Bittersweet escrita por woozifer


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Baaaaaaaaaaabs, fiquei feliz por tirar tu, sério ehueheueheu no inicio fiquei meio: o que eu escrevo? Não manjo de HP, não tenho idéias para PJO nem Divergente, vou acabar escrevendo Original, será que ela vai gostar? E espero que tu goste, é uma one tecnicamente curta, mas foi feita de core ♥ ehueheehuehe calei.Sinta-se abraçada pela sua amiga secreta... Ou quase isso.



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Lily não podia mais continuar com aquilo, não queria mais continuar com aquilo, mas ela simplesmente não sabia como parar, não agora que estava tão envolvida, não agora que achava talvez estar conseguindo alguma reação por parte dele, não agora! Ela estava tão perto, mas aquilo era tão doentio. Estar perto de Oliver Choose era sempre confuso. Ou melhor, estar perto de Joe Scott... Ele era uma confusão infinita.

Ele era como o Duas-Caras do Batman, mas uma de suas caras nunca sabia controlar a outra quando esta estava no comando.

Dupla personalidade, era isso o que ele tinha, literalmente.

Durante o dia ele era Oliver o invisível, os óculos eram maiores que a cara, suas roupas tão grandes para seu corpo que ele parecia excessivamente alto quando na verdade não era, tímido, calado, participante assíduo do clube do xadrez e de informática, o cara que sofre bulliyng desde que entrou no colégio, e como Lily sabe disso tudo? Simples, era ela que cometia o bulliyng com ele.

Quando pequena, seu maior prazer era menosprezar e humilhar crianças que de algum modo a intimidavam, e Oliver era uma dessas pessoas. Mais alto e inteligente que a média, Oliver parecia sempre alcançar os potes de massa de modelar na prateleira mais alta da pré—escola, e sempre saber as respostas que ela passava horas tentando aprender. O garoto perfeito. Ela odiava isso, ninguém podia ser melhor que ela, nunca.

Na cabeça da pequena Black, Oliver praticamente implorava para sofrer bolliyng, afinal quem em sã consciência vai para a escola com um aparelho freio-de-burro sem querer que seus colegas de classe coloquem imãs em tudo para que ele sofra com aquilo? E quem é que com quinze anos ainda vai fantasiado de um personagem qualquer de Star Wars para a escola sem querer ser zoado? Às vezes ela suspeitava que Oliver gostava de ser zoado, era meio que o modo dele para chamar alguma atenção, e se ele parecia não se incomodar com o fato de apanhar todas as tardes dos jogadores de futebol americano, e de ser o maior alvo de Lily, não era ela que se incomodaria por ele.

No ensino fundamental, apenas Lily zoava ele, os garotos geralmente apenas riam, e as garotas tinham dó de Oliver, porém ninguém nunca se aproximava dele – pelo boato que a Black plantou sobre uma doença contagiosa que ele tinha, e que todas as pessoas que falassem com ele, viravam como ele. E definitivamente ninguém queria ser como Oliver Choose – ele sempre fora o excluído, até que eles entraram no Ensino Médio e Oliver conquistou três amigos. Lily dormiu com os três e fez com que parassem de falar com o Choose.

Oliver estava destinado a ser seu alvo, ou foi o que ela pensou até os papéis se inverterem de modo que a pegou desprevenida.

O bar que as “crianças” do colégio Franklin iam para beber ficava no subúrbio, apesar de ouvir falar muito do lugar, era a primeira vez que Lily ia lá e assim que chegou, avistou do outro lado do bar um rapaz de certo modo familiar.

O rapaz era alto, tinha a pele clara e sem imperfeições, os cabelos castanhos quase loiros estavam arrumados de modo despojado, os olhos azuis brilhavam de excitação enquanto ele conversava de perto com uma loira que estava a sua frente, sem tapar a visão de Lily dele, seu sorriso era confiante, o jeans lhe caia de modo perfeito, a blusa branca não era nem colada e nem solta demais, e a jaqueta de couro lhe deixava sexy de um modo irresistível. Foi necessário apenas ele desviar os olhos para ela por um segundo, que ela o reconheceu. Oliver. O mesmo nerd que a irritava, agora parecia lindo, como se tivesse acabado de sair de um daqueles programas que sua mãe adorava, como Esquadrão da Moda e afins, mas algo lhe dizia que não era isso.

Os olhos de Oliver passaram tão rápido por ela que foi como se nem a conhecesse, como se ela fosse apenas mais uma naquele bar apinhado de adolescentes que nem ao menos tinham idade para beber, não era como se ela fosse a menina que o perturbava durante todo o dia, a menina de olhos maldosos que fazia com que ele mudasse sua rota todo dia na escola, a fim de evitá-la. Lily era apenas mais uma.

