Apocalypse escrita por SuicideFish


Capítulo 6
Megan


Notas iniciais do capítulo

Finalmente, voltei!
Não planejo escrever até o fim do esperado, mas vou postar alguns capítulos e dar continuidade na história até não conseguir mais.

Espero que gostem do capítulo!



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— Ótimo. Ótimo. — Matthew murmurou, batendo as mãos contra as coxas. — Vamos lutar até um dos dois cair quase morto no chão. Por que não, né?

— Olha, eu estou tão desesperada quanto você. Mas não é hora para nos desesperarmos. Eu sei que você não vai me machucar. — Franzi a testa ao ver que sua expressão não havia mudado. — Você não vai me machucar, não é, Matthew?

— Não, não. Eu não... — Ele engoliu seco, comprimindo o lábio. — Megan, eu não posso lutar contra você. Eu não... — Observei-o cerrar os pulsos e dar meia-volta, dando de ombros. — Quer saber? Eu não vou lutar. — Ele voltou a me olhar nos olhos. — Olha, não sei se você já descobriu meu poder, mas... uma vez que eu me transformo, eu perco o controle. Simplesmente perco. Eu viro um verdadeiro monstro de três metros, e não consigo parar até que algo me faça parar.

Tentei manter a expressão calma em meu rosto, mas senti meu corpo todo começar a ceder. Já não bastava ter levado uma mordida de um lobo e uma descarga elétrica na perna. Agora eu seria esmagada por uma criatura de três metros totalmente desgovernada.

Prendo a respiração ao lembrar das lutas anteriores. Com sorte, a mordida não passava de uma sensação de desconforto, porém a descarga elétrica ainda fazia minha perna tremer. Suspiro fundo, tentando encontrar coragem o suficiente para falar. Estampo o mesmo sorriso malicioso de sempre, soltando uma risadinha. — Veremos.

Ouço a porta se fechar com um baque, olhando para trás. Dean estava de braços cruzados, expondo a pele levemente negra e as tatuagens em seus braços. — As donzelas estão prontas para lutarem? Eu não tenho o dia todo. — Ele se virou para Matthew. — Como você mesmo disse, Matthew, precisamos achar outro lugar logo. — Ele trocou olhares entre Matthew e eu, gesticulando para frente com as mãos. — O que estão esperando? Os ventos não vão lutar para vocês.

Olho para Matthew, assentindo com a cabeça. Percebo que, em algum momento no qual eu não estava prestando atenção, ele havia tirado a camisa, deixando o abdômen definido à mostra. Elevei a sobrancelha, vendo Matthew tomar seu lugar no campo. — Não achei que você fosse desse tipo, Matt. Infelizmente não vai funcionar, fofinho.

Ele riu levemente, balançando a cabeça. — Muito engraçado. Vamos ver se você também acha isso interessante. — Ele fechou os olhos, respirando fundo e curvando-se levemente. Em questão de segundos, um par de asas começou a aparecer em suas costas, crescendo até que suas penas alcançassem a altura de sua panturrilha.

Engulo seco, estralando os dedos levemente. — Eu te avisei, Megan. — Disse Matthew. Elevo o olhar o suficiente para encará-lo, e percebo que seus olhos haviam tomado uma coloração dourada.

— Boa sorte com isso, anjinho.

A luta começou. Não sabia do que Matthew era capaz, mas sabia que não era nada inofensivo.

Ele estava parado no mesmo lugar, com os olhos fechados, uma expressão séria estampada em seu rosto. Aproveitei para esfregar a mão uma na outra para criar uma aura azulada, que aos poucos formava duas esferas formadas de gelo desuniformes, moldadas com espinhos. Respiro fundo ao olhar para Matthew; sabia que tinha que lançar as esferas contra ele, porém não queria machucá-lo. Não poderia fazer isso.

De repente, o chão começou a emanar um tipo de luz em certos pontos. Em questão de segundos, dois tigres tomavam forma, encobertos por uma luz forte o suficiente para cegar um mortal.

Felizmente, eu não sou um.

