Saint Seiya - A Cruz de Prata escrita por JulianHiryu


Capítulo 10
Capítulo 10 – Aquelas lembranças do passado




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Capítulo 10 – Aquelas lembranças do passado

 

  Os cavaleiros seguiram seu caminho em direção ao segundo templo celestial; o templo de Chokmah, lar da Cura Divina enviada por Deus.

Diferente do templo anterior, o de Chokmah aparentava estar em ruínas. As colunas na entrada da morada estavam danificadas com rachaduras e algumas até mesmo caídas ao chão. Os inscritos no alto da entrada do templo que representavam o nome da morada quase não eram visíveis, o portão de acesso fora arrancado de suas dobradiças e em muitos pontos da escadaria que levava até o interior da morada havia crateras e rachaduras que aparentavam indicar um combate que ocorreu no passado.

— O templo da Cura. – Disse Johnson ao ler as inscrições no alto da morada.

— Não sinto nenhum cosmo no interior deste templo. – Disse Virgílio ao dar os primeiros passos no interior do recinto.

— Parece que há muito tempo não vem ninguém aqui. – Comentou Dwayne. – É como se por algum motivo este templo estivesse abandonado, tanto por seu protetor quanto pela vontade de Deus.

— Seja como for vamos ficar de olhos abertos. Não podemos nos dar ao luxo de sermos pegos com a guarda baixa. – Falou Há’as.

Os cavaleiros seguiram pelo interior do templo esperando que a qualquer momento um inimigo aparecesse. Para todos os lados que olhassem encontravam sinais de luta, mas até então nenhum oponente havia sido notado.

Na frente caminhavam Virgílio, Dwayne e Há’as. Seguidos por Johnson e Seth. Um pouco atrás estavam Arthur e Scarlet e na retaguarda vinham Rafael e Amell.

— Você parece tenso Arthur. – Comentou Scarlet de Escorpião ao observar o rosto do Capricorniano. – No que está pensando?

— Isto é muito estranho Scarlet. Todo este templo possui sinais de um combate violento travado anteriormente, porém não sentimos nenhum sinal de cosmo aqui.

— Se não sentimos nada talvez signifique apenas que não há um inimigo aqui. E isso apenas sugere que o teremos que enfrentar em outro lugar.

— Pode ser. – Disse Arthur assentindo com a cabeça – Mas eu tenho outro ponto de vista. Talvez, o inimigo esteja aqui, mas não tenha se revelado ainda.

— Como assim?  - Perguntou a escorpiana.

— Durante minha missão na Alemanha tive de enfrentar o arcanjo Zadquiel. Naquela ocasião tivemos uma luta intensa e só consegui regressar com vida devido a apoio de Rafael.

— Então você está preocupado por que foi salvo por um cavaleiro de prata?

— Não. Não é isso. – Respondeu Arthur encarando Scarlet.  – Acontece que na ocasião Zadquiel teve seu poder inteiramente contido pela técnica de Rafael. Além disto, quando o Santuário foi atacado por Gabriel todos ficaram paralisados, menos aquele rapaz.

— Hum. Você acha então que o “nosso” Rafael pode ser um espião ou algo assim?

— Eu não sei. Mas lembra-se das inscrições na entrada deste templo? Elas diziam “o templo da Cura”.

— E daí? – Indagou Scarlet sem entender onde Arthur queria chegar.

— E daí que na tradição judaico-cristã o emissário da Cura Divina é o Arcanjo Rafael.

A amazona de Escorpião pareceu não acreditar no que o cavaleiro de Capricórnio estava sugerindo, mas em todo caso era uma teoria que poderia ter fundamento.

Mais atrás Rafael caminhava sem ouvir as conversas de seus companheiros. Perdido em seus pensamentos sobre tudo o que havia passado até então.

            - Você parece meio distante. – Comentou Amell de Peixes ao se aproximar do santo de prata. – Está pensando na morte do Kiki, ou há algo mais se passando na sua cabeça?

            - Ah. Senhor Amell... – Disse Rafael meio envergonhado por ter sido pego com tamanha falta de atenção. – Sim estava pensando na morte do senhor Kiki, mas também na morte da Myuki, e no que ocorreu no Santuário, enfim em toda essa guerra que estamos travando.

