Saio do refeitório em passos apressados antes que venham atrás de mim, não olhava por onde ia pelos corredores e acabei esbarrando em alguém.

Ah, ótimo! Era quem eu mais queria ver agora... Luke segurou meus pulsos preocupado, eu não conseguia mais me conter, as palavras de Ashley estavam me perturbando, lágrimas escaparam.

–O que aconteceu? Você ta bem?- Ele me olhou no fundo dos olhos.- Por que você ta assim?- Eu não podia ficar ali, não com aquelas palavras invadindo minha mente. Balancei a cabeça negando, soltei meus pulsos e saí correndo pra bem longe dele... Só consegui ouvir seus gritos quando estava longe:

–Clary, espera! Clary!!

Joguei-me no carro e travei as portas, então desabei a chorar, eu não entendia o porque mas chorava tanto que afogava-me. Não devia dar importância ao que ela disse, mas aquilo mexeu de mais comigo, eu era uma covarde por estar chorando escondida, mas me chamariam de fraca se me vissem chorar, e antes covarde do que fraca. Dei a ré no carro e fui pra casa. Estacionei-o na garagem e puxei meu joelhos aninhando-me ali mesmo no banco da frente, meu celular vibrou com uma mensagem de Luke. Demorei alguns instantes pensando se a leria ou não, até chegar a conclusão de que meu dia não ia ficar pior...

"Clary, o que aconteceu? Você saiu correndo, chorando e não ta mais na escola. Cadê você?"

"To em casa"– Respondi seca

"Ta, e o que te levou a sair correndo daquele jeito?"'- Pra mim já chega! Não caio no seu joguinho

"Por que não pergunta pra sua namoradinha? Ela vai adorar responder a sua pergunta"

"O que? Como assim?"

"Ah Luke, não se faça de bobo! Você sabe muito bem que eu to falando da ruiva azeda"

"A Ashley? O que ela te fez??"

"Pergunte pra ela. Por favor para de falar comigo, não quero tocar nesse assunto" – Meus olhos ficaram turvos novamente.

"Clary... Não fica assim! Olha, depois da aula eu te mando sms ok?"

Não respondi, pois meus devaneios me levaram até o dia do acidente, a pista, o carro derrapando, meus pais segurando as mãos preocupados com o carro fora de controle, o penhasco, o carro sendo destruído sob minha cabeça e tudo isso por culpa minha! Por ter sido tão insistente em comemorar o aniversário em um parque... Como eu queria que eles estivessem aqui agora.

Tive outra crise, outra recaída, entrei e tomei meus remédios. Então joguei-me na cama e dormi.

Luke

Ela não me respondeu. O que Ashley fez realmente mexeu com ela, eu me sentia no dever de descobrir e, confesso que achei engraçado o apelido "carinhoso" que Clary deu. Parecia que a hora não passava, Jake estava começando a notar que tinha algo de errado comigo:

–O que foi cara? Você não para quieto!

–Ah? Não foi nada não...

–Ah qual é? Eu te conheço Luke!- Balancei a cabeça

–Nada Jake, apenas problemas.

–Ashley ta te dando trabalho né?- Ele deu um sorriso travesso

–Se fosse só com ela...

–Vish cara tem mais de uma no meio? Coitado! Boa sorte...

O sinal tocou, joguei minhas coisas na mala e saí em disparada procurando pela ruiva.

–Luke! Aí está você!- Ela acena no fim do corredor ao lado de suas amigas.

–Ashley, precisamos conversar.- Digo sério e o sorriso dela some da boca.

–Tudo bem, meninas saiam daqui- Ela faz um gesto a despachando e assim que saem começa- Olha, se é sobre o garoto do segundo ano, nós não...

–O que? Não, nada a ver! Quem escolhe com quem vai pra cama é você!- Ela se encolheu. Me senti aliviado de nunca ter ido pra cama com ela.

–Por que quer conversar então?- Ela me encara se recompondo, usando o tom esnobe de sempre (por que eu gosto dela mesmo?).

–O que você fez pra Clary?- Ela pensa um pouco

–Ah! A mudinha? Apenas coloquei ela no seu devido lugar...

–Você o que?- Quase gritei

–É, deixei bem claro que você é meu e que ela nunca teria chance com você- Ela sacode os ombros e se aproxima, pegando minha nuca e a puxando para um beijo. Mas eu seguro seus pulsos e os tiro dali, incrédulo com o que acabara de ouvir.

–Você ficou maluca? Acha que eu sou seu pertence? Se acha está muito enganada!- Saio da escola e dirijo rapidamente até em casa.

Clary

Acordei com 5 mensagens seguidas de Luke, pedindo desculpas e perguntando se estava bem, então apenas respondi que sim e que não era culpa dele... Não conversamos mais a tarde toda, fiquei lendo vários e vários livros além de não comer nada... Acabei dormindo profundamente.

No outro dia, fiz as mesmas coisas de sempre, vesti um vestido de lã roxo e uma meia calça bege com sapatilhas e um cinto preto, prendi meu cabelo em um rabo e fui pra escola com a mínima vontade de olhar pra lambisgoia...

O sinal tocou e uns 10 minutos depois Luke chegou. Adivinha qual era a única carteira vaga? A que tinha na minha mesa, que raiva! Ele se sentou e me disse oi, retribui com um sorriso desanimado, logo depois entrou um garoto loiro de olhos verdes, bronzeado e musculoso, seguido pelo diretor, o Sr. Otto... Eu tinha a impressão de conhecê-lo em algum lugar, mas onde?