Aquela festa parecia que não iria acabar nunca. Meus pés estavam cheio de bolhas, senti-os após descansar um pouco sentada na cadeira. Cato parecia estar bem animadinho, depois de tantos beijos e carícias, eu enfim, pude me deixar “livre” dele. Por um tempo...

Pelo tempo que fiquei sentada, fiquei pensando no que Johanna disse. Será mesmo que ela tinha razão? Cato, me ama mesmo? Sabe, ele era uma pessoa bem importante para mim, agora. Ele estava me ajudando em uma coisa louca, e se estava apaixonado por mim poderia ser bom ou não. A gente fingiria bem melhor, se fosse verdadeiro. Mas, se eu conseguir Peeta de novo, acho que ele ficará bem triste. Não queria magoa ló! Afinal, ele tem sido tão legal comigo.

Minha cabeça pensava em várias coisas ao mesmo tempo, eu precisava fingir que estava apaixonada por ele também! Não seria tão difícil, até por que eu sei fingir muito bem. Estava sentada na mesa, conversando com Madge e Johanna. Quando Peeta chegou a minha mesa e ficou parado ao meu lado. Fiquei meio sem reação.

– O que quer Mellark? – disse ríspida.

– Quero conversar com você Katniss, é importante.

– Ok. – levantei-me e segui-o até um espaço da festa bem vazio. Era o jardim dos fundos. Ele tinha uma arvore enorme, que fazia a maior sombra e várias flores davam cor ao gramado. Olhei para cara de Peeta, com os braços cruzados, esperando finalmente ele dizer algo.

– Bom Katniss gostaria de te dizer umas coisas. Sei que vai achar estranho, mas... Não dá pra esperar! – ele não conseguia me encarar.

– Conte Peeta!

– Eu te... – Nesse momento, Cato viu-nos no gramado, e já foram me dando beijos.

– Amor, vem curtir a festa! – ele disse segurando a minha mão.

– Espera, Cato, ele quer me falar algo.

– O que você quer com a minha namorada?

– Eu só gostaria de falar com ela, sobre as aulas particulares que tem me dado. – mentiu. Estava escrito na sua testa “estou mentindo”. Peeta ficava rosa e engolia saliva, quando mentia. Aquele seu jeito, eu já conhecia.

– Ok, depois você fala. – Cato me puxou, sem eu dizer nada. Tive que ir com ele, com meu namorado. Peeta ficou perplexo esperando uma resposta minha, mas, não deu tempo. A festa acabou bem tarde, depois de muitos beijos. Assim que todos foram embora, Cato me deixou em casa.

– Eu adorei a noite! – disse.

– Eu também. Ahn, Katniss, eu sei que fui muito rude quando você estava falando com Peeta, mas, sabe não me controlei. Pegaria mal também, eu ter te anunciado como minha namorada, e te verem falando com ele, debaixo da árvore.

– Não tem problema Cato. Fez o certo! Nem sei o que aquele menino iria me dizer. Mas, não me importo com isso. Até por que preciso te dizer uma coisa.

– O que?- seus olhos brilharam e seu tom era de esperança.

– Eu te amo! – disse sem pensar. Se eu tivesse no lugar dele, até e teria acreditado, parecia ter sido tão sincero. Inacreditável! Eu mentia muito bem. E isso pegava mal. Estava tornando o coração dele em cacos, que só se quebrariam mais tarde. Mas, até lá dava pra manter. Eu só tinha que aprender a ama ló, como se deve.

– Katniss, o que você disse?

– Eu te amo, Cato! Tá surdo?

– Não, estou completamente alucinado. Isso é música para meus ouvidos. Eu te amo muito, queria muito ouvir isso. – não pensei. Cato me segurou pela nuca, e me olhou diretamente nos olhos eu conseguia sentir sua respiração acelerada. E então veio beijos, seguidos por mordidas e carinho. Eu estava sendo amada, e isso era muito bom, eu gostava. Sentir-me assim. Com o coração a flor da pele. Gostaria que fosse Peeta, ali, ao meu lado. Comigo, como devido.

Cheguei em casa, eram 2h da manhã. Não havia ninguém acordado. Entreguei devagar no quarto de Prim, mas, ela não estava lá, imaginei que estivesse com minha mãe. Prim, às vezes tinha pesadelos, e então ia para meu quarto, para não incomodar minha mãe. Mas, quando eu não estava em casa, ela ia pro quarto da minha mãe, em seus passos largos, sem fazer nenhum barulho e se deitava delicadamente ao seu lado. Com medo de que ela acordasse a mandasse ir embora. Meu celular começou a vibrar, olhei na tela, era discagem de Gale.

– Oi Katniss!

– Fala Gale, o que deu em você de me ligar essa hora?

– Eu conversei com Peeta durante a festa. Caramba tenho que falar com você sobre tudo, dá pra me encontrar amanhã?

– Se for coisa boa...

– É sim. Não se arrependerá! Prometo! Encontre-me no parque do centro, às 14h. Beijos.

– Ok, beijos.

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Acordei com barulho de panela. Sim, era a pirralha. Aquela menina sabia a hora que eu tinha chegado em casa? Acho que não!

– SAI DAQUI GAROTA! – Gritei.

– Calma Catnip.

– Calma nada. Sabe que horas eu cheguei ontem?

– Não, por que não te vi chegando. Onde você estava mocinha?

– Seguinte, fui numa festa e cheguei tarde gata. Agora pode me deixar dormir em paz? Minha beleza e meu sono agradecem.

– Tá!

Olhei meu celular, e tinha duas ligações perdidas e várias mensagens. Cheguei a pensar que Johanna tinha morrido. Liguei imediatamente para ela.

– Johanna, tá morta?

– Não idiota. Preciso de você, tem como passar aqui?

– Ok, meio-dia. To cansada da noite passada. Mais tarde te ligo. Vai dormir! – disse em tom de ordem.

– Tchau!

Eram dez da manhã ainda, e eu já tinha perdido o sono. Estava morrendo de dor de cabeça, e minha cabeça parecia estar girando. Sentei-me na cama. Coloquei a mão na cabeça e reclamei de dor. Levantei e tomei um banho. Coloquei a roupa e quem estava me esperando? Minha mãe.

– Katniss, acho que está na hora de colocarmos umas regras. – bom, o mundo conspirando contra mim, não é possível. Primeiro Gale. Segundo, Johanna. E agora minha mãe!

– Pode falar. – Minha expressão condizia com “ saia daqui mãe, a gente perdeu a intimidade”. Mas, ela continuou lá, como se não se importasse com o que eu achava ou não. Afinal, ela nunca se importou.

– Katniss. Sei que foi uma perda enorme, seu pai. Para todas nós! Mas, acho que está na hora de ficarmos mais juntas.

–É?

– É, Katniss. Por que fala dessa maneira?

– Porque você chega do trabalho e se tranca em seu quarto, mal come na mesa com a gente e agora, eu acho que nossa relação está desandando. Começamos até a nos entender quando família de Peeta veio para cá, mas, dessa vez. Você voltou a ser mesma de antes!

– Filha, eu te amo. Só não sei demonstrar muito bem, assim como amo sua irmã. Eu não consigo levar a nossa família nas costas, como seu pai fazia. Eu vivia em função dele, entenda.

– Eu entendo. Mas, nós passamos pela mesma situação. E você? Não se importou simples. Peguei minha bolsa, e sai andando. – Vou à casa da Johanna, mais tarde continuamos, estou atrasada.

Não era verdade. Eu não ia agora para a casa de Johanna, ia passar no Cato, acho que era o único que poderia me ajudar agora.