            - Entendo. Realmente faz pouco tempo que você se sagrou cavaleiro, então deve estar ainda atordoado com toda esta situação. – Amell parou por um momento e virou-se para Rafael. – Mas vou lhe dizer uma coisa Rafael. Você, assim como eu, os demais que estão aqui e aqueles que perdemos é um cavaleiro de Atena. Mesmo que esteja com medo ou preocupado deve deixar seus sentimentos de lado e seguir em frente. Deve deixar para trás as lembranças que te prenderem ao passado e focar-se no presente visando o futuro. Entendeu?

            - Sim senhor. Prometo que não irei mais pensar no que já aconteceu. Seguirei adiante como um verdadeiro cavaleiro.

            - Ótimo. Assim espero.

            Os dois cavaleiros continuaram a caminhar e logo alcançaram os demais. Andaram por aproximadamente mais 200 metros por um vasto corredor ornamentado com algumas pinturas representando um ser divino. Nos quadros era possível notar um ser de fisionomia masculina, trajando vestes simples e empunhando um cajado dourado, mas em todas as pinturas o rosto do ser representado estava apagado, como se tivesse sido retirado do quadro, ou como se não fosse para ser identificado.

            Ao chegarem ao centro do templo os cavaleiros pararam diante do primeiro indício do guardião daquele templo. Repousando sobre um pedestal no centro da morada eles encontraram uma vestimenta de cor vermelho sangue com alguns detalhes em preto. Cuja forma representava um homem segurando um cajado dourado com sua mão direita da mesma maneira que haviam visto nas pinturas.

            Tal armadura possuía um aspecto de certa maneira majestoso, porém ao mesmo tempo triste.

            - Uma armadura?! – Exclamou surpreso o jovem Dwayne de Auriga.

            - Não. Não é uma armadura. – Falou Seth de Gêmeos. – É uma glória. A veste sagrada dos Arcanjos.

            - A veste dos Arcanjos? E o que ela estaria fazendo neste lugar? – Perguntou Virgílio.

            - Ao que parece foi abandonada assim como este templo. Ou seu portador não está de fato presente. – Comentou Rafael.

            - Rafael está certo. – Disse Johnson. – Se prestarem atenção notarão que esta armadura não está apenas vazia, no sentido de ninguém a estar trajando, mas está vazia de alma. É como se ela estivesse adormecida há muito tempo, ou até mesmo morta.

            - Tem certeza disso mano? – Perguntou Dwayne dirigindo-se ao seu irmão.

            - Bom, eu não sou especialista em armaduras como o Kiki era. – Respondeu Johnson. – Mas acredito que realmente esta glória ou o que quer que seja não é usada há vários anos.

            - Ei, o que é aquilo? – Perguntou Scarlet apontando em direção a um pequeno jarro presente na vestimenta.

            - Parece um tipo de jarro. – Respondeu Amell.

            Os cavaleiros aproximaram-se da glória vazia para analisar o jarro que se encontrava preso à cintura do totem. Em seu interior aparentava haver algum tipo de líquido.

            - Isso... Parece água. – Comentou Seth ao tomar o jarro em mãos e cheirar levemente o líquido de seu interior. – Creio que seja água benta.

            - Água benta? – Perguntou Há’as.

            - Por acaso essa é a armadura do arcanjo Van Hellsing? Hahaha. – Disse Dwayne tentando quebrar o clima de tensão.

            - Não seja ignorante Dwayne. – Seth falou firmemente. – Nas crenças cristãs acredita-se que a água ungida por Deus é capaz de realizar milagres, inclusive o de curar enfermidades. Este deve ser o propósito desta água já que este é o templo da Cura.

            - Você deve estar certo Seth. – Falou Arthur. – Em todo caso para nós esta água e esta vestimenta não tem importância. Ao que parece este templo está mesmo vazio então devemos prosseguir para o próximo templo imediatamente.

            - Vamos então. – Falou Seth recolocando o jarro de água no totem da vestimenta.

            Os cavaleiros deram as costas para o objeto e seguiram seu caminho em direção à saída do templo. Sem que notassem, porém, os olhos da estrutura da vestimenta emitiram um leve brilho esbranquiçado em direção a eles.

            - Tem alguma coisa estranha. – Falou Seth parando bruscamente. – Há quanto tempo estamos andando neste lugar?

