Inconfidentes escrita por Leticia Cavaliera


Capítulo 4
Ladra e Mentirosa...


Notas iniciais do capítulo

Bubbles ♥



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Jonathan estava dirigindo calmamente em direção a sua casa. Seu conversível novo era fácil de dirigir, mas o melhor é que atraia os olhares de várias garotas admiradas para ele e olhares invejosos dos homens. O som tocava uma de suas bandas de rock favoritas. O semáforo ficou vermelho justamente quando ele ia passar. Obrigou-se a parar e esperar.

Tinham sete pessoas atravessando a rua. Uma senhora cheia de sacolas, cinco homens que seguiam atrás de uma garota, que estava virada para um garoto alto e forte com uma camiseta que Jonathan podia jurar ser do Guia do Mochileiro das Galáxias, além disso, ele pensava conhecer o garoto de algum lugar. Mas Jonny ficou realmente interessado na garota.

Bem, era óbvio que ela tinha um corpo bonito, usava short folgado, uma camiseta preta levemente colada e sapatilhas vermelhas, o cabelo era ondulado e negro. E quando ela olhou para frente Jonny notou que era Sol, a garota com nome estranho que tinha passado a perna nele.

Puta que pariu! Foi tudo que passou pela cabeça dele. O que aquela garota estava fazendo com cinco garotos no meio da rua indo sabe deus pra onde aquele horário? Muitas ideias passaram em sua cabeça, algumas realmente meio nojentas. Olhou para o grupo novamente e viu que ela ria muito de algo. Ele franziu o cenho e decidiu investigar por si mesmo aquilo e esperava que estivesse errado com suas conjecturas.

O grupo atravessou a rua para a direita e, assim que o semáforo abriu, Jonny foi naquela direção os seguindo à distância. Eles principalmente conversavam e riam. Pareciam apenas amigos, mas até onde Jonathan sabia a amizade entre os sexos opostos não existia de verdade. Novamente a ideia de ela ser lésbica passou pela sua cabeça, podia ser também que um daqueles fosse seu namorado também, todos ali serem gays... Ou, bem, talvez ela precisasse de dinheiro...

Chegaram a uma casa, alguém abriu a porta e todos entraram. Jonny parou em frente à casa e suspirou, as luzes estavam acesas e uma janela aberta. Ele desceu do carro e foi sorrateiramente até uma janela, ouviu alguns gritos femininos longe, arriscou olhar para dentro. Viu Sol escorada no canto, com os olhos cerrados mirando o garoto, que estava ao lado dela enquanto andavam na rua, estava na frente e com os braços abertos e meio agachado como numa posição de atacar. Se preparando caso ela tentasse escapar, Jonny supôs.

O garoto andou para frente e derrubou Sol no chão enquanto ela tantava se levantar e gritava. Jonny tinha que impedir aquilo, eles iriam mesmo estuprar a garota? Chamar a polícia ia demorar, ele entrar pela janela e tentar bancar o herói era ridículo, eram cinco contra ele, mesmo sendo muito bom de luta ia acabar perdendo... Pensou rápido e pôs em prática única solução que pôde pensar.

Correu para a porta da frente e tocou a campainha enquanto discava o número da polícia. A porta foi aberta quase de imediato por um garoto alto e magro, com cabelos ondulados e castanhos, olhos castanhos e usando uma camiseta de anime. Ele estava rindo, mas assim que reparou em Jonathan franziu o cenho. Os gritos continuavam vindo da sala e ele ouvia as risadas dos garotos, Jonny lutou contra a vontade de socar todo mundo.

— Posso ajudar? — Jonny abriu a boca, mas nada lhe ocorreu. — Espera, você veio com o Daniel? — O garoto olhou para trás de Jonathan, provavelmente procurando o tal Daniel.

— Não, ele me mandou vir na frente. Disse que vem depois, tem problema? — Jonny pegou a deixa e sorriu o melhor que pôde.

— Nenhum, entra aí. — O garoto sorriu e Jonny entrou, foi caminhando em direção à porta da sala, mas, quando ia chegando ao batente, alguém o derrubou e Jonathan teve certeza que aqueles meninos sabiam que ele estava ali para denuncia-los. E iam brigar com Jonny.

Enquanto caia Jonny segurou com força os braços de seu agressor e apertou. O celular tinha caído de sua mão em algum lugar. E enquanto desabava notou uma massa de cabelos pretos. Apertou os pulsos com mais força e obrigou os braços para cima, caso o atacante tivesse a intenção de socar Jonathan.

Durante o baque com o chão fechou os olhos por alguns segundos, se concentrando para não largar quem quer que fosse. Pelo menos daria para Jonny um refém. Quando abriu os olhos viu dois enormes olhos escuros o encarando. Não, ninguém tinha começado uma briga com ele. Sol tinha caído em cima dele enquanto corria de seus agressores.

Ela o encarou e ele não viu nenhuma sombra de reconhecimento em seus olhos, bem, não até que ela olhou para baixo, notando a blusa do time. Ela abriu a boca, mas antes que pudesse falar algo começou a se contorcer em cima de Jonathan.

