Leitura Indiscreta escrita por Metal_Will


Capítulo 32
Capítulo 32 - Tomando a Dianteira




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      O sinal toca mais uma vez. Charlie retorna para sala, crente de que já estava com a situação garantida.  

      "Heh...se está tão desesperada assim, já deve estar totalmente dominada pelo poder do livro. Tudo bem. Ela não pode evitar. Vou conseguir o livro de volta de qualquer jeito!", pensa o garoto britânico, retornando calmamente para seu lugar. "Para começar, entrar nessa escola foi a coisa mais fácil. Uma simples magia que permite manipular dados de sistemas e documentos resolve isso tranquilamente. Agora é só saber onde ela esconde o livro e ir pegar. Quando ela voltar, eu..."
    Mas os planos dele não seriam resolvidos tão fácil assim. Um pouco depois da aula começar, a inspetora chega na sala e pede licença para a professora.
    - Com licença, professora...eu poderia pegar o material da aluna Desirée Aversenti?
    - Hã? Por que? Aconteceu alguma coisa? - pergunta a professora, enquanto terminava de apagar a lousa.
    - Ela foi na diretoria e disse que não estava se sentindo muito bem. Pedimos autorização da mãe para que ela pudesse voltar para casa.
    - Ah, claro. Pode entrar
    - Com licença
    "O que?", pensa Charlie, já contrariado. "Por que ela fez isso? Está tão desesperada assim?"
    - Tadinha da Dê - comenta Priscila com a amiga do lado - Bem que ela falou que estava ficando gripada
    "Gripada uma ova!", pensa Charlie, que ouvia a conversa das duas, "Tá na cara que a garota fugiu para não me dar pistas...tsc, não devia ter contado que meu livro se limita a ler apenas mentes de pessoas próximas. Mas tudo bem, ela não pode fugir de mim! Mesmo que ela falte a semana toda, uma hora ela vai ter que voltar para a escola. Mesmo que ela mude de escola, eu posso entrar em qualquer lugar facilmente! Você está me subestimando, cara Desirée..huhuhu!"
     Mas será que era mesmo Charlie a pessoa que estava sendo subestimada? Não muito tempo depois, Desirée estava em casa, deitada na cama e fingindo estar com tosse.
     - Aqui está querida - diz Suzana, que estava tomando conta da mocinha - Esse xarope deve te ajudar a melhorar
     - Ah, obrigada - agradece Desirée. Na verdade, ela estava mesmo com um pouco de tosse e resfriado, mas nada a ponto de faltar na escola. A garota só acrescentou que estava sentindo enjoo e que estava começando a se sentir meio febril. Como era uma aluna aplicada, ninguém duvidou da honetidade dela. Mas, naquele momento, Desirée estava mentindo por um motivo maior.
      - Se precisar de mais alguma coisa é só chamar
      - Obrigada
      A garota olha seu celular e vê uma mensagem desconhecida. Ao telefonar para o número, ouve a voz de Carlos, o responsável pela biblioteca.
      - Desirée! Graças a Deus! Onde você está? - ele parecia bastante nervoso.
      - Hã? Estou em casa...aconteceu alguma coisa?
      - É verdade! Ouça, você precisa tomar cuidado! Um garoto chamado Charlie, ele..
      - Ah, sim....está falando do mesmo aluno que veio da Inglaterra e entrou na minha sala hoje?
      - O que? Vocês já se encontraram? Você está bem, ele parecia ser muito perigoso e...
      - Bom, ele parece ser dono de um livro que consegue ler a mente das pessoas
      - Exato. Ele não fez te nada, ele..
      - Para dizer a verdade, ele quer o meu Livro dos Segredos
      - Ele chegou a te ameaçar? Ouça, Desirée, se ele tentar qualquer coisa você pode denunciá-lo para as autoridades mágicas responsáveis e...
      - Não, não, ele não tentou nada de perigoso...na verdade, as ameaças dele foram bem vazias
      - Hã? Não foi o que pareceu quando ele passou por aqui...parece ser um mago bem forte e.
      - Na verdade, ele me contou algo que eu não sabia
      - O que?
      - Que é possível romper o pacto de uma pessoa com o livro quando ele é tomado por outra pessoa que tenha um livro S.S.
