Concurso Apocalipse 2012 - Under The Water escrita por Moonie


Capítulo 1
Capítulo Único - Submersa


Notas iniciais do capítulo

Para ouvir a música tema da fanfic, clique no nome da fic dentro do campo do capítulo. O que está em Itálico seguido por uma nota musical é a tradução da música. Participante do Concurso Apocalipse 2012. Não utilizei betas.



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Concurso Apocalipse 2012 – Under the Water.

20 de dezembro de 2012.

A garota penteava o cabelo calmamente em frente ao seu espelho enquanto ouvia a TV ligada na sala, todos estavam assistindo o jornal local. Sua mãe estava fazendo pipoca na cozinha, ao pedido da garota que amava pipoca.

♪♩ Rachaduras no meu espelho

Mostram o meu rosto, todo vermelho e machucado.

E embora eu gritasse e gritasse, ninguém veio correndo. ♪♩

“Os astrofísicos estão preocupados com o dia de amanhã já que algumas manchas negras já são visíveis, isso nunca aconteceu antes...”.

Amélia parou de pentear o cabelo e adentrou sala com fúria, desligando a TV e olhando para seu irmão.

– O mundo não vai acabar isso tudo é uma grande bosta. Vai ler um livro, seu sem o que fazer. – Disse com um humor péssimo, o garoto se levantou.

– Vai acontecer sim e tomara que você morra! – E levantou-se indo para o quarto.

– Como é, sua peste! Repete! – Gritou, mas Anthony já havia saído. Ela se sentou no sofá ao lado de seu cachorro e seu pai, porém ele logo saiu e ela religou a televisão, com curiosidade.

Prevemos chuva o dia inteiro para o estado da Califórnia [...]”.

Amélia bufou e trocou de canal, caindo em um filme aleatório enquanto sua mãe adentrava a sala com a sua santa pipoca – que se jogou, literalmente, e a arrancou de sua mão -.

Ficaram quietas ali, na caída da noite.

21 de Dezembro de 2012.

Meia noite e quarenta e cinco minutos.

Amélia sentiu algo molhado nos seus pés, que estavam tombados do lado de fora da cama beliche – a dela era a de baixo – e resmungou:

– Snow, pare de me lamber. – Sacudiu os pés, pensando ser seu cachorro. Mas ao sacudir, ouviu barulho de água sendo espirrada longe. Acordou meio assustada e viu que seu quarto estava encharcado e a água já alcançava a cama com pés a levantando. Subiu as escadinhas e chamou seu irmão.

– Tony... Tony acorda! – O garoto gemeu – Você baba enquanto dorme!

– O que você quer Amélia? – Perguntou com a voz fina e arrastada, o garoto tinha treze anos e Amélia era três anos mais velha que ele. Assim como ela, ele possuía cabelos escuros e pele um tanto pálida, porém puxou os olhos azuis do pai. Já Amélia, ficou com os castanhos da mãe.

– Nosso quarto está encharcado. – Disse com um tom preocupado e o garoto saltou no colchão, sentando-se.

– Eu disse, eu disse! É o fim do mundo! Eu sabia que ia acon... – E foi interrompido pela sua irmã, que tampou a boca dele. Ficou-se claro o barulho horrível que a chuva lá fora fazia, com seus raios e trovões. Mas porque a chuva não desvia para os esgotos?

– Anda, desce. Vamos chamar a mãe e o pai. – E desceu, sendo acompanhada por Anthony. A cama de baixo já estava quase toda submersa, eles tiveram que nadar e dar saltos na água gélida para conseguir abrir a porta do quarto, que rangeu de forma estridente. O garoto era lerdo demais e aquilo irritava Amélia, que o largou na porta e nadou até seus pais. Não, ela não fez natação, mas ainda dava para tocar o chão e apenas dar uma leve flutuada.

A cama de seus pais era alta, sorte deles. A garota berrou um “Mãe!” no ouvido dela, que acordou também num salto.

– O que diabos...? – Parou e olhou para o quarto alagado junto ao seu filho quase se afogando. - Christian, acorda! – Sacudiu o marido, que acordou com facilidade e teve a mesma reação que ela. – Vocês estão bem? – Amélia concordou, mas estava tremendo de frio com aquela água gélida em constante contato a sua pele, Tony já havia a alcançado e agora segurava o ombro dela para não se afogar. – Andem, subam. A cama é um pouco alta. – E fizeram o que sua mãe mandou, porém a água estava prestes á alcançá-los também. As vestes de dormir da garota e de seu irmão estavam cheios d’água, o que fez a cama molhar-se. Nada estava mais quente agora.

