Leitura Indiscreta escrita por Metal_Will


Capítulo 5
Capítulo 5 - Em casa




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Pouco tempo depois, Desirée entrava pela porta de sua casa, carregando uma mochila mais pesada com seu mais novo livro. Ela estava confiante de que fez a escolha certa. Afinal, quem melhor do que ela para ser dona de um livro tão extraordinário? Qualquer outra pessoa o usaria para fins nada nobres, mas a garota estava crente de que nada poderia abalar seus princípios. Ela conseguiria usar aquele poder para finalidades nobres. Sim, ela conseguiria.
- Ah, oi filha. Nossa, fiquei preocupada - diz a mãe, dessa vez assistindo ao noticiário da tarde junto com Karen.
- Hã? Preocupada? Por que?
- Você não passa por aquela pracinha sempre que vai sozinha pra escola. Então, hoje de manhã, bem no horário que você saiu, uma menina foi sequestrada
- Sequestro relâmpago - completa Karen - Que horror
- Eu sei. Eu vi o sequestro
- O QUE? Filha, meu Deus do céu! Como você tá? Tá tudo bem?
- Tô bem, mãe. Calma - diz ela, mas nessas horas mãe é sempre mãe.
- Graças a Deus pegaram os bandidos - diz a irmã de Desirée, sem tirar os olhos do noticiário - Parece que fizeram uma denúncia do local que mantinham a moça em cativeiro e a polícia deu um ataque surpresa. Eles não tiveram nem como reagir
Desirée sorri. O livro realmente funcionava. Ainda bem que tudo acabou da melhor maneira possível! E tudo graças à magia!
- Bem, eu vou me trocar. Já volto
- Volta logo. A comida já tá na mesa
- Tá bom!
Desirée entra no quarto e sorri satisfeita, apoiando as costas na porta que acabara de fechar. Ela não podia conter sua satisfação! Aquele livro ajudou a salvar uma vida! Realmente, as coisas só dependem de como são usadas! "Que incrível!", ela pensa enquanto retira seu livro da bolsa, "Se não fosse por você...o que podia ter acontecido com aquela menina?" ela pensa, agarrando o livro em seu colo. "É mesmo uma mágica estranha, mas é útil. Sim. Ela pode ser útil para ajudar as pessoas. Alguém mal-intencionado poderia usá-la para descobrir senhas, segredos de Estado ou coisa parecida, mas em caso de necessidade ele pode salvar vidas. Pensando bem...tudo que esse livro faz é mostrar a verdade...não é algo tão tenebroso assim...sei lá...um caderno que matasse quem tivesse o nome escrito nele seria algo muito pior!", ela continua pensando e olhando para o objeto dourado que acabara de adquirir. "Isso mesmo. Se for bem usado, pode ser muito útil para as pessoas! Basta que uma pessoa saiba usá-lo para o bem...sim, sim...é isso...usarei esse livro sempre que for necessário! Mas só quando necessário!". Ainda envolta em seus pensamentos, Desirée sequer havia terminado de trocar de roupa.
- Desirée! Sua comida vai esfriar! - grita Suzana, a empregada, logo ali da escada. É verdade. Ela ainda tinha uma vida a segur. A garota se troca rapidamente e desce para o almoço.
- Cheguei
- Nossa, achei que você não quisesse almoçar hoje. Ia comer seu bife - diz Karen, em tom provocativo.
- Ah, nem vem!
- Hahuahua. Tava fazendo o que lá em cima? Conversando com o namorado?
- Cala a boca! Eu não tenho namorado nenhum!
- É? E aquele recadinho que eu vi outro dia na sua página? Não é Caio o nome dele?
- Ai, é só um conhecido! Não tem nada a ver...ele só tava agradecendo um arquivo que eu mandei pra ele, só! - retruca Desirée, que, de certa forma, tinha uma quedinha por esse garoto (mas ela não admitia isso nem para si mesma).
- Hahuahua. Tá bom, vai! Aí, mãe..ela já tá começando a ficar saidinha, heim?
- Não é nada disso! Sua chata!
- Karen, para de encher a sua irmã! - bronqueia a mãe - Você ainda é muito novinha pra namorar, Desirée...e eu sei que você nem pensa nisso agora, não é?
- Não mesmo - diz a garota, já comendo algumas garfadas de arroz e feijão - Tenho outras coisas pra me preocupar
- Huhuh. Sei. Esse é irmão desse - diz Karen, ainda provocando a pobre garota
- Quer saber? Acho que você devia parar de se meter tanto na minha vida e se preocupar mais com a sua vida?
- Tá, tá, garota. Vai dar chilique por qualquer coisa?
- Ela tá certa, Karen. Você devia se preocupar com as suas notas, por exemplo. Falando nisso, nada de ficar conectada a noite inteira hoje, tá me ouvindo?
- Como assim? Eu não fico na internet a noite inteira
- Não? Então porque todo dia você tá acordando atrasada?
- É que a cama é tão boa...
- A cama é boa, é? Karen, se você continuar desse jeito vai acabar repetindo de ano! Suas notas em Matemática estão muito ruins!
Desirée continuava comendo sem falar nada
- Ah, mãe...essa matéria é muito chata! - diz ela, sem muita credibilidade. Karen era muito preguiçosa com ciências exatas, embora fosse bem em Português e humanas. Desirée, por sua vez, costumava ir bem em todas as matérias.
- Não tem nada a ver com ser chata ou não! Você tem que passar de ano! Aliás, vou fazer algo que já devia ter feito há um bom tempo!
