Félix e Niko - Counting Stars escrita por Look at the stars


Capítulo 17
Capítulo 17




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– E você vai levar ele para sua casa? – Perguntava Gustavo espantado com aquela atitude repentina de Edgar.

– Vou... - Ele respondeu naturalmente como se não houvesse nada de estranho no que estava fazendo.

Enquanto falava com o amigo, Edgar tirava o jaleco do restaurante para guardar em seu armário, mais um dia de trabalho já havia chegado ao fim. Gustavo estava apoiado nos pequenos armários dos outros funcionários e encarava o amigo seriamente.

– Porque ta fazendo essa cara? Acha que eu estou agindo precipitadamente? – Perguntou Edgar receoso de que sua atitude tenha sido precipitada ao perguntar se Niko queria ficar em sua casa enquanto não tivesse onde morar.

– Um pouco Edgar, você não o conhece... Eu fico preocupado. E se você estiver abrigando alguém de má índole na sua casa? – O moreno perguntou preocupado com a segurança do amigo.

– Ele é só um garoto Gustavo, dois ou três anos mais novo que você, eu acho. Ele foi expulso de casa pelo pai, foi assaltado e não tem onde ficar. Pelo pouco que ele me contou eu pude perceber que ele é uma boa pessoa...

– Se você está dizendo.

– Não precisa se preocupar comigo, eu sei o que faço... Vamos que ele está esperando por mim lá do lado de fora do restaurante desde mais cedo.

Gustavo estava preocupado com Edgar, mas de certa forma foi dessa mesma maneira que sua amizade com ele começou. Edgar mal o conhecia e o ajudou, arranjou um emprego para ele no restaurante, o deixou ficar em sua casa até conseguir ter a sua própria, ele estava apenas agindo com aquele rapaz da mesma forma que agiu com ele.

Era de sua essência ajudar as pessoas desde as grandes atitudes até ás mais simples, e Edgar tinha o que ele chamava de radar de bondade e nunca errava sobre o quanto uma pessoa era boa e o quanto era ruim, se ele dizia que Niko era um rapaz bom, provavelmente estava certo.

Ainda dentro do carro, Gustavo pode ver pelo espelho o rapaz loiro sentado no banco de trás do veículo, na maior parte do percurso até a casa de Edgar ele se manteve calado, de cabeça baixa e de vez em quando olhava pela janela do carro sempre com uma sombra de tristeza, decepção e magoa no rosto.

Em um primeiro momento quando o viu o achou extremamente bonito e gentil, embora ele estivesse muito tímido havia gostado do jeito dele. E isso tudo fez com que se sentisse mais aliviado por Edgar está abrigando alguém aparentemente bom.

– Niko não sei se o Edgar falou alguma coisa sobre mim... – Gustavo olhou para o amigo. – então vou me apresentar. Meu nome é Gustavo, tenho 22 anos... sou moreno dos olhos azuis como você pode perceber... e sou bom partido para alguém que precisa ser amado.

Niko olhou para ele pelo espelho, seus olhares se cruzaram e o loiro riu timidamente quando o moreno picou para ele.

– Ta vendo Edgar ele gostou de mim... eu não assustei ele. – Gustavo comentou após ter arrancado um singelo sorriso de Niko, o primeiro desde que o viu.

Edgar havia dito para o moreno, antes de saírem do restaurante, para ele se comporta direito e não assustar o pobre garoto com seu jeito “espontâneo” demais.

– Vai se acostumando com o jeito maluco dele Niko, porque esse aqui vive na minha casa perturbando a paciência. – Edgar comentou e Gustavo fingiu está magoado.

– E eu achando que ele adorava minha companhia, estou chocado.

Niko sorriu novamente, de certa forma o jeito brincalhão de Gustavo o deixava mais confortável e menos constrangido. Niko sabia que sua atitude foi um pouco instintiva ao ter aceitado a ajuda de dois estranhos, mas Edgar lhe passou segurança que o fez se sentir seguro em confiar na boa intenção dele em ajudá-lo e afinal de conta pessoas que entregam comida para sem tetos eram pessoas de bom coração.

E dentro daquele carro ele pode comprovar que sua intuição não estava errada, Gustavo e Edgar eram boas pessoas que por algum milagre divino cruzaram seu caminho. Quando o carro parou em frente á uma casa, Niko a observou. Parecia bem acolhedora.

– Bem vindo a minha casa Niko... – Edgar disse ao abrir a porta. – Ela não é enorme como eu acho que a sua é, mas é bem confortável.

– Eu nem sei como te agradecer Edgar. – Niko disse comovido com a bondade dele.

– Essa é uma das frases que eu mais disse para esse cara na minha vida... – Gustavo foi até Edgar colocando o braço no ombro dele. – até hoje eu não consegui compensá-lo por tudo de bom que fez por mim também. Nem sei como agradecer...

– Bem... Você poderia começar não entrando na minha casa fumando Gustavo. – Edgar apontou para o cigarro que Gustavo segurava entre os dentes.

