Maybe escrita por Ella


Capítulo 9
Amigos


Notas iniciais do capítulo

Olá amores, vocês já perceberam que eu gosto de diálogos, certo? Esse capitulo é quase só diálogos e acho que não ficou tão bom. Sinto muito.
xx Ella
p.s: Nos vestidos das meninas tem um link legal pra vocês darem uma olhada nos vestidos de verdade. Adoro esses vestidos.
p.s.s: Quando vocês olharem para o nome "Diana" leiam "daiene" e "Didi" leiam "daidai" ok? Me façam feliz.
psss: Acabei de perceber que o link pro vestido da Becca não tá funcionando e eu não consegui colocar :((, mas aqui o link http://scontent-b-mia.cdninstagram.com/hphotos-xaf1/l/t51.2885-15/10817749_849197711789667_639215842_n.jpg



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Becca estava sentada na ponta da minha cama calçando os sapatos enquanto eu terminava a minha maquiagem. A festa beneficente da Companhia Mogan, a empresa dos nossos pais, que levava o meu sobrenome porque os pais de Becca pegaram a ideia já em andamento, aconteceria em um salão de hotel não muito longe. Já devíamos estar lá para ajudar na recepção dos convidados, mas estávamos consideravelmente atrasadas.

– Ainda vai demorar muito? - perguntou Luke batendo na porta.

– Já vamos descer - gritei de volta.

– Vocês disseram isso há 20 minutos atrás - ele retrucou.

Dei uma última olhada no espelho, andei até a porta e abri. Luke usava um terno bonito e uma gravata azul, realçava os seus olhos.

– Nada mal - comentei passando o olhar por ele.

– Você também não está de se jogar fora, maninha - ele sorriu.

Era o máximo de elogios que conseguiríamos dar um ao outro. Eu usava um vestido Armani preto, sem alças, com um decote coração discreto, marcado na cintura e que ia até o chão em um estilo um tanto sereia, a saia contendo uma renda sobreposta com lascas de tecido nela. Me sentia bonita.

Luke já não prestava atenção em mim, seus olhos estavam cravados na garota que tentava assiduamente abotoar o salto preto ao seu pé. Rebecca estava deslumbrante em um vestido Zac Posen vermelho com um decote V e barra transversal. Ela finalmente conseguiu o que queria e levantou o olhar para nós.

– Vamos? - Rebecca naquela roupa parecia uma vadia e um anjo ao mesmo tempo.

– Você está linda, Becca - elogiou o meu irmão.

Revirei os olhos.

– Vamos - e o puxei porta a fora. Rebecca nos acompanhou - Tente não babar - sussurrei no ouvido dele.

Um carro nos esperava na frente do prédio, entramos e o motorista nos levou ao destino previsto. Rebecca e Luke conversaram durante o caminho, eu não prestava muita atenção.

Aquela semana tinha sido extremamente cansativa. Voltamos da casa da vovó na segunda e Rebecca e Henry já tinham oficializado o namoro, era terrível, e meu irmão não estava com o humor agradável também. Estava tentando de verdade me sentir feliz por ela, mas era difícil, nunca tinha atuado tanto em um período tão grande da minha vida.

Chegamos ao Palace´s e descemos, o lugar era magnífico tanto do lado de fora como por dentro. Várias pessoas já estavam no salão adornado de modo elegante, todos vestindo roupas caras e forçando sorrisos. Ia ser uma noite longa.

Avistamos Peter, Henry e Joseph conversando em um canto, estávamos mesmo atrasados. Caminhávamos até eles quando minha mãe nos interceptou.

– Vou ter que esfregar um dicionário na cara de vocês pra assim entenderem o que significa a palavra "cedo"? - voz dela era casual como se falasse do tempo, no entanto, sabia que ela estava furiosa e fingia pelos convidados ao redor.

– Não é culpa minha - Luke levantou as mãos.

Traíra.

– Desculpe, tia Amy, perdemos a noção da hora, não vamos mais deixar acontecer - Rebecca respondeu.

