Chegando perto da campina da cornucópia que ficava bem ao lado do riacho olho para o céu e me assusto com o que vejo.

O céu que estava claro, azul e brilhando tornou-se preto de uma hora para a outra. Como se o dia tivesse se tornado noite do nada.

Parecia uma nuvem negra, como uma tempestade, mas se movia rápido demais para ser uma nuvem.

Quando chegou bem perto de mim eu pude ver o que era. Um enxame de teleguiadas. Elas vinham para cima de mim como jatos prontos para me atacar.

Corri até me faltarem pernas, mas não tinha para onde eu fugir. Não conseguia pensar em nada, apenas em correr. Senti a primeira picada. No mesmo instante tudo ao meu redor mudou. Então deve ser verdade, a picada de uma teleguiada causa alucinações e em casos mais drásticos, causa até mesmo a morte.

Corri ainda mais, senti que eu estava voando, havia nuvens do meu lado e eu voava e voava cada vez mais alto e mais rápido. Outra picada e outra. Então eu cai, e houve mais picadas, gritava para mim mesma que eu devia voar de novo, ou correr. Mas se ficasse ali iria morrer.

Cambaleando e tropeçando em meus próprios pés sinto uma dor causticante até que dou de cara em... água?

Tento lembrar de tudo que me aconteceu até agora mas estou tão confusa, não consigo respirar então fico em pé, mas no momento que eu me levanto sinto mais picadas em meu rosto e caio de costas no que eu acho ser o riacho ao lado da cornucópia. O céu ainda está escuro.

Ouço o bum do canhão, ou talvez eu esteja imaginando. Não tenho mais certeza de nada desde a nuvem preta no céu. Na verdade tenho certeza de uma coisa, teleguiadas foram mandadas com um único propósito, me matar. E sei exatamente de quem foi a ideia disso.

O que devo fazer? Tento pensar mas é tão difícil.

Saio de novo do riacho para respirar e mergulho outra vez. Vamos Johanna pense, o que deve se fazer com picadas de teleguiadas, você sabe.

Primeiro tirar as ferroadas.

Ouvi o som de outro canhão e começo a ficar desesperada. Com as pontas dos meus dedos procuro os lugares em meu corpo que estão com um calombo.

Mão, canela, antebraço, bochechas, testa, pescoço.

Eu tiro todas as ferroadas do meu corpo, e tento lembra o que mais devo fazer. Respirar, Johanna você precisa respirar. De tempo em tempo eu volto para a superfície para respirar e então retorno para o fundo do riacho. O céu ainda está escuro. E depois de alguns minutos que pareceram vidas o céu foi se abrindo e o céu até estar totalmente claro sem nenhuma mancha negra. Mas ainda tenho medo de sair do riacho e ser picada por alguma teleguiada.

Volto para superfície totalmente fora de mim e sei que estou tendo alucinações. Sentada nas margens do riacho totalmente desprotegida eu sinto alguém se aproximar, mas a pessoa não vem andando pela campina da cornucópia, vem andando por cima das águas do riacho, o sol está tão forte que eu mal posso ver o rosto de quem é.

– Ele pediu pra mim te proteger, porque gosta de você. Me disse que você era diferente das outras garotas. Que era especial – Uma voz que doía em meu coração disse-me. Fechei forte meus olhos sabendo que aquilo era uma alucinação. Não era real. Ele estava morto. Eu o matei. Não podia ser, Erick não estava na minha frente contando como o primo dele foi dizer que gostava de mim. Não era real.

– Sabe – Erick sussurra para mim – ele tinha razão, você é especial – eu espero um beijo dele, era impossível eu sei, os lábios dele jamais seriam meus.

Ainda faltam duas horas para esse inferno de teste acabar, eu desmaio e sonho repetidas vezes que mato Erick de diversas maneiras. Não aguento mais aquilo. É uma tortura o que estão fazendo comigo. Penso que se eu morrer é mais fácil, vou parar de sofrer e tudo ficará bem.

Mas se eu morrer significa que o Snow vence, e isso eu não vou permitir.