– Minha nossa como isso veio parar aqui?... – Gustavo tirou de sua boca e o encarou. – Juro que eu não sei.

Gustavo disse com seu jeito bem humorado fazendo Niko sorrir junto com eles, e o moreno não pode deixar de perceber que o loiro tinha um belo sorriso.

– Você tem um lindo sorriso Niko...

O sorriso do loiro agora se transformará em um sorriso tímido após receber aquele elogio inesperado.

– Juro que se o Edgar não tivesse te trazido para a casa dele eu te levava para a minha... – Edgar bateu no amigo com o cotovelo. – Aii Edgar, o que? Não se pode dizer a verdade aqui? – O moreno falou massageando o lugar onde tinha sido atingido por ele.

– Não liga para ele Niko... O Gustavo é assim mesmo cheio de gracinhas, com o tempo você se acostuma. Acho que o cigarro e a bebida estão começaram a afetar o cérebro dele.

Gustavo deu de ombros não se importando com o comentário e foi até a janela jogar fora o cigarro que tinha nas mãos.

– Do jeito que eu sou, seria mais fácil eu está afetando eles. – Brincou fazendo Niko sorrir, o loiro se sentia um pouco bobo por querer rir de tudo que ele falava. Mas isso de certa forma era bom, o ajudava a esquecer tudo que aconteceu de ruim em sua vida.

– Niko... – Edgar o chamou para lhe mostrar a casa.

Ao tirar a atenção de Gustavo, Niko pode ver o local onde estava com mais atenção. A casa não era muito grande, era bem arrumada, tudo estava perfeitamente em seu lugar, havia apenas quatro cômodos. A sala dividia espaço com a cozinha, andando um pouco mais Edgar lhe mostrou o corredor que tinha dois quartos um e em cada lado do mesmo e um banheiro no final dele. Edgar caminhou até um dos quartos e fez um gesto com as mãos chamando Niko.

– Aqui é onde você vai ficar.

O quarto era singelo, havia prateleiras com vários livros empoeirados, provavelmente por estarem ali naquele mesmo lugar sem ninguém sequer mexe-los. Niko pensou em ler alguns deles se de noite o sono lhe faltasse, o que provavelmente lhe aconteceria nesses primeiros dias em que passaria longe de casa e da família.

– Esse aqui era o antigo quarto do Gustavo... – Falou Edgar tirando-o de seus pensamentos que teimavam está em sua família. – E aquela porta ali... – Edgar apontou para o banheiro. – é o banheiro... Você com certeza deve ta querendo entrar debaixo de um chuveiro e depois dormir por dias, não é mesmo?

Niko balançou a cabeça timidamente, realmente estava precisando de um banho e uma cama com urgência.

– Não se preocupa com a roupa, você e o Gustavo são quase do mesmo tamanho, ele vai te emprestar algumas.

– Eu vou é? – Gustavo falou da sala, enquanto tragava outra vez o cigarro que tinha acabado de acender.

– Não vai dá trabalho ele ir na casa dele e voltar? – Niko perguntou receoso. Não queria incomodar mais do que já estava incomodando, eles já estavam fazendo tanto por ele.

– Não, a casa dele e praticamente aqui do lado, não se preocupe com isso.

Após Niko entrar no banheiro para um banho relaxante que tanto ansiava, Edgar foi até Gustavo que ainda se encontrava perto da janela da sala.

– Eu gostei dele... – Gustavo comentou quando Edgar apareceu.

– Eu falei que ele é uma boa pessoa, ele só passou por muitas coisas ruins.

– Com certeza sim... – Concordou Gustavo após soprar a fumaça pela janela. – Isso geralmente acontece com pessoas boas demais... Bom, eu vou lá em casa pegar algumas roupas para ele.

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– Você sempre gostou de fazer isso Edgar? – Niko perguntava enquanto observava o amigo fazendo sushi para o jantar.

– Sempre! E você pelo jeito que me observa sempre que estou aqui na cozinha, gosta também. – Edgar disse, pois percebeu que nessas duas semanas de convivência com o loiro, ele sempre o observava atento para tudo que fazia na cozinha.

– Eu gosto muito de cozinhar, embora eu não tenha tido muitas oportunidades...

– Quer tentar? – Edgar lhe ofereceu a faca.

– Eu posso?

– Claro, já me viu fazer isso tantas vezes, com certeza sabe passa a passo tudo que se deve fazer.

Niko pegou a faca e deu continuidade ao que Edgar estava fazendo, enquanto cortava as tiras de peixe, Edgar lhe dizia à utilidade que cada faca tinha. Lhe ensinou a maneira certa de cortar o peixe e várias outras técnicas da culinária japonesa, Niko escutava tudo atentamente.

– Você leva jeito Niko... – Edgar disse ao ver ele fazendo tudo perfeitamente bem. O loiro sorriu contente. – Você ta indo tão bem que eu diria que você poderia até ser meu braço direito lá no restaurante em vez de garçom.

