Saint Seiya - A Cruz de Prata escrita por JulianHiryu


Capítulo 11
Capítulo 11 – Aquele poder que foi dado aos homens




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Do ponto central do Jardim do Éden, na distante clareira onde o Sol jamais deixa de brilhar e os bem-aventurados são recebidos está a árvore do fruto proibido. Reza a lenda que na época mitológica a primeira mulher, Eva, comeu do fruto proibido e o entregou ao seu marido, Adão.

            Tal ato foi a maior insubordinação possível que ambos poderiam cometer contra os ensinamentos de Deus e por isso ambos foram expulsos do paraíso e por isto a humanidade caiu em desgraça.

            Atena, a deusa da guerra, neste momento encontrava-se presa junto a arvore do fruto proibido. Ela não sabia o que de fato se passava com seus leais cavaleiros, mas podia sentir as emoções deles através de seus cosmos, assim como sentiu o brilho e desaparecimento do cosmo de Kiki.

            - Kiki... – a voz da deusa saiu quase inaudível ao sentir o desaparecimento do cosmo de seu cavaleiro. Para Atena toda perda de seus leais seguidores era motivo de lamentação, mas a de Kiki pesava ainda mais, pois o ariano desde jovem a acompanhava em seus momentos de provação.

            - Atena. Minha cara Atena. – Falou Deus ao se aproximar de sua prisioneira. – Pelo visto seus cavaleiros cruzaram o segundo templo celestial, mas no caminho perderam um dos seus.

            - Se pensa que me irá me torturar falando da morte do Kiki está enganado. – retrucou a deusa. – Por mais que me doa saber que um amigo perdeu a vida tenho consciência de que isto aconteceu enquanto ele cumpria seu dever como cavaleiro.

— Atena. Não é minha vontade lhe torturar. – falou Jeová enquanto passava a mão direita por sua longa barba. – Tudo o que quero é que você entenda que não há o que você ou seus cavaleiros possam fazer. Enquanto conversamos seus cavaleiros seguem o caminho que levará um a um à sua própria destruição. Assim como levará o mundo dos homens ao apocalipse.

— Diga-me Jeová. Quer tanto assim destruir a humanidade? – Perguntou Atena encarando Deus direto em seus olhos.

— Não se trata de querer ou não querer. A humanidade foi criada para ser um reflexo do meu ser. Cada homem e mulher deste mundo deveria ser verdadeiramente minha imagem e semelhança, mas tudo o que se tornaram foram criaturas vazias, egoístas, mesquinhas, que desde eras imemoriáveis foram contra meus ensinamentos.

— Acredita mesmo então que o melhor é destruir tudo? Não seria mais sensato dar outra oportunidade a todos na Terra?

— Outra oportunidade? – Os olhos de Jeová tornaram-se opacos por um momento e o timbre de sua voz tornou-se mais grave. – Eu dei outra oportunidade aos seres humanos quando apenas expulsei Adão e Eva deste jardim sendo que poderia ter lhes tirado a vida. Eu dei outra oportunidade à humanidade após o dilúvio tendo poupado a família de Noé e acima de tudo dei outra oportunidade ao permitir que seres nojentos tirassem a vida de meu filho. Então Atena, sim eu acredito que o melhor é destruir a todos. Desta vez não pouparei nenhum mortal deste reino e começarei novamente a criação das eras com uma raça superior.

— Você... Como pode ter se tornado tão vil?

— Será que eu me tornei vil Atena? Ou será que sua vida inteira você foi levada a acreditar naquilo que lhe era conveniente? – Deus fez um pequeno gesto com sua mão esquerda e diante de Atena surgiu um báculo de madeira com um globo luminoso em sua ponta. – Serei misericordioso com você Atena. Através deste globo permitirei que observe as provações que seus seguidores estão passando. Assim você poderá dar seu adeus a cada um deles.

Dito isto Jeová deu as costas para Atena e seguiu caminhando em direção ao seu templo. No caminho encontrou-se com seu antigo inimigo, o anjo caído.

— Achei que tivesse seguido para sua antiga morada Lúcifer. – Disse Deus ao avistar o anjo.

— Humpf. Você não perde o ar de superioridade. Não é mesmo, meu pai? – Respondeu Lúcifer.

Deus apenas ignorou a última frase dita pelo antigo anjo e continuou a caminhar em direção ao seu próprio templo.

— Chega a ser engraçado não é? – Perguntou Lúcifer.

— O que? – indagou Deus.

