Liberdade de asas. escrita por Jhuly Panter Kat


Capítulo 1
Posso ver elas




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Passo trinta minutos da aula de artes desenhando Ezra Toledo. Um garoto qualquer da minha sala, que não é o mais bonito e nem o mais inteligente ou o mais esforçado. Pois então o que eu vejo de especial nele? Dizem que liberdade é como asas. Talvez seja por isso que eu as vejo sempre nele. Ele parece livre. Parece se divertir o tempo inteiro, sem se preocupar muito com o que os outros irão dizer. Parece um pássaro livre, voando pra qualquer lugar sem um rumo em mente, mas ele é livre pra ir pra qualquer lugar e ele simplesmente vai como se aquilo fosse o curso natural do rio.
Meu segundo mês em Brasília e eu não consigo parar de desenhar Ezra com asas. Ezra com asas sorrindo. Ezra com asas dormindo. Ezra com asas chorando. Ezra com asas lutando. Passei esses dois meses desenhado o Ezra com asas. Elas estão lá nitidamente. Mas apenas eu as vejo. Elas fazem a mais bela harmonia em suas costas ao meu ver. Sua liberdade me inspira a traçar e retraçar linhas, riscos, círculos e rabiscos no papel.
Ezra está emerso na conversa com seus amigos patetões idiotas, que não param de falar sobre uma loira gostosa de uma festa em que eles foram sábado à noite de penetras o que me faz revirar os olhos algumas vezes. Ezra estava sentado em uma mesa com um pé na cadeira e outro no chão com objeto inidentificável e um pincel na outra que outrora estava se movimento no objeto fazendo-o ganhar cores nada sóbrias, nem tão pouco harmônicas. Faltavam apenas alguns retoques no meu desenho. Mas obviamente não o entregaria para o professor fazer a exposição. Só de imaginar Ezra e o resto do mundo descobrindo que eu o uso como modelo para os meus desenhos me faz tremer de medo e vergonha principalmente. Mas não posso evitar, quando vejo lá estou eu com um lápis e papel na mão o desenhando. O desenho do qual eu iria usar seria algo parecido com os desenhos sobre o Ezra, entretanto em uma versão feminina. Olho uma última vez para Ezra em uma tentativa de terminar o meu desenho. Seus olhos dão de encontro aos meus na mesma hora e então nos encaramos por alguns pares de segundos. Senti-me ruborizar e desviei a cabeça olhando de volta para o meu trabalho que não seria exposto. Então voltei a olhar mais uma vez. Ele estava voltado para os amigos idiotões novamente. Um alívio dominou o meu corpo que estava tenso com o medo de ter sido descoberta.
Termino o desenho o mais rápido possível, pois a aula já estava acabando. O sinal toca e todos saem da sala e eu sigo o fluxo após guardar os meus materiais na mochila. Para a minha surpresa Ezra estava apoiado em uma pilastra perto da sala de vídeo mexendo no celular. Andei alguns passos seguindo o rio de pessoas, no entanto seus olhos encontraram o meu o que fez o meu coração disparar. Vi um leve sorriso em seus lábios. Ele acenou em minha direção, olhei para trás e aos lados para ver se ele estava mesmo acenado pra mim. E então senti ele se aproximar e olhei pra gente para comprovar. Ele já estava próximo o suficiente para tocar o meu ombro. Minha pulsação ficou mais intensa com sua aproximação repentina. As palmas da minha mão estavam suando, então as deposito na parte de trás dos bolsos da calça jeans tentando secá-las. Ele me encarou e fiquei presa em seu olhar, que tem algo te prende feito amarras, de um jeito hipnotizante, sendo quase impossível desvia o olhar.
- Emily, você não tem muitos amigos, né? -soou mais como uma afirmação do que uma pergunta. Senti-me um tanto ofendida, como se ele estivesse jogando na minha cara o fato de que ele tem muitos amigos enquanto eu sou alguém um tanto seletiva em minhas amizades. Inconscientemente lhe lancei um olhar protestando à babaquice da qual ele havia acabado de falar. -Desculpa. - Disse tirando as mãos de meus ombros balançando-as em sua defesa. -Não quis... - Ele virou o rosto que aparentava uma leve ruborizada. Ele coçou a orelha esquerda. Parecia bastante envergonhado e constrangido. -Eu...Queria... Te chamar pra ir a uma festa... Esse sábado.


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