Matthew fez um gesto para frente com as mãos, mandando os animais em minha direção em disparada. Tentei não entrar em pânico, pegando impulso para saltar para trás. Assim que salto, lanço ambas as esferas ao mesmo tempo, atingindo os animais na cabeça e na coluna, respectivamente.

Sorrio ao perceber o que havia acabado de fazer. Entretanto, as esferas não haviam sido suficientes. O gelo fizera pouco dano, derretendo em poucos segundos na luz que formava os animais. Olhei para os lados, e percebi que Dean me observava com um olhar perfurante. Balancei a cabeça; ele estava apenas me testando, eu sabia disso. No momento, precisava me preocupar com os tigres que estavam avançando contra mim lentamente, como se estivessem caçando sua presa.

Movimento as mãos rapidamente, forçando a cor esverdeada deixar a grama rapidamente, dando espaço para um círculo branco. Separo a massa indefinida apenas com um movimento de mão, cerrando os punhos rapidamente. A massa indefinida agora havia virado duas espadas de porte médio. Espero os tigres chegarem cada vez mais perto, quando de repente eles avançam sobre mim. Sinto minha respiração prender, enquanto lanço as espadas em suas cabeças. Em segundos, os animais não passavam de uma explosão de luz.

— Seus maricas. — Dean gritou, rindo com desdenho. — É tudo isso que podem fazer? Eu quero sangue. — Seu tom era frio. — Lutem de verdade, idiotas.

Sabia que Dean estava nos chantageando, porém suas palavras me afetavam; sentia como se ele estivesse me forçando a machucar Matthew. Olho para frente e percebo que ele também está tenso, porém seu olhar era de pura raiva. Num piscar de olhos, ele começa a avançar em minha direção, porém após alguns passos suas asas começam a se mover, fazendo ele levantar voo. Após atingir cerca de 3 metros da altura do chão, ele estava com as mãos abertas, criando uma espécie de esfera brilhante, feita inteiramente de luz. Franzi a testa ao perceber o que ele estava prestes a fazer, recuando alguns passos. Após algum tempo, meu corpo estava tomando a cor da grama e das árvores ao fundo, tornando-me completamente camuflada. Tive a esperança de ficar invisível por certo tempo, até conseguir pensar em algo para derrotá-lo.

Minha esperança acabou em poucos segundos.

Matthew começou a mergulhar no ar, pronto para lançar a esfera contra mim. Assim que ele a manda em minha direção, salto para o lado, pondo a mão sobre uma parte do solo feita de terra, removendo totalmente sua coloração marrom. Divido novamente a massa em duas partes, lançando uma delas em forma de disco contra a esfera brilhante, cortando-a no meio e, assim, explodindo-a no ar e, com um brusco movimento de mão, transformo o restante da massa em duas adagas, lançando-as em direção a Matthew em alta velocidade. Assisto o garoto desviar de uma das adagas, indo para o lado e, consequentemente, fazendo a outra adaga cravar-se em sua asa. Respiro fundo ao fazer o próximo movimento, puxando o pulso para baixo. A adaga cravada na asa de Matthew obedece o movimento, rasgando sua asa completamente.

Ouço Matthew urrar de dor e cair no chão, se contorcendo. — É disso que eu estava falando! — Gritou Dean novamente, soltando um urro de felicidade. — Vamos, Matthew, seu galinha! Vai deixar a íris aqui te vencer?

E então, tudo foi pelos ares.

Matthew estava parado no chão, imóvel. Luto contra minha vontade de correr até ele, mas tinha consciência de que eu fizesse tal, Dean não ficaria feliz. Tudo o que poderia fazer era ficar parada, observando sangue manchar suas penas brancas. De repente, uma luz forte começou a surgir de seu corpo, tomando-o em poucos segundos. O brilho era tão intenso que me obrigo a fechar os olhos por poucos segundos, até que a luz apagasse. E, quando abri os olhos, eu o vi.

