Félix e Niko - Counting Stars escrita por Look at the stars


Capítulo 14
Capítulo 14




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Logo depois de terem terminado o jantar, Félix ajudou Niko a tirar a mesa e também se dispôs a secar as louças que ele lavava. Ao ver que ele estava sorrindo do seu jeito desengonçado que as estava secando, se explicou.

– Eu nunca fiz isso uma vez sequer na minha vida, por favor, releve essas minhas habilidades. - Disse sorridente e continuava fazendo a tarefa a sua maneira.

– Eu não estou falando nada. - Argumentou entregando á ele mais uma louça.

– E nem precisa, seu sorriso já diz tudo. - Retrucou Félix.

– Ah é, quer dizer que você sabe interpretar sorrisos?

– Sei... e esse de agora pouco era do tipo “Não acredito que ele não sabe nem secar direito um copo.”

Depois de mais algumas provocações eles voltaram sua atenção á louça, e permaneceram assim até Niko se pronunciar.

– Eu estava aqui pensando... amanhã é o nosso ultimo dia juntos...

– Infelizmente é. - Félix sorriu tristemente, e Niko percebeu sua tristeza, pois ele estava deixando bem claro que ir embora seria uma coisa dolorosa de se fazer.

O que Félix não sabia era que para Niko também não seria nada fácil deixá-lo ir, apesar de está tentando de todas as formas se convencer que aquilo era o certo a se fazer.

Afinal de contas não era tão difícil assim decifrar o sorriso de uma pessoa, pensou Niko, aquele que Félix tinha em seu rosto não transparecia felicidade de jeito nenhum.

– Amanhã à tarde eu quero que você me leve naquele mesmo lugar que você me levou na noite que a gente se conheceu. – Niko falou serenamente.

– Pra quê? - Perguntou curioso.

– Eu quero te contar uma coisa... – Niko entregou a última louça para ele secar e olhou profundamente em seus olhos negros. – eu quero te contar tudo Félix... Você me falou que eu não confiava em você o bastante para te contar sobre mim, eu quero te provar que isso não é verdade.

Após dizer isso Niko saiu da cozinha deixando Félix sozinho com seus pensamentos. Isso era um avanço, Félix concluiu. Com certeza aquilo era um avanço. O muro que Niko havia colocado entre eles estava cada vez mais fraco, e porque não arriscar dizer que ele está quase a ponto de cair?

Félix podia sentir isso, bastava comparar o Niko do primeiro dia que passaram juntos com este de agora que acabará de dizer com todas as palavras que confiava nele. Confia tanto que estava disposto a lhe contar o que nunca havia contado para ninguém antes.

Félix sorriu, mas agora era um sorriso esperançoso, pois havia uma chance. Existia uma pequena chance de Niko lhe pedir para ficar, o que no começo á seu ver era uma coisa quase que impossível de acontecer.

Ele se lembrou da longa conversa que teve com a mãe dele, e de tudo que ela lhe disse antes de ir embora.

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Antes de se levantar para ir embora, a mãe de Niko queria ter a certeza de uma coisa.

– Me diga uma coisa meu filho... – A senhora pegou carinhosamente em suas mãos, seu olhos estavam brilhantes, pois ela derramará algumas lagrimas enquanto lhe contou sobre a vida de Niko. – Até que ponto você gosta do meu Nicolas?

– Como assim até que ponto? – Félix entendeu a pergunta, mas queria ter a certeza do significado daquela questão.

– Você me contou sobre sua noiva, contou que não a ama e também que está com ela por causa do seu pai, que está com ela para ver seu pai feliz. Eu queria saber se você gosta do meu Nicolas a ponto de ficar com ele se ele lhe pedir que fique.

Félix desviou seu olhar para um canto qualquer, estava pensando em tudo, em como seria se tomasse a decisão de ficar com Niko e renegar o pedido de seu pai de se casar com Edith. Sabia que o Dr. César o odiaria se trocasse Edith por outro homem, mesmo esse homem sendo filho de um antigo amigo seu. Além da pergunta que a mãe de Niko fizera, Félix fez uma outra questão para si mesmo.