— Após tanto tempo separados, nós estamos aqui como aliados para enfrentar a sua criação defeituosa. E o engraçado é que no fundo, você tem medo do que eles possam fazer.

Deus encarou Lúcifer por um momento. Encarou aquele ser ardiloso e por um breve instante pareceu que soltaria sua ira no satanás, mas logo se tomou de lucidez e continuou andando, deixando para trás aquele ser.

Longe dali os cavaleiros haviam chegado ao templo de Binah, o lar do Poder de Deus. E na entrada diante deles encontrava-se Gabriel, o arcanjo mensageiro de Deus que foi responsável pela invasão ao Santuário.

— Bem vindos cavaleiros. – Falou o Arcanjo. – Não esperava que fossem chegar aqui. Na verdade, fiquei desapontado com a derrota de Miguel.

— Saia do caminho Gabriel. Ou terá que nos enfrentar! – Bradou Rafael.

— Ora, ora, ora. O pequeno prodígio de Prata veio junto. – Por um momento Gabriel desapareceu e em seguida surgiu atrás do santo de Cruz. – Estive imaginando se você teria mais surpresas para me mostrar.

Rafael tentou socar ao arcanjo, mas este foi mais ágil e com um salto voltou à sua posição inicial na entrada de seu templo.

— Hahaha. Muito bem. Acompanhem-me então. – Disse Gabriel fazendo sinal para que os invasores o seguissem até o interior de sua morada.

Por dentro o templo de Binah não possuía nada excepcional. Seu interior era simples e sem nenhuma decoração, assemelhando-se ao interior das doze casas zodiacais.

Ao chegarem ao interior do templo Gabriel parou subitamente. Sua mão direita foi levantando-se lentamente e nela surgiu uma trombeta. A mesma trombeta com a qual ele havia vencido os cavaleiros lendários.

— Aquela trombeta! – Gritou Johnson.

— Não tão rápido! – Falou Dwayne enquanto arremessava os discos de sua armadura. – Discos cortantes!

Os discos da armadura de Auriga rasgaram o espaço entre os cavaleiros e o arcanjo e num golpe de astúcia e também sorte atingiram a trombeta antes que Gabriel pudesse tocar o sobro de seu ataque.

— Argh! Cavaleiro insolente. – Disse Gabriel vendo sua arma cair ao chão partida ao meio.

— Não tornará a usar esta trombeta contra nós Gabriel. – Disse Arthur. – O mesmo golpe não funcionará conosco.

— Entendo. É o ditado popular dos cavaleiros: o mesmo golpe não funciona duas vezes. Neste caso terei de deixar minha piedade de lado e eliminar vocês da maneira mais dura e violenta.

As asas de Gabriel abriram-se em suas costas. Seu cosmo luminoso brilhou e então a pressão que os cavaleiros haviam sentido quando o encontraram a primeira vez voltou a lhes oprimir impedindo que eles se movessem.

— Realmente não sei como Miguel conseguiu ser tão descuidado. Se ele tivesse lutado a sério vocês nem se quer teriam saído de Kether com vida. E só cruzaram Chokmah por ser um templo abandonado. Mas agora, lhes mostrarei do que um verdadeiro arcanjo é capaz. – falou o arcanjo ao caminhar por entre os cavaleiros.

Seu semblante demonstrava uma absurda frieza de emoções que enfatizava sua postura de se achar superior ao companheiro que fora vencido.

— Vocês sabem cavaleiros, por que sou conhecido como o Arcanjo do Poder? – Gabriel perguntou de forma retórica. – Eu vou lhes responder. É porque sou aquele que recebeu de Deus o poder de trazer as boas notícias que a humanidade esperava, eu que trouxe à Maomé a revelação do Corão e eu que anunciei à Maria o fruto de vosso ventre.

— Você se gaba então de ser o pombo correio celeste? – Falou Johnson rispidamente.

Gabriel virou-se em direção ao cavaleiro de Touro. Caminhou até seu oponente e em sua mão esquerda fez surgir um punhal de prata.

— Você se acha engraçado. Mas não poderá fazer piadas quando eu lhe cortar a cabeça. - Gabriel apontou a lâmina de sua arma em direção ao cavaleiro de ouro. – Agora desapareça. Lâmina da Iluminação!

Um feixe de luz dourado saiu da ponta do punhal em direção ao pescoço de Johnson. Os demais cavaleiros apenas puderam observar a investida do ataque que com um clarão atingiu seu alvo.

— JOHNSON! – Gritou Dwayne ao ver o irmão cair no chão e uma pequena poça de sangue se formar abaixo de seu pescoço.

