Leitura Indiscreta escrita por Metal_Will


Capítulo 30
Capítulo 30 - Charlie Mcrice




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Capítulo 30 - Charlie Mcrice

 Maria fica tensa por um instante. Como assim? O que aquele garoto sabia sobre o Livro dos Segredos? Ou seria algum livro comum com o mesmo nome? Muito estranho...
 - Como? - ela repete
 - Livro dos Segredos...não precisa se fazer de desentendida...é exatamente aquele livro
 A moça fica mais tensa ainda. O rapazinho a olhava com uma expressão estranhamente assustadora. Sem sombra de dúvidas não era um garotinho comum. Maria recua um passo e tenta dar alguma resposta convincente.
 - Desculpe. Não sei do que está falando
 - Oh, é claro que sabe...afinal, essa é uma biblioteca que cuida de itens mágicos, não é?
 Sem dúvida, era um rapaz que tinha conhecimento do mundo mágico. Maria olha para ele e pergunta com uma voz mais baixa:
 - Você...quem é você?
 - Não que isso importe muito...mas tudo bem. Meu nome é Charlie Mcrice, descendente da linhagem britânica de magos Mcrice. Provavelmente já ouviu falar, não?
 - Mcrice? O nome não me é estranho
 - Ah, é verdade. Esse país não tem muita relação com o mundo mágico...mas não se preocupe, isso não vai mudar em nada a sua vida.
 - E-Eu sinto muito, mas não posso te dizer onde está o Livro dos Segredos sem saber mais detalhes sobre o que você quer...é um livro perigoso, sabia? - diz ela, ainda com uma expressão bastante séria.
 - Perigoso, é? É...se a pessoa não souber usá-lo..
 - O que você quer exatamente? Não é muito comum ver outros magos se revelando por aí
 - Eu já disse...estou interessado em ter o Livro dos Segredos
 - Mas por que você quer um livro desses? Você vai me dizer ou não?
 - Digamos que...aquele livro precisa ser meu. Sou a única pessoa desse mundo que pode ficar com ele
 - Seja lá o que for...não podemos entregar um item mágico, qualquer que seja, para qualquer pessoa que apareça
 - Entendo...não pensei que seria tão fácil mesmo. Você realmente não vai me entregar o livro por bem, não é?
 - Não entregaria esse livro para ninguém desse jeito! - ela se exalta, tapando a boca em seguida, ao lembrar que estava numa biblioteca - Por favor, saia daqui
 Nisso, Carlos chega ao local da discussão. Ele já pressentia alguma coisa diferente, assim que se aproxima do local.
 - Ei, o que está havendo aqui? - ele pergunta, já desconfiado - Você é?
 - Charlie Mcrice...descendente da linhagem Mcrice. A seu dispor
 - Mcrice? - repete Carlos - Impossível
 - Você conhece, Carlos? - pergunta Maria
 - Os Mcrice são a família de magos mais influente dessa época. Achei que vivessem luxuosamente na Inglaterra...o que um membro dessa família estaria fazendo aqui?
 - Exatamente. Acontece que tenho certos assuntos para tratar aqui...como...recuperar o Livro dos Segredos
 - Recuperar? - repete Maria - Como assim? Como pode recuperar algo que nunca foi seu?
 - Como não? - questiona o garoto, arrumando sua boina preta - O Livro dos Segredos pertenceu à minha família há muitas gerações atrás. Ele foi perdido de vista por muito tempo, mas, descobrimos que seu poder foi reativado há pouco. Estou errado?
 Carlos estava tenso. Ao que parecia, a família Mcrice era mesmo poderosa no mundo mágico. As razões exatas pelas quais Charlie estava interessado no livro ainda eram um mistério, mas o bibliotecário tenta tomar controle da situação da melhor forma possível.
 - Infelizmente, não podemos ajudá-lo
 - Por que?
 - Simplesmetne porque o livro não está mais conosco. Alguém o abriu, por isso seu poder foi reativado.
 - Entendo...então não foram vocês que reativaram o livro.
 Maria ainda estava bastante séria, e nem mesmo Carlos parecia manter a calma.
 - Imagino que tipo de mago está em posse dele agora...
 - Não é um mago
 Charlie volta seu olhar para o bibliotecário, interessado.
 - O que? Então foi uma pessoa comum que o abriu? Isso foi muita irresponsabilidade
 - Carlos...nós não podemos - diz Maria, preocupada em revelar algo que comprometesse Desirée.