- O que?
- Vou contratar um professor particular para você!
- Professor particular? Ah...não é pra tanto! - diz Karen, já desanimada
- Ah, é? Se eu deixar você estudar sozinha você só enrola, mocinha. Vou chamar um professor ainda essa semana
- Que saco! - diz a adolescente, com uma cara amarrada.
 Desirée não costumava se meter nas conversas da mãe com a irmã, mas sabia que Karen era mesmo problemática com estudos. Ela até já levou advertência por indisciplina na sala. A menina se lembra da visão que teve da irmã no Livro dos Segredos. Ai, ai. Pendurada no telefone com a amiga ao invés de estudar para garantir a nota que tá precisando. Bem típico dela. Karen era uma adolescente de 16 anos típica: adorava sair aos fins de semana e frequentar todo tipo de balada que conseguia entrar. Costumava chegar em casa tarde e levar uma bela bronca dos pais no dia seguinte. Já teve uns três namorados e outros tantos ficantes, sendo que apenas um deles foi apresentado à família. Desirée só sabia disso, porque ela mesma confessou isso numa festa de aniversário de uma das amigas de Karen. Mesmo assim, Desirée não se metia em nada da vida da irmã e preferia deixar que a própria vida se encarregasse de apresentar as consequências dos atos dela. Apesar disso, Karen não era totalmente desajuízada: odiava bebida alcoolica e, por mais que chegasse tarde, nunca dormiu fora de casa. Talvez fosse uma baladeira "consciente". Mas, de uma forma ou de outra, Matemática não era seu forte
- Bem, tô subindo - diz Desirée, após terminar sua sobremesa - Qualquer coisa tô lá no quarto
- Tudo bem - diz a mãe, também se retirando da mesa - Preciso ver uns documentos também. Ah, e já vou procurar seu professor particular viu, moça
- Tá bom - diz Karen contrariada
   Já em seu quarto, Desirée procura algum lugar para deixar o livro. Não precisava ter tanto cuidado assim, afinal, apenas ela conseguia usá-lo. Para qualquer outra pessoa seria só um caderno em branco. Mas gostaria de deixá-lo em um lugar seguro. Dividir o quarto com a irmã era um problema nessas horas. Havia algum lugar que a Karen não mexia? Difícil. Aquela menina fuçava em tudo! Gavetas, armários, onde? Ah, claro! A garota vê uma pequena estante com seus livros de escola. "Ela nunca vai reparar que tem um livro novo aqui!", pensa Desirée, "Apesar dessa capa dourada ser bem chamativa...mas é só dizer que é um caderno novo..ela não vai conseguir ver nada mesmo!", pensa a garota, já decidida. "Mas espere", ela pensa de novo, "E quando sair? Não seria melhor levá-lo comigo na mochila? Sim, nunca se sabe quando terei que abri-lo fora de casa! Tsc! Por que estou me preocupando tanto? Para todos os efeitos é só um livro em branco para as outras pessoas! É só deixá-lo por aqui e lembrar de levar comigo quando sair. Pronto! Nossa! Pra que tanto drama?", ela, enfim, deixa o livro ali e começa a fazer sua lição.
   Algum tempo depois, ela para de escrever um pouco para se espreguiçar e olha para a capa dourada do livro bem na sua frente. "Posso ver...qualquer coisa mesmo?", ela pensa. Por um momento, um breve momento, pensou em abrir o livro para ver se a irmã estava estudando mesmo. Só para testar. Ela quase pega, mas sua consciência fala mais alto. "Não, não. Que bobagem! Se usar o livro para coisas idiotas como essa não vou ser melhor que um bisbilhoteiro qualquer. Não, esse livro não pode ser usado para isso!", ela resolve deixar isso de lado e volta para sua tarefa.
   A semana passa e Desirée não toca mais no livro. Realmente, não precisou usá-lo em outra situação. Estava firme em sua conduta de "usá-lo apenas para o bem". Naquele sábado, o tal professor particular passaria lá para tentar colocar alguma matemática na cabeça de Karen. É. Ele iria ter trabalho. Por volta das duas da tarde, enquanto Desirée lia alguma coisa na sala (não era o Livro dos Segredos, claro!), Karen assistia TV e a mãe delas continuava a trabalhar em seus documentos, a campanhia toca.
   - Ah, deve ser o professor!
   - Pois não? - pergunta a empregada, atendendo a porta
   - Aqui que pediram aula particular? - pergunta um rapaz, por volta de seus vinte e poucos anos, alto, moreno, com uma mochila nas costas e um sorriso simpático no rosto. Seu cabelo era bem curto e não tinha barba. 
   - Isso. É aqui sim. Manda ele entrar, Suzana - diz a mãe, já vendo o rapaz ali da sala. Coisa que Karen e Desirée também repararam.
   - Hã? Ele é o professor? - pergunta Karen, não podendo conter um sorriso de satisfação. Era melhor do que ela pensava.
   "Que gato!", pensa Desirée, "Você é mesmo uma sortuda, Karen!"


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Notas finais do capítulo

Tá um pouco parado, né? Calma..logo, logo a gente coloca a segunda marcha nessa história! XD



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