E se eu não lembrar? escrita por Evelyn Andrade


Capítulo 13
Abaixando as defesas




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–Quem é você? - Eu pergunto

Nenhuma resposta, a pessoa completamente vestida de preto continua a me encarar com seus olhos negros.

–Você é um Parça? - Pergunto

A pessoa pula a minha frente me prendendo pelo pescoço enquanto minhas costas batem contra a porta.

–O que você sabe sobre isso? - Pergunta a voz decodificada por algum aparelho, minhas esperanças morrem, eu nunca reconheceria aquela voz.

–Você matou a minha irmã! - Acuso

A pessoa ainda me encara sem vestigios de humor.

–Era um mal necessário. - Responde

–Você é doente! - Eu grito

–Minha familia vem de uma linhagem muito limitada, sabia disso?

–Sua familia vem de uma linhagem de assassinos!

–Você não entende, nunca poderá entender! - Diz a pessoa apertando meu pescoço mais fortemente.-Costumamos ter medo do que não conhecemos.

Eu balanço a cabeça.Meu pé pisa fortemente no do agressor enquanto ele pula pra trás em surpresa, eu o soco no estomago como fazia quando era criança.

–Socorro! - Grito

O agressor se recupera rápido demais tapando a minha boca e me arrastando pelo quarto,eu iria morrer? era a pergunta que perambulava pela minha mente sem precedentes, uma raiva tomou conta de meu ser como nunca antes, o medo de morrer se tornou adrenalina em minhas veias e eu pulei de susto quando o pipoco da lampada estourada se fez presente no quarto, os pedaços de vidro caíram sobre minha cabeça e o agressor parou.

–Isso é impossivel. - Ouvi seu sussurrar

–Tem alguém ai? - Perguntou alguém na porta

A porta foi aberta abruptadamente revelando a garota loira de mais cedo, ela passou os olhos por mim e em seguida no quarto.

–Você está bem? - Perguntou ela entrando

Eu virei-me para onde o agressor antes estava e não havia nada, nem uma prova de que ele estivera realmente ali.

–Você está uma bagunça. - Comenta a garota de cabelos loiros divertida

Eu prendo a respiração ainda sentada no chão e abraço meus joelhos.

–Ele voltou. - Sussurro

O sorriso da garota se esvai enquanto ela se abaixa na minha direção.

–Quem voltou Rose? - Ela pergunta

Eu levanto meus olhos para o rosto delicado da garota a minha frente e encaro seus olhos verdes nada parecidos com o do seu irmão.

–A pessoa que matou minha irmã, ela voltou. - Digo com um soluço mudo saindo por minha garganta.

A garota se levanta rapidamente pegando o celular do bolso traseiro enquanto eu ainda continuo lá sentada.

–Algo aconteceu. - É o que ouço ela dizer

Eu me levanto sobe seu olhar critíco e me deito na cama, meu corpo parece flutuar como se eu houvesse cheirado algum tipo de pó e minha mente estava uma confusão assim como minhas memórias, eu puxo os lençóis para cima de meu corpo me cobrindo na vã tentativa de ficar invisivel.

Era tão patético eu me sentir tão vulneravel que eu fiquei com raiva de mim mesma por isso, eu queria matar quem matou minha irmã, queria respostas para todas as minhas perguntas mudas mas ao mesmo tempo em que ansiava por isso eu sentia que as respostas me quebrariam de uma forma que nada jamais me quebrou.

Eu estava certa de três coisas.

Primeira: Eu estava envolvida em uma teia de mentiras tão grande que era possivel que eu não conseguisse me desenrolar.

Segunda: Minha irmã estava envolvida com algo pesado, algo que era tão perigoso a ponto de alguém querer mata-la.

e Terceiro: Eu sabia quem era o assassino, eu só não conseguia me lembrar quem era.

As palavras da minha alucinação com Raquel voltaram a minha mente "Você está jogando errado" e então eu entendi como aquela frase de uma forma simples e complexa fazia sentido agora,Estou em um jogo de mentiras, e não estou jogando direito. A partir de agora, todos são suspeitos.

–Rose?

Meus olhos focam no rosto que rapidamente apareceu preocupado ao lado de minha cama, Dimitri.

–O que aconteceu? - Ele pergunta

Eu volto a encarar o teto, branco e limpido.

–Eu estou bem. - Digo

Ele pragueja alguma coisa estranha enquanto se levanta e se senta ao meu lado na cama.

É incrivel quando alguém sabe que o seu "Estou bem" é na verdade um "Me abraça"

Dimitri continuou me encarando e eu tive a sensação de que ele não sairia dali até ter uma resposta concreta, resposta essa que eu não daria.

–Rose, sabe que pode confiar em mim não é? - Ele pergunta

Eu balanço a cabeça.

–Então por que não me conta o que aconteceu?

Eu sorrio fracamente.

–Não aconteceu nada. - Respondo

Ser convincente não era meu ponto forte por isso não escolhi ser atriz como profissão.

–Pode ir por favor? preciso dormir um pouco. - Peço

–Felicity disse que você estava gritando no quarto. - Ela diz preocupado

–Quem é Felicity? - pergunto

–Minha irmã.

–Hum...

–E então? - Ele pergunta

–Eu estava tendo um ataque bipolar. - Digo

–Você não tem ataques bipolares Rose.

–Eu quebrei a unha.

–Você não é Fútil a esse ponto.

–Eu vi um filme, fiquei triste e comecei a gritar sozinha.

–Não tem TV no seu quarto.

–Eu assisti no notebook.

–Qual o nome do filme?

–Hum... Um amor para relembrar.

–Não seria 'Um amor para recordar'?

–Isso também vale. - Respondo cansada de dar desculpas

–Você e eu sabemos que você mente pessimamente mal.

–Você não me conhece.

Ele sorri zombeteiro algo que caia bem nele e o deixava mais jovem.

–Você odeia maçã,queria ter olhos azuis,seu dedo mindinho é grande e você odeia isso,seu pai faleceu quando você tinha seis anos, você quer ser professora de Matemática, prefere filmes a livros, odeia praia, prefere salgado a doce, sua cor preferida é Amarelo, quando você tinha doze anos criou um blog sobre moda que não durou dois meses, Raquel adorava pegar roupas suas emprestadas, você calça 39 e você sonha em morar em Los angeles.

Minha boca se abre em descrença quando percebo que tudo o que ele fala é verdade e isso me deixa completamente confusa.

–Como sabe disso tudo? - pergunto

–É um segredo que vou levar pro túmulo. - Respondo sorrindo

E de repente, só de estar assim com ele eu me sentia melhor.


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