— Quem será o próximo? – Perguntou Gabriel dando as costas para o cavaleiro de Touro. – Acho que será você Dwayne de Auriga, afinal você é o irmão do touro não é mesmo?

— Argh!

— Espere Gabriel. – Johnson falou ao se levantar. – Ainda não terminou comigo.

— Como?! Não é possível que tenha se esquivado de meu ataque.

— É possível sim. Você mesmo disse de forma arrogante que o mesmo golpe não funciona duas vezes no mesmo cavaleiro. E se não se lembra já havia nos paralisado com seu cosmo anteriormente, sendo assim, eu já sabia como seu poder funcionava e tudo o que tive que fazer foi vibrar meu cosmo um pouco acima do seu para me livrar da paralisia. Fiz isso enquanto você se vangloriava de seu poder e assim só tive que me esquivar do golpe do seu punhal para que pensasse que tinha me derrotado.

— Devo admitir que me pegasse de surpresa cavaleiro de Touro. Mas já que lhe segurar não irá mais funcionar vou tratar de enfrenta-lo com tudo o que tenho.

— Ótimo. É isso que espero de alguém que desafia ao touro dourado!

Gabriel e Johnson avançaram velozmente um contra o outro. Gabriel desferia golpes com seu punhal enquanto Johnson esquivava-se da ponta da lâmina e revidava com a força de seus punhos.

— Então cavaleiro. Vai ficar apenas se esquivando? – Falou Gabriel durante uma investida.

A ponta do punhal passou rente ao lado direito do tórax de Johnson raspando sua armadura. O cavaleiro de Touro por sua vez agarrou o braço de seu inimigo, saltou por cima deste e lhe aplicou um golpe de imobilização.

— Agora é sua vez de ficar parado Gabriel. Sinta o poder do touro! SUBMISSÃO!

Os braços de Johnson agarraram fortemente o corpo de Gabriel. Cada mão do taurino parecia grande o suficiente para encobrir metade da cabeça do arcanjo. O cosmo dourado era projetado sobre seu adversário de forma a esmagar seus ossos enquanto a força física do ex-praticante de MMA forçava seu adversário ao chão.

— Então Gabriel? – Perguntou Johnson – Como se sente sendo sobrepujado por um humano?

— Miserável! De onde tira tanto poder? – Falou o arcanjo com a face sendo esfregada no chão.

— Esse é o poder que foi dado aos humanos pelo seu próprio deus Gabriel. – respondeu Johnson.

— Não é possível. Nosso senhor jamais daria tamanha força a criaturas tão patéticas como vocês. Que poder é esse?

— Esse poder Gabriel. Chama-se milagre! Foi este poder que permitiu aos cavaleiros passarem por tantas batalhas. Foi este poder que permitiu que a humanidade se desenvolvesse e é este poder que permite que cada ser humano na Terra enfrente as mais difíceis provações impostas pelos céus. E é este poder que irá te derrotar!

— Tem certeza disso? Cavaleiro de Touro? – Ao dizer isto a imagem de Gabriel sumiu e diante de Johnson surgiu Dwayne com sua armadura de prata estilhaçada pelo poder do golpe de seu próprio irmão.

— Como?! Não pode ser! – Exclamou Johnson levantando-se e comprovando que de fato era seu irmão quem estava ali. Ainda vivo, mas agora severamente ferido.

— Gostou da surpresa; cavaleiro de Touro? – Disse Gabriel surgindo por detrás de Johnson. – Você não pensou que tudo o que eu poderia fazer era tocar uma trombeta ou desferir golpes com um punhal não é?

— Seu maldito! Vai pagar por isso! GRANDE CHIFRE!

O cosmo de Johnson assumiu a imagem de um Touro dourado que avançou ferozmente em direção ao arcanjo Gabriel. Quando o golpe estava a ponto de atingir seu inimigo Johnson foi pego de surpresa mais uma vez. A imagem do arcanjo sumiu novamente e em seu lugar surgiu Virgílio.

— Acho que sua pontaria não é das melhores. – Zombou Gabriel surgindo por detrás de Johnson e em seguida desferindo um chute nas costas do cavaleiro.

De sua prisão na árvore do fruto proibido Atena assistia embate entre os dois guerreiros. Lúcifer então se aproximou da deusa observando cada detalhe de seu corpo acorrentado.

— Está gostando do espetáculo Atena? – Perguntou o anjo caído.

— Quem é você? – perguntou Atena.

— Podemos dizer que sou um espectador assim como você. Ao menos até que se faça necessário minha atuação.