 - Está tudo bem, Maria, não se preocupe - diz Carlos, a tranquilizando - Como membro de uma família tão reconhecida no mundo mágico, é claro que esse respeitável garoto sabe que não pode usar magia para prejudicar pessoas comuns, não é?
 - É claro que sei - diz o rapazinho com um sorriso sereno - Mas a partir do momento que ela possui contato com a magia...ela não é mais um humano comum, não é? - ele completa, agora com um olhar maligno.
 Carlos fica tenso com aquele olhar, e, inconscientemente tenta proteger Maria.
 - Não sei exatamente o que você deseja com aquele livro, mas vai ser muito difícil reavê-lo agora que está reativado - enfrenta o bibliotecário, embora ainda mantendo a compostura - Você deve saber muito bem que aquele livro amaldiçoado só se liberta da pessoa com a morte do dono...e se tentar qualquer coisa contra a pessoa, sabe muito bem que é um crime imperdoável no mundo mágico!
 - Huhuhu - ele ri, discretamente - Vocês realmente são muito desinformados!
 - O que? - se espanta Carlos.
 - Existe um outro meio de readquirir o direito de propriedade do Livro dos Segredos
 - ISSO É VERDADE? - grita Maria, já se esquecendo que estava numa biblioteca. Todos olham para a recepção, para a vergonha da moça que só pode olhar para todos os presentes com um olhar de "desculpe, desculpe"
 - Como você é animada, não é? - diz o garotinho, cinicamente - Mas, chega de conversa, podem me informar quem é o atual dono do Livro dos Segredos? Quero tê-lo comigo o quanto antes!
 - Não...não podemos fazer isso - responde Carlos - Não enquanto não soubermos exatamente quais são suas reais intenções!
 - Tsc...não acredito que vou ter que fazer esse esforço...
 O menino tira um pedaço de papel dobrado do bolso e o abre na frente dos bibliotecários. Ele pergunta mais uma vez.
 - Vocês não vão mesmo dizer quem está com o Livro dos Segredos atualmente?
 - Não - responde Carlos
 "Nunca.", pensa Maria, "Quem sabe o que esse garoto estranho irá fazer com a Desirée?"
 - Ah! Então é uma garota se chama Desirée... - diz o menino, para surpresa dos dois irmãos e um alto aumento na aceleração cardíaco de ambos
 - O-O que está dizendo?
 "Esse menino...leu meu pensamento? Não é possível!", pensa Maria, extremamente nervosa com tudo aquilo.
 - Por que se assustam tanto? - ele pergunta, ironicamente - O Livro dos Segredos é um livro onisciente...o livro que minha família criou...é um livro que pode ler qualquer pensamento!
 - I-Impossível...essa magia é..
 - Muito complexa? É verdade...foram séculos e séculos para criar um livro desse tipo...e ainda assim ele tem a limitação de só conseguir ler a mente de pessoas muito próximas. Mesmo assim, é bastante útil não acham?
 - O que exatamente você quer?
 - Antes disso, podem me dizer onde posso encontrar essa garota, Desirée?
 É claro que os bibliotécários não gostariam de dar nenhuma outra informação, mas esse é um caso onde não se pode mentir.
 - Entendo...Colégio Santa Sofia, é? Vou me informar mais sobre isso
 - Como? Como ele pode? - Maria se espanta.
 - Mesmo que vocês queiram mentir...no momento em que eu faço a pergunta a mente de vocês obrigatoriamente vai pensar na informação verdadeira. É impossível escapar!
  O garotinho guarda o papel no bolso e sai do local. Carlos ainda o chama.
 - Espere...o que você exatamente você quer com o Livro dos Segredos?
 O menino para, se volta para trás e responde secamente
 - Não importa onde você esteja, no mundo comum ou no mundo mágico, informação é poder. Até! - ele sai da presença dos dois, andando calmamente.
 - Carlos...a gente tem que fazer alguma coisa..
 - E vamos! Espere!
 O bibliotecário corre atrás do garoto, mas parece ser atingido por algum tipo de força que o derruba no chão. As pessoas olham aquilo estranhamente, se perguntando porque ele caiu sozinho. Maria o socorre.
 - Carlos..você está bem?
 - Sabe - responde o garoto - Atualmente os magos não costumam treinar magia para defesa pessoal, mas isso não quer dizer que sou um fraco completo. Melhor não tentarem mais gracinhas! - ele completa, com um olhar sombrio.
 Maria fica assustada. O garoto sai andando calmamente.