– Amanhã é meu primeiro dia de trabalho, eu to tão nervoso. E se eu derrubar a bandeja em cima de algum cliente?

– Besteira, eu vi você praticando com o Gustavo a segurar a bandeja corretamente... Você foi muito bem. – Edgar lhe lançou um sorriso encorajador.

Após se sentarem a mesa eles estranharam o silêncio em que a casa estava.

– O Gustavo faz uma falta... tudo fica tão calmo e silencioso sem ele. – Niko comentou.

– Verdade, mas... hoje é domingo e como ele mesmo diz...

“É dia de cair na farra.” – Os dois falaram juntos imitando o amigo que não estava presente com eles á mesa.

Depois do jantar Niko foi para seu quarto, mas demorou á pegar no sono. Seus pensamentos estavam em sua mãe, na última ligação que tinha feito para casa Anna disse que a mãe e o pai haviam discutido novamente e que o casamento deles estava por um fio.

Niko se sentia culpado pelas brigas constantes de seus pais, tudo isso só começou por sua culpa. Niko se castigava ao pensar que além de arruinar a própria vida estava fazendo o mesmo com a dos pais.

Para tentar amenizar as coisas o loiro disse à irmã que não queria voltar e que estava bem onde estava, o que de fato era verdade. Apesar da enorme saudade que sentia da família, Niko estava bem com Edgar e Gustavo.

Já era um novo dia, Niko se preparou para o primeiro dia de trabalho. O loiro foi até a sala e encontrou Edgar já tomando seu café, Niko se serviu de uma xícara de café para poder se recuperar da noite mal dormida.

– Segundas feiras são os piores dias para se pegar carona com o Gustavo... – Edgar comentou enquanto olhava o relógio.

– Por quê?

– E o dia após a bebedeira de Domingo... E sempre, quase sempre ele dorme com alguém e esquece à hora.

– Ele tem namorada? – Niko perguntou e Edgar balançou a cabeça negando.

– Eu nunca entendi isso... casos de uma noite só. Eu acho que sou tradicional demais...

Após terminarem o café os dois foram até a casa do amigo, ao chegar cada vez mais perto da casa dele Niko pode ouvir o som que vinha de lá. Quando chegou a porta pode identificar a música que tocava, Elvis Presley Burning Love, Niko sorriu ao ouvir a voz de Gustavo acompanhando a música.

Elvis fazia lembrar-se dos poucos momentos de paz que passava com o pai, gostar dos clássicos do Rock era uma das poucas coisas que eles tinham em comum.

Edgar bateu na porta algumas vezes, mas não foi atendido, ele girou a maçaneta e viu que a porta não estava trancada. Ele e Niko entraram e viram Gustavo dançando ao mesmo tempo em que cantava totalmente fora do ritmo. Ele não parou mesmo quando notou a presença dos amigos, pelo contrário parecia que ele havia se empolgou mais ainda com a música.

– Vem Edgar, dança Elvis comigo...- Convidou.

Niko sorria do que via, já convivia há duas semanas com Gustavo, mas ainda sim conseguia se surpreender com o jeito tão descontraído dele.

Edgar foi até o radio e o desligou.

– Ah que estraga prazer você é... – Reclamou Gustavo quando a musica parou de tocar. – Oi Niko... – Ele o cumprimentou ao notar a presença do loiro.

– Oi.

– Tem alguém aqui com você? – Edgar perguntou ao moreno.

– Não! Estou sozinho, abandonado e carente... – Gustavo olhou para o loiro e piscou, Niko balançou a cabeça sorrindo.

– Que surpresa. – Edgar comentou.

– O que? - Perguntou Gustavo após tirar sua atenção de Niko.

– Você não ter trazido uma pessoa desconhecida para cá depois da balada.

– Não tinha ninguém interessante ontem só isso... Ouviu Niko, estou à disposição para você.

– Você ainda não desistiu?

– Eu nunca desisto.

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– Meu irmão quando você vai voltar para casa?

– Anna a gente já falou sobre isso...

– Já faz cinco meses que a gente só se fala por telefone. – Anna disse angustiada. – Eu fico preocupada.

– Eu to bem Anna...

Niko disse após conter o gemido de dor ao ter tocado nos lábios feridos sem querer, ele se olhava no espelho de seu quarto. Estava péssimo, mas não queria preocupá-la, o roxo em volta de seu olho ainda estava bem visível e a dor ainda era incomoda demais.

– Você sempre fala isso. Eu quero que você volte para casa... a mamãe quer... Até a Isabela que não é de demonstrar muito os sentimentos disse que está com saudades de você...

– E o papai?

Anna ficou calada, não poderia mentir, pois seu irmão sempre sabia quando ela estava mentindo.

– O papai não quer que eu volte, ta sendo melhor assim Anna... ele aí e eu aqui.

– Vocês são dois teimosos... Meu irmão, se você não quer voltar pelo menos diz aonde você ta para eu te visitar.