— Ah, para! — Ela gritou e riu em seguida. — Para, para... — Ela se virou e, ainda em cima de Jonathan, recomeçou a afastar o garoto de novo. E ali, de perto, Jonny notou que o garoto apenas fazia cosquinhas em Sol.

O movimento que ela fazia em cima dele acabou despertando o amiguinho de Jonny. Graças a deus ela não parecia sentir naquele momento, mas provavelmente sentiria depois, por isso ele a empurrou para o lado. Antes que o garoto conseguisse tocar nela, Sol levantou e correu, rindo.

— Não liga, eles são sempre assim. — O garoto, o mesmo que abriu a porta, estendeu a mão para ajudar Jonathan a levantar. O loiro pegou o celular, não muito longe dali. — Ah, meu nome é Eduardo. — Disse quando Jonny já estava de pé.

— Jonathan. — Falou e se lembrou que ele tinha dito que tinha vindo com o tal Daniel, esperava que o tal Daniel não aparecesse. Ajeitou seu saco numa posição mais confortável.

— Esses são Roberto e Marcos. — Apontou para um garoto asiático de cabelos espetados e para um garoto forte que parecia ter uns 2m de altura, no mínimo, de cabelos castanhos e rosto sério, muito sério. — A garota correndo é a Sol. — Apontou para Sol, e Jonny notou que apenas para o pessoal do time ela tinha mentido o nome. — E o garoto correndo atrás dela é o Charles. Assim que eles pararem de correr nós vamos começar. Você sabe se o Dan ainda vai demorar? — Perguntou, Jonny quase tinha esquecido de que tinha entrado usando o nome do tal Daniel.

— Eu não sei, desculpe. — Disse sem saber o que dizer. Agora que estava lá dentro e que sabia que Sol não estava em perigo, Jonny não sabia o que fazer, ele não sabia nem porque eles tinham se reunido ali. — Se quiser eu vou embora. — Esperava do fundo do coração que o garoto o mandasse embora.

— Não, cara. Jamais te expulsaria daqui só por que o vadio do Daniel não vem, relaxa. — O garoto, Eduardo, sorriu e apontou para uma sala em que tinha uma enorme mesa de jantar. — Tem ficha? — Perguntou ao se sentar na ponta da mesa.

Ficha?! Tipo ficha criminal? Oh, deus... Será que, por acaso, aquilo era algum tipo de grupo de ajuda para delinquentes juvenis em recuperação?

Até que fazia sentido. Ele mal tinha trocado três palavras com Sol e ela mostrou que era uma mentirosa exímia, sem contar rápida em responder. Ela tinha mentido o nome, duas vezes, com facilidade. Será que isso demonstrava a agilidade dela em usar vários nomes diferentes?

Mais um grito soou e Jonny virou a cabeça a tempo de ver Sol, se é que esse era o nome dela, encolhida num canto da sala, o garoto, Charles, mexia ainda com ela, que ria e pedia pra ele parar. Enfim ele pareceu satisfeito e parou.

Sol fechou os olhos e quando os abriu, aquelas duas orbitas escuras, fitaram Jonny. Ela estava vermelha das risadas e brilhante, uma fina camada de suor cobria sua pele depois de correr e se esforçar tanto. O olhar durou apenas por um segundo, mas aquela visão o fez imaginar ela na cama, embaixo dele. O amiguinho de Jonathan levantou acampamento rapidamente. E Jonny sentou na primeira cadeira que viu. O que, no caso, era na ponta oposta a Eduardo, que ainda parecia querer uma resposta.

— Não, eu não tenho ficha. — Ele coçou a cabeça sem saber mais o que dizer. Será que ele deveria estar envergonhado por não ter passado pela polícia ainda?

— Não tem problema, eu e os meninos te ajudamos a fazer uma. — Eduardo sorriu de novo.

Meu deus... Fudeu. Jonny pensou. Aquele pessoal ia querer meter ele na cadeia? O que ele teria de fazer? O que aconteceria se ele recusasse?

— Não precisa. — Jonathan disse sem graça. Eduardo juntou as mãos embaixo do queixo e franziu a testa, pareci confuso.

— Então o que veio fazer aqui? — Antes que Jonny pensasse em algo o próprio Eduardo pareceu saber a resposta. — Ah, já sei... Vai só ficar assistindo, não é? Pra aprender e tal e se gostar você entra, né? Não tem problema, ninguém vai arrumar confusão com isso. — Ele se virou para falar com o tal Roberto.

A situação estava ficando pior e Jonny começou a soar. Como ele faria para sair daquela merda?

— Prontinho, tudo passado para o papel, seu chato. — Nesse momento Sol veio saltitando e sorrindo com um papel na mão e o depositou na frente de Eduardo, o garoto sorriu e passou a mão pelos cabelos castanhos. Ela parecia feliz e diferente do que ele tinha visto antes.

— Você não esqueceu nada, não é? — Perguntou. — Depois não quero ninguém me culpando. — Ele riu.

