Just a Little Boy escrita por Panda girl


Capítulo 6
Punk Melancólico


Notas iniciais do capítulo

Oioioioioioioi
Pelo amor de tudo o que é mais sagrado, não me matem!
Enfim, eu fiz esse capítulo especialmente pra Yu, por ela ser tão linda e nunca desistir de mim!
Recomendo ler ao som de "Born to Lead", do Falling in Reverse. Boa leitura!



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Taylor chegou em casa chutando os sapatos para fora dos pés. A mãe a observava. Já sabia o que ela ia dizer: “coloca umas meias”. Desde aquele dia, o maldito dia depois que conheceu Brian, tinha que calçar meias o tempo todo.

―Okay, mãe, eu vou calçar as meias. Pega meu remédio, por favor?

A mãe se encaminhou ao armário dos remédios. Essa era outra mudança que apareceu de uma vez, sem aviso prévio. Agora, tinha uma rotina repleta de remédios: remédios pra inalar, remédios pra injetar, remédio em cápsula, remédio em comprimido... As funções? Diversas: remédio pra dormir, remédio pra dor de cabeça, remédio pra não ter uma crise e morrer de asfixia... Era a vida, a triste vida de uma adolescente que morria um pouco a cada dia.

Lembrou da irmã. Não queria acabar como ela. Tão triste, tão linda. Aqueles longos cabelos louros e ondulados espalhados no fundo escuro do caixão. Os olhos fechados, a pele pálida e as articulações roxas. Ainda parecia respirar, mas não tinha como. Respirar, tudo o que a moça mais quisera em vida. Talvez, se estivesse viva, teria um marido, dois filhos, um emprego legal e uma casa com um jardim enorme, todo florido.

Balançou a cabeça. Não podia pensar nisso, era muito triste! E seu dia já estava horrível. Tudo por causa de Brian, o maldito Brian.

A mãe chegou com o remédio, um comprimido branco e chato, que ela costumava chamar de “cápsula da depressão”. Tinha que tomar três vezes ao dia, o que era uma dose tripla de depressão diariamente. Botou o pequeno remédio na língua e foi andando até a cozinha, onde pegou um copo de água para tomá-lo. Engoliu. Sentiu-o descer como quando a gente “engole em seco”, como quando ela tentou engolir o quase-beijo da noite passada, como quando ela tentava engolir o choro após perder uma partida de xadrez pra irmã (normalmente, dava certo). Mas o Brian não era como uma oponente boazinha que te dá o prêmio mesmo tendo ganhado.

Por que aquilo acontecera? O que tinha se passado na cabeça do menino para fazê-lo? E por que ela deixou acontecer? Já não tinha explicado a ele, desde o primeiro dia em que se viram, que seriam só amigos?

―Amigos que se beijam. ―falou sem perceber

A mãe se virou para ela com um olhar confuso e riu, deixando pequenas lágrimas brotarem dos cantos dos olhos, como sempre. Era claro e visível que ela estava confusa, mas feliz. Mas Taylor já não suportava mais aquilo, era como se fosse pressionada a ser feliz para que sua mãe também pudesse ser.

―Eu vou pro meu quarto agora. Te amo, mãe. ―E lhe deu um beijinho na testa antes de ir para o quarto

Antes de entrar, olhou para trás, vendo a silhueta de uma senhora de avental, parada, confusa e rindo.

Se jogou na cama, catou o celular e mandou uma mensagem para Megan, pra ver se esquecia de tudo:

“Oi...”

Logo, o mesmo vibrou, revelando uma mensagem de volta:

“Tudo bem??? ( /) u ( )”

Digitou lentamente, como se não tivesse pressa. E não tinha.

“Mais ou menos...”

A amiga não tardou a responder:

“Que foi??? Foi o Brian? Foi por causa do beijo?? Ah, eu vou bater nesse menino é agora, pra aprender a não irritar a minha Tay”

Mordeu o lábio inferior, provocando uma dor intensa, numa tentativa falha de acalmar sua ansiedade.

“A gente não se beijou, okay? E... Bem... É, talvez. Não sei. Por que eu me importo tanto? Que merda!”

E, mais uma vez, Megg respondeu:

“Ei, calma! Vai ficar tudo bem, é assim mesmo. Vou dar um jeito de resolver tudo, tá? Vou falar que você mandou ele se fuder e, depois, dar um abraço bem apertado por você. Tá? Preciso ir, beijo, tchau.”

E fim. Era isso. O único conforto que lhe restava a abandonou de vez. Era tão... Frustrante. Desligou o celular e ligou um rádio de pilha, daqueles bem velhos, que se compra na feira, e deixou uma música aleatória tocar no volume máximo. Afundou a cara no travesseiro. Uma lágrima brotou de seu olho direito e, logo, outras resolveram acompanhá-la. Sentiu seu coração acelerar, um Tum-tum no ritmo da melodia mais punk melancólica que o mundo algum dia já ouviu.

A mãe entrou no quarto.