“Niko vale tanto a ponto de desistir de tudo por ele?”

Naquele momento Félix não soube responder a pergunta da mulher a sua frente, nem mesmo conseguia responder a sua própria. Seu coração estava confuso, ainda não sabia ao certo calcular a intensidade do que sentia por Niko, será que era tão grande assim?

– Eu sei, é tão difícil entender os sentimentos... – Ela falou com uma voz de compreensão. - principalmente quando se trata dos nossos próprios sentimentos. O coração devia vim com um manual de instrução não é mesmo?

Ela sorriu, fazendo as coisas se amenizarem um pouco mais.

– Me desculpa, mas é tudo tão complicado para mim. - Confessou Félix.

– Não se preocupe, eu é que não devia ter feito uma pergunta dessas. Vocês se conhecem há tão pouco tempo... mas é que eu sou apenas uma mãe que quer garantir que o filho não vai sair machucado mais uma vez. Eu queria apenas ter a certeza de que se o meu Nicolas entregar o coração para você... você irá cuidar bem dele. Ter a certeza de que se o meu filho lhe pedisse para ficar... você ficaria.

Dessa vez, foi à vez de Félix aperta carinhosamente a mão dela.

– Eu nunca vou fazer o Niko sofrer... eu prometo.

– Obrigado, você não sabe o quanto essas palavras trazem conforto para o coração dessa velha mãe aqui. Félix se o meu Nicolas lhe pedir para ficar, fique. Porque você pode está seguro de que se isso acontecer algum dia é porque ele finalmente tem a certeza de que te ama de verdade.

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Depois que todos os pensamentos que rodearam sua cabeça, com as possibilidades do que Niko falaria amanhã, sumiram. Félix foi atrás dele. E logo o encontrou na sala, sentado no chão remexendo nas caixas que estavam ali há um bom tempo esquecidas. Ele sorria com a lembrança de cada objeto que encontrava dentro delas.

– Afinal o que são essas coisas que tem ai dentro hein?

– Alguns objetos antigos, brinquedos velhos de quando era apenas um garotinho.

– E porque você trouxe essas coisas pra cá? – Félix sentou-se ao seu lado no chão.

– Há algumas semanas atrás a minha mãe decidiu transformar o porão de casa em um quarto cheio de brinquedos para os filhos da Nicole. Ela colocou todas as coisas antigas que não serviriam como diversão para as crianças aqui para jogar fora depois, mas eu pedi para ficar com as caixas. São coisas importantes que tem aqui.

Félix abriu uma das caixas e pegou uma boneca de pano velha e um tanto encardida de está a tanto tempo guardada ali dentro da caixa.

– Estranho isso aqui ser importante para você.

– Me dá isso aqui... – Niko a tomou de suas mãos a jogando no meio das outras coisas. Ele estava sorrindo de Félix por ele pensar que aquela boneca era dele. – Não era minha, e também não tem nenhuma importância pra mim ta... as minhas coisas estão misturadas com as da minhas irmãs.

– Pra que guardar isso Niko? Estão todas velhas essas coisas, nem dá para ser reaproveitadas.

– Eu sei, mas fazer o que... eu gosto de relembrar os velhos tempos. Por exemplo, olha isso aqui... – Ele retirou de dentro de umas das caixas uma pequena caixinha de madeira com cadeado de prata.

– Estou curioso para saber como isso poderia ter sido importante para você?

A caixinha estava visivelmente bem conservada, ela era toda esculpida com desenhos de flores e o cadeado de prata apesar de pequeno tinha esses mesmos detalhes em sua superfície.

– Eu nem acredito que a minha mãe tinha guardado ela, faz tanto tempo que eu não vejo essa caixa... – Félix viu que o sorriso dele era claramente feliz, com certeza lhe trazia boas lembranças. – eu achei que a Anna tinha perdido ela... Com toda certeza a chave nem existe mais.

