Inconfidentes escrita por Leticia Cavaliera


Capítulo 9
Como quebrar corações...


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal :3
Um capítulo curtíssimo, mas preferi separar esse do próximo haha'
Lembranças da Sol, continuação da primeira, espero que gostem



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O lugar em que ocorreria a festa era, no mínimo, curioso. Um ferro velho de carros, terra vermelha batida e muita, muita gente. Pessoas em cima dos carros, novos e velhos, dançando, bebendo ou se pegando. A música eletrônica era alta e parecia vir de vários lugares. Sol e o resto dos Astros desceram do veículo e chamaram relativa atenção, a maioria ali os conhecia. Basicamente era uma festa para os grandes das melhores escolas da cidade e, assim como os Astros, parecia que o resto das pessoas também tinham seus meios de manter chatos longe.

A menina foi abraçada e beijada com delicadeza e carinho, e, apesar de não ver, sabia que era Pedro, o garoto com quem estava ficando. Sol retribuiu o beijo por educação, mas não de forma muito animada e logo o finalizou. Ele estava começando a irritar a morena, era carinhoso demais, passava alguns limites que ela tinha imposto e não parecia mais tão interessante. Sol tinha enjoado dele.

Procurou seus amigos, que provavelmente tinham sumido para dar privacidade ao casal, algo que a fez revirar os olhos.

— Como você está? — Pedro era sempre tão gentil, no começo nem tanto, mas a coisa estava ficando tediosamente insuportável.

— Bem. — Deu de ombros, sem olha-lo. — E você?

Conseguia lembrar quando, no começo, viviam brincando um com o outro, se provocando, brigando de brincadeira. Agora era todo um tedioso diálogo cheio de delicadeza, carinho e melosidade que a fazia querer arrancar os olhos, por que ele tinha mudado? Estava tudo tão bom antes.

— Melhor agora. — Respondeu, entrelaçando seus dedos, algo que a agoniou muito, ainda assim deu apenas um sorriso rápido. — Estava pensando em comprar aquele livro que você estava falando para a Beatriz, a irmã da Bianca, gostei do que falou dele.

— Castelo Nos Pirineus? — A morena franziu o cenho, tinha indicado o livro para Beatriz apenas por ser de um de seus autores favoritos e pelo tema, que a menina estava curiosa, mas era um livro bem simples. — É um bom livro, li aos doze anos, dá uma visão até que bem ampla e de fácil entendimento sobre o debate “religião x ciência”. Vai gostar.

— Esse.

Desde que tinham começado a sair, Pedro estava mais empenhado na leitura e na obtenção de conhecimentos. O que era muito bom... Para ele. Sol gostava de boas conversas, debates interessantes, e era meio complicado fazer isso com alguém que ainda estava no início, a outra ponta era que ela adorava explicar as coisas, explanar sua opinião e ensinar o que quer que achasse interessante.

E então, eles entraram no silêncio. Eram quase sempre assim, quando estavam apenas os dois, algumas palavras e um longo tempo de silêncio, então ele vinha e tinham muitos beijos. No início ela até aturava isso, mas foi mais uma coisa que passou a irrita-la, o que já era de se prever desde o início, visto que conversas instigantes eram o que realmente excitavam Sol.

— Ah, eu vou ali falar com o Tales e depois vou encontrar vocês. — Sol avisou e, antes que Pedro dissesse qualquer outra coisa, andou rapidamente até Tales, que estava encostado em um carro.

— Sol, delícia, como vai? — Tales era moreno, com lindos cabelos cacheados, olhos quentes como um dia de sol e de sorriso fácil. A menina suspirou aliviada.

— Melhor agora, pode me conseguir uma dose gigante e pura de vodca? — Pediu a morena, sorrindo de forma charmosa.

— Claro que posso. — Ele se virou e tirou uma garrafa ainda fechada de algum lugar. — Você parece incomodada com algo, que tal a gente se afastar um pouco dessa barulheira e você me contar o que está acontecendo? — Sol virou-se e viu que Pedro estava perto de seus amigos, quase do outro lado, sentados em volta de uma mesa de plástico.

— Ok, mas é rapidinho! — A garota avisou, rindo.

— Ok, ok... Já faz uns vinte minutos que estamos aqui, você já bebeu metade da garrafa do gargalo, falamos de tudo menos do que está te chateando. — Tales, já meio bêbado, acusou e Sol riu, como quem é pega no flagra, deu de ombros. Estavam sentados no chão, escorados em uma árvore, no limite da festa, algumas poucos pessoas por ali.