– Não posso, porque eu sei que você vai vim com a mamãe e vão acabar me convencendo a voltar para casa, o que vai ser um problema, por causa do papai. Não quero destruir o casamento da mãe e do pai... você sabe que é isso que vai acontecer se eu voltar.

– Mesmo assim, estamos com saudades.

– Eu também... – Niko se virou e viu Gustavo parado perto da porta, sorriu para o amigo que retribuiu piscando para ele. - Maninha eu tenho que desligar, to usando o celular de um amigo e não quero abusar da bondade dele.

– Ta bom, mas me liga de novo por favor.

– Você sabe que toda semana eu ligo.

– Eu sei...

– Tchau, manda um beijo para a nossa mãe e para as nossas irmãs.

Niko desligou o celular e entregou á Gustavo.

– Você sabe que pode abusar da minha bondade à vontade, alías pode abusar de muitas outras coisas também... – Falou Gustavo ao pegar o celular. Niko passou por ele sorrindo, o amigo sempre fazia esse tipo de brincadeira.

– Edgar já foi pro restaurante? – Perguntou ao chegar à sala e não encontrar o amigo.

Niko se sentou no sofá com certa dificuldade e dessa vez não conseguiu conter o gemido da dor no corpo que sentiu.

– Sim... Sabe como ele é, não gosta de se atrasar nem um minutinho. – Disse Gustavo se sentando ao lado do loiro no sofá.

– Ele ta certo, se a gente tem um horário temos que cumpri-lo.

– Edgar é você?... – Gustavo falou. – você ta um pouquinho diferente, ta com olhos verdes e abertos e cabelos loiros enrolados. – Gustavo passou a mão por seus cabelos deixando-os bagunçados.

– Quer parar com isso Gus... Você sabe que meu cabelo fica bagunçado por livre e espontânea vontade, não precisa ajudá-lo.

– Você ta convivendo muito com o Edgar... Ta ficando serio que nem ele.

– E com você também, só que sua loucura é mais contagiosa que a seriedade do Edgar.

– Minha loucura? Mas que audácia senhor Corona... eu não sou louco... Sou feliz, só isso.

– É... você é feliz... – Niko colocou a mão na barriga ao sentir uma pontada de dor.

– Como você ta Niko? – Ele perguntou um pouco mais serio se levantando para encher um copo com whisky.

– To bem.

– E o corpo ainda ta doendo muito?

– Um pouco, mas já to bem melhor comparado ao primeiro dia da surra.

– Eu já disse para você não sair sozinho Niko, eu posso te levar para o restaurante. – Gustavo recriminou o amigo.

– Eu não quero te incomodar Gus, nossos horários de trabalho são diferentes agora.

– E daí? Eu te levo mesmo não sendo meu dia de trabalho no restaurante.

– Não quero te incomodar com isso.

– Você nunca me incomoda Niko, eu me preocupo com você... E eu fico com uma raiva infinita ao ver a covardia que acontece com você quando o Alexandre e sua gangue de filhinhos de papai batem em você por pura diversão. Um dia ainda vou revidar tudo que eles fazem contigo...

– Não, por favor, Gustavo... – Niko se levantou ignorando totalmente a dor que sentiu ao fazer isso e foi até o amigo. – Se você fizer isso vai ser pior, eles vão cismar com você também... – Niko olhou serio para o moreno. – Eu não ia me perdoar se eles te batessem por minha culpa.

– Você não merece apanhar deles Niko.

– Nem você, então, por favor, não faz nada... deixa as coisas como estão.

Gustavo balançou a cabeça discordando de Niko, não achava justo o loiro ter virado saco de pancadas de um bando de playboys ricos que viviam tocando o terror pelo bairro.

Há duas semanas Niko viu Alexandre, o líder do grupo, batendo em um senhor de idade morador de rua, Niko achou aquele ato tão covarde que não pode evitar de ir lá ajudar o pobre homem.

Naquele dia em questão Niko conseguiu enfrentar Alexandre, afinal era um contra um. Mas após ter perdido para Niko, Alexandre só perseguia o loiro com outros quatro amigos do lado deixando Niko em desvantagem. Por várias vezes Niko chegou machucado na casa de Edgar após ter apanhado deles e isso deixava Gustavo furioso.

– Isso que dá ser bom demais Niko, você ajudou um cara e agora ta pagando por isso.

– Eu não me arrependo de ter ajudado ele.

– Eu sei... você é bom demais sabia? – Gustavo o abraçou com cuidado para não machucá-lo.

– E você também, afinal, desde que te conheci você só me fez sorrir mesmo quando eu estava triste e eu sou muito grato por isso.

– Eu gosto muito de você.

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Edgar observou o modo como Gustavo olhava para Niko, o moreno estava tão encantado que nem sequer piscava. Niko estava sentado no sofá tão concentrado em um livro que lia que nem percebeu os olhares do amigo.

– Me desculpem à pergunta indiscreta, mas... Vocês dois estão juntos ou algo do tipo? – Perguntou Edgar tirando a atenção de Gustavo de Niko.