Minha mãe nos fitou de olhos cerrados.

– Ok, estão livres dessa, está dando tudo certo por aqui mesmo, as doações estão ótimas - minha mãe sorriu. - Vocês estão uma graça.

Mamãe era sempre legal com a Becca, ela era como a filha que só dava orgulho. Nunca tive inveja nem nada, minha amiga merecia um pouco de reconhecimento, já que tem de aturar toda a história com a irmã mais velha em casa.

Agradecemos e voltamos para o nosso trajeto original. Os meninos nos avistaram quando chegamos mais perto e sorriram.

– Vocês estão lindas - elogiou Henry.

Corei um pouco e Rebecca lhe deu um beijinho, desviei o olhar.

– Obrigada - murmurei.

– Eu não ganho um elogio? - perguntou Luke.

– Já passo muito tempo com você, minha namorada pode ficar com ciúmes - brincou Henry.

Namorada.

– Não te acho bonito - comentou Peter.

– E eu não sou gay - Joseph deu de ombos.

Rebecca e eu estávamos rindo.

– Nada a ver. Vou elogiar vocês: Vocês estão gatos demais, caras - Luke argumentou.

– Vocês não disseram que iam arranjar uma namorada pra ele? - indaguei.

– Não é assim bagunçado, Morgan, tem todo um processo - disse Joseph.

A conversa foi fluindo e a noite totalmente entediante não estava tão ruim; rimos, brincamos, bebemos e só nos separamos quando Henry chamou Rebecca para dançar, havia um espaço no meio do salão e algumas pessoas já faziam isso. Logo após, Luke foi pegar uma bebida.

– Eles formam um casal legal - Peter apontou para a pista de dança.

As músicas lentas e agradáveis preenchiam o lugar. Assenti com a cabeça. Mergulhada nos meus pensamentos voltei a mim quando notei que Joseph fazia uma leve mesura na minha frente e me estendia a mão.

– Me dá a honra dessa dança, milady?

Revirei os olhos e fiquei um tempo olhando para sua mão estendida.

– Vamos, é só uma dança, não seja chata, Morgan, meus pés estão dormentes de ficar parado aqui - ele não parecia estar brincando, então peguei a sua mão.

– Tudo bem. - a mão dele era quente e grande em comparação a minha. Me virei para Peter - Você vai ficar bem, sozinho aqui?

Ele assentiu com a cabeça.

– Luke já deve estar voltando.

E com isso eu e Joseph andamos até o meio dos casais ridículos, nos colocamos no lado oposto a Rebecca e Henry. Pus uma mão no seu ombro e peguei a outra tentando ao máximo afastar os nossos corpos, porém assim que colocou a mão na minha cintura ele me puxou para mais perto. Balançávamos de um lado para o outro conforme a música. Meu coração batia enlouquecido, porque Joseph é um garoto e um garoto bonito que estava muito perto, nada demais.

– Como é isso? - ele estava me olhando.

– Isso o quê?

– Isso de gostar do namorado da sua melhor amiga.

Se ele não estivesse me guiando eu provavelmente teria tropeçado.

– Não sei do que você está falando - tentei deixar a expressão impassível.

Era impossível ele saber, eu não contei a ninguém, exceto para Anna, mas ela nunca falaria a outra pessoa.

– Só um cego não veria que você engole ele com os olhos. Ela sabe?

– Eu não faço isso!

– Não mesmo - ele sorriu, - mas você desvia o olhar sempre que eles se acariciam ou falam algo um para o outro.

– Claro! Não é educado ficar olhando - desviei dos olhos dele, era mais fácil mentir assim.

– Não me convenceu - ele concluiu.

Suspirei. Joseph nunca largaria a ideia, provavelmente comentaria com mais alguém e eu precisava que ele ficasse de boca fechada, porque se Rebecca cogitasse a possibilidade ia ser um desastre.

– Ninguém vai acreditar em você - disse voltando a encarar as orbes amarelo âmbar.

