P.O.V Noah

Faz um bom tempo que meu irmão Marcos, o mais velho dos quatro, não me liga. Principalmente as 8h da madrugada.

—Alô...- atendi o celular ainda sonolenta.

—Irmãzinha! -disse ele animado.

—Oi Marcos... o que que ouve..? - falei sentando na cama.

—Você pode cuidar da filha do meu patrão?

—.... Tá, tô precisando de dinheiro mesmo- segui indo para o banheiro.

Meu irmão me explicou quem era o patrão e o porque da filha dele ter que mudar para outra cidade para ser protegida, como eu digo: quanto mais dinheiro mais problemas.

A garota, se não engano Bianca é seu nome, viria em uma semana e não poderia sair muito senão seria reconhecida e os caras que estão atrás do seu pai iriam pega-la. Depois que Marcos deligou fui correndo para o mercado repor os estoques de comida e materiais de higiene pessoal.

—Como será que ela é...? - murmurei enquanto colocava um pacote de shampoo no carrinho.

—Ela quem? - ouvi atrás de mim, me virei e vi quem eu menos queria em mil anos.

—Não te interessa - respondi ríspida, não queria papo com ela depois que tudo que ela fez.

—Noah, não fale assim comigo... isso já faz três anos- Já? já fazem três anos que ela me traiu? Não parecia, esse fantasma ainda me assombrava.

—Eu falo como eu quiser -falei saindo querendo terminar a conversa, mas não deu certo pois ela me seguiu.

—Noah.. - Chamou com a voz que eu amo. Segui em frente ignorando sua mão no meu braço.

Voltei para casa coloquei as coisas nos armários e deitei no sofá caindo no sono logo em seguida, sonhando com aquele dia..

Eu tinha 15 anos e estava apaixonada pela minha melhor amiga, Cris, eramos amigas desde crianças, então, a minha casa era a dela e vise e versa. Sua mãe me tratava como filha e a minha a tratava como a mais nova dos 4 filhos, quase todo dia dormíamos uma na casa da outra.

Era começo de férias, Cris estava planejando ficar em casa e eu para praia junto com meus irmãos, sem pensar duas vezes liguei para ela e olhei para a janela dela.

—Oi - falou de um modo que dava para perceber que estava sorrindo.

—Oi - falei e sorri ainda fitando a janela fechada coberta pela cortina.

—E ia Nohse? - Nohse, que apelido ridículo que ela foi me dar quando nos conhecemos.

—Quer ir para praia comigo e meus irmãos ?- silêncio.. então a cortina dela explode em abertura e consigo ver seu rosto em um misto de perplexidade e felicidade.

—SÉRIO? - grita me dando um susto.

— Sim.. ai.. você quer vir?- e no segundo que eu desviei o olhar por conta da dor no ouvido, ela sumiu, e em seguida ouço ela dando bom dia para a minha mãe e avisando que ia.

—E ai quando vamos? - perguntou entrando no meu quarto e deitando na minha cama.

—Amanhã.

—Então eu durmo aqui essa noite- falou me encarando, fazendo o meu coração acelerar, eu tinha que falar como eu me sinto antes que eu exploda..

No dia seguinte fomos para a praia, brincamos, comemos, bebemos, pelas semanas seguintes. Faltando uma semana para a volta as aulas, voltamos. E na mesma noite, falei como me sentia em relação a ela, em resposta ela me abraçou e me beijou.

Voltamos para as aulas namorando, o que não foi um choque para ninguém na escola toda. Namoramos por dois anos e meio, e em comemoração fomos a um bar com nossos amigos, bebemos e dançamos até as 5 da manhã. Na hora de ir ela queria ir no banheiro, e depois de 15 minutos eu fui atrás achando que tinha dormido no vaso, mas descobri que estava beijando o cantor da banda a que cantou a noite inteira. Rapidamente quando ela me viu, saiu dos braços dele vindo com uma explicação qualquer, mas eu só soutei um " me esquece" e corri para casa indo pro meu quarto e chorando até dormir.

Claro que ela tentou me ligar e visitar, entretanto eu rejeitava e ela passava da porta de entrada, meus irmãos a barravam. Depois de tanto insistir em me ligar e me ver, mudamos para o outro lado da cidade e trocamos os números do telefone, e nunca mais a via, já que ela não ia para aquele lado da cidade...

Acordei com lágrimas nos olhos, por novamente ter sonhado com ela. Com aquele dia. Ver novamente ela me traindo e querendo voltar.