– O que faremos? – Perguntou Amélia e olhou para o teto, tendo uma ideia.

– Não sei... – Respondeu o pai. – É o fim do mundo! Não deveríamos estar em pânico?

♪♩ Não deixe a água te arrastar

(Não deixe a água te arrastar)

Não deixe a água te arrastar ♪♩

– Eu estou em pânico. – A de cabelos negros respondeu e começou a pular na cama.

– Amélia, pare de pular! Não há tempo para palhaçadas! – Censurou Kia, sua mãe. A garota continuou pulando, mas era uma distância desagradável da cama até o teto, ela bufou.

– Já volto. Que Deus me ajude e nos salve – Rezou ela e se jogou na água, saindo do quarto e ouvindo berros de seus pais, porém ignorando. Ela nadou até a cozinha, onde no armário tinha um martelo que seu pai sempre deixava ali, porque tinha preguiça de descer no sótão. Pensou no sótão, mas ele deveria estar alagado também. Viu uma das cadeiras brancas da cozinha boiar e a colocou de pé, usando seu peso corporal prendê-la no chão, conseguindo abrir o armário e pegar o martelo com suas mãos trêmulas. Jogou-se na água de novo e a cadeira bateu em suas coxas, ela gemeu de dor e avistou sua velha mãe congelando em sua frente.

– Você é doida em se jogar na água por um martelo, Amélia Deutsche?! – A puxou pelo braço e foram nadando até o quarto de novo, escorria sangue pelas pernas de Amélia devido ao seu machucado.

De volta na cama, ela se pôs de pé novamente junto á sua família, a água alcançou o colchão.

– Pai, me levanta até eu tocar o teto. – O homem fez uma cara de interrogação. – Não pergunte, vou quebrar o teto. – E então ele pegou a filha, que ficou de joelhos em seu ombro enquanto ele reclamava por conta de seu peso. Uma martelada, a madeira não cedeu. Outra, apenas moveu alguns pregos. Mais uma e com mais fúria, o martelo ficou preso e ela começou a sacudir e puxar, quase caindo do ombro do homem. Ela ia conseguir, nem se caísse; ela iria voltar e tentar de novo. Continuou a puxar e conseguiu pegar o martelo, tombando para trás e sendo erguida por sua mãe novamente. Continuou a martelar, acontecendo umas cinco vezes a mesma coisa até abrir um espaço cabível a corpos, quando conseguiu a água batia nos calcanhares de todos de pé, a garota passou pelo buraco até o teto, quando conseguiu sentar na madeira boa de lá, sentiu sua cintura arder; havia farpas em seu corpo, no máximo duas. Foi até a ponta do buraco e gritou: - Podem subir também.

Logo todos vieram ao seu encontro e tentaram ficar longe do buraco não tampado, se abraçaram e ficaram observando, por horas a cidade ficar submersa, pessoas gritavam de forma audível e dava para sentir o frio aumentando cada vez mais. Por horas ficaram ali, sentindo o frio chicotear suas costas até que tiveram que ficar de pé. Não parava de chover, era algo horrível. Mais trinta minutos – um palpite quase certeiro – e já não sentiam mais o sólido em seus pés, agora estavam “flutuando” na água. Todos tremiam e sua mãe já ficava roxa de frio, todos se abraçaram na tentativa de esquentar, porém todos estavam frios e alagados.

♪♩ Não, eu não fui salva, eu não estava segura de você.

Não deixe a água te arrastar

(Não deixe a água te arrastar)

Não deixe a água te arrastar ♪♩

A chuva caía mais intensamente e Amélia perdeu a mãe, que escorregou por seus braços, fria como uma pedra de gelo e foi para as profundezas daquelas águas.

Não! – gritou e quando foi se afundar para tentar salvá-la, seu pai a segurou.

– Não faça isso! Procurem lugares altos, andem, nadem! – Gritou e a garota se assustou, ele nunca gritava. Pegou o irmão e começou a nadar, porém virou-se de novo para o pai.

♪♩ Deite minha cabeça debaixo da água

Deite minha cabeça, debaixo do mar.

Desculpe-me senhor, eu sou sua filha?

Você não vai me levar de volta, levar de volta e ver? ♪♩

– O senhor vai nos encontrar?