– E o que tem dentro dela?

– Medos.

– Hã? – Félix não havia entendido o significado daquela resposta, então perguntou. – Como assim medos?

– Medos, você sabe... escreve o seu medo em um papel e coloca dentro de uma caixa com cadeado, assim o seu medo fica preso nela e não te atormenta mais.

– Não, eu não sei não.

– Você nunca teve uma caixinha dessas?

– Não, até porque escrever o medo em um papel e trancar aí dentro não adiantaria muita coisa.

– Eu sei, mas quando nós somos criança a gente acredita mesmo que os nossos medos ficavam presos aqui dentro. Eu na verdade coloquei somente um medo aqui dentro, a maioria dos papeis que estão aqui são os da Anna. Essa caixinha ficava no meu quarto e toda vez que ela queria colocar algo, ela pedia para eu escrever. Todos os papeis amarelos são os dela e o único azul que tem aqui dentro é o meu.

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15 anos atrás...

A noite estava fria, ele podia sentir sua pele congelando com a brisa que entrava pelas frestas da janela. O pequeno garoto de cabelos cacheados e olhos verdes foi até o guarda-roupa pegar outro cobertor para ficar mais aquecido. Ele voltou para cama, e se enrolou entre os lençóis. Seu corpo por fora podia está frio por causa da temperatura, mas ele podia sentir que as lagrimas que desciam pelo seu rosto eram quentes. Encolheu-se mais entre as cobertas quando ouviu um barulho do outro lado da porta de seu quarto, se fosse seu pai e o visse chorando com certeza brigaria mais uma vez com ele. Puxou os lençóis até se cobrir totalmente com eles ao ouvir a porta abrindo lentamente.

Os passos eram leves e calmos, pois quase não podia ser ouvidos. Sentiu um leve toque por sobre as cobertas, seguido de uma fina voz de criança.

– Ni você ta acordado? – Anna o chamou e ele rapidamente limpou os últimos vestígios de lagrimas que havia em seu rosto para olhar a pequena irmã que já estava sentada do seu lado na beira da cama.

– O que foi Anna? você já devia está na cama dormindo. Você não devia está aqui, esqueceu que ninguém pode entrar aqui por que eu estou de castigo?

A pequena se levantou, pegou um banquinho para poder alcançar a pequena caixa e o caderninho de folhas amarelas que estavam em cima da cômoda. Ela os levou até seu irmão e lhe entregou a caneta com o caderno.

– Eu quero que você escreva uma coisa pra mim.

– Tudo bem... qual é o seu medo dessa vez irmãzinha?

A pequena lhe contou o que lhe atormentava nessa noite, e após Niko escrever e colocar o papel junto aos outros ela fez um comentário.

– Só têm amarelos, quando você vai escrever o seu Ni?

– Quando eu tiver um medo de verdade Anna, eu vou escrever e colocar aqui.

– E porque não coloca esse medo de agora?

– Que medo?

– Esse que você estava sentindo antes de eu entrar aqui.

– Eu não estava com nenhum medo.

– Então porque estava chorando?

– Porque é isso que se faz quando se está triste.

–Não é medo?

– Não.

– Você já tem oito anos e nunca ficou com medo de nada?

– No dia certo eu vou achar alguma coisa que eu realmente sinta medo, nesse dia eu vou colocar aqui.

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Depois de um tempo selecionando as coisas que Niko queria guardar e o que poderia ser jogado fora, na ultima caixa que o loiro estava vendo ele encontrou uma ampulheta antiga que ele usava como diversão quando era mais novo.

– Pelas contas do rosário, não acredito que você ainda tem guardado uma coisa dessas Niko.

– Ué, você nunca teve uma?

– Não, eu tinha relógio para ver o tempo passar.