Mas a certeza da Black de que havia mesmo algo errado com Oliver, só veio quando ela passou por ele e o provocou em alto e bom tom, e tudo o que ele fez foi sorrir ironicamente e perguntar “Te conheço?”. Aquilo a irritou profundamente, a ponto de responder com um “Claro, vai fingir que não me conhece agora para sua amiguinha não saber que é um fracassado na escola” e isso o fez revirar os olhos sem se abalar, ainda insistindo que não a conhecia, mas o que ela disse de algum modo afetou a menina com quem Oliver conversava, já que a menina disse que precisava ir embora e Lily deu as costas a ele, voltando-se as mesas de sinuca do lugar.

Não muito depois, Oliver apareceu para conversar com ela, e pensando tratar-se de uma brincadeira, ela o menosprezou, mas apenas três noites seguidas naquele bar foram necessárias para que ela se desse conta de algo: aquele não era o Oliver que ela conhecia, ou pelo menos não agia como tal, aquele Oliver era mil vezes mais legal do que o que ela conhecia, na verdade ele era mil vezes mais legal que qualquer cara que Lily conhecesse e foi inevitável, eles viraram amigos, e em menos de um mês a menina de coração frio parecia nutrir sentimentos por ele, porém havia outro problema. Oliver nunca se lembrava dela, e Oliver não era Oliver, era Joe.

Joe Scott, foi como ele se apresentou a ela, vagabundo vinte e quatro horas, filho dos Scott que morava no fim da rua, mas o problema era que não havia nenhuma família chamada Scott naquela cidade, então ela suspeitou que ele fosse irmão gêmeo de Oliver, porém Lily conhecia a família Choose desde que conhecia sua própria família, e nunca havia sequer ouvido falar em Oliver ter qualquer irmão, quanto mais um irmão gêmeo de nome Joe Scott.

Foi fácil para Lily reconhecer traços de dupla personalidade em Joe—Oliver, e bastou apenas uma conversa com sua mãe – que era psiquiatra, apesar da filha as vezes agir como uma pequena psicopata – onde ela descrevia o comportamento do menino, para sua suspeita ser confirmada e sua mãe lhe dizer que era extremamente provável de que Oliver sofresse de dupla personalidade, e que era infelizmente normal haver partes de memória perdidas quando uma de suas faces, ou no caso dele, a noite o Joe nunca se lembrava de Oliver e vice-versa, o que era de certo modo bom, já que sua personalidade legal nunca se lembraria das sacanagens que a menina aprontava com ele, e o nerd nunca lembraria de como ela se derretia em seus braços a noite.

Só havia um problema nisso tudo: por mais que ele dissesse que sentia algo por ela numa noite, na seguinte ele sequer lembrava-se seu nome, diferente do Oliver, que ainda lembrava-se de algo sobre ela, Joe parecia ter um tipo de amnésia, uma memória curta, como em Como se Fosse a Primeira Vez, a diferença era que cada vez era mais difícil manter-se perto dele, todas as vezes doía um pouquinho mais, como um punhal que é empurrando um centímetro a mais para dentro do seu peito por dia.

Os beijos, os sussurros, as juras, os toques, as noites, tudo era esquecido quando o sol raiava, e aquilo estava matando Lily lentamente, era como nadar contra a maré, por maior que fosse seu esforço, nunca te tiraria do lugar, porque o que você não controla parece ser sempre mais forte do que o que está a seu alcance.

Joe nunca estava a seu alcance, porque diferente dela, ele conseguia esquecer tudo num passe de mágica, enquanto a menina continuava lá, apenas observando, esperando que algum dia aquilo parasse, que a dupla personalidade dele talvez fosse curada magicamente.

Mas ela sempre viveria com as duas faces de Oliver se o quisesse por perto, mas a questão era: ela queria?

Lily aguentaria ter que, todos os dias, menosprezar uma de suas faces para logo em seguida amar a outra? A garota aguentaria fingir que não se importa? Que não está apaixonada por um cara que dali a horas não lembrará seu nome?

E mudar não vinha adiantando, ela passara a pegar leve com Oliver durante o dia, até que há duas semanas parara de vez de agir como se o menino merecesse seu desprezo, já lhe doía tratá—lo tão mal, afinal apesar de aquela não ser a personalidade que ela amava, ainda era o mesmo rosto, e abaixo de tudo aquilo estava o cara legal que a conquistara.

A Black não o machucava mais, mas isso não mudara nada, não era como se ele magicamente houvesse deixado Joe ir embora. Não era culpa dela. Ou pelo menos ela se convencia de que não, apesar de sua mãe ter dito que as causas eram traumas na infância, e se havia uma criança que podia ser traumatizada por culpa de Lilith Black, essa pessoa era com certeza Oliver Choose, mas não precisava ser necessariamente culpa dela...

— Oliver – Lily chamou-o ao fim da tarde, o sinal que os dispensara da aula de Biologia acabara de tocar, Oliver estava apenas dois passos à frente e se assustou com o toque da menina em seu braço. Ser tocado pela Black nunca era coisa boa – podemos conversar?

Lily prendeu o ar quando as pupilas azuis repousaram sobre ela, quase sem brilho por trás dos óculos de armação escura, os cabelos pareciam loiros naquela luz de fim de tarde, e ela quase sorriu ao ver a barba que ele finalmente estava deixando crescer, aquilo deixava Oliver com menos cara de menino e mais cara de homem.