O loiro desviou a atenção do livro e olhou para Edgar em seguida para Gustavo, ele não estava entendendo porque o amigo tinha feito aquela pergunta.

– Bom nós somos namorados... – Gustavo falou e Niko olhou para ele incrédulo. – mas sem direito a beijos e toques mais íntimos, apesar de eu saber que ele é louco por isso...

Gustavo olhou para Niko depois de ter sido atingido por uma almofada jogada pelo loiro.

– Ou seja... – Gustavo mesmo assim continuou. – Somos amigos com um clima tenso no ar. – Mais uma vez Niko jogou outra almofada nele. – Aiii... que coisa Niko...

– Não entendi nada... – Edgar falou confuso com explicação de Gustavo.

Niko já estava convivendo com os dois há quase sete meses e Edgar tinha se tornado um grande amigo assim como Gustavo. Niko não podia negar que sentia algo especial pelo moreno, podia ser uma paixão, podia ser um afeto por ele pois quando estava com Gustavo sempre se sentia bem. Mas Niko preferia ficar só na amizade.

Apesar de ter esquecido completamente Eron, ele não queria se envolver novamente com alguém tão cedo, mesmo Gustavo sendo um cara incrível.

– Ele está brincando Edgar, sabe como ele é. Somos só amigos mesmo...

– Hum... Eu já to indo para o restaurante... hoje no almoço foi uma correria e agora de noite não vai está diferente... Se comportem crianças.

– Ouviu isso Niko, nada de tentar me agarrar.

– Se eu tivesse mais uma almofada aqui perto de mim, eu jogaria ela em você.

Gustavo piscou para ele e balançou a cabeça para tirar o cabelo que insistia em cair sobre seus olhos.

– Eu já falei... se você quiser eu posso corta esse cabelo para você.

– Você, tesoura e meu cabelo mantenham uma distancia segura, por favor.

Gustavo foi até a janela e viu o céu limpo e estrelado.

– É o nosso dia de folga Niko, você não quer sair um pouquinho... Respirar um ar fresco?

– Eu não to no clima para sair Gus. - Respondeu Niko sem tirar os olhos do livro.

– Você nunca ta né? – Gustavo não se deu por vencido, foi até ele e se sentou do seu lado. – O que você ta lendo?

Niko mostrou a capa do livro para ele ler o titulo.

– E é bom? – Gustavo estava visivelmente tentando distraí-lo da leitura.

– Ainda to no começo da historia, não dar para dizer muita coisa. Quando eu terminar de ler eu te empresto.

Niko finalmente pensou que poderia ler seu livro sem interrupções quando Gustavo ficou calado por um longo tempo, mas isso não durou muito, pois ele começou a cantarolar do seu lado tirando sua concentração das letras.

– Ta ok... – Niko fechou o livro e o deixou de lado. – O que você quer fazer?

– Não sei, qualquer coisa fora daqui.

– Que coisa?

– Eu conheço um lugar super legal.

– Tudo bem! Vamos nesse lugar.

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Ao estarem a pouco mais de cinco minutos em uma estrada de terra Niko comentou.

– Você se perdeu não é mesmo?

Gustavo sorriu, aquela já era a terceira vez que o loiro dizia aquilo.

– Não Niko eu sei muito bem onde a gente ta.

Ao chegarem a uma certa parte da estrada Gustavo parou o carro.

– O que foi?

– Você sabe dirigir Niko?

– Sei... Por quê?

– Que ótimo.

Gustavo tirou o cinto de segurança e saiu do carro, abriu a porta do lado de Niko e mandou ele ir para o banco do motorista.

– Quer que eu dirija?

– Sim... é só seguir em frente, não tem erro.

E assim Niko o fez, como a estrada era deserta Gustavo o mandou acelerar mais.

– Acelera Niko que mais na frente tem uma subida enorme.

– Tudo bem.

Niko acelerou e se assustou quando Gustavo tirou o cinto de segurança e colocou metade do corpo para fora do veículo.

– Gustavo você enlouqueceu? – Niko disse após se recuperar do pequeno susto.

– Um pouco... Essa sensação é ótima demais. - Gustavo sentia o vento bater em seu rosto, via as estrelas piscando acima dele.

– Você vai cair...

– Eu não vou cair... Porque eu estou voando.

– Maluco...você é maluco.

– Eu sei disso.

Niko continuou dirigindo até chegarem ao fim da estrada. Niko olhou com cara de poucos amigos para ele quando ele retornou ao seu lugar após o carro parar.

– O que foi?

– E se você caísse e morresse hein? – Niko mantinha os braços cruzados.

– Eu não vou morrer tão cedo Niko... - Gustavo sorria. - vou atentar você por longos anos... E olha só, a gente chegou.

– Sim chegamos... chegamos no nada.

Gustavo desceu do carro e guiou Niko por uma pequena trilha que tinha entre as arvores. Estava escuro, mas Gustavo sabia muito bem por onde andar.

– Olha só para isso Niko...

