Meus olhos abrem devagar. Estão pesados.

Não vejo nada à minha frente.

A sala está muito pouco iluminada.

Meus braços, pernas e rosto formigam.

Um grito.

Cassiel.

Está bem ao meu lado.

O homem. O velho. Ele está rasgando o peito de Cassiel com sua lâmina.

— Eu sei que vocês vieram aqui atrás daquela elfa. Mesmo que os elfos não sejam meus objetivos, ela estava com um dos filhos de Ys. Onde ele está?

— Eu... Não... Vou... Te dizer... Nada...

O velho passa a lâmina no braço de Cassiel. Parece um corte profundo.

Ele olhou para mim. Está vindo para cá.

Não.

Não venha.

Ele segura o meu rosto e me olha nos olhos com seu olhar sem vida.

Cuspo em seu rosto.

Não deveria ter feito isso.

A dor é insuportável.

A lâmina está em mim, girando em minha carne.

— Por que... por... que... vo... você está... fazendo... isso?

— Você já ouviu a história sobre a grande batalha entre os grandes dragões?

Não respondo. Nem tenho forças para falar direito.

— Bel’u, O dragão de fogo, em uma crise de ciúmes tentou matar seu irmão Ys, O dragão de gelo e tomar controle das Terras Geladas. Estou certo?

Não. Não estou.

Ys, aos poucos, tentava convencer os cidadãos do Reino de Fogo que Bel’u não era capaz de protegê-los e que um dia os levaria a desgraça.

O dragão de fogo não atacou Ys por ciúmes, ele apenas estava tentando proteger o que era seu por direito.

Não acha que todos nós devemos proteger o que é nosso?

— Co... Como... Você sabe... Disso...?

Ele fecha os olhos e ri. Quando os abre, estão como duas brasas acesas.

— Deixarei vocês sozinhos mais um pouco. Tomem isso como um ato de piedade da minha parte.

Ele dá as costas e caminha.

Sai da sala junto com seus homens.

*