— Se quer me bater, simplesmente me bata Lily ou chame logo seus capangas, mas não precisa ficar me amolando antes – ele fungou e ela tirou a mão de seu braço imediatamente, encolhendo-se.

Não tinha para quem mentir, era óbvio que era culpa dela todos os problemas que aquele garoto já deve ter tido na vida, principalmente os psicológicos.

— Eu não ia fazer isso – ela tentou soar brincalhona, mas sua voz saiu em um sussurro.

— O que quer então?

— Só... Conversar.

— Porque comigo?

— Porque, de um modo como você não entende agora, você deve ser a única pessoa com quem quero conversar.

Ele cruzou os braços e crispou os lábios.

— Você está me confundindo.

— Joe já me disse muito isso – ela sorriu para o chão e meneou a cabeça, vendo que agora ele estava ainda mais confuso —, só por favor aceite meu pedido.

— Não vai me bater? – indagou ele.

— Não.

— Pregar alguma pegadinha?

— Não, mas pelo amor de Deus Oliver, se eu fosse com certeza não te diria.

Ele sorriu e ela mordeu o lábio com força. Aquele sorriso...

— Tem razão. Você não é burra Black, apesar de eu estar confiando ainda menos em você agora.

— Não sou burra, seu ego que é grande demais para que veja que não é o único inteligente da sala. Agora dá pra sairmos desse lugar logo?

Ele deu de ombros e a seguiu para fora da escola, ambos em silêncio enquanto ela formulava frases prontas na cabeça, tentando dizer a ele de uma vez o que tinha para dizer: que ele tinha dupla personalidade, que ela era apaixonada por sua segunda personalidade, que ele era ótimo de cama – pelo menos o Joe era— e que Joe beijava bem, que ela sabia que não tinha futuro com ele, mas que pretendia se redimir com Oliver, o que se lembraria dela no dia seguinte antes de partir de uma vez.

Ao chegar ao portão da escola, Oliver parou a frente da menina, impedindo que ela passasse. O sol estava se pondo, ela precisava ser rápida.

— Não precisamos prolongar isso, até porque preciso ir embora logo, então seja direta Black – ele disse sério e ela suspirou.

— O que você fez ontem à noite? – ela fez a única pergunta que não passara horas formulando.

— Porque isso importa? – Oliver tirou os óculos e apertou a ponte do nariz, como se estivesse com dor de cabeça.

— Só me responda Oliver, por favor – pediu tentando soar o mais gentil possível.

— Eu... Estudei – disse ele como se não tivesse muita certeza. Talvez ainda houvesse esperanças...

Ela balançou a cabeça cansada e sorriu minimamente. O sol já quase tocava o horizonte.

— Não Oliver, você não estudou – ela se aproximou e ficou de frente para ele, que ao invés de se afastar como geralmente fazia, a olhou confuso, ainda sem óculos. Os cabelos continuavam perfeitamente alinhadinhos como ele sempre penteava, mas agora parecia que Joe queria tomar as rédeas.

— Como você sabe? – ele perguntou.

— Eu sei por que você estava comigo – Black disse por fim, soltando o ar de uma vez e ficou na ponta dos pés para diminuir a diferença de altura e segurar seu rosto nas mãos. Escureceria a qualquer instante – todas as noites você está comigo Oliver, mas nunca se lembra disso na manhã seguinte. Você diz ser Joe. Te chamei hoje porque... Bem, estou indo embora. Tudo isso está sendo demais para mim, você, Joe, tudo... Muito confuso para mim – ela balançou a cabeça e encarou os olhos dele. A tristeza começava a lhe apossar de maneira estranha, nascendo em seu peito e se espalhando por todo o corpo, mal notou quando a primeira lágrima escorreu e colou seus lábios ao dele pela ultima vez.

Os lábios de Oliver tinham o gosto forte de menta, daquela maldita bala que ele chupava a tarde toda, era um cheiro e gosto que se impregnava em tudo o que ele tocava, inclusive nela.

— Só por favor não me esqueça quando amanhecer – pediu ao separar seus lábios, mas permaneceu de olhos fechados até sentir mãos firmes em sua cintura e soube que tudo estava feito, e apenas para firmar o que dizia, ela abriu os olhos, encarando a ainda completa confusão, mas agora o brilho estava lá, o brilho brincalhão, e então não era mais Oliver e sim Joe. Definitivamente ele não lembraria dela ao amanhecer, não Joe.

Mas Oliver sim, ele se lembrara de cada misero milésimo daquele ultimo momento pelos próximos anos de sua vida, confuso e tentando decifrar as ultimas palavras de Lily antes que ela sumisse no mundo sem dizer mais nada a ninguém.


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Notas finais do capítulo

Moral da história: não se apaixone por um cara de que tenha dupla personalidade, já que no dia seguinte ele pode não lembrar de você, flw vlw.



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