Rose sempre amou livros então seu estoque de livros sempre acabava rapidamente e ela tinha que procurar qualquer coisa com palavras para saciar sua fome. Então descobriu os romances.

Amava todos, amava o casal mais do que se amavam propriamente ditos. Amava os que eram opostos, os tímidos, os que brigavam, que sempre foram amigos, os que nem eram isso mas eram alguma coisa, Mas sempre gostou mais de observar como aquele novo sentimento afetava a vida dos personagens.
Alguns ficavam mais alegres e falantes, outros mais reservados mas com uma batalha de pensamentos na cabeça, os que sonhavam e pensavam o tempo todo em seu ou sua amada.
Mas na vida real estar apaixonada, para Rose, se definia com a expressão: Bleh.

Se Rose tivesse um diário sobre Como é gostar de Scorpius Malfoy seria um livro verde que quando você abrisse descobriria que tem um buraco no meio das paginas que solta fogos de artifício, pedras de gelo e corações de papel.

Quando não estava perto dele ansiava para vê-lo e quando estavam juntos tinha vontade de sair correndo. Tentava de tudo para se distrair e não pensar nele o tempo todo, e poucas coisas funcionavam tais como dormir, assistir programas de televisão, ler e comer besteiras nos intervalos de uma coisa a outra ela dormia e não tinha vontade de acordar já que ele estava lá em seus sonhos também.

Ela não queria sentir falta dele mas o quanto mais tentava parar mais pensava nele.

Loiro idiota, pensou encarando seu ventilador de teto. Fazia calor e até podia ver o sol substituindo as nuvens no céu de Londres. O telefone tocou, ela deixou para outra pessoa atender.

– Rose telefone!- gritou Hugo do quarto ao lado.

– Valeu!- a ruiva rolou para o outro lado da cama e pegou o aparelho de seu criado mudo. - Alo?

– Rose, Flechas de Appleby ou Vespas de Wimbourne?

– Scorpius?- Não se falavam desde a festa de James, duas semanas atrás, o que estava acontecendo? Rose ficou preocupada que ele conseguisse ouvir seu coração batendo do outro lado da linha então respirou fundo.

– Responda.

– An Flechas de Appleby, por quê?

– Boa menina, olha tenho ingressos para um jogo deles hoje a noite, quer ir?

– Sério? Quem mais vai?

– Só nós, o resto do pessoal respondeu errado.

– Manés.

– Não são? Bem e os Potters estão em Godric Hallow fazendo uma viagem especial de família.

– Eu só tenho que ver com os meus pais, mas por mim tudo bem. - conseguiu sentir o sorriso dele, ou ela que estava sorrindo por nos dois.

– Ta legal, eu te ligo depois então. Rose?

– Ah sim desculpa, falo com você mais tarde. Tchau Scorpius.

– Tchau ruiva.

Rose pelo menos lembrou de colocar o telefone de volta no gancho antes de cair na cama sorrindo. Ele tinha ligado para ela. Eles iam sair.

Que legal Rose mas lembre-se de estar viva para isso, imaginou Lily dizendo. O pensamento de ligar para a prima lhe ocorreu mas Rose decidiu deixar aquilo para si mesma dessa vez, ter seu próprio momento de felicidade sozinha.

* * *

Depois de ter que chegar do seu quarto no segundo andar até o chão Rose percebeu duas coisas: (a) Como ela queria ser mais alta e (b) ela deveria ter aceitado o convite para ir num paredão de escalada com seus primos ano passado.

Sim, Rose Weasley fugiu de casa para ir ao jogo de quadribol, mas seu pai nunca a deixaria ir de qualquer jeito então ela nem se preocupou de perguntar para ele sobre isso. Sua mãe estava em um conferencia no ministério então Rose estando em casa ou não seu pai não notaria.

Não que Ron Weasley fosse um pai ausente, ele era bem presente mas sabia respeitar o espaço pessoal da filha e a placa de NÃO INCOMODE em vermelho na porta. E ele precisava resolver uma papelada do trabalho então passaria a noite no escritório, o único problema nesse plano seria Hugo.

– Então você esta saindo escondida com quem?- perguntou seu irmão.

– Quanto menos você souber melhor, - respondeu a ruiva tirando o dinheiro de sua bolsa. Lá se foi seu livro novo. – vinte galeões e eu faço seu bolo outro dia. Lembre-se eu to no quarto e não me incomode.

– E o que eu vou dizer para o papai?

– Que eu to com cólica, de TPM, dor de cabeça eu sei lá, mas nada que o deixe entrar lá O.K?

– O.K.

– Valeu irmão.

– Rose?- chamou o ruivo ao ver a irmã perto da porta.

– Sim?

– Tome cuidado.

– Pode deixar, Huguinho.

Rose se olhou no espelho pela ultima vez para provar a si mesma que tudo iria dar certo, usava shorts jeans e meia calça vermelha combinando com sua camiseta vermelha com uma flecha dourada, seus sapatos pesados já gastos e colocou seu cabelo preso em um coque. Respirou fundo e abriu a janela.

Agora lá do chão pode entender como aquilo foi tão difícil. Soltou o ar dos pulmões e começou a andar até o ponto de ônibus a duas quadras dali. Depois de terem desligado o telefone Rose passou vinte minutos fazendo aquele plano e tentando se convencer de que ia dar certo, Scorpius ligou de volta como prometido e ela disse que o encontraria num restaurante perto da casa do Malfoy, onde era bem fácil de chegar de ônibus.