Niko olhava fascinado o objeto que segurava em suas mãos, ele virou a ampulheta e ficou observando a areia cair lentamente para o outro recipiente dela. Aquilo era tão antigo quanto à caixinha dos medos, era um objeto que lembrava sua infância de quando brincava com as suas irmãs mais velhas.

– É uma ampulheta, também conhecida como relógio de areia. Eu adorava brincar com isso. – Ele foi até o sofá e se sentou colocando a pequena ampulheta na mesa de vidro que tinha na sua frente.

– Há sim, eu to aqui imaginando milhares de brincadeiras divertidas que se pode fazer com isso.

Niko se sentou no chão e pediu que Félix fizesse o mesmo, só que do outro lado da mesa.

– Eu vou te ensinar um jogo que eu jogava quando era mais novo.

– Ah que maravilha, to tão empolgado para saber como é. – ele foi claramente sarcástico, mas Niko nem ligou.

Niko explicou para ele como o jogo funcionava e todas as regras que ele tinha, o que era bem simples. Bastava um deles iniciar o jogo falando uma palavra qualquer e o outro teria que repetir a palavra já dita e incluir outra que começasse com a ultima letra da palavra anterior e também tinha que ter alguma ligação entre elas. E sucessivamente assim até um deles perde por não conseguir lembrar a seqüência de palavras ditas ou não conseguir falar outra palavra antes do tempo do relógio de areia acabar.

Félix deu um jeito de deixar a brincadeira um pouco mais interessante quando propôs que o perdedor fizesse o que o outro pedisse a cada derrota. Após alguns minutos jogando o loiro reclamou.

– Não acredito que você transformou uma brincadeira inocente da minha infância em uma coisa dessas.

Niko falava enquanto tirava a camisa, pois havia perdido novamente, e a cada derrota Félix pedia que ele tirasse uma peça de roupa. Após tirar ele jogou a camisa em cima do moreno que prontamente a agarrou aspirando o perfume de Niko que estava nela. Niko estava fazendo o mesmo com ele, mas o moreno ainda estava completamente vestido pois desde o começo do jogo só havia ganhado uma vez e Félix apenas tirou o cinto, ao contrario dele que já estava apenas de calça.

– Eu apenas deixei as coisas mais interessantes, vai me dizer que não ta gostando?

– Não... não to, porque é só você que ta ganhando.

– Seja um bom perdedor Niko, agora é a minha vez de começar. – Félix virou novamente a ampulheta para começar a rodar o tempo. – Deixa eu ver uma bem fácil... vida.

– Vida... Arvore.

– Arvore? – Félix começou a rir.

– O que? Elas têm vida ora.

Eles começaram de novo a procurar palavras que combinassem com as ultimas faladas. Depois de um certo tempo falando palavras, o moreno falou uma em que Niko se viu preso sem ter nenhuma outra que lhe viesse à mente.

–... A palavra é Amor... Vamos lá Niko.

– Sem pressão Félix, me deixa pensar. – Niko estava com os olhos fechados, encostado no sofá e Félix que estava do outro lado da pequena mesa engatinhou para ficar junto dele.

– Lembrando que você não pode dizer as palavras já ditas antes com R.

– Eu sei.

Félix se aproximou e sussurrou bem perto do ouvido dele.

– Vai me dizer que não ta conseguindo pensar em nada relacionado á isso?

– Assim você me desconcentra.

– Vamos lá Niko, não me diga que vai ficar que nem um carneirinho empacado com essa palavra, justo com essa palavra... é tão fácil pensar em algo com ela...

Félix ria de Niko, por ele não está conseguindo encontrar nenhuma outra palavra que tivesse uma ligação com a última coisa que Félix havia dito. O loiro estava começando a se arrepender de ter iniciado aquela brincadeira com ele, pois demorava muito mais tempo que Félix para responder e conseqüentemente sempre perdia o jogo para o moreno.

– Para de botar pressão Félix, calma, assim eu não vou conseguir pensar em nada.