Ele demorou um tempo pra responder.

– Não ia contar pra ninguém... Mas é uma pena.

– O que é uma pena? - já estava irritada.

– Aquele cara, seu amigo... Como é mesmo nome dele? - Joseph franziu a testa.

– Peter?

– Isso! Esse Peter, ele está amarradão em você.

– Você é o quê agora? O guru do amor?! - estava um pouco exaltada - Você nem o conhece.

– Ele fez uma cara horrorosa quando te chamei pra dançar.

– Ah, claro, então conforme a sua lógica, já que você sorriu quando cheguei, você está completamente apaixonado por mim - revirei os olhos.

– Mas isso não é novidade nenhuma, querida - o sorriso dele ficou mais cafajeste do que nunca.

Corei muito, a pele do meu rosto queimava.

Sabia que não era verdade, ele só estava dizendo aquilo para provar a teoria estúpida e me deixar sem graça.

– Você é um idiota. - tentei sair andando, mas ele me segurou firme pela cintura - Me solta - ordenei no meu tom mais perigoso.

– Assim você me magoa, Morgan, fique, continue dançando e prometo me comportar.

O observei por um instante.

– Ok - me rendi, sabia que ele não desistiria mesmo.

Voltamos a dançar em silêncio até que ele soltou:

– Se gosta mesmo dele deveria tentar...

– Rebecca é minha melhor amiga e ele não sente a mesma coisa, então nem comece - o interrompi.

– Tudo bem, mas todos sabem com quem Rebecca vai acabar no final das contas - ele deu uma piscadela.

Joseph estava falando do Luke, eles eram amigos, não estava surpresa por ele saber.

– Não sei se ela sente o mesmo - falei com pesar.

– Talvez algum dia sinta - ele deu de ombros.

– Detesto esse talvez. Talvez as coisas aconteçam ou talvez não aconteçam e todos nós vivemos em prol de todos esses "talvez". Por que não podemos só ler a última página do livro e acabar com todo esse mistério? - bufei.

– A graça do livro é o mistério e mesmo assim o mistério não acaba com o final, Morgan. Sabe quais foram as últimas palavras de François Rabelais? "Saio em busca de um grande talvez.". O talvez nunca acaba, nem com a morte.

– Que François vá para o inferno com o talvez dele.

Ele riu.

– Se as pessoas soubessem o final não acha que ela seriam miseráveis? - perguntou ele.

– Acho que faria delas menos miseráveis, elas viveriam para se tornar algo melhor.

– Mas não se pode mudar o livro quando ele já está pronto, Catherine.

Fiquei pensativa alguns instantes até notar algo.

– Nunca tinha ouvido você me chamar de Catherine - sorri.

– É o seu nome, não? - Joseph perguntou como se fosse óbvio.

– Mas você nunca me chama por ele - observei.

– Gosto de como Morgan soa.

Sorri mais ainda.

– No final das contas aqui estamos, conversando como velhos amigos - revirei os olhos.

– Acho que bem no fundo sempre fomos amigos, - ele disse com uma careta - se o Mist's Valley não tivesse fechado aquele ano, provavelmente teríamos ficado mais próximos.

– Lembro de você ter me carregado até a enfermaria quando quebrei o pé.

– E eu lembro de você ter cedido a sua sobremesa para mim.

– Nem gostava tanto assim de torta de groselha.

– Você adora tudo que tem açúcar, Catherine - contestou ele.

Nós rimos. Continuamos dançando até que uma voz nos interrompeu.

– Joseph? - Diana estava parada ao nosso lado aparentemente surpresa.

Nos afastamos.

– Didi - ele pareceu feliz em vê-la.

Diana era do tipo que qualquer um sonha: ruiva, cheia de curvas, esperta... Joseph era afim dela há alguns anos, ela frequentava o MV conosco. Ele se abraçaram.

– Você está ótimo! O que faz aqui? - perguntou a menina com seu melhor sorriso.