— Espere. – Falou Atena. – Essa aparência. Esse aspecto de serenidade mesclado com uma tristeza profunda. Eu já vi algo assim, o Hades era assim.

— De fato. Hades, assim como eu, habitou o mundo das trevas. É natural que tenhamos aspectos em comum devido nosso mesmo ambiente.

— Isso quer dizer... Que você é Lúcifer?

— Exatamente. – respondeu o anjo.

— E o que você quer aqui? – Indagou a deusa acorrentada.

— A vitória dos cavaleiros, a extinção da humanidade, a derrota de Jeová, sinceramente eu não sei. Podem ser muitas coisas e ao mesmo tempo nada.

— O que quer dizer com isto?

— Atena. Digamos apenas que existem aqueles que querem fazer a diferença e existe aqueles que apenas querem ver o circo pegar fogo.

Enquanto isso a luta entre Gabriel e Johnson continuava. Cada ataque que o cavaleiro desferia não só deixava de atingir seu inimigo como também atingia seus próprios amigos. Diante de tal habilidade inimiga o cavaleiro de Touro não podia se dar ao luxo de atacar com toda sua força já que por pouco não havia matado seu irmão e agora já tinha ferido Virgílio e Há’as. Além disso cada golpe certeiro de Gabriel aproximava o Touro dourado da morte.

— Droga!

— O que foi Johnson? Decidiu conter seus golpes? – Falou Gabriel de forma zombeteira. – Acho que é a decisão mais acertada, afinal pode acabar matando algum dos seus amigos hahahaha.

— Droga. O que eu faço agora? – Pensou Johnson.

— Ir...mão. – Falou Dwayne se levantando lentamente.

— Dwayne?

— Johnson. Não se preocupe se seus ataques nos atingirem. Lute com toda sua força e acabe com esse maldito. – disse o santo de Auriga.

— Mas Dwayne...

— Seu irmão tem razão Touro. – Falou Seth – Lute com tudo o que tiver. Se você não vencer esse inimigo todos nós ficaremos presos aqui.

— O que são alguns arranhões feitos por um amigo se tivermos a chance de vencer – Disse Amell.

— Seus punhos são as nossas armas agora Johnson. Não desista. – Disse Rafael.

— Meus amigos... Está certo. Vou dar tudo que posso neste último ataque.

— Tem certeza cavaleiro? – Falou Gabriel. – Lembre-se que na situação em que seus amigos estão você pode acabar ferindo-os ainda mais, ou até mesmo matando algum deles.

— Não irei matar ninguém aqui além de você Gabriel! Você se acha esperto ao fugir de um golpe direcionado a você, mas meu próximo ataque vai te atingir. Eu tenho certeza!

— Vamos ver então Touro. Este será o último ataque!

Novamente os dois inimigos avançaram um contra o outro. Johnson concentrou seu cosmo em sua mão direita. Gabriel já esboçava um sorriso tendo certeza de que escaparia do ataque.

Surpreendentemente, porém, Johnson bateu com sua mão no chão. O cosmo acumulado espalhou-se por todo o local do combate na forma de uma manada de touros que se espalhou em todas as direções. Era o ataque máximo de Johnson:

— Brahma Bull!

— O quê?! Não é possível! – Gritou Gabriel ao ser atingido pelo impacto do golpe.

— É possível sim Gabriel! Se você se esquivou de um golpe, não tem como esquivar-se de outro em seguida. Sendo assim a chave para te vencer é atacar em todos os lugares onde você pode surgir!

— Seu maldito! – Gabriel tombou ao chão gravemente ferido. – Pode ter me vencido, mas seus amigos pagaram o preço por isso.

— Tem certeza? – Falou Dwayne já recuperado.

— O que?! – indagou o anjo. – Esse cosmo?

Ao redor dos cavaleiros um escudo de cosmo se projetou. Tal escudo os protegeu dos ataques de Johnson e permitiu que o cavaleiro lutasse com todas as suas forças.

— Esse cosmo Gabriel. É o cosmo de Atena. Como te falei antes, foi dado aos homens um poder incrível, o poder dos milagres. E com a ajuda de Atena eu pude realizar o milagre de te vencer.

Gabriel não conseguia acreditar que mesmo presa pelo poder de Jeová, Atena ainda fora capaz de auxiliar seus cavaleiros. Em seguida, o anjo do Poder, perdeu sua vida.

— Você está bem irmão? – Perguntou Johnson aproximando-se de Dwayne.

— Estou sim. E estou orgulhoso da forma como lutou meu irmão. Vamos seguir adiante. O próximo templo nos espera.


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