Gustavo soltou sua mão e abriu os braços lhe apresentando o lugar, as luzes da cidade estavam atrás dele como um imenso tapete iluminado. De onde estavam tudo parecia tão pequeno, Niko ficou maravilhado.

O ar era frio provocando arrepios por seu corpo, o único som que se instalava ali era o do vento batendo nas arvores e os ruídos de grilos e sapos.

– Gus... isso é perfeito. - Disse com os olhos ainda presos na paisagem á sua frente

– É maravilhoso.

– É realmente lindo.

Além do espetáculo que era ver a cidade daquele ponto, Niko não evitou fixar sua atenção para as estrelas acima, que dali pareciam está mais brilhantes que o normal. Gustavo acendeu um cigarro e se sentou no chão apoiando as costas em uma árvore.

– Apesar de precisar pegar uma estrada de terra quase toda esburacada... vale a pena, a gente é recompensado com essa visão maravilhosa. - Comentou Gustavo sorrindo, pois Niko ainda estava anestesiado com o que via.

– Eu juro que eu pensei que o carro não ia conseguir subir a ladeira... – Niko falava, porém não saia de seu estado de admiração. - pensei que ele ia se desfazer em vários pedaços e que aquele era o meu fim.

– Que exagerado.

Niko se sentou junto a ele e só agora pode perceber que ele tinha trazido uma garrafa de bebida.

– Porque você bebe tanto Gus?

– Antes era porque eu queria esquecer meus problemas e agora eu acho que é por habito. Quer experimentar?

– Não obrigado... Sabe o que eu percebi...

– O que?

Gustavo perguntou curioso e sua curiosidade aumentou mais ainda quando viu um sorriso discreto no rosto dele. Provavelmente estava com uma cara de bobo por está tão encantado com aquele sorriso.

– Eu já falei da minha vida para você desde quando eu usava fraldas até os dias de hoje... E você sempre me ouviu com bastante atenção...

– Sim.

– No entanto você nunca me falou sobre você.

– Minha historia não é interessante, pra falar a verdade ela é triste e dolorosa e você não vai querer ouvir. – Gustavo balançou o cigarro fazendo as cinzas caírem na grama.

– Tristeza e dor fazem parte da vida. – Ressaltou Niko.

– Infelizmente. – Ele olhou para Niko que mantinha os olhos fixados nele a espera de um resumo de sua vida. – Quando a gente fala sobre nós, sobre nossas vidas... – Gustavo começou. – sobre tudo, sem reservas e não esconde nada por mais que seja doloroso... a gente meio que ta deixando a pessoa ocupar um grande espaço no nosso coração.

– Eu não tenho espaço no seu coração? – Niko não pode deixar de transparecer sua tristeza. - Por isso você nunca me falou nada sobre você.

– Hey não seja tão bobinho... – Gustavo lhe chamou a atenção. – Como assim você não está no meu coração? Claro que está... em mais da metade dele. E isso é muito espaço, espero que cuide bem dele.

Gustavo sorriu para Niko e ele logo retribuiu. Gustavo era um rapaz de sorriso fácil e isso contagiava Niko o fazendo sorrir também, está com ele era algo prazeroso e as conversas eram sempre um alento e uma válvula de escape para fugir de suas desilusões.

– Eu gosto muito de você Niko. – Gustavo foi sincero.

– Gus...

– E entendo... você tem medo de me dá uma chance... eu respeito isso. – Completou.

– Como você sabe que gosta tanto assim de mim?

– Eu me conheço, sei como eu sou. Se eu não estivesse gostando tanto de você eu iria está procurando alguém para gostar.

– Eu acho que... você merece alguém melhor do que eu.

– Eu penso de outra forma... – Gustavo disse. – Eu acho que você é bom demais para mim.

– Você não gostaria de está com alguém que está com o coração remendado.

– Você fala como se o meu estivesse em um estado melhor que o seu.

Após o comentário do moreno os dois se calaram e ficaram assim por incontáveis minutos até Gustavo dizer:

– Não há muito para se contar sobre a minha vida... – Gustavo observou. – Eu não tive uma infância muito feliz, meu pai era um bêbado desempregado e a minha mãe era uma mulher trabalhadora, mas inteiramente submissa a ele. Ela trabalhava o dia inteiro enquanto ele assistia futebol e bebia varias e varias latas de cerveja em um só dia. Eu desde quanto consegui entender um pouco sobre a vida, eu me perguntava com ela aguentava aquilo...

– Talvez ela o amasse.

– Não sei... – Gustavo ficou pensativo. – Eu não entendo muito sobre o amor, mas mesmo assim eu posso afirmar que aquilo não era amor Niko, tava mais para falta de amor próprio da parte dela. Só isso explicar ela deixar ele fazer certas coisas com ela... sem cogitar a possibilidade de se separar e ir embora. – Havia raiva em sua voz.

– Ele batia nela? – Niko perguntou e Gustavo demorou a responder.

O loiro esperou pacientemente.

– E em mim também. – Respondeu por fim.

– Eu sinto muito.