―Taylor, aconteceu alguma coisa? ―disse ao colocar uma das mãos sobre os cabelos louros e curtos da menina e puxar a franjinha macia para trás

—Eu... —Deu uma fungada —Eu briguei com ele, mãe.

—Ele quem, querida?

—Meu primeiro amigo de verdade. Eu briguei com ele. —Respirou fundo —Com o Brian.

—Ei, não chora. Você não pode ter outra crise, lembra? O médico falou que é muito perigoso. Eu vou buscar uma água e alguma coisa pra você comer.

Ela agarrou o braço da mãe, impedindo-a de sair do quarto.

—Fica. Não vai não.

Chegou para o lado, dando espaço para a senhora sentar na cama. Cobriu-se com um cobertor velho de ursinhos, passando-o por cima da mãe também. Ficaram ali, sentadas, sem fazer nada. Acabaram dormindo. Taylor acordou algumas horas mais tarde, a mãe já estava na cozinha, preparando o humilde almoço para as duas.

x.x.x

O final de semana passou sem que Taylor e Brian trocassem uma única palavra. E, assim, chegou a deprimente segunda-feira. Taylor tinha aula de artes no primeiro horário, a única aula que os dois freqüentavam. Pensou em não ir, ficar com um horário vago, fazer alguma coisa mais útil que uma colagem ou escultura de argila. Entretanto, não podia ficar com mais uma falta. Teve que ir.

Estava atrasada, tinha perdido o ônibus e teve de ir a pé. Chegou exatamente na hora em que a professora introduzia uma aluna nova, alta, de cabelos ruivo-falso. Por um instante, todos se voltaram para ela, para, depois, retornarem a atenção à ruiva-falsa. A professora continuou falando seu discurso de como devemos aceitar novos alunos e pediu que dessem as boas vindas à menina. Por fim, passou a analisar as carteiras, que eram distribuídas em duplas.

—Adele, você pode se sentar com o Brian.

O pequeno coração da loirinha, por um milésimo de segundo, parou de bater. Sempre se sentava junto a Brian. E agora? O que iria fazer? Ficou lá, parada. A professora começou a explicar o próximo trabalho que teriam que fazer. Já tinham se passado alguns minutos até ela se lembrar da menina parada ao lado da lousa.

—Ah, Taylor! Você ainda está aí? —os outros alunos riram —Não vai se sentar?

—Não tem lugar. —falou baixinho

A bruxa velha ficou observando carteira por carteira, até chegar ao final, no fundo da sala. Um garoto chamado Jeremy Parker estava lá, sentado ao lado de uma carteira vazia.

—Ali. Senta com o Jeremy.

Taylor odiava Jeremy. Os dois tinham estudado juntos no primário e ele era a única pessoa, além da sua mãe, que sabia de seu segredo. Por algum motivo muito estranho, ele nunca contou pra ninguém. Talvez tivesse pena dela, talvez tivesse medo de se processado por “praticar bullying com a coleguinha”, vai saber.

Foi andando até chegar lá e se sentou ao lado dele. A aula passou extremamente devagar, enquanto ela apenas observava a novata dando em cima de Brian e deixava o colega fazer todo o trabalho sozinho.

O próximo horário era vago, então acabou optando por ir ao banheiro, para não ter que ficar sentada num canto igual uma idiota. Péssima escolha.

O banheiro feminino mais próximo ficava num beco que as câmeras da escola não conseguiam visualizar, um ponto cego. Mesmo sabendo que lá era o local preferido das vadias escolares (como ela apelidara as patricinhas), foi tola e seguiu seu caminho até lá.

Bem no canto, um casal se beijava. E os dois se beijavam como se suas vidas dependessem disso. Mas não era um casal normal. Pressionada contra a parede, a novata segurava o rosto de ninguém mais ninguém menos que Brian.

Demorou um pouco até que os dois percebessem sua observadora. O garoto se virou espantado, empurrando Adele para o lado.

—Taylor, eu...

Ela sorriu, engolindo em seco.

—Oi, Bray-bray. Eu... Eu ‘tava’ só indo no banheiro e... Você não tinha aula agora? Bem, eu vou indo, tenham um bom dia!

E entrou rapidamente no banheiro, batendo a porta atrás de si. Ficou lá por alguns minutos, até ter certeza de que os dois já tinham ido embora. Preferiu não pensar no assunto, pra não ferir seu orgulho próprio.

Estava caminhando lentamente pelos corredores, sem saber pra onde ir, quando sentiu alguém segurar seu pulso.

—Taylor, espera!

Virou-se para trás, a tempo de ver “Bray-bray” sorrir para ela antes de envolvê-la em seus braços.


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Notas finais do capítulo

Quem gostou do final levanta a mão. Eu levantei a mão! Levantem as mãos! Vamos, levantem as mão pra tela do computador como completos otários! Êêêê~~
Mas, sério mesmo, espero que tenham gostado. Era pra ter um final triste, mas foi tristeza demais pra um só capítulo.



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