– Irei, agora vão. – E com um pesar no coração, a garota continuou a nadar para cada vez mais longe dele até se encontrar totalmente perdida: A água já tampava quase tudo e era impossível de se reconhecer o lugar, ela não nadava mais para o lado e sim para cima.

– Tony, fique aqui porque irei afundar para ver onde estamos. Não saia daqui e se eu não voltar, mantenha-se salvo. – E afundou antes que o irmão respondesse algo. Era horrível tentar enxergar abaixo da água, não era como nos filmes em que as pessoas viam perfeitamente. A água entrava nos seus olhos, ardia e você os fechava, esfregava e continuava a nadar, repetindo isso um milhão de vezes até você perder o ar e ainda não saber onde estava.

E pensar que todos amam água.

Amélia voltou para a superfície, mas não achou seu irmão, se desesperou.

– Anthony! Anthony! – Gritava sem parar, porém nada do garoto. Ela sentiu uma vibração esquisita na água e algo a acertou, fazendo-a desmaiar.

♪♩ Não há tempo para ser jovem

E todos os meus amigos, são inimigos.

E se eu clamei pela minha mãe

Não, ela não estava lá, ela não estava lá para mim. ♪♩

Um dia depois...

Amélia acordou cuspindo água e sentindo o Sol arder em sua pele, tentou-se levantar, mas estava muito dolorida. Abriu os olhos lentamente e viu que estava em cima dos destroços de uma casa, seu olhar rodou o local e viu que o chão também estava rachado. Ela não sabia onde estava, nem se estava sozinha no mundo agora depois de tudo o que ocorreu. Fez um esforço e conseguiu finalmente se pôr de pé, cambaleando até cair de nádegas em um paralelepípedo que formava uma calçada destruída. Olhou para o esgoto que tinha ali e deduziu que a chuva arrastou o lixo que o tampava e com a ajuda do sol, toda a água evaporou. Ou poderia ser simplesmente um milagre... Não, milagre não, não havia Deus nem Jesus. Não havia anjos. Se houvesse, teria ouvido sua prece desde o começo de tudo isso.

♪♩ Não deixe eu me afogar, não me deixe afogar nas ondas, oh.

Eu poderia ser encontrada, eu poderia ser o que você salvou. ♪♩

Olhou para o horizonte sem nenhuma expressão; nem mesmo aqueles seus machucados pareciam ser um grande problema. E se ela fosse a única naquele mundo destruído, o que faria? Seu pai não voltou para ela, perdeu sua mãe, perdeu seu irmão, o seu cachorro nem se sabe que fim levou... Sua casa, seus planos, seus amigos, suas expectativas. Nada e nem ninguém.

♪♩ Deite minha cabeça debaixo da água

Rezo em voz alta por calamidades

E quando eu acordar desse sonho, com correntes em volta de mim.

Não, eu nunca fui eu nunca fui livre. ♪♩

Ela se mataria? Ela iria desperdiçar a chance “divina” que deram á ela?

♪♩ Salva, salva, salva. ♪♩

E porque não?

Pegou então, em meio aos destroços ela achou um metal com uma ponta afiada; deduziu que era de alguma obra grande que estava sendo feita. Passou os dedos pela ponta, e logo se cortou e afirmou que estava bastante afiada. Posicionou em frente ao seu coração e começou a respirar de forma que demonstrasse seu desespero. Lembrou-se mais uma vez de sua família e suas brigas constantes, largou o metal e caiu de joelhos, chorando sem cessar ou abrir os olhos. Ela não podia se matar, não conseguia. Algo ainda a prendia lá, talvez seja a culpa que a fazia viver como uma espécie de tortura. Não, talvez seja... Esperança.

Esperança de encontrar alguém vivo, esperança dela não ser a única ali.

Então, levantou-se e ergueu a cabeça, olhando para a sua destruída á frente. Com passos lentos e capengas, começou a andar sem rumo procurando algum sinal, nem que seja uma alma penada perambulando por ali. Ainda escorria lágrimas em seus olhos, pois a dor da perda é uma dor impossível de se superar.

Que a sua punição comece.

♪♩ Não, eu nunca fui eu nunca fui livre.

Não, eu nunca fui eu nunca fui livre.

Não, eu nunca fui eu nunca fui livre. ♪♩

E aí, curtiu? Dá uma passadinha nas minhas outras fanfics porque se gostou dessa, tenho certeza que as outras agradarão!

O que acham que aconteceu com Amélia? Comenta aí!

Deem uma olhadinha no meu novo Best-seller amador, agora no Nyah: Lifeless.


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