RedHead escrita por FlightWitch


Capítulo 21
Nothing more...




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– E como vão minhas meninas? - Alexy perguntou animado se juntando a mesa.

– Uhum bem... - Rosa respondeu sem muita certeza.

– Vishh não tá nada bem. - Alexy deduziu pelo tom.

– Ainda é a coisa com o Lys? - Eu perguntei cautelosa.

– Sim... - Ela falou desanimada. A coisa tava feia mesmo.

– Bem, Lysandre não parece ser do tipo que se abre fácil, as vezes tem alguma coisa acontecendo e ele acha que te contar pode te deixar...preocupada. - Eu falei cuidadosa.

– O que quer dizer? - Ela pediu.

– Que talvez vocês só precisem conversar. - Eu disse tentando passar segurança. A verdade era que eu não fazia ideia do por que desse comportamento de Lysandre, eu até tentei perguntar pra Castiel, mas ele não colaborou muito.

– Ela tá certa gata. - Alexy concordou.

– Vocês têm razão