– Já acabou não há mais nada a ser sentido, ela morreu quando eu tinha 12 anos. Uma dose a mais que o normal e aconteceu... - ele hesitou em falar, as palavras pareciam facas em seu peito. – ele a matou. – Ele virou o rosto para encarar Niko. – Eu sei... você sente muito, eu também. Ela não merecia aquilo.

Os olhos azuis deles estavam mais brilhantes, provavelmente pelas singelas lagrimas que Gustavo não se permitiu derramar.

– Você é tão forte... – Niko comentou. – se fosse eu já estaria afogado em lagrimas muito antes de começar a falar.

– Com o tempo você aprende a controlar elas, principalmente quando já as derramou demais.

Gustavo sorriu tristemente e Niko não pode controlar suas próprias mãos que foram para a testa dele tirando o cabelo que caíra novamente em seus olhos azuis. Sua mão escorregou para sua bochecha fazendo-o fechar os olhos, Niko se aproximou mais dele. O beijo veio em seguida calmo e inocente, apenas um encostar de lábios.

Após tomar consciência do que acabará de fazer, Niko torceu para que ele não levasse aquele beijo para um lado mais sério.

Gustavo era um ótimo amigo e não queria estragar isso ao ultrapassar a linha da amizade. Niko já havia esquecido Eron, a dor insistente que o atormentava quase toda noite ao se lembrar de como foi desprezado tinha cessado por completo. Seu coração estava livre para amar e ser amado novamente, mas o medo era maior que qualquer outro sentimento.

Por isso retirou rapidamente a mão do rosto dele ficando um pouco constrangido com o que fizera, mas Gustavo outra vez demonstrou ser um amigo espetacular ao se levantar e acabar completamente com o desconforto que Niko estava sentindo.

– Sabe de uma coisa, eu acho que precisamos de uma musiquinha para dar vida a esse silencio todo. – Gustavo foi até o carro.

Gustavo entendia o que Niko estava sentido, aquele beijo foi porque o loiro estava comovido com sua historia. Foi mais por pena do que qualquer outra coisa. Mas o moreno não se importava com isso, antes de pegar o que tinha ido buscar no carro ele tocou em seus lábios com a mão e sorriu. O beijo dele era tão maravilhoso quanto imaginava e se foi por pena ou não, já não importava mais. Ele o tinha beijado e isso era o mais próximo do paraíso que um pecador como ele conseguiria chegar.

– Eu pensei que você gostasse do silencio. – Niko disse ao ver que Gustavo retornava.

– E eu gosto, mas eu... – Quando Gustavo finalmente veio até ele e Niko pode ver o que ele trazia, era um violão. – adoro tocar o baby.

– O violão tem nome? – Niko perguntou sorrindo enquanto Gustavo sentava novamente.

– Claro que sim. – Gustavo passou a mão por toda a extensão do violão. – Baby é uma preciosidade... – Ele ajeitou o violão ao corpo na melhor posição para tocá-lo. – Você sabe cantar?

– Quem? Eu?

– Não, eu tava perguntando para aquela árvore ali na frente. Você sabe cantar dona árvore?

O loiro o empurrou.

– Para de graça Gustavo.

– Sim Niko eu estava perguntando para você, sabe cantar?

– Saber cantar eu sei, mas se eu canto bem é outra historia.

– Cantar bem ou mal não importa muito.

– Ah é? Por quê?

– Porque eu não sei tocar direito.

Após o som das gargalhadas de ambos se dissiparem tudo o que se ouvia era as pequenas notas musicais que Gustavo conseguia fazer com o violão. Depois de tudo que havia acontecido em sua vida, Niko pode se sentir verdadeiramente bem naquele momento descontraído. Gustavo já era uma pessoa muito importante em sua vida, um amigo que havia chegado na hora certa. Niko seria eternamente grato a ele e a Edgar por terem lhe estendido a mão quando todos lhe viraram as costas.

Niko sentia saudades de casa, da sua mãe, das suas irmãs e até mesmo de seu pai. Sentia saudades deles, mas aquele tempo que estava passando na casa de Edgar estava sendo fortificante. Aprendeu tanta coisa, seus novos amigos foram uma luz em meio a tanta escuridão, era incrível como se sentia bem quando estava com eles.

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Gustavo segurava uma pequena correntinha em suas mãos, o aniversário de Niko estava chegando e ele a daria de presente para o amigo.

Seu celular tocou.

– Alô Edgar?

– Oi, Gustavo o Niko apareceu por aí?

– Não! Por quê?

– É que ele esqueceu as chaves de casa dele aqui no restaurante... eu pensei que ele estaria aí na sua casa já que não vai conseguir entrar na minha.

– Não, ele não apareceu aqui.

– Estranho... ele saiu daqui um pouco depois que o horário do almoço acabou. Ele não atende o celular...

– Eu vou procurar por ele... tchau.

– Tchau.

Ao sair para procurá-lo Gustavo avistou Niko sentado no chão escorado na porta da casa de Edgar. O moreno correu até ele preocupado.