— O que está me chateando? — A fala dela também já estava meio afetada pelo álcool, assim como os movimentos, que estavam mais desconexos, mas Sol ainda era Sol, plenamente ciente de todas as suas ações. — Pedro. — Depois de contar tudo que estava acontecendo e como lhe irritava, Sol suspirou e Tales ficou calado. — Então, não estou com coragem pra chutar ele. — Finalizou.

— Sol Carmona sem coragem pra dispensar um cara? Uou, essa eu tinha que estar vivo pra ver. — Tales riu e levou um soco fraco no braço. Era tão fácil conversar com Tales, fácil ver por que Elena tinha gostado dele.

— Eu teria coragem de pegar outro na frente dele, mas não de chegar e dizer “ei, você é chato não te quero mais”. — Sol deu mais um gole, nem sentia mais a ardência.

A verdade é que isso a assustava muito, essa falta de coragem. O medo de acabar como seus pais, os dois detestavam com quem tinham se casado, continuavam juntos para manter as aparências e fazia todo possível para irritar ao máximo ao companheiro, Sol imaginava que isso fosse uma tentativa de fazer o outro desistir primeiro. E era isso que a assustava, acabar como eles, presa por falta de coragem.

— Eu me ofereço, vai que se ele ver desiste de você. — Os dois riram, mas a menina considerou a ideia.

— Vênus gostava de você, talvez até ainda goste, deveria falar com ela. — Sol comentou, por alto, Tales fez uma careta.

— Ah, Sol, nem rola. Já chamei Elena pra sair três vezes e ela não quis, não sô trouxa pra ficar no pé de quem não me quer. — Ele deu de ombros e bebeu um pouco da garrafa.

— Sério? Nossa, que chato isso, não estava sabendo... — Até fazia sentido, já que Elena não falava há meses dele. — Mas você está certo.

— Ao contrário, quem sempre esteve aqui foi você, e nunca me menosprezou. — Tales abraçou Sol e a menina retribuiu, risonha.

— Faço o que posso. — Deu de ombros e se soltaram, bebendo. Tales deu um sorriso desdenhoso para Sol.

— Parece que o Pedrinho veio te procurar, está do outro lado olhando de um lado pro outro. — Tales riu, mas antes mesmo que Sol pudesse esboçar uma reação, o garoto a virou, colocando-a sobre o chão e ficando por cima dela, os dois rindo. — Se quiser, estou a sua disposição pra ajudar.

— Uhm... É algo a se pensar... — Dizendo isso a morena enlaçou Tales com as pernas e o puxou para um beijo, Tales pareceu surpreso e depois de um tempo retribuiu.

A verdade é que os beijos estavam bons, o gosto de álcool, misturados com o excitante conhecimento que Pedro estava vendo e de que estavam no chão de uma floresta, entretanto, fora isso, nada sentia. Ficaram daquela forma por algum tempo, mas Sol acabou interrompendo o beijo, lembrando onde estavam.

— Isso foi divertido. — Sol comentou, rindo e se sentando novamente, o garoto riu também.

— No mínimo, e o seu garoto sumiu. — Tales falou, olhando em volta.

Sol olhou para trás e viu apenas uma menina que ela não conhecia mais ao longe. Suspirou aliviada e bebeu mais um pouco para comemorar.

— Obrigada. — Sorrindo ela deu mais um beijo casto em Tales, que deu de ombros.

— Estou à disposição sempre que quiser mais ajudas como essa. — Eles riram e a menina encostou a cabeça no ombro dele.

Naquele momento nenhuma consequência importava.

Sol respirou fundo e terminou de escovar os dentes, tinha sido uma tarde divertida, Nathan era boa companhia, agradável. Tinha aceitado o pedido da menina, um pedido muito simples, com facilidade. Queria conhecer aqueles meninos, seu interesse tinha sido despertado. Ela suspirou, por algum motivo se sentia cansada. Na verdade, ela queria apenas ignorar aqueles garotos, todos, mas algo dentro dela a impelia a conhecer, talvez até domar.

Olhou para seu reflexo no espelho e fechou os olhos, indo para a cama e tentando guiar-se por instinto, sem usar a visão. Acabou caindo em cima da cama e riu de si mesma, abriu os olhos e pegou o livro que estava na cabeceira, Orgulho e Preconceito.


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Notas finais do capítulo

Opa, quem gostou levanta a mão o/
Aqui, comentem só nesse capítulo, pelo menos, fantasminhas haha' só um "gostei" já me basta, só pra eu saber que estão acompanhando.
Enfim, o que acharam da Sol?
Vocês imaginam algum apelido engraçado pra ela? Pensei em "Solamento" kkkkkkkk' mas queria mais...
O que acham que vai acontecer nas próximas lembranças? Alguém aí já consegue interligar os acontecimentos do passado com os do presente? Haha'
Beijos de Luz *3*