Esparros escrita por Emme


Capítulo 9
Capítulo 9- Samanta


Notas iniciais do capítulo

Sam possui um coração híbrido, parte carioca e parte mineiro, de forma que tudo que faz é intenso e sincero. Preparem-se pra se apaixonar pela alma doce e personalidade marcante da nona integrante do "Esparros".



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Tudo era uma cena em câmera lenta. Enquanto o DJ tocava uma música eletrônica a toda altura, daquelas que te deixam preenchido por vontade de dançar e pular, as diversas luzes coloridas da festa iluminavam Sam em toda a sua glória. A forma na qual dançava, como se a batida selvagem que dominava o ar fosse apenas uma expressão de sua personalidade, fazia com que todas as atenções fossem dadas a ela.

Entretanto, ela não era intensa apenas na dança. Sam era uma garota que se dedicava com intensidade a tudo ao seu alcance (desde que não envolvesse física ou química), talvez porque fosse uma pessoa de coração híbrido, apaixonado pela cidade natal, o Rio de Janeiro, e perfeitamente adaptado ao novo lar, em Belo Horizonte. Ou, simplesmente, ela apenas fosse assim por todos os sentimentos, frustrações, experiências e horas de Lana Del Rey que constituíam a garota, bonita por dentro e por fora.

Então, tudo que Samanta pretendia pela semana que estava por vir era se divertir com os amigos e dançar como se fosse seu último dia. Ela, junto com Helena, Laís, Pedro, Nicolas, Diego e Hugo haviam ido para Porto Seguro na tão esperada viagem de formatura. Os demais amigos, por diversos motivos, não puderam ir, mas o que Sam podia fazer era se divertir por eles e contá-los tudo quando voltar para a capital mineira.

O esquema de porto era, na teoria, prático. Cada dia da semana ia ser marcado por determinados eventos e shows, o que dava a Sam a oportunidade de exibir suas roupas incríveis que ela e Vic escolheram. O primeiro dia da viagem, segunda, teria a festa branca (“white party”) e uma apresentação de Axé da banda Eva. Não era o dia o que Sam mais esperava, ela curtia funk como uma boa carioca, mas isso era o de menos.

A questão é que, mesmo com toda a agitação, animação e clima de festa que Porto Seguro exalava, Sam estava com alguns pensamentos confusos ocupando sua cabeça. Antes de viajarem para a cidade baiana, ela e Hugo haviam saído e ficado algumas vezes em segredo. Agora, com tantas pessoas divertidas e bonitas para conhecer, ela não sabia se o amigo ainda pretendia continuar

O fato de Hugo ser fechado e não expressar seus sentimentos com frequência complicava a história ainda mais. Ele queria a exclusividade que Sam estava disposta a oferecer? Ou estava a fim de conhecer meninas novas?... Tanta coisa a se pensar e nenhuma coragem para conversar sobre, de ambos os lados.

De toda a forma, ela tinha que decidir logo o que iria fazer, porque se Hugo não estivesse a fim de ficar unicamente com ela, Sam iria aproveitar a viagem da melhor forma que pudesse, o que incluiria mostrar interesse em novas pessoas. Assim, lá estava ela, na “White Party” do primeiro dia de viagem, vestida toda de branco, dançando e, por dentro, esperando um sinal de Hugo. Haveria um “nós” em Porto Seguro, ou seriam só amigos prestes a se relacionar com pessoas de outras regiões?

Quando a festa acabou, todos estavam exaustos. Os amigos foram aos seus dormitórios, ainda relutantes em dormir, mas descansar era necessário para aproveitar o dia seguinte. E, de fato, quando o show de terça feira, chegou, Sam estava disposta a beber até não poder mais. Enquanto colocava um copo farto de vodka com refrigerante ou energético (ela não sabia qual dos dois ao certo), podia jurar que era a milésima vez que ouviam alguma música do Dj Manteiga. Tomara que o repertório das festas seguintes fosse mais variado...

O que Samanta não esperava era que beber tanto fosse te deixar tão ruim. Naquela noite, no dormitório, ela ficou um bom tempo no banheiro, vomitando aos cuidados de Helena, que não bebia e, provavelmente, era uma das únicas pessoas em Porto que poderia contar até 100 sem se perder.

Helena se sentou ao lado da amiga. Sam se virou e a encarou. O conforto que ela transmitia era profundo, a ponto de Sam decidir contar o que sentia em relação a Hugo. Confessou que haviam saído antes da viagem, que se beijaram e que, agora, estava perdida sobre o que fazer em relação a ele. A amiga ouviu tudo com calma e ficou sem silêncio.

– Você devia reparar na forma com que ele observava quando algum cara pedia para ficar com você. Ou a expressão nada discreta de alívio quando você negava. Acho que vocês sabem exatamente o que fazer Sam, só precisam ter um pouco de coragem.

Uma ânsia de vômito subiu pela garganta de Samanta, que se debruçou sobre o vaso por alguns segundos. Ela respirou fundo e, novamente, encontrou os olhos castanhos vivos de Helena. Dessa vez, ambas riram.

Na quarta, a festa das cores era o evento mais esperado do dia, afinal, quem não gosta de ter jatos de tinta, líquida e em pó, sendo lançados no seu corpo enquanto você dança, pula e se diverte? Para essa ocasião, Samanta não escolhera nada muito complexo para vestir, apenas sandálias baixas confortáveis e roupas de tons claros, para que a tinta ficasse o mais visível possível.

Hugo estava metodicamente bonito. A mesma sobriedade seca no olhar, o corpo magro e esguio coberto por roupas não muito largas. Uma súbita vontade de abraçá-lo surgiu, mas ela se controlou. A festa iria começar e, antes mesmo de estarem todos dentro do espaço destinado ao evento, foram atingidos por jatos de tintas vermelha e rosa, além de pó verde.

Aquela, sem dúvidas, era uma das melhores comemorações. Diego, Pedro... Todos os amigos estavam dançando, com exceção de Sam que estava apoiada no balcão pegando algo para beber, por enquanto, sem álcool.

–Por que não para de beber e vem dançar?- ela ouviu a voz de Hugo, que se aproximava com o rosto numa mistura de laranja com marrom.

–Já estou indo, só vou beber alguma coisa antes- Ela disse, o canudinho com guarda- chuvinha na boca.

E, do nada, pararam de falar. Ele ficou vermelho e ela sabia exatamente o que aquilo significava. Sam ignorou tudo: A música alta que explodia nas caixas de som, os olhares interessados que vinham em sua direção, e segurou a mão de Hugo. Ele retribuiu, tocando as unhas escarlates de Sam que brilhavam com o neon dos refletores, e sorriu.

Beijaram-se em seguida. Uma mistura de calor, sentimento e tinta. Um momento que se repetiria muitas vezes...


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