Para Jacob aquela madrugada parecia estranha desde o momento em que ele havia acordado. O sentimento era como se algo estivesse fora do lugar, mas tudo em seu quarto parecia normal, tirando uma figura sombria parada no canto segurando uma seringa. Bom, provavelmente era isso que não estava muito certo. Ele piscou algumas vezes para se acostumar com a escuridão da madrugada e focar melhor na figura que o observava.
—Nessie? -Ele perguntou ainda meio sonolento.
A figura se aproximou da cama e foi tomando cada vez mais a forma de uma jovem com longos cabelos castanhos.
—Desculpa, eu não sabia como te acordar.
—O que é isso na sua mão?
Renesmee escondeu a mão com a seringa atrás das costas.
—Não é nada.
Jacob odiava os momentos em que ela demonstrava esse tipo de inocência infantil e ele tinha bons motivos. O primeiro é que ele sabe que ela faz esse tipo coisa de propósito, uma característica que ela desenvolveu após perceber como os Cullens se divertem quando ela faz isso, principalmente o Cullen que se parece com um rato de academia. A segunda razão é o fato de que os pais dela usam essas coisas como justificativa para barrar o relacionamento deles de se tornar algo mais sério. Como se ela realmente tivesse a mesma maturidade de seu senso de humor.
—Nessie, isso não tem graça...-Ele estava se esforçando muito para não voltar a dormir. - Eu já vi a seringa.
—Eu sei, mas não é nada. - Ela sussurrou.
—Você não deveria estar aqui, seu pai deve ter te seguido, ele sempre te segue.
—Dessa vez ele não fez isso.
—Pelo amor de Deus me diz que não é a sua mãe que veio de novo?
Jacob vê Edward como um cara educado, eles não se gostam, mas de uma forma educada, sem ofensas e agressões físicas. Mas Bella é uma pessoa diferente, uma psicopata, uma masoquista, um tipo de demônio, uma incarnação de toda a agressividade que falta no marido dela. Como um dia ele pensou gostava daquele monstro, ele nunca entendeu. Uma mulher tão vil que quebrou uma caneca escrito "melhor sogra do mundo" no natal e ainda pisoteou os cacos até virarem pó, sem deixar em nenhum momento de fazer contato visual com Jacob.
—Jacob, ninguém me seguiu.
—Eu gostaria muito de acreditar nisso, mas distensão que eu tive na última vez você apareceu no meu quarto de madrugada, ainda dói. -Nesse momento era difícil para ele não se sentir um velho resmungão conversando com uma menininha.
—Shhhh, tudo bem, pode voltar a dormir. -A voz dela sempre o fazia ter vontade de acreditar no quela dizia. - E quando acordar, você vai virar lobo pra mim.
—Ok... -Ele disse sem saber com o que tinha concordado.
Os olhos dele começaram a se fechar e Renesmee foi tirando a mão com a seringa de trás das costas e sentou na cama, como se estivesse aguardando algo. Isso fez com que Jacob decidisse que ele não poderia dormir mais. Ele abriu os olhos e se sentou na cama.
—Ok, chega, o que tem nisso? E eu espero que não seja nenhum tipo de afrodisíaco como da ultima vez -ele parou e decidiu falar um pouco mais alto pro caso de ter alguém escondido por perto- e novamente eu gostaria de afirmar que eu sou inocente e não sabia o que tinha naquela bebida, assim como eu não estou sendo conivente com a aplicação do conteúdo da seringa. Você ouviu sogrão?
—Jacob, meu pai não está aqui, ele é todo paranoico com essa coisa de pandemia. Ele tem medo de ser um vetor do vírus ou algo do tipo.
—Bella, eu realmente não sei o que tá rolando, se você quiser interferir, pode ser agora.
A jovem sorriu e sentou-se na cama com a seringa na mão, tentando fazer uma expressão de criança quando quer algum brinquedo caro.
—Essa cara me fez beber aquela bebida, mas eu não posso ser feito de bobo duas vezes do mesmo jeito.
—Que bom que você não negou que pode ser feito de bobo de outros jeitos.
—Renesmee!
—Ok, eu digo, eu estava olhando umas coisas na internet.
—Isso não vei terminar bem, não é?
Renesmee olhou nos olhos dele e viu que não seria levada a sério.
—Jacob, para com isso, tá parecendo a minha mãe.
—Me desculpa, mas você e internet no mesmo contexto dificilmente significa algo bom.
—Mas dessa vez é.
Em um surto de lucidez, ele olhou pelo quarto a procura do celular. E seus olhos não conseguiram disfarçar quando ele finalmente o achou, em móvel não tão distante da cama.
—Dá pra você me esperar falar antes de ligar pros meus pais?
—Ok.
O silencio do quarto sumiu sob o barulho fo toque do celular.
—É o seu pai e eu vou atender. -Jabob disse ao se levantar para pegar o celular. - Sogrão? Sim, ela tá aqui... Sim, ela parece bem... Ok, eu vou perguntar, você tá bem?
—Sim! -ela responde envergonhada.
—Ela disse que sim... Ah... Veterinário!Veterinário?Mas como assim veterinário? Isso é a Bella tá rindo no fundo da ligação? Porque essa mulher tá rindo assim?
Os olhos de Jabob focaram furiosos em Renesmee.
—Ela fez o que? E você tá achando isso engraçado?
Renesmee estava começando a se preocupar.
—Sogrão isso não foi fofo! Tá, eu vou conversar com ela. E fala com a Bella que eu espero que ela engasgue. Tá, desculpa, fala com ela que não tem necessidade de ela vir aqui. Eu já pedi desculpas. Sogrão, pede pra ela parar de me ameaçar, eu não consigo levar a sério quando você fala pra eu dormir bem e ela me ameaça no fundo da ligação.
Cansada de ouvir seu quase namorado conversando com seu pai no celular, Renesmee se jogou na cama para esperar deitada, porque sentada não dava mais.
—Sim, eu tô me isolando. Ah, que fofo, sentindo minha falta, sogrão? Tô sentindo a sua também -Ele tirou o telefone do ouvido rindo -Seu pai desligou na minha cara.
—Você sabe que ele odeia essas brincadeiras.
—Eu não consigo evitar. -Ele respirou fundo para parar o riso. - Por que raios você invadiu uma clínica veterinária?
—Eu não invadi, eu entrei pela porta da frente.