            - Agora que você falou meu irmão. Sinto que faz poucos minutos que passamos por aquela armadura. – Respondeu Há’as.

            - Mas ao mesmo tempo... – Completou Seth. – Parece que estamos andando há horas. Essa é a mesma sensação causada aos inimigos que invadem o labirinto de Gêmeos.

            - Quer dizer então que estamos presos em uma ilusão?! – Perguntou o santo de Perseu.

            - Não. Duvido que seja uma ilusão deste tipo. Dada tal similaridade eu a teria notado. Parece mais com uma sensação de que algo ou alguém esteja tentando nos acolher de alguma forma. – Respondeu o Geminiano. – O que você acha disto Arthur?

            Ao virar-se para trás Seth foi surpreendido. Não havia ninguém ali além dele e de seu irmão Há’as. Todos os outros cavaleiros haviam sumido.

            - O quê?! Mas, para onde foram os outros? – Indagou Seth.

            - Irmão! Veja! – Exclamou Há’as.

            Seth virou-se em direção ao seu irmão e onde antes havia o corredor do templo de Chokmah agora se encontrava uma cidade em ruínas.

            - Esse lugar!

            - O que houve Seth?! – Perguntou Há’as abismado – Que lugar é este?

            - Você não deve se recordar por que era muito novo quando nos separamos Há’as, mas este lugar é a cidade em que nascemos. Ou assim ela ficou depois que os extremistas atacaram nosso povo durante a guerra.

            - Mas por que tal lugar surgiu diante de nós desta maneira? Será o inimigo querendo nos pregar uma peça.

            - Eu não sei. Mas vamos seguir em frente. Assim teremos nossas respostas.

            Seth e Há’as continuaram caminhando. Durante o trajeto era nítido que apesar da postura forte e agressiva Seth ocultava sentimentos de dor e sofrimento que aos poucos iam se revelando na medida em que passavam por ruas destruídas, prédios tombados e por dezenas de pessoas chorando e implorando por ajuda.

            - Essa guerra. Quem a iniciou? – Perguntou Há’as.

            - Não sei dizer quem a iniciou, mas posso afirmar que ninguém a terminou meu irmão. – Respondeu Seth. – Ano após ano nosso país sofreu com infindáveis conflitos. Diversas pessoas morreram em inúmeras batalhas muitas vezes a troco de nada.

            - Entendo. Incluindo nossos pais. – Disse Há’as. – Infelizmente não há nada que possamos fazer para mudar o que aconteceu.

            - Mudar o que aconteceu... – Falou Seth. – Por muito tempo imaginei se poderia ter mudado o que aconteceu aos nossos pais e a nossa família se eu tivesse sido capaz de usar meu cosmo quando nossa cidade foi atacada.

            - E não pensa mais assim? – Perguntou uma voz surgindo ao redor dos dois cavaleiros.

            - Quem está aí?! –Perguntou Há’as.

            - Apareça! – Ordenou Seth.

            - Acalmem-se cavaleiros. – Disse novamente a voz. – Não é chegada a hora de nos encontrarmos. Tampouco é o momento de saberem quem eu sou.

            - O que você quer então? – Perguntou Seth.

            - O que eu quero? – Falou a voz. – Creio que a pergunta seria, o que você quer Seth de Gêmeos? O que você mais quer do fundo do seu coração? Seria se tornar alguém mais forte? Superar seus próprios limites? Tornar-se alguém capaz de encerrar os conflitos que assolam seu país ou talvez, obter o poder capaz de reviver sua família?

            - Seth... – Há’as falou quase inaudível.

            - E você Há’as? – Perguntou a voz. – Por acaso não sente falta de seus pais? Ou não lamenta por ter perdido a chance de conviver com eles? Já que pelo que eu sei quando eles morreram você era apenas um jovem menino.

            - Não sei quem você é. – Respondeu Seth de forma ríspida. – E pelo visto você não sabe quem eu sou. Então irei lhe falar de uma vez. O que aconteceu com minha família foi sim uma tragédia, mas foi algo feito pela vontade de Alá e por obra do poder do meu Deus hoje sou sim capaz de ajudar não só as pessoas que sofrem no meu povo, mas em todos os lugares deste mundo. Além disso não preciso querer trazer de volta os mortos, pois como cavaleiro tenho consciência de que a qualquer momento me unirei a eles, e se assim for a vontade de Alá irei sem exitar!