 - Isso é mal, Carlos...se ele é um mago de verdade, a Desirée pode estar em sérios problemas
 - Tsc, ele disse que sabe um meio de quebrar o pacto com o livro...mas por outro lado, não podemos deixar que ele fique com o livro também. Ele tem alguma má intenção, com certeza
 - O que nós vamos fazer?
 - Eu não sei, Maria. Simplesmente, não sei...
 - Não é melhor avisar a Desirée?
 - Ela deve estar na escola agora...tsc
 - Não podemos ligar para as autoridades mágicas responsáveis?
 - Infelizmente, não podemos fazer isso
 - Por que não? Nós..
 - Não podemos! Nós deixamos uma pessoa comum abrir um livro de grande periculosidade. Seremos punidos também
 - É verdade, mas não podemos deixar a pobrezinha correr mais perigo, não acha?
 - Calma, calma. Tudo bem. Mesmo que ela esteja na aula, é um assunto urgente. Vamos tentar avisá-la...você pegou o celular dela, não pegou? -
 - Sim
 Mesmo assim, eles não tiveram muito êxito.
 - Desligado. Claro, ela deve estar em aula...o máximo que podemos fazer é mandar um torpedo pedindo para que ela ligue para nós e...torcer
 - Tudo bem, aquele menininho não pode fazer nada ainda, pode?
 - Esperamos que não
 Mas, infelizmente, ele podia. Principalmente quando se conhece feitiços de manipulação de informação. Naquele instante, Desirée assistiria a mais uma aula de História, olhando entediada para as anotações de seu caderno. Ela já não via muita graça na sua vida simples. Isso também era influência do livro. Tudo a sua volta, seus colegas, professores e aulas, tudo parecia tão pouco, tão pequeno, perto de tudo que ela podia ver e saber. Era como se tudo a sua volta fosse um teatro, uma novela ensaiada, perto de todos os segredos que ela tinha em mãos.
 - Dê? Está cada dia mais aérea, heim? - pergunta Priscila, com um sorriso.
 Desirée demora para responder. Nesse meio tempo, ela olha bem para sua amiga. De todas as pessoas que conhecia, Priscila foi a única que ela nunca teve vontade de espiar ou investigar. Talvez o poder da amizade seja mais forte ou simplesmente porque a influência do livro não chegou a esse ponto.
- Você acha?
- Acho sim. Você não costumava falar muito, mas agora tá ainda mais quieta. O que foi? Pode contar
- Não é nada. Acho que estou começando a ficar gripada..é...deve ser isso
- Sério? Bem, melhor cuidar da saúde, né?
- É
 Ela volta a olhar para o nada, quando a coordenadora chega na sala com algum comunicado.
- Turma, tenho uma novidade para vocês
"Seja o que for...deve ser algo estúpido", pensa Desirée, "Essa coordenadora...fala com a gente com tanta moral...até confiaria mais nela se não soubesse que ela tem um caso com o professor de Geografia"
 - Vocês vão receber um novo colega de sala! - ela continua.
 "Hã? Assim, de repente?", pensa a garota, agora ficando mais curiosa. Todos na sala se fazem a mesma pergunta, vários burburinhos e comentários. Era estranho receber um aluno novo quase no fim do semestre e, assim, no meio da aula.
 - Silêncio, silêncio! Ele teve que vir às pressas da Inglaterra. Espero que vocês tratem bem ele
 - Da Inglaterra? - pergunta uma menina
 - Ai, que chique. Será que ele é gatinho? - pergunta outra.
 "Tsc, façam-me o favor", pensa Desirée, ao ouvir a conversa das duas, "Essa deve ser a única coisa incomum que vai acontecer comigo nessa escola"
 - Charlie! Entre, por favor
 O garoto entra. As meninas o acham uma graça. Ele sorri e cumprimenta a sala.
 - Esse é o novo colega de vocês, Charlie Mcrice. Direto da Europa
 Todos ficam eufóricos. Todos, menos Desirée, que não vê lá grande coisa naquilo.
 - Vamos ver...você pode-se sentar ali, na frente da Desirée
 - Claro - diz ele, se aproximando - Muito bom dia! - cumprimenta o garoto, com um sorriso no rosto.
 - Bom dia - Desirée o cumprimenta com um sorrisinho não muito sincero.
 "Tsc, que ótimo...um moleque engomadinho com sotaque britânico. E ele ainda tem que ficar perto de mim...", pensa a garota, já entediada.
 "Heh, foi mais fácil do que eu pensei. Agora, vem a parte divertida. Hehehe", pensava o misterioso Charlie.


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