessa, espera – eu me apresso para colocar em seu caminho. Ela me fuzila com os olhos.

– Não entra na minha frente, Matos – ela sibila pra mim. – Saiba que eu não quero te machucar, mas vou fazer se preciso.

Estremeço, mas então estufo o peito.

– Eu não posso te deixar passar.

Ela ri fracamente.

– Como é?

– Andressa – pigarreio. – Você não pode passar essa borda, nem mesmo se for possível.

– Por que não? – ela guincha e se vira para olhar de Felipe e depois para mim de novo. – Por que diabos essa conspiração toda? Eu quero achar o Edu, nosso amigo, se lembra?

– Eu também! – guincho. – Pode acreditar em mim, é uma das prioridades.

– Então por que ainda esta no meu caminho?

– Porque é uma armação – eu suspiro. – Será que não entendeu ainda? Denise quer realizar o feitiço de qualquer forma amanhã e esta fazendo de tudo pra garantir que não vamos entrar no caminho dela! Ela colocou o Edu do outro lado justamente para isso... Pra que no momento em que cruzarmos o outro lado ela possa nos prender lá até que estejamos fora do radar dela!

A expressão de Andressa vacila e sua cabeça fica baixa. Olho para o olhar surpreso de Felipe atrás dela e não posso deixar de compreender isso. Nem eu mesmo sabia que podia ligar os pontos tão rápidos. Parece que só fico inteligente em momentos de crise total.

– Você tem razão – ela sussurra e ergue o olhar para me encarar. – Droga, a vadia é bastante esperta.

Balanço a cabeça em concordância, mas é Felipe quem fala.

– É melhor darmos meia volta e descansar enquanto ainda não podemos ir atrás do Edu.

Andressa inala fortemente, mas eu a chamo atenção.

– Nem eu mesmo gosto de admitir isso, mas ele esta certo – digo. – Não vamos ajudar em nada no momento. E, aliás, é o Edu que esta lá fora, ele sabe se virar, não sabe?

– Não isso que me preocupa, - ela me encara. – Nele eu confio muito bem. Não confio naquela Bruxa maldita. Eu tenho certeza que ela fez algo com ele pra ele ter caído daquela maneira.

Dou de ombros.

– Talvez seja algum feitiço neutralizante. Mas o importante agora é que encontremos algum lugar onde a Bruxa não nos ache e que podemos pensar no que fazer também.

Ela assenti, derrotada.

– Alguma ideia?

Felipe se intromete mais uma vez, a risco de levar um soco.

– Na verdade, eu conheço um bom lugar – ele sorri ironicamente.


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