Guardados A Sete Chaves escrita por Jiinga


Capítulo 4
Fardos




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O dia seguinte era um sábado, então não havia aulas, apenas atividades extracurriculares para aqueles que estivessem interessados. Dessa forma, Clarisse e Bree levantaram-se logo cedo para a aula de vôlei.

– Olha só quem temos em nossa aula! – exclamou Dalvo, o técnico brasileiro de vôlei que lecionava na LATT – Clarisse Le Blanc, famosa por suas habilidades esportivas. Que honra tê-la em nosso time.

Clarisse pôde sentir os olhares invejosos todas, com exceção de Bree, caírem sobre ela. Ela não gostava nem um pouco desse tipo de atenção.

– Que isso, professor, eu sou como todas as outras alunas.

– Ah, sim, sim, claro. Bom, vamos começar o treino.

Durante toda a aula, Clarisse tentou controlar suas habilidades, mas toda vez que ela marcava um ponto, podia sentir os olhares de inveja sobre ela. Isso havia acontecido antes, em Nova Paris, mas não desse jeito. É claro que não. Há uma diferença entre ser a melhor da escola e a melhor do mundo.

– Eu vou direto pro quarto, ok? – Bree avisou, limpando o suor de sua testa com uma toalha.

– Ok, eu vou beber água e já vou.

Clarisse se dirigiu ao banheiro, passando por mais olhares duros. Ela se abaixou para beber água e alguém cutucou seu ombro direito. Ela se levantou e olhou, mas não havia ninguém.

– Ei. – Adam a chamou de seu lado esquerdo. Ela se virou e se deparou com o sorriso convencido dele. Ele vestia um uniforme básico de futebol – Tudo bem?

– Mais ou menos. Qual o problema dessas garotas?

– Inveja. Aconteceu comigo também quando eu entrei aqui. Ainda acontece às vezes. – a habilidade de Adam era ser extremamente competente em gerenciamento, marketing e negócios, ela não via como alguém podia ter inveja disso – Curtiu a festa?

– Claro. Você curtiu aquelas três garotas? Ou eram quatro? – ela sorriu, apesar de seu peito doer ao seu lembrar da noite anterior, na qual Adam a havia abandonado dez minutos depois de sua chegada para ficar com uma menina atrás da outra.

Ele sorriu timidamente.

– Desculpa, eu te abandonei.

– Tudo bem. – ela começou a andar na direção do dormitório.

– Ei, Clary, o que foi? – ela estremeceu. Clary. Qual era o problema desses ingleses, sempre dando apelidos para todo mundo? Ela parou de andar.

– Meu nome é Clarisse, ok?

– Desculpa. O que houve? – ela desviou o olhar e ele logo entendeu – Ah, não você achou que eu...? Desculpa, Clary-Clarisse, eu só estava te convidando pra festa, nada mais.

– Tudo bem. – ela continuou a andar.

– Ei, ei, ei. – ele a segurou pelo pulso e a virou – Se você quiser, podemos sair algum dia.

– Pode ser. – ela sorriu.

– Ótimo. Vejo você no sábado que vem. Agora preciso voltar para o treino.

Ele soltou o pulso dela e correu para o campo de futebol.

***

Por volta das dez horas, Meg foi para sua aula de dança que ficava no segundo andar do prédio principal, numa enorme sala com espelhos nas paredes.

– Bom dia, alunas. – disse a professora, Irina, com um forte sotaque russo. A LATT não possuía apenas os melhores alunos, mas também os melhores professores do mundo. Cada um era trazido do país que tivesse a melhor colocação naquela matéria no mundo. Irina olhou suas alunas com cuidado e seus olhos pararam em Meg. Ela disse alguma coisa em russo que Meg não entendeu, então puxou-a para perto – Minha querida, eu assisti o vídeo de sua apresentação. Poderia nos mostrar a coreografia que a fez entrar na escola?

Meg olhou em volta, para os olhares de suas colegas de turma. A maioria parecia com inveja, algumas estavam curiosas. Ela não queria se exibir abertamente logo na primeira aula, mas sabia que Irina não iria começar a não ser que ela dançasse, por isso assentiu.

Irina sorriu e todas se afastaram, deixando apenas Meg no centro da sala. Ela respirou fundo, esperando a professora colocar a música.

Quando as notas começaram a tocar, o corpo de Meg começou a se mexer quase que involuntariamente. Era sempre assim quando ela dançava, como se uma força a movesse do jeito certo e nas direções certas. Será que era assim com todo mundo?

Seus movimentos logo se tornaram mais agressivos, seguindo a batida da música. Ao redor da sala, algumas alunas soltaram suspiros de surpresa, e Irina já havia soltado vários.

De repente, entretanto, algo estranho aconteceu. Foi como se, por um segundo, todos ao redor de Meg houvessem congelado. Ela piscou rapidamente, quase errando o próximo passo, mas antes que pudesse focar sua visão, uma dor cortante atravessou seu peito. Ela se sentiu tonta, e logo depois, estava caída no chão.

