Vitral escrita por Opelon
A imagem era desfocada, mas ele ainda podia ver a cena que transcorria à sua frente com precisão.
Notou que o sol estava se pondo, o alaranjado do céu era visível.
Era outono e as folhas voavam para longe das árvores.
O parquinho estava praticamente vazio, as crianças já haviam voltado para casa por estar anoitecendo ou porque o dia na Academia esgotara todas as energias que possuíam.
Praticamente vazio.
Gargalhadas preencheram o ar, um som gostoso, doce e infantil.
– Mamãe! Mamãe! Vamos ao balanço! - A voz era esfuziante e a garotinha não esperou por uma resposta, correu direto para o balanço. O sorriso mostrava a banguela dos dois dentes da arcada superior.
Ele não pode evitar.
Sorriu.
Ela era perfeita, pensou. Em seu peito, algo transbordava.
Amor.
Pela pequena garota de sorriso banguela e cabelos negros.
Atrás dela, uma mulher se aproximava, observou. Tinha o mesmo formato do rosto da garota e um sorriso doce.
Viu quando ela colocou a garota no balanço (os pés da pequena nem chegavam perto do chão!) e quando começou a balançá-la.
E novamente gargalhadas preencheram o ambiente.
E, mais uma vez, aquele sentimento transbordou de seu peito.
– Mais alto, mamãe! Mais alto - Ela era exigente demais para uma criança da idade dela, era como ele.
A mulher se limitava a rir.
E, pela imagem desfocada daquele vitral, viu a terceira figura aparecer.
Passos calmos, rosto sereno.
Como ele nunca pensou que veria.
– Papai, papai! Olha, estou voando! -Ele sentiu a admiração da criança pelo pai no tom de voz que mesma usou.
Era o mesmo tom que eles usavam antes de tudo acontecer.
O vitral embaçou novamente.
Estava na hora de voltar.
Olhou, pela última vez a cena, e viu o homem tomar o lugar da mulher e balançar a criança, sorrindo com uma devoção pálpavel.
– Adeus, irmãozinho - Disse, embora soubesse que Sasuke nunca poderia escutá-lo.
Aquele tempo que lhe fora concedido foi o suficiente para notar que seu irmão vivia feliz e que não era mais a criança assustada e o homem vingativo de antes.
Ver seu pequeno irmãozinho sorrir era o maior presente que poderiam lhe dar, achava. Mas ao ver o olhar que lançava para criança e depois para a mulher de cabelos rosados, Itachi percebeu que estava enganado.
Aquilo era, e sempre seria, o presente mais precioso que recebera.
E Itachi, assim como as folhas do outono, voou para longe.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
É, eu sei que não sou boa com dramas, e sei também que a história ficou curta, mas não sou muito boa nesse lance de enrolação :X
Por favor, comentem e me digam o que acharam o/
P.S: Avisem-me se tiver qualquer errinho