Alguns segundos a mais se passaram e Niko não conseguia acreditar que nada vinha em sua mente naquele momento, tudo que conseguia pensar referente ao amor já fora dito antes e não poderia haver palavras repetidas. Ele olhou brevemente para ampulheta á sua frente e ela já derramava os últimos grãos de areia, o que significava que seu tempo tinha acabado.

– É parece que você perdeu de novo. – Ele disse sorridente. – que pena.

– Não tem outras palavras com R que tenham relação com amor.

– Você acabou de falar uma.

– Que?

– Relação... Romance... enfim.

– Diz logo o que você quer Félix, antes que eu desista de jogar esse jogo em que a única coisa que eu faço é perder. Eu prefiro jogar com a Anna, com ela eu ganhava todas as rodadas.

– Eu quero três beijos.

– Só isso?

Niko estranhou o pedido ser tão simples comparado aos outros que ele já fizera. Se ajoelhou em frente a ele colocando as pernas em cada lado do corpo dele, se aproximou para beijá-lo, mas viu que Félix tinha um sorriso cínico no rosto. Logo parou o que ia fazer para perguntar:

– O beijo não é na boca não é mesmo?

Ainda com aquele sorriso no rosto Félix balançou a cabeça afirmando que não.

– To até com medo de pergunta, mas lá vai. Onde você quer os beijos?

– Em três lugares que façam o meu corpo arrepiar.

– E onde é?

– Bom aí é você que tem que descobrir.

– Quer dizer se eu errar você vai ta ganhando beijos extras é? Me arrependi de ter começado isso, desde o começo eu só ganhei uma vez, isso não é justo.

– Cadê meus beijos? – Ele disse fazendo bico.

Niko aproximou os lábios do pescoço dele depositando um beijo molhado, sorriu ao tirar as mãos de Félix de sua costa.

– O seu pedido não incluía uma mão boba pelo meu corpo e por falar nisso... – Niko olhou nos braços dele o arrepio que causará. – Primeiro beijo funcionou, só falta mais dois.

E assim ele fez, tirou a camisa dele e colou os lábios em sua barriga.

– Você se arrepia com facilidade sabia? Já foram dois.

– Eu quero ver onde vai ser o terceiro... não pode ser no mesmo lugar dos dois primeiros.

Niko aproximou os lábios do seu pescoço e beijou o outro lado, provocando um longo arrepiou por todo o corpo de Félix.

– O pescoço devia valer como um todo, não gostei. - Reclamou Félix.

– Só pra te deixar feliz o quarto beijo vai ser um bônus extra.

Niko segurou seu rosto com as duas mãos e beijou sua boca, era um beijo cálido e cheio de ternura que foi se aprofundando cada vez mais. Ainda com os lábios colado Félix disse.

– Porque a gente não esquece esse jogo e vamos para o quarto?

– ótima ideia.

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Félix despertou mais uma vez naquele quarto que já era tão conhecido para ele, os primeiros raios do dia adentravam o recinto trazendo uma sensação de paz e conforto, porém algo estava faltando naquele lugar. Niko não estava adormecido ao seu lado como era de costume acontecer toda manhã que despertava naquela cama. Após procurá-lo no banheiro, Félix foi para sala ver se o loiro estava lá, mas não o encontrou também.

– Niko? – O chamou para saber se ele estava no apartamento.

– Eu to aqui na cozinha Félix... – Ele gritou de onde estava e Félix foi atrás dele.

– Eu estou espantado... – Disse ao chegar ao local e ver que a mesa já estava posta com o café da manhã.

– Com o que? – Ele perguntou sem entender á que Félix se referia.

– Você acordou cedo hoje, estou espantado até agora. – Félix disse se sentando a mesa com ele. – E fez o café da manhã, duplamente espantado.

– Deixa de ser bobo, você acha que eu sou um preguiçoso por acaso?

– Bom eu acho...