      - Livros S.S? Está dizendo...livros que lidam com informação?
      - Exatamente. Ele me contou muita coisa
      - Nós não sabíamos disso....mas, escute, você não pode entregar o livro assim tão fácil sem saber o que ele pretende antes, Desirée! Tudo bem que queremos te libertar desse pacto, mas..
      - Relaxe. Eu nunca disse que queria entregar o livro para ele.
      - Mas você precisa tomar cuidado. Ele está perto de você, está?
      - Tudo bem. Eu não estou na escola. Finge que estou doente e voltei para casa
      - Isso não é muito correto, mas...nesse caso, acho que você fez uma boa escolha. Mas você não pode fugir para sempre, Dê, ele pode descobrir onde voce mora e..   
      - Não se preocupe. Eu só fiz isso para ganhar tempo
      - Hm?
      - Na verdade, ainda tem muita coisa que eu preciso descobrir. Ah, vem vindo alguém, a gente se fala depois. Até mais, seu Carlos
      - Espera, Desirée
      A garota desliga o telefone. Era sua irmã, que acabara de chegar da escola.
      - Ué? Você tá aqui, baixinha? Não foi pra aula hoje, não? - pergunta Karen, jogando as coisas da escola em qualquer canto do quarto.
      - Fui, mas comecei a passar mal. Achei melhor vir pra casa
      Karen chega mais perto e observa a irmã com mais atenção.
      - O que foi?
      - Uma cdf que nem você iria assistir aula nem que estivesse com 50 graus de febre...pra você ter voltado pra casa...é porque tem alguma coisa errada
      - Não tem nada de errado! Eu posso ser cdf, mas também não sou fanática!
      - Tá bom, tá bom! - diz Karen, não acreditando muito - Não vou falar muito porque também já me fingi de doente pra fugir da aula algumas vezes...mas não precisa espalhar, tá?
       - Ai, sai daqui! Preciso descansar!
       - Tudo bem...já tô descendo
       Com o quarto vazio de novo, Desirée pega seu livro e mentaliza a imagem de Charlie. Não demora muito para o livro mostrar o garoto assistindo à aula com uma expressão nervosa...mas o que interessava eram as informações escritas. Desirée lê as informações iniciais: "Charlie Forkner Mcrice, idade 12 anos, natural de Londres, Reino Unido. Atualmente mudou-se para São Paulo, Brasil, em...". O livro fornecia o endereço dele, com quem estava morando e outros dados a mais. Também incluia tipo sanguíneo e data de nascimento.
        Fornecia também que era um estudante de magia, voltado para o estilo de manipulação de dados. Isso incluia falsificação de dados em sistemas sem precisar mexer diretamente com o software, falsificação imediata de documentos, manipulação de fotos e imagens além de manipulação de memória. Fora isso, conhecia feitiços básicos de defesa pessoal, como invocação de barreiras e raios.
         "Então essas coisas existem mesmo?", pensava Desirée, "Ao que parece, é um tipo de mago falsário. Isso explica conseguir entrar na escola tão fácil e tão rápido. Burocracia não funciona com ele. Então esse é o estilo da família dele, é?"
         Lendo um pouco mais, Desirée também descobre outras coisas. Na verdade, sua missão em recuperar o Livro dos Segredos é justamente manter a família Mcrice como soberana no ramo de controle de dados. No mundo real, a informação é um objeto extremamente comum e, com o advento da Internet, ela tem se tornado ainda mais banalizada. No entanto, no mundo mágico, existe um número de segredos e informações extremamente valiosos. Ter acesso a certos dados pode dar um poder inimaginável a qualquer pessoa.
         "Acho que entendi...tendo os dois livros ele pode ter poder sobre todos os dados possíveis. O Livro dos Segredos mostra o que a pessoa faz. O Livro da Mente mostra o que a pessoa pensa. Dentro ou fora da mente, a informação pode ser descoberta por alguém que tenha os dois livros", pensa a garota, ainda mais excitada com o que descobria. "No fim, esse moleque só quer é dar mais prestígio e riqueza para a família dele...humph! Agora que eu não vou entregar meu livro mesmo!"