– Obrigada. Você continua linda. - a confiança irritante dele estava derramada em cada palavra, mas Diana parecia gostar - Estou estudando na Columbia - continuou.

– Que maravilha! Estava pensando em ir pra lá e... - ela continuou falando e falando.

Eu fui totalmente deixada de lado, saí de fininho de perto deles e fui procurar pelos outros. Rebecca e Henry estavam conversando com umas pessoas e Luke flertava com uma garota, eu não via Peter em lugar nenhum. Caminhei até o meu irmão.

– Você viu o Peter? - indaguei quando cheguei perto.

Ele interrompeu a conversa com a menina e se virou para responder.

– Ele foi embora, falou algo sobre ter o que fazer amanhã cedo.

– Ah - exclamei.

Luke voltou a conversar com a garota e eu me senti extremamente sozinha. Me afastei deles e sentei em um móvel encostado na parede, quando voltei a prestar atenção percebi que Henry e Becca vinham ao meu encontro, preferia ficar só do que isso.

– Se divertindo? - perguntou Becca.

– Claro, também sou uma velha muito velha e culta - respondi com sarcasmo.

– Você parecia estar se divertindo com o Joseph na pista de dança - comentou ela em um tom sugestivo.

– Nem vem, Rebecca, não tem nada a ver - bufei.

– Não, eu não tenho olhos agora - ela me encarou.

– Olhos e uma imaginação fértil - retruquei.

– Você não concorda que eles formam um casal bonito, amor? - ela voltou-se para Henry.

Amor...

Por um segundo pude perceber o conflito dele sobre o que responder, mas quando sorri ele assentiu.

– Fazem.

– Quem foi mesmo que disse que "o amor e o ódio são separados por uma linha tênue"? - indagou ela.

– Não acho que isso tenha um autor legitimado, Becca - Henry sorriu.

– Tanto faz - ela deu de ombros - ainda é válido.

– Essa também é: "Não existe uma linha tênue entre o amor e ódio. Na verdade, existe uma Muralha da China armada com soldados armados a cada 6 metros, entre o amor e o ódio." - cruzei os braços.

– Não cite House M.D. pra mim, Catherine, e House é um personagem de série, não é nada válido - teimou Rebecca.

Estava difícil me concentrar na conversa já que Henry a abraçava e ela estava encostada nele. O aperto no meu peito era agonizante.

– Não pode desconsiderar falas de personagens, Rebecca, você excluiria quase todos os pensamentos brilhantes que o entretenimento já proporcionou - rebati.

– Qual é o motivo da discussão? - indagou Joseph que tinha surgido do meu lado.

– Nada - eu e Rebecca respondemos em uníssono.

– Ok... - disse Joseph passando o olhar pelos nossos rostos - Eu estava te procurando, - ele se virou para mim - pode vir comigo?

Minha vontade era de dar uns tapas na Rebecca e acabar com a sua cara de satisfação, Henry só se divertia com tudo.

– Posso - não perguntei exatamente o que ele queria, eu só desejava sair dali.

Atravessávamos o salão quando ele disse:

– De nada.

– O que você quer? - meu tom era impaciente.

– Nada. Só achei que você não estaria confortável sozinha com aqueles dois. Então: não tem de quê.

– Obrigada - suspirei, - e a Diana?

– Me livrei dela quando vi que você estava em apuros - ele sorriu.

– Eu não estava em apuros, ok?

– Pensei em sair daqui e ir comer algo decente, quer vir? - perguntou me ignorando.

– Ei! Eu ajudei a escolher os canapés, e eles são ótimos - exclamei.

– Mas são canapés, não acaba com a fome de ninguém.

Revirei os olhos.

– Preciso avisar os meus pais - tentei procurá-los, porém Joseph me puxou para a saída.

– Você pode mandar uma mensagem de texto.

Era estranho aquilo, estranho pensar em Joseph como alguém que me salva de conversas incômodas, que me convida para comer com ele, estranho pensar nele como um amigo.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Não sei quando vai sair o próximo, então aproveitem esse.
xx Ella