Querido Universo, estou apaixonada. 

Meu coração está batendo descompassado em total desarmonia. É uma tortura agridoce. Uma ansiedade que só se experimenta quando o amor lhe consome por parcelas. Insanamente.

Em alguns dias o amor parece uma bomba relógio, pronta para explodir na minha cara na próxima vez  que nossos olhares se esbarrarem. Não importa se será em algumas horas, dias ou anos. 

Certos momentos o amor acanha-se. Como um café que você fez mas esqueceu que estava à espera do seus lábios. Quando o toma, não está tão quente quanto antes, mas mantém-se prazeroso. 

A conhecia a anos, entretanto, quando sua silhueta se formou em meu campo de visão pela primeira vez, me senti desarmada pela sua presença. Meus neurônios decidiram tirar férias coletivas e não sabia o que fazer comigo mesma. Achei que nunca mais a veria, mas ao contrário da minha previsão, semanas depois nos reencontramos. Apressadamente. Quase todos os nossos encontros são sob a pressão de horas contadas. Se ficasse muito tempo, seria inevitável me apaixonar.

Bem, estou apaixonada. Acho que tempo nunca foi o fator determinante. 

Merda! Todos os fantasmas de amores falidos e moribundos estão me atormentando agora. Arruinei nosso encontro por sombras de um passado que não aprendi a exorcizar. Não os vi chegando até que me consumissem. Estou em uma espiral de decadência e deixei que espirrasse nela, odeio isso. Queria ter dito o que sinto horas antes, mas como poderia? Não chegamos lá ainda, me convenci. Talvez seja melhor nunca dizer.

Semana passada o amor parecia um café esquecido, hoje uma sinfonia de percussão. Não tô sabendo lidar.