          Desirée se admirava com o fato de conseguir tais informações. O livro descreve, algumas linhas depois, que as informações acima eram parte integrante do banco de dados mágico da família Mcrice, ou seja, existiam para consulta. Acontece que o Livro dos Segredos era tão poderoso que podia conseguir informações de qualquer banco de dados, mesmo um banco mágico, protegido contra a maioria das magias de manipulação de dados. Isso só serviu para deixar a mocinha ainda mais inflada. Então aquele livro, seu precioso livro mágico, podia entrar até mesmo em bancos de dados do mundo mágico. Ela até se pergunta que outras informações havia, mas o livro não descreve nada. Aparentemente, ainda havia a limitação de ele estar escrevendo apenas dados que se referiam ao Charlie.
          "Tudo bem...deixo a curiosidade para depois", ela pensa, "O mais importante agora...onde Charlie guarda o livro dele?". O livro escreve imediatamente que o Livro da Mente se encontrava na mansão da família dele, na Inglaterra. O garoto trouxe apenas um número limitado de páginas para usar no Brasil até conseguir o Livro dos Segredos.
          "Na Inglaterra? Ah, não!", ela pensa, "Então não vou conseguir o livro dele tão fácil...ele foi esperto em só ficar com um número de página e não trazer para cá, tsc, mas...ei, espera um pouco"
           Imediatamente, Desirée pega seu celular e liga para seu "parceiro".
           - Alô? Desirée? Que raro você me ligar...normalmente você só manda e-mails! - diz Dionísio, com o bom humor de sempre.
           - É que é meio urgente. Diga, amanhã de manhã você está livre?
           - Bem, estou, mas...você não tem aula amanhã?
           - Tudo bem, eu mato a aula, mas é algo realmente importante! E que preciso resolver o quanto antes...e só você pode me ajudar
           - Bom, eu até posso ir lá, mas..
           - Então combinado! No lugar de sempre! E acho muito bom você aparecer lá, viu?
           Ela desliga. Dionísio ainda segurava seu aparelho de boca aberta.
            - Era ela? - pergunta Kadu, o melhor amigo do fotógrafo, que estava por ali ouvindo alguns CDs.
            - Ela mesma. Pediu para me encontrar com ela amanhã, no lugar de sempre. Parecia nervosa
            - Você vai?
            - É melhor eu ir...digamos que...ela é bem útil pra mim
            Kadu começa a rir discretamente.
            - Qual é a graça?
            - É muito estranho...no começo, era você que controlava ela. Agora é justamente o contrário!
            - Ah, cala essa boca! - o fotógrafo joga uma almofada na cara do amigo.
            No dia seguinte, Desirée acorda bem disposta e recuperada, e diz que já pode ir para o colégio sem problemas. Tanto que até recusa a carona do pai, afirmando que já estava bem melhor para ir sozinha. Na verdade, é claro que era uma desculpa para despistar a família. Desirée dá um tempinho e chega até o local onde sempre se encontrava com seu cúmplice.
            - Heh! Sabia que você viria! - exclama a garota, contente.
            - E eu tinha escolha? Você é a minha galinha dos ovos de ouro
            - Dispenso seus elogios, Dionísio...o que eu tenho para falar com você é muito importante
            - Imagino. Olha, a sorveteria nem tá aberta ainda
            - Não tem problema. Podemos conversar na praça da frente
            - Está tudo bem?
            - Está sim. Tenho certeza  absoluta que ninguém conhecido me viu no caminho pra cá. Eu sempre tomo essa precaução!
            - Não. Estou falando de você. Parece mais tensa do que de costume.
            - Tensão? É...reconheço que estou com uma certa adrenalina
            - Afinal, o que houve?
            - Senta no banquinho...tenho uma missão para você!


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Notas finais do capítulo

Quem é mais esperto nessa história? Bom, esperem pelo próximo! '



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