– Niko o que aconteceu? – Disse segurando em seu rosto.

– Alexandre.

Gustavo serrou os punhos e bateu na porta o mais forte que podia naquele momento.

– Eu acho que perdi as chaves.

– Vem... eu vou te levar para minha casa.

Após acomodar Niko no sofá, Gustavo foi pegar um quite de primeiro socorros que tinha. Ele se sentou colocando uma almofada nas pernas e puxou Niko para que ele se deitasse.

– Eu juro que isso me faz querer sair por aquela porta e bater naquele mauricinho até ele perder noção de quem ele é... – Disse enquanto enxugava a testa de Niko que estava sangrando.

– Isso só vai deixá-lo mais irado comigo e pior... com você também.

– E é isso que me impede, tenho medo de ele querer descontar o que eu fiz em cima de você... se sem motivo ele já faz isso, imagina com.

Gustavo cuidadosamente limpava os ferimentos de Niko, tomando cuidado para que não doesse muito.

– Você é tão bom em me colocar curativos, suas mãos são tão macias que mal as sinto.

– Aprendi a cuidar de ferimentos com a minha mãe.

– Ela era enfermeira? – Niko perguntou, mas o silêncio e o sorriso triste do amigo o fez entender o que ele queria dizer com aquilo.

– Apesar de tudo, eu e ela tínhamos bons momentos. Apenas você e ela me deram apelidos que eu gosto...

– Qual é o seu apelido além de Gus? - Niko perguntou sonolento.

– Minha mãe costumava me chamar de pequeno Gian.

– Gian?

– Eu sei é um apelido esquisitinho comparando com meu nome, mas eu adorava quando ela me chamava assim. Era um dos poucos momentos que me sentia feliz e amado naquela casa...

Niko pegou no sono ali mesmo no sofá sentindo as mão do moreno em seus cabelos.

– Eu recebi sua mensagem, como ele está? – Falou Edgar ao entrar e ver Niko adormecido.

– Melhor agora, conseguiu dormir.

Edgar pegou uma cadeira para se sentar ao lado dos dois. Estava exausto, cansado e Gustavo pode perceber que ele estava preocupado também e não era só com Niko.

– O que foi?

– Minha família está com problemas. Acho que vou precisar voltar para a minha cidade natal.

– Voltar? Como assim? – Gustavo perguntou surpreso com a noticia.

– Não é nada certo, só é um pensamento.

– Hum... seria uma chatice viver aqui sem ter você para atormentar.

Edgar sorriu, mas o sorriso logo se desfez ao olhar para Niko.

– Não faz nem uma semana que ele se recuperou da ultima surra que tinha levado...

– Eu sei e isso me deixa mais furioso ainda. Ver ele assim desse jeito me deixa em pedaços...

– Você gosta muito nele não é mesmo?

– Muito... até arrisco dizer que o amo. – Gustavo falou.

– Mas? – Edgar indagou.

– Como assim “mas”?

– Pela sua expressão de tristeza tem um “mas” aí...

– Eu o amo, mas ele não me ama... – Gustavo falou por fim. - não do jeito que eu queria que amasse.

.

.

.

Niko tentou abrir os olhos, porém a claridade do lugar onde se encontrava o impedia de fazer isso. Após recobrar um pouco de consciência, pode ver melhor onde estava e logo pode identificar que era um hospital.

Lampejos de como foi parar ali vieram em sua cabeça. Viu Alexandre e seus amigos, viu cenas de si próprio correndo e sendo pego, lembrou-se da dor que sentia ao ser chutado por eles enquanto estava caído no chão.

Aquela seria mais uma surra entre tantas que já estava acostumado a receber deles, mas havia algo de diferente naquele dia... a subida pausa dos chutes e a voz de alguém conhecido.

– Gustavo... – Niko falou ao se lembrar do amigo chegando para ajudá-lo enquanto apanhava.

Niko foi tirado de seus pensamentos quando Edgar adentrou o quarto.

– Você acordou, que bom Niko... – Edgar disse emocionado indo até o amigo.

– O que aconteceu Edgar?

– Os paramédicos disseram que encontraram você desacordado em um beco... depois de ter apanhado. Você fraturou duas costelas... ficou muito mal.

– Gustavo? – Niko perguntou um pouco debilitado, ainda estava sobre efeito dos remédios. – Eu ouvi a voz dele, ele foi encontrado comigo?

– Foi...

– E onde ele está? Eu preciso falar com esse bobo... devia ter ficado quieto e não ter se metido em algo que não envolvia ele.

– Niko...

– Espero que ele não esteja muito machucado...

– Niko... – Edgar segurou em sua mão. - O Gustavo foi encontrado junto com você sim... – A voz do amigo falhava enquanto falava, o que deixou Niko preocupado. – Ele foi trazido para cá em um estado mais grave que o seu...

– E como ele ta Edgar?

– Niko... ele...

– Como ele está Edgar? – Niko perguntou um pouco mais alterado.

– Ele não resistiu... - Edgar falou por fim.


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