Os gritos das meninas e a voz de Irina chamando seu nome foram as últimas coisas que ela ouviu antes de mergulhar na escuridão.

***

Bree havia decidido ir andando até o prédio da Elite. Ela gostava de caminhar, dava-lhe tempo para pensar na vida, e ainda podia ouvir música em seu PadScreen. Quando ela chegou na recepção, Viki, a recepcionista de cabelo lilás, estava recebendo uma ligação e parecida alarmada.

– Sim. Sim, tudo bem, eu avisarei. – ela deu um pequeno pulo ao ver Bree – Srta. Crawford, temos más notícias. A Srta. Winchester foi levada para a enfermaria.

– A Meg? O que houve?

– Parece que ela desmaiou durante a aula de dança. Eu estava prestes a ligar para vocês, mas será que você pode avisar seus colegas?

– Claro. Posso sim. – ela disse, já correndo para o elevador.

***

Lena acordou quase na hora do almoço. Ela se espreguiçou e se sentou, só percebendo a atadura em seu tornozelo quando seus pés tocaram o chão. As memórias da noite anterior voltaram, e ela se perguntou como podia ter sido tão estúpida. Entretanto, o tornozelo não havia doído quando ela pisou no chão.

Ela levantou o pé e tocou-o. Não havia nenhum sinal de torção. Lena desfez a atadura e olhou para seu pé. Ele não estava mais inchado. Sem dor alguma, ela se levantou e foi até a sala. G., Jo e Astrid estavam sentados jogando video-game.

– Bom dia! – exclamou Jo – Ah, você já tá conseguindo andar?

– Parece que sim. – ela se sentou ao lado de G. – Nossa, Astrid, não é à toa que você entrou aqui por suas habilidades médicas. Eu não tô sentindo dor nenhuma.

– É, isso costuma acontecer quando eu cuido das pessoas. Pra falar a verdade eu não preciso ir a um médico há vários anos. A única coisa em que eu não consegui dar um jeito foi uma dor no peito que eu às vezes tenho.

– Ah, tipo aqui? – Jo apontou para um lugar perto de seu coração – Eu também tenho isso às vezes. Achei que era normal.

– É, eu também tenho. – comentou G.

– Eu também, deve ser algo normal, que todo mundo tem.

Nesse momento, a porta do elevador se abriu e Bree entrou correndo na sala.

– Pessoal. É a Meg. Ela está na enfermaria.

***

Meg abriu os olhos com dificuldade frente a uma luz branca forte. Ela olhou em volta. Possivelmente estava na enfermaria. Havia um adesivo de soro em seu braço, ela podia sentir a substância entrando nela. Uma enfermeira jovem, mas de cabelos completamente brancos, logo apareceu.

– Srta. Winchester, está melhor?

– Sim, o que... O que aconteceu?

– A senhorita desmaiou durante a aula de dança e foi trazida à enfermaria.

– Ah, entendi.

– O Diretor Brenningham veio vê-la.

– O quê? O diretor?

A enfermeira deu um passo para o lado e um homem saiu de trás da cortina que separava a cama de Meg. Ele era alto, tinha cabelos pretos penteados minuciosamente para trás e usava um terno preto e uma gravata azul impecavelmente arrumados.

– Bom dia, Srta. Winchester.

– Er... É... Bom dia, Diretor Brenningham. – ela se curvou levemente – Por que o senhor veio me ver?

– Eu vi a comoção no corredor e acabei vindo dar uma olhada. Está bem agora?

– Estou sim, obrigada.

– Se me permite perguntar, o que exatamente a senhorita sentiu?

– Hum... Eu não me lembro muito bem...

– Certo... – ele olhou em volta, como se parecesse confuso – A senhorita costuma desmaiar com frequência?

– Hum... Não...

– Certo...

Nesse momento houve um tumulto no corredor e logo os colegas de apartamento de Meg estavam dentro da enfermaria.

– Meg, tá tudo bem? – perguntou Lena, parando de repente ao perceber a presença do diretor – Ah, bom dia, Diretor Brenningham. – os outros quatro também se curvaram e cumprimentaram o diretor.

– Vocês devem ser os outros membros da Elite. – eles assentiram – Prazer em conhecê-los. Bom, se não se importam, eu já estava de saída. Com licença.

O diretor se retirou, dando espaço para os amigos de Meg. Astrid correu para examiná-la.

– O que aconteceu? – perguntou Jo.

– Eu não lembro exatamente, mas disseram que eu desmaiei enquanto dançava.

– Você parece bem. – anunciou Astrid.

– Por que o diretor veio te ver? – perguntou Lena.

– Não tenho a mínima ideia. Ele disse que viu quando me trouxeram pra cá, mas eu ainda acho estranho.

– Será que você ter desmaiado enquanto dançava influencia na sua qualificação como membro da elite? – supôs Bree e logo se arrependeu, quando todos, principalmente Meg, a olharam assustados. O instinto investigativo havia falado mais alto.

– Acho que não. Não podem tirar as vagas depois da Seleção. – disse G.

– Espero mesmo. – afirmou Meg.


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