– Não responda. – Niko disse sorrindo para ele. – eu sei que nesses últimos dias eu passei a impressão de que eu não faço nada na minha vida, mas isso não é verdade. Porque afinal de contas o meu futuro restaurante não vai ser construído apenas com os meus sonhos.

– Você tem um emprego?

– Não.

Félix não conseguiu evitar a gargalhada.

– Então o que você faz da vida criatura?

– Bom! Há um mês atrás eu tinha um emprego, mas eu decidi pedir demissão...

– E por quê? – Perguntou sorrindo enquanto levava um pedaço de torra á boca. – Dava trabalho demais?

– Não era que... ai Félix para com isso. – Niko pegou uma das torradas que estava na mesa e jogou nele.

– Que isso criatura... – Pegou torrada que foi jogada nele, e a pós de volta na mesa junto com as outras. - o quê que a torrada te fez?

– Sorte sua de que das coisas que estão na minha frente à torrada foi a primeira que eu vi para jogar em você. Continuando eu... – Niko viu que ele estava fingindo estar chateado, e pode comprovar isso quando o moreno cruzou os braços. – Que foi?

– Não vai pedir desculpas não?

– Você quer que eu peça desculpas? – Niko falava com ele como se estivesse falando com um menininho.

– Claro você jogou uma torrada em mim, doeu. – Ele se mantinha sério, mas sua vontade era rir naquele momento vendo que Niko ia mesmo pedir desculpas.

– Tudo bem Félix... – o loiro pegou novamente a torrada que havia jogado nele. – me desculpa ter te jogado nele, você não merecia isso querida.

– Só por isso ela vai ser sacrificada... – Félix a pegou de suas mãos e a levou a boca.

– Que maldade.

– Agora voltando ao assunto, que tipo de trabalho era esse e porque você pediu demissão? – Félix perguntava enquanto colocava um pouco de café em sua xícara, precisava de algo quente pois a manhã estava fria.

– Digamos que ele não tava fazendo muito bem para mim. Eu era Barman em uma boate, mas esse trabalho não deu muito certo por que... – o loiro sorriu envergonhado. – eu comecei a beber demais e já viu né, comecei a chegar bêbado em casa. Por isso eu pedi demissão.

– Quer dizer que você era Barman? Interessante.

– Eu não achava tão interessante assim, depois de um tempo você cansa de levar varias e varias cantadas de gente bêbada em uma só noite.

– E para aguentar eles você bebia também, aposto.

– Enchia a cara... – os dois sorriram. – mas não era esse o principal motivo. Quase toda noite antes de ir trabalhar meu pai e eu discutíamos, bom na verdade ele discutia comigo. Eu descontava todo o meu estresse na bebida, eu sei que fazer isso era uma tolice mas... beber para esquecer o quanto o meu pai me acha desprezível funcionava... pelo menos por algum tempo.

– Os pais são assim mesmo, pelos menos os nossos são, querem que nós sejamos o espelho deles... eles querem ver eles em nós.

– Como você faz para aguentar isso sem enlouquecer de alguma forma?

– Eu não sei, eu apenas aguento...

– A gota d’água foi o dia em que eu dormir no quintal do nosso vizinho, ele não me viu e me molhou com uma mangueira quando foi regar o jardim.

– Você é bem maluquinho.

– Sou né... mas isso não é justo.

– O vizinho ter te molhado?

– Não seu bobo, eu bem que merecia aquilo enfim... Não é justo que você me conheceu no momento mais enlouquecido da minha vida, quando você for embora vai se lembrar de mim como um cara doido.

– Ta aí uma coisa que eu queria que tivesse acontecido, ter te conhecido antes de tudo.

– Eu só quero esclarecer uma coisa, você está diante de um Niko modificado pela vida.

– Hum... Bom saber, então qual é o seu normal?

– Nem eu me lembro mais.

– Talvez seja esse que está aqui na minha frente agora falando sobre si mesmo assim tão espontaneamente, você tem noção de que o você de agora e bem diferente daquele que eu conheci no jardim da sua casa?


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