Annabeth nunca teve meso da mãe. Ela a temia. Coisas completamente diferentes, sim? Ela não tinha medo da mãe pegar o chinelo e a ameaçar caso ela não passasse pra dentro de casa – porque isso NUNCA ia acontecer. Sua mamãe querida nunca havia lhe mandado uma coruja lhe falar “Obrigada pela pizza que queimou pra mim, dá próxima vez quero de calabresa e sua prova de gramática com um 10”. Mas, temer que fosse carbonizada ela temia. E temia que seu esposo também fosse. Até porque Atena não era muito fã de Percy Jackson. E depois que o cabeça-sem-cérebro Filho, filho de seu arqui-inimigo cabeça-sem-cérebro I, passou a fazer coisas inapropriadas com sua filha prodígio, ah... ela ficou menos fã ainda.
Atena nunca aprovou o relacionamento de Annabeth e Percy. Quando ficou sabendo do novo casal - da boca da própria Afrodite -, achou que o namoro só duraria um verão. Ou menos, se suas preces fossem ouvidas. Será que se ela tivesse mandado corujas assassinas atrás de Percy até que ele evaporasse deixaria muito na telha?
Ela achou que sim. Por isso apenas tentou ignorar todas as vezes que Afrodite vinha lhe dizer baboseiras como “Percy levou Annabeth no parque e ainda ganhou um urso pra ela além de matar a Empousa que os perseguiu sozinho!” ou “Percabeth forever!!”. Mas agora, que sua filha estava carregando um cabeça-sem-cérebro Neto em seu ventre, ela iria tirar satisfações.
Tanto tempo escolhendo homens cultos e inteligentes para gerar filho que tivessem, no mínimo, 4 medalhas de 1º lugar em campeonatos de soletração, para tudo ser estragado. Sua dinastia misturada com uma que só sabia nadar e pescar. Era o fim!
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Não havia marcado data nem hora. Apenas avisado que futuramente teria uma conversa com Annabeth. E pelo tom, não seria uma conversa muito pacifica.
Annabeth estava desenhando uma nova planta para uma creche quando fumaça cinza surgiu em sua sala de estar. Nem pra bater na porta!
—Olá Annabeth. Vim ter uma conversa com você. Sobre o filho que você carrega de seu marido pescador.
—Ele não é pescador, ele é biólogo marinho.
—O QUE VOCÊ DISSE?
—Nada, nada...
—Espero que sim. Pensei ter ouvido você discordar de mim.
Annabeth já devia ter aprendido uma lição: nunca discorde de um deus. Nem da sua mãe. No caso dela, os dois.
— Annabeth — a deusa agora havia abaixado seu tom de voz, parecia até calam. Parecia. —, me diz, por que? Como?
— Como eu o que?
—Engravidou, oras!
—Bem... — ela devia responder “praticamos o ato reprodutor”? — Nós fizemos... aquilo... sabe...
Atena ficou vermelha de raiva. Sua filha não era tão esperta como pensava.
—Oh, Zeus, meu amado pai! Dai-me forças! Eu não quis saber disso, eu quis saber por que você não se preveniu! Existe DIU, existe pílula, existe diafragma, existe camisinha... —Atena parou abruptamente e ficou vermelha— Não que eu faça uso desses produtos, eu apenas tenho um vasto conhecimento sobre tudo... Não pense bobagens!
—Mas eu nem pensei bobagens...
— Caso pensasse! Mas não fuja da pergunta, me responda: quis engravidar ou vai dar a desculpa da camisinha furada?
— Eu só me esqueci. — Oh céus, Annabeth nunca pensara que teria uma conversa sobre assuntos sexuais com a deusa da castidade!
—Se esqueceu, Annabeth? Pensa que eu nasci ontem? Não, eu nasci há milênios! Já vi e fiz de tudo! — Atena parou novamente e ficou vermelha. Devia medir suas palavras. — Quer dizer, não fiz de tudo, tudo, sabe, algumas coisas...
—Eu sei... é que eu realmente queria ser mãe. Era uma coisa dentro de mim, que dizia... — foi interrompida pela mãe:
—Devia ser psicológico.
—Não era. Eu talvez tenha feito algumas coisas para engravidar...
—Mas você é tão jovem! Ainda dava tempo de largar Percy e procurar um historiador culto, inteligente, com óculos e com sorte até bonito!
—Eu não sou tão jovem! Eu tenho 28 anos! Pensa que vou ser igual as atrizes que engravidam de gêmeos com 50 anos? E eu não quero um historiador! Meu pescador, QUER DIZER, biólogo, me faz feliz!
Atena apoiou a mão no queixo e soltou um suspiro. Sua filha era tão tola...
—Annabeth, você, sendo filha da deusa da sabedoria, a deusa da inteligência, da estratégia, talvez a mais sábia de todo o Olimpo, deve saber o que faz da sua vida. Eu realmente não queria dizer isso pra você, mas sinceramente — longa pausa — eu esperava mais de você. A filha de quem eu mais gosto... e a que mais me deu decepção. Nem Malcon, quando escreveu certo com S, me entristeceu tanto assim. E olha que a frase era “hoGe COM G aprendi a escrever avião Serto”!!!!
—É uma menina— Annabeth disse simplesmente, ignorando o comentário feito por sua mãe. Não ligava para comentários negativos.
Ligava sim. Mas sua mãe não precisava saber.
—Uma menina? Como você sabe?
—Eu tive um sonho... uma menina loirinha, cheia de cachinhos... tão fofa e amável.
O coração de Atena amoleceu um pouco. Seria o amor de avó se espalhando por seu corpo?
—Ela tinha olhos cinzas?
Expectativa brilhava em seus olhos, apesar da face permanecer seria e dura.
—Não... seus olhos eram como duas gotas do oceano.
Poxa... a característica mais marcante de Atena – atrás da inteligência – a pequena criaturinha sem cérebro não havia herdado.
—Espero que pelo menos não puxe o cérebro do avô, paterno é claro, e nasça inteligente feito você. — sorriram. Annabeth de emoção, e Atena porque não conseguiu esconder.
—Ela vai ser.
—Mas ainda não sei como me sinto, filha. Apesar de já ter milhares de anos, não estou pronta para ser avó, entende? Nenhuma filha minha engravidou. Mal algumas chegavam a adolescência.
—Mas agora tudo mudou temos uma vida melhor.
—Mas vai piorar. Pense, Annabeth, o cheiro que essa criança vai ter. Quantos monstros vão aparecer.
—Eu sei. Não quero pensar nisso agora, mãe. Estou tão feliz por saber que a senhora vai pelo menos pensar e não correr atrás de Percy como pensei.
—Mas quem disse que não vou?
Annabeth fez uma cara de assustada e Atena riu.
É, sua filha era mesmo boba.
—Estou brincando querida. A não ser que me dê mais motivos, Percy Jackson esta a salvo. Por ENQUANTO.
Deu uma piscadinha e, surpreendentemente, saiu pela porta da frente com um olhar cheio de preocupação e amor — e um pouco de duvida, em direção a Annabeth.
Nos houve beijos. Nem abraços de despedida. Mas Annie não podia estar mais feliz.
Atena não sabia se iria gostar dessa criança,
Mal sabia ela que iria amá-la.