— Não, está tudo ai. — Ela riu e se sentou ao lado direito dele, seus olhos escuros se fixaram em Jonathan. — Quer dizer então que o Dan te chamou para vir? Sei. — Ela disse com um sorriso zombeteiro.

— Sim, Sol. — Ele sorriu da mesma forma, não era apenas por que estava com medo daquele grupo que ia deixar de responder a altura.

— Tem ficha? — Ela perguntou indiferente, não parecia nem mesmo envergonhada de ter mentido o nome.

— Não, ele quer primeiro ver como as coisas acontecem. — Eduardo respondeu por Jonny.

— Mas que chato. Não é divertido apenas olhar, seja um novato no ramo ou um veterano. — Sol falava e encarava Jonny intensamente, pareceu durar séculos até ela desviar para Eduardo. — O que aconteceu no final do último jogo? Eu tive de ir embora mais cedo, você lembra. — Jogo? Bem, assim as coisas ficavam mais fáceis de aceitar. Jogo, apenas um jogo.

— Você continua onde parou. Chuck conseguiu invadir o lugar, mas acabou fazendo barulho e teve de sair correndo com os guardas bem atrás. Em compensação isso deu tempo pro Beto e pro Marcos roubarem todas as joias, fugiram pelos fundos, mas acabaram dando de cara com os guardas, pura falta de cuidado, tiveram de correr também, Marcos acabou sendo atingido no ombro. Os três conseguiram fugir,então eu dei um bônus. — Eduardo riu e piscou enquanto o queixo de Jonny ia parar do outro lado do mundo. Eles eram uma quadrilha. Ladrões de joias e mais o que? Se Jonny se recusasse a entrar naquilo será que iam mata-lo?

— Bem, levaram para o Dan, que o curou. Mas Marcos gastou quase todo o dinheiro conseguido com as joias para pagar pelos serviços de Dan, que, afinal, se deu bem, entretanto ainda tem muita coisa pela frente.— Eduardo concluiu, triunfante.

— Ótimo, pelo menos o mestre teve o que queria? — Ela perguntou e o outro concordou com a cabeça.

— Sim, sim. O diadema foi pego de volta e já está com o mestre, mas ele não está muito contente com a falta de cuidado, bem, mas ainda temos de ver sua situação. — Sol assentiu, Roberto chegou para falar com Eduardo e entregar algo que Jonny julgou ser a ficha do mesmo.

Era quase... Fictício. Um mestre? Isso parecia coisa dos filmes de ação ou vídeo games que ele comprava. Jonathan não podia negar que era excitante. Olhou ao redor notando coisas na casa. Era muito bonita, obviamente quem morava ali não era pobre. Acabou voltando seus olhos para a garota.

A garota, que era o que realmente lhe interessava, estava distraída, os olhos focados em um ponto qualquer da mesa, opacos e em outro lugar. Ela estava parada e o rosto sem nenhuma expressão, era impossível até mesmo especular no que pensava. Os cabelos escuros formavam cortinas ao lado de seu rosto. Ela parecia meio morta, ou talvez vazia. Pensativa de uma forma misteriosa e contemplativa, mas continuava bonita.

Sol não era a garota mais bonita que ele já tinha visto, nem perto. Sua boca era pequena e, apesar dos lábios grossos, não era rosada, seu nariz era um pouco grande, sem contar no jeito dela falar, com um sotaque levemente diferente, seus olhos tinham a cor de uma pedra de imã: preto acinzentado, escuro e profundo. Era intimidadora. As meninas em geral, como Heloisa, ás vezes tentavam ser intimidadoras, mas era patético, como uma criança tentando ameaçar os pais. Em Sol era natural. Ela exalava aquilo, como quando você vê uma cobra e sabe que ela é perigosa, sente. E a morena nem precisava falar para isso, até mesmo naquele seu estado distraído era assustadora.

Talvez fosse pelo fato de ela ser uma ladra...

Chuck, o garoto que corria atrás de Sol, veio por trás dela, aproveitando que estava distraída e começou a cutuca-la. Ela reagiu dando risadas e o afastando. Chuck sentou em frente a ela, do lado esquerdo de Eduardo e entregou sua ficha para o mesmo.

— Bem, Marcos já me entregou a ficha dele então podemos começar. — Eduardo olhou para Jonny enquanto Marcos e Roberto sentavam nas cadeiras próximas.

Jonathan esperava que eles mostrassem armas, plantas de construção, planos, um computador... Qualquer coisa, menos o que eles realmente mostraram: Dados, papeis e um tabuleiro.


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Notas finais do capítulo

Uhm... Esse é só um capítulo que prepara para o próximo mesmo, por isso ficou meio chato.
Mas o que vocês acharam? Uhm? Gostaram? Odiaram? Tem algum personagem favorito já?

Spoiler: No próximo capítulo tem uma memória da Sol.

Ai gente, estou de DPL (Depressão Pós Livro). Hoje eu li Se Eu Ficar e Para Onde Ela Foi, que livros lindos, ai mds, acho que vou reler. Haha'
Beijos de Luz *3*