Matthew havia se transformado. Agora, o mesmo garoto sorridente de 1 metro e 80 e cabelos lisos e loiros dera lugar para uma criatura de 3 metros, com olhos dourados, cabelo ondulado e longo e uma expressão séria. Sua asa não estava mais rasgada, e agora suas penas estavam da cor cinza. Uma faixa de couro cruzava seu peitoral, interligando-se a um cinto que continha uma espada com a bainha dourada.

Se eu possuía qualquer dúvida de que Matthew era um anjo, ela havia sido resolvida. Ele realmente era um anjo.

Rapidamente, ele levantou voo. Dessa vez, ele estava mais longe do solo, fixando seu olhar em mim. No momento, não sabia o que fazer. Percebi que Matthew estava vindo em minha direção, mergulhando no ar novamente, numa velocidade fora do normal. Em suas mãos havia uma outra esfera feita de luz, mas dessa vez ela brilhava mais e possuía um diâmetro muito maior. Eu não conseguia me mover; minhas pernas estavam grudadas no solo, e não respondiam mais aos meus comandos. Foi quando ele finalmente lançou a esfera contra mim.

E eu voei para trás.

Senti o impacto retirar o ar de meus pulmões, forçando meu estômago para trás. Fechei os olhos ao sentir a pontada de dor, sem perceber que havia sido lançada uns bons metros para trás, levando comigo um rastro de terra mesmo sem estar tocando o chão. E então, eu parei. A poeira havia abaixado. Eu abri meus olhos. E estava segurando a esfera em minhas mãos, a mesma esfera que deveria ter me explodido. E eu estava voando.

Assim que olhei para a esfera em minhas mãos, sua coloração mudou, passando do vermelho ao roxo, ao azul, ao verde, ao amarelo. As cores ficavam se repetindo numa velocidade inimaginável. Comecei a sentir vários choques correrem por meu corpo, todos se direcionando à esfera, que começou a se dissipar lentamente e tomar conta de meu corpo, envolvendo meus braços, minhas pernas, meu tórax. Em pouco tempo, eu estava encoberta por uma aura colorida, que rapidamente havia ficado totalmente branca em função da incontrolável troca de cores. Era como se eu estivesse em outro corpo. Como se toda essa energia me fizesse outra pessoa.

Olhei para minhas mãos. O brilho emanado pela aura era tão intenso que não sei como havia ficado cega. Então, lembrei-me de Matthew, e uma onda de raiva tomara conta de mim, modificando a coloração da aura para um vermelho cor-de-sangue. Consegui pegar impulso apenas movimentando as mãos para trás, voando até chegar à minha posição inicial, a poucos metros de Matthew, que estava com a mesma expressão séria e fria de antes.

Agora, estávamos no mesmo nível. Percebi que ele estava com a mão na bainha da espada, então estendi minha mão na direção das árvores, retirando sua cor esverdeada. Assim que a massa estava em minhas mãos, a mesma aura vermelha a envolvera, transformando-a numa espada.

Matthew estava avançando contra mim, a espada em mãos. Posicionei-me com minha espada, colidindo sua lâmina contra a de Matthew assim que elas se tocaram. Estávamos frente a frente, e pude perceber que não era apenas sua íris que estava dourada: seu olho inteiro estava. Sem muito esforço, ele tomou impulso, me lançando para trás; o impulso fora tamanho que largo minha espada, deixando-a cair para baixo. Assim que a espada tocou o chão, ouvi um grito de dor.

Ao olhar para baixo, percebi que a espada estava no pé de Dean, e ele estava no chão, segurando a bota.

— Chega! CHEGA! — Sua voz tornou-se mais grossa, tomando um ar demoníaco. Isso fez Matthew olhar para Dean, que o encarou como se estivesse encarando alguém morto. Em poucos segundos, a espada de Matthew estava no chão, juntamente com seu corpo desmaiado. Olhei novamente para Dean, e percebi que ele estava me olhando com o mesmo olhar. Senti meu corpo amolecer, a aura vermelha estava desaparecendo.

E a última coisa que lembro foi meu corpo colidindo com a terra.

*

Acordei no meio da madrugada em busca de ar, ofegante. Engoli seco, pondo a mão sobre a testa, quando me lembro do que havia acontecido durante o dia. As lutas. Matthew se transformando. Dean com a espada cravada no pé. Eu me transformando em algo que não sabia dizer o que era.

