A honra dos antigos escritores escrita por 0 Ilimitado


Capítulo 1
A honra dos antigos escritores




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Como já dizia uma leitora assídua dos meus textos, não ajo por preliminares. Expurgo esse fogo que arde e corrói meu tutano na face dos outros, faço-os pasmados, num jogo escuro e agressivo onde a brincadeira consiste em criar e destruir, adentrando o ciclo vicioso e mortal.

Do que vale viver da honra do passado? Essa é a questão ou a indignação por onde se desenvolve o angst.

Ficar morrendo pela mesma bala demasiadas vezes, ser atingido pela mesma granada de fragmentação, ter o golpe fatal desferido no exato nódulo, e não tentar mudar.

Comparo o veterano de guerra com o escritor que foi vencido pelo bloqueio. Após anos de guerra (escrita), por um capricho dos fatos, estagna sua luta por tudo que um dia já o importou.

Remói-se de lembranças e forra sua cama sem molas com os elogios e medalhas de outrora. O ladrão que volta a roubar anos depois, sepulta-se no muro.

Quem sou eu para exigir que os arcaicos escritores voltem as suas penas? Não condeno os soldados que desempunharam suas armas, a guerra acabou, todavia penso no caso deles como uma parte esquecida do universo. Foram treinados anos a fio para o mesmo fim, ser morto ou matar em combate, o que eles saberão fazer quando forem hipoteticamente inseridos na sociedade? Um tigre indomável continua no seu calcanhar, do mesmo modo acontece com o escritor, não há como se aposentar da inspiração.

Conforme o tempo passa e ele se nega a cumprir sua nobre ou sórdida obrigação, os dedos se enferrujam e a mente se torna uma caverna escura. Clichê. Onde o dedetizador sente-se amedrontado pela escuridão, e tem receio de acordar uma fera adormecida ao pensar além da alienação, acendendo a luz.

Todos nós temos as nossas covardias. Como aquele que se nega ler sabendo que terá adição de conhecimento, planta milhares de bananeiras para extinguir o fato mais exposto neste galáxia, a ignorância é mascarada por argumentos mais toscos que suas perversões. Leda frase: “ahh, mas eu não gosto de ler”. Quem disse que é delicioso viver? Posto a controversa em cheque, ainda assim há pessoas que persistem até o fim*.

Um apelo sincero, porém profundo.

Respondam-me, abro restrição aos amnésicos, será que esquecemos as injúrias que outrem dirigiu a nós? Nós esquecemos ou aprendemos a conviver com isso?

Cabe-se aos despoletadores da arte. Não há como abandonar o posto, o franco-atirador é mais rápido que seus olhos. “Pegai na pena marquês, expurgai esses vis demônios no papel”.

* Será mesmo que terá fim?

FIM
19/12/2014


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