Leitura Indiscreta escrita por Metal_Will


Capítulo 17
Capítulo 17 - Rivais de Trabalho




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Capítulo 17 - Rivais de Trabalho

             - Vamos logo, Karen! Quer que a gente chegue atrasado? - grita a mãe de Karen e Desirée, toda arrumada em um de seus vestidos sociais preferidos para um evento raro.
             - Já tô indo, mãe! Já tô indo! - grita Karen lá de cima do quarto, enquanto terminava de se arrumar. Desirée também estava usando um vestido para ocasiões especiais e estava na sala, junto com o pai, aguardando a irmã mais velha ficar pronta.
             - Ai, ai. Dá pra acreditar? - comenta o pai dela - Não é sempre que se tem um jantar com o editor-chefe do jornal.
             - Nossa. Será que ele quer te promover, pai?
             - Não acho. Mas ser convidado para jantar na casa do chefe costuma ser uma coisa boa
             - Foi assim do nada? - pergunta a filha
             - Mais ou menos. Ele deve ter gostado da última matéria que eu fiz. Se bem que..
             - Se bem que?
             - Não é nada. Ai, sua irmã não termina de se arrumar nunca?   
             Quando enfim todos estavam prontos, cerca de dez minutos depois, a família segue para o carro e se dirigem à casa do editor-chefe do pai de Desirée. O pai dela é jornalista e escreve principalmente reportagens policiais. Crimes, assaltos, problemas de polícia, coisas do gênero. Da última vez, ele conseguiu registrar com todos os detalhes o roubo de uma joalheria, onde os bandidos foram capturados em menos de uma hora após o crime. Na verdade, ele não gostava muito do tema de suas reportagens (era uma pessoa bem tranquila), mas fazia seu trabalho da melhor maneira possível. Não demora muito para todos chegarem à tal casa do chefe.
              - Ai! Deu trabalho escolher essa roupa...espero que seja uma ocasião bem especial mesmo para me fazer usar um dos meus melhores vestidos - reclama Karen, tomando todo o cuidado para sair do carro.
              - Bah...do jeito que você é exibida ia usar esse vestido de um jeito ou de outro! - diz Desirée, sem a menor cerimônia em reprovar a vaidade da irmã.
              - Fica na sua, baixinha...e esse seu vestidinho aí? Será que você não podia se arrumar decentemente pelo menos uma vez, só para variar?
              - Isso porque você disse que esse vestido era lindo quando eu ganhei, né?
              - Ah, isso é passado! Já saiu de moda faz tempo
              - Ô mãe! Olha ela
              - Shh!! Quietas as duas! - bronqueia a mãe - Vejam se conseguem se dar bem pelo menos hoje! Não vão fazer seu pai passar vergonha na frente do chefe dele!
              Nisso, um senhor lá pelos seus cinquenta anos, atende a porta com um sorriso simpático no rosto.
              - Opa! Já chegou Adilson!
              - Boa noite, Ciqueira! Como é que vai?
              - Muito bem. Veio acompanhado? - ele pergunta
              - Sim, sim. Essa é minha esposa, Beatriz...e minhas filhas, Desirée e Karen
              - Oi - diz Karen, sorridente. Desirée também o cumprimenta.
              - São muito bonitas. Você tem uma bela família, heim?
              - Obrigado
              Todos sorriem e entram. O chefe pede para que fiquem à vontade. Mais tarde, Mara, a esposa de Ciqueira, também chega na sala e cumprimenta a família. A primeira hora parece ter passado sem grandes problemas. Até que um outro carro se aproxima e uma nova visita entra na casa.
               - Opa. Acho que o Paulo chegou, heim?
               - Paulo? - pergunta o pai de Desirée, com uma expressão estranha.   
                     - É. O Paulo Jordas, lá da redação. Pedi para ele passar aqui também
               - Que?
               O pai da mocinha parece não ter gostado muito dessa história. Desirée percebe isso no olhar do pai, mas não comenta nada. Por que ele ficaria abalado só porque o chefe chamou mais um colega de trabalho?
                - Boa noite! - diz o novo visitante, com mais um sorriso no rosto. Era um cara por volta dos trinta e poucos anos, óculos de armação larga e cabelo não muito liso. Era mais baixinho que o pai de Desirée. Parecia simpático.
                - Boa noite - todos dizem, embora Adilson tenha respondido de uma forma mais seca
                - Ô, Adilson! Tudo bem?
                - Com certeza. Já conhece minha família? Minha esposa...minhas filhas