Ouvi vozes vindas do quarto ao lado, e saltei da cama no mesmo instante. Ergui as sobrancelhas ao perceber que meu quarto estava girando, me agarrando na cabeceira da cama na tentativa de fazer as paredes pararem de se mover. Realmente, minha queda foi feia.

Enquanto isso, as vozes ainda estavam no quarto ao lado. Esperei até a tontura passar, fechando os olhos. Ao abri-los, meu corpo estava da mesma cor das parede, mudando sua coloração enquanto eu caminhava para adaptar ao material atrás de mim. Esbocei um leve sorriso; estava ficando boa nessa coisa de camuflagem.

Sai do quarto lentamente, cuidando para não fazer barulho ao abrir a porta. Comecei a caminhar em direção à voz, e percebi que era a de Dean. Esgueirei-me pela parede, tomando sua cor. Esperei até que ele falasse de novo, comprimindo o lábio.

— Como vocês esperam que eu faça algo desse tipo? A garota enfiou uma espada verde em meu pé hoje. — Ele suspirou. — Sim, sim, verde. Olha, ela tem a capacidade de controlar tudo, praticamente. Ela retira as cores de qualquer objeto, ela pode voar. Ela absorve luz, pode criar gelo, e não duvido que controle o fogo. Escute, Leda, se você me quer de volta, vamos ter que negociar. Eu não sei como vocês me acharam, mas eu me recuso a voltar àquela vida. Ou você deixa minha vida e meu corpo em paz, ou não terá a garota. O garoto? — Dean riu com desgosto. — O garoto é um anjo de verdade, Leda. Vira uma criatura incontrolável, capaz até de matar a própria irmã. — Senti meu corpo tremer ao ouvir a palavra, puxando o ar com força. — Não, claro que ela não... Espere.

Ouvi os passos de Dean chegarem mais perto da porta, e torci para que ele não me visse. Ele colocou a cabeça para fora, franzindo a testa enquanto vasculhava o local. Após algum tempo, ele fechou a porta novamente, trancando-a.

— Não, ela não sabe. Diabos, ela não se lembra nem de si mesma, quanto mais de mim ou do irmão. Agora, dr. Leda, eu espero que nosso acordo se mantenha em pé. Você terá os gêmeos. Mas eu preciso de algo em troca. — Houve uma pausa. — Liberdade, dr. Leda. Eu quero liberdade.

Percebi que ele havia desligado o telefone, e uma sensação de desconforto surgiu em meu corpo. Olhei para minhas mãos e vi que a camuflagem estava falhando, fazendo minha pele voltar ao normal.

— Droga. — Murmurei num tom praticamente inaudível, correndo para as escadas. Ouvi a porta do quarto de Dean ser destrancada assim que cheguei ao fim da escada, percebendo que ele estava atrás de mim.

— Vai a algum lugar, Megan? — Mordi o lábio, virando para trás. Ele estava no topo da escada, com as mãos atrás do corpo.

— Ahn... Não, Dean. Só vim ver se meu... — Engoli seco ao realizar que estava prestes a falar “irmão”. — Se Matthew estava bem.

Ele deu de ombros, ainda com o olhar focado em mim. — Ele tem capacidade de cura, não precisa se supervisão. Sugiro que você volte para o seu quarto, amanhã sairá numa missão.

Elevei a cabeça rapidamente, olhando para o rapaz. — É... Obrigada, eu acho. — Olhei uma última vez para o corpo de Matthew, agora em sua forma normal, quando comecei a subir novamente as escadas. Ao passar por Dean, moldei um sorriso sarcástico, falando num tom baixo. — Não irei lhe decepcionar. Boa noite.

Tentei andar o mais rápido possível sem parecer desesperada, fechando a porta de meu quarto rapidamente. Escorei as costas na madeira, escorrendo-as pela porta até sentar no chão, enterrando as mãos entre a cabeça.

Algo me dizia que amanhã seria definitivamente... interessante.


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