            - O mesmo vale para mim! – Exclamou Há’as. – O destino que meu irmão seguir, eu seguirei! Juntos iremos triunfar sobre qualquer adversidade, sem ligar para o que ficou para trás!

            - Muito bem. – Disse a voz misteriosa. – As feridas causadas pela perda de sua família há muito foram curadas Seth de Gêmeos. Assim como as feridas causadas por não ter tido uma verdadeira família não lhe afetam mais Há’as. Com seus corações curados, vocês, podem passar.

            - Corações, curados... – Falou Seth com o tom de voz suave.

            A cidade então sumiu diante dos dois cavaleiros da mesma forma que havia surgido e desta vez eles encontravam-se na saída do templo, junto a Dwayne e Johnson.

            - Ainda nenhum sinal dos outros. – Disse Arthur.

            - É estranho que todos tenham desaparecido assim. – Comentou Scarlet. – O que será que aconteceu?

            - Não sei, mas seja como for fiquei feliz de ter ficado com você Scarlet.

            - Você sempre se preocupa comigo não é? Por acaso esquece que sou uma amazona de ouro e que posso me defender sozinha se necessário?

            - Não é nada disso e você sabe. É só que depois do que aconteceu no Santuário, do começo desta guerra. Quase não tivemos tempo de ficarmos a sós.

            - Não deveria falar isso Arthur. – Scarlet disse com a voz um pouco mais séria e olhando para o seu companheiro. – Sabe que ninguém deve saber de nosso relacionamento. E muito menos sobre...

            - Eu sei. – Interrompeu Arthur. – Ainda assim me preocupo com você Scarlet, penso em você durante cada missão que tenho que cumprir.

            - Não faça isso! – Exclamou a escorpiana. – Não quero ser uma fraqueza em sua mente.

            - Muito pelo contrário. – Respondeu o capricorniano abraçando subitamente a amazona. – Você é a minha força. É a lembrança que tenho de você em minha mente que me da força para enfrentar qualquer inimigo e seguir adiante.

            - Arthur... Eu... – a fala de Scarlet foi subitamente interrompida quando o corredor em que estavam transformou-se em um novo lugar. Um lugar familiar para os dois cavaleiros, com vendo frio, algumas árvores de grande porte cobrindo o gramado ao seu redor com suas sombras, ao fundo as doze moradas do santuário e diante deles, sob uma árvore, uma pequena lápide com um nome e uma mensagem escrita.

            - Esse lugar... – Falou Scarlet. – Não pode ser.

            A amazona aproximou-se da lápide e lá pôde claramente ler: “Lance – nascido do ouro, elevado às estrelas”.

            - Essa é... A lápide do nosso filho. – Disse Arthur. – Eu a reconheceria em qualquer lugar.

            - O que isso significa Arthur?! Como viemos parar aqui?! – Questionou Scarlet com lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

            - Acalme-se meu amor. – falou o cavaleiro de capricórnio enxugando levemente o rosto de sua amada com sua capa. – Não sei quem ou o quê nos trouxe aqui, mas seja como for não permitirei que brinquem com tal lembrança.

            Arthur começou a se lembrar de um momento três anos atrás. Ele e Scarlet se encantaram um pelo outro desde o momento em que se conheceram quando chegaram ao Santuário e assumiram suas armaduras. Ambos vindos de países próximos tinham muito em comum e o que nasceu como uma admiração mútua aos poucos se transformou em um sentimento amoroso.

            Indo contra as leis do Santuário o jovem casal iniciou um relacionamento que com o tempo gerou um fruto. Um pequeno bebê que cresceu escondido no ventre da amazona e que em uma cabana afastada veio ao mundo.

            Infelizmente algumas semanas depois o casal fora atacado por um ex-aprendiz de cavaleiro enquanto passeavam nos arredores do Santuário. O jovem que havia sido pupilo de Scarlet fora banido do Santuário devido o excesso de violência com o qual tratava seus oponentes e acreditava que a culpa de sua expulsão pertencia a sua mestra.

            Em seu ataque o rebelde não teve força o suficiente para ferir Arthur ou Scarlet, porém aproveitou-se de um momento de distração dos dois cavaleiros e com o pouco cosmo que possuía lançou um ataque; insuficiente para ferir um guerreiro dourado, mas forte o bastante para ceifar a vida de um recém-nascido.