                - Que linda...como é seu nome? - ele pergunta para Desirée, se abaixando.
                - Desirée - ela responde com um sorriso
                - O que?
                - Desirée - ela repete, já meio desgostosa.
                - Hmm..diferente
                - Veio sozinho?
                - Pois é..eu moro sozinho. Acho que já passei da idade de casar
                - Nem tanto. Deve estar cheio de pretendentes por aí - comenta Adilson   
                        - É...mais ou menos. Vamos ver
                - Fica à vontade, pessoal. Vamos servir a janta, logo, logo
                A casa era bem grande. Não chegava a ser uma mansão enorme, mas era grande. A mesa de jantar então, nem se fala. A comida era da melhor qualidade, estava ótima. Quando todos estavam satisfeitos e os pratos já haviam sido retirados, a esposa do chefe vai para a sala junto com a mãe de Desirée e as duas meninas. O pai delas e o tal Paulo ficam na sala, tomando mais um copo de vinho.
                - Não quer mais um, Adilson? - diz o chefe, oferencendo mais vinho.
                - Não, obrigado. Sou eu que dirijo. Hehe
                - Bom. Eu também chamei vocês aqui para contar uma coisa
                Os dois olham, interessados
                - Estava precisando de mais uma pessoa lá na gerência da redação...e, dos nossos jornalistas, vocês são os melhores
                - Que é isso, chefe...a gente - comenta Adilson, procurando mostrar humildade
                - É sério - interrompe o chefe - Vocês dois são os melhores ali, não tem nem o que discutir
                - Então, rola uma promoção? - pergunta Paulo, enquanto terminava de beber seu vinho.
                - Aí é que está...pelo orçamento, poderia promover só um de vocês
                Os dois se entreolham, mas decidem terminar de ouvir o que o chefe tem a dizer
                - Estava pensando em escolher pela próxima matéria de vocês. Aquele que escrever melhor, está contratado. Mas ninguém perderia nada
                 - Entendi. É um duelo de jornalismo? É isso? - diz Paulo, rindo e feliz.
         - Não gostaria de usar essas palavras, mas...é um processo de seleção. Mas garanto que os dois são muito qualificados para subir de posto
                Mesmo assim, Adilson não parecia muito feliz com a notícia. No caminho de volta para casa, ele conta a notícia para a família que fica super animada.   
         - Que bom, amor! - exclama a mãe, orgulhosa - Você vai ser promovido, com certeza
                - Calma, Beatriz...não é bem assim - ele aponta
                - Por que, pai? - pergunta Karen - Você tem muito mais chance do que aquele tonto lá
                - É...mas aquele tonto...bom, ele não é tão tonto assim
                Todas ficam em silêncio para ouví-lo.   
                         - Ele sempre consegue as melhores reportagens. Aquele Paulo é fera. O cara tem contato em tudo que é canto. Não vai ser tão fácil vencer assim
                 - Contatos? Como assim?
                 - Bom...suponha que aconteça algum crime do outro lado da cidade. Quando eu descubro isso, ele já terminou de escrever a coluna dele sobre o mesmo crime. As informações chegam muito mais rápido para ele, droga
                  - Sério? Mesmo com tanta divulgação de informação pela Internet e tudo - pergunta Beatriz, já preocupada.
                  - É como eu falei, ele tem altos contatos. Enquanto ele sempre pega as melhores reportagens eu só fico com os peixes pequenos. Esse trabalho já é dele.
                  - Ah...mas você não precisa desistir, não é amor?
                  - Não. Eu vou tentar. Mas...ganhar do Paulão é quase impossível
                  Desirée ouve a conversa calada. Poxa. Seria ótimo se seu pai ganhasse. Do nada, ela tem uma ideia mais sinistra. "Conseguir informação rápido, heim? Eu poderia...", ela pensa, "Mas eu prometi que nunca mais iria abrir aquele livro...mas...mas é a chance do meu pai conseguir um posto mais alto. Eu não estaria usando o livro para um motivo egoísta, estaria? Não, não, melhor não!". Ela tenta tirar isso da cabeça, mas, ao chegar em seu quarto e ver aquela capa dourada ela volta a refletir. "Mas...não seria tão grava assim, seria?". Algumas ideias já estavam passando por aquela cabecinha...


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