            Scarlet ficou em choque e com seu cosmo eliminou seu antigo aprendiz, mas não poderia fazer nada para salvar a vida de seu filho.

            O casal construiu um pequeno túmulo para a criança no interior de uma floresta nas proximidades do Santuário. Após este incidente o casal evitou ao máximo demonstrar seus sentimentos para com os demais cavaleiros. Arthur focou-se mais no aperfeiçoamento de suas técnicas e Scarlet recusou-se a tomar um novo aprendiz.

            A lápide diante do casal começou a emitir um fraco brilho dourado e diante dos dois surgiu uma pequena aura semelhante a um cosmo.

            - O que é isto? – Perguntou Scarlet enquanto terminava de limpar o rosto.

            - Fique atenta. Pode ser algum inimigo. – Falou Arthur.

            - Não se preocupar. Eu não sou um inimigo. – Disse uma voz serena e tranquila vinda daquela aura, semelhante à voz de uma criança.

            - Quem é você? – Questionou o santo de Capricórnio. Sua voz buscando impor segurança, mas ainda assim com certo ar de desconfiança.

            - Eu sou aquele que foi gerado pelo amor de vocês. Aquele que vocês batizaram de Lance. Sou seu filho papai. – Respondeu a pequena voz.

            - Meu filho?! – Exclamou Arthur incrédulo olhando para Scarlet. – Isso é impossível.

            - Não papai. Não é impossível. E no fundo de seu coração você sabe disso. – A alma de Lance virou-se para Scarlet. – E você mamãe, não precisa chorar mais. O tempo que passamos juntos foi curto do ponto de vista dos homens, mas foi por que não era o momento de nos encontrarmos ainda.

            - Não era o momento? – Perguntou a amazona.

            - Não. – Respondeu Lance. – Mas no futuro poderemos nos reencontrar. Tenha certeza disso.

            Scarlet então pela primeira vez em três anos esboçou um sorriso de alegria. Arthur abaixou a postura ofensiva que até então apresentava e abraçou sua companheira.

            - Meus pais. Eu sou muito grato pelo carinho que recebi de vocês, mas não se prendam a uma lembrança triste que passou. Vocês são cavaleiros e devem proteger ao mundo que nos cerca. Façam isso por mim, por favor.

            - Meu filho. Prometo que iremos dar nossas vidas para que as pessoas deste mundo sejam salvas e no futuro nos reencontraremos novamente como uma família feliz. – Disse Arthur ainda abraçado a Scarlet.

            - Obrigado pai e até logo. – A alma de Lance desapareceu e o local que até então era a floresta onde ele havia sido enterrado tornou-se a saída do templo de Chokmah e o casal surgiu diante dos demais cavaleiros.

            - Arthur! Scarlet! – Falou Johnson. – Vocês estão bem?

            - Sim estamos. O que houve Johnson? – Perguntou Arthur.

            - Não sei ao certo. Só sei que todos desapareceram e ficamos apenas eu, o Dwayne, o Amell e o Virgílio juntos. Seguimos caminhando até a saída, ao chegarmos o Seth surgiu do nada junto do Há’as e agora vocês dois apareceram.

            - Não viram nada de anormal enquanto atravessavam o templo? – Questionou Scarlet.

            - Anormal em que sentido? – Rebateu o taurino.

            - Nenhum específico. – Disse a amazona percebendo que não deveria falar do que viu.

            - Realmente não sabemos o que houve. Por um momento apagamos e quando recobramos a consciência já estávamos aqui. – Disse Seth também sem mencionar o que viu junto de seu irmão.

            - E onde estão o Amell e os outros prateados? – Perguntou Arthur.

            - Ele foi investigar os arredores para ver se não havia nenhum inimigo nas proximidades e levou o Virgílio consigo. – Respondeu Dwayne. – Já o Rafael ainda não apareceu.

            Ao ouvirem isso todos os cavaleiros de ouro viraram suas atenções para o templo. Imaginando onde estaria o cavaleiro de Cruz.

            - Que estranho. Todos desapareceram sem deixar rastros. E por mais que ande tenho a impressão de que estou seguindo em círculos. – Comentou Rafael. – Será algum tipo de armadilha?

            O cavaleiro de prata seguia caminhando pelo interior do templo. Ao seu redor continuavam a surgir pinturas nas paredes com imagens do rapaz segurando um cajado igual às primeiras que observou no templo e iguais ao totem com armadura que havia visto.

            - Mas o quê?!  - Rafael parou surpreso. Diante dele estava a glória da Cura pela qual eles haviam passado. – Eu não já tinha passado por esta vestimenta?

            Rafael lentamente caminhou em direção ao objeto. Era como se de alguma forma a estatueta o estivesse chamando. O jovem se aproximou, pegou o jarro com água benta que anteriormente tinha sido investigado e no interior do jarro o cavaleiro viu seu reflexo.

            - Não passa de água mesmo. – Disse o jovem meio desapontado. Porém quando estava recolocando o jarro no lugar ele decidiu dar mais uma olhada e novamente viu seu reflexo, porém agora de forma diferente.

            Rafael viu a si mesmo usando aquela vestimenta. Em sua mão direita repousava um cajado dourado e em sua cintura encontrava-se preso o jarro de água benta. Seu torso era coberto por uma túnica branca e de certa forma o cavaleiro sentiu-se tragado por aquela imagem, como se ela mostrasse algo que ele já viveu no passado.

            - O... Que... É isto... – Disse lentamente o jovem cavaleiro enquanto fechava os olhos buscando absorver o que tinha visto.

            Ao abri-los novamente ele se viu mais uma vez no templo de Chokmah, mas desta vez a morada estava completamente intacta. Seu interior era luminoso e acolhedor, com uma aura imensa de serenidade e tranquilidade.

            De repente tudo se encheu de sombras, fogo e uma sensação de pavor. Rafael viu-se correndo pelo templo sendo seguido por sombras aladas com armas em punho. Uma a uma as sombras foram sendo abatidas por seus socos e chutes, mas então uma sombra maior apareceu. Sua visão escureceu. Novamente ele estava no avião com seus pais, mais uma vez viu-se nos destroços da aeronave, viu-se no orfanato e então com um piscar de olhos estava parado na saída do templo. Seu rosto suado, sua respiração ofegante e diante dele os demais cavaleiros o observando.

            - Você está bem Rafael? – Perguntou Virgílio ao se aproximar do amigo.

            - Ahm?! – Balbuciou o santo de Cruz. – Sim, estou. Há quanto tempo estão aqui?

            - Eu e o senhor Amell fomos fazer uma ronda rápida e chegamos agora, os demais estão aqui a cerca de dois ou três minutos.

            - Entendo.

            - Você se perdeu lá dentro Rafael? – Perguntou Amell.

            - Acho que sim senhor Amell. Só me recordo de minha visão escurecer quando andávamos e então apareci aqui. Mas estou bem, não se preocupe.

            - Vamos adiante então. – Falou Seth. E seguido pelos demais partiu em direção ao próximo templo.

            No interior do templo os olhos da vestimenta vermelha brilharam mais uma vez e então ela desapareceu.

            - Arthur. – Disse Seth com o tom de voz baixo próximo a seu colega. – Diga-me, você e a Scarlet viram alguma lembrança?

            - Digamos que sim Seth. E você? – Respondeu o capricorniano.

            - Respondo o mesmo. Mas agora tenho a sensação de ter tirado um peso dos ombros.

            - Entendo. Comigo é o mesmo. Talvez o que tenhamos visto tenha haver com o propósito desta morada. O templo da cura. Talvez, tenha curado as feridas de nossos peitos.

            - Sim. Creio que foi isto.

            Os cavaleiros seguiram em direção ao próximo templo: Binah, a morada do poder de Deus. O templo se erguia pelo interior de uma floresta e diferente dos anteriores que aparentavam uma arquitetura com traços jônicos este possuía o aspecto arquitetura gótica semelhante à Catedral de Milão.

            - Bem vindos cavaleiros de Atena. HAHAHAHAHA. -  Disse uma voz firme vinda da entrada do templo quando os cavaleiros alcançaram o portão de entrada.

            - Essa voz! – Exclamou Rafael.

            - É Gabriel! – Complementou Johnson.

            - Bem vindos. – Disse novamente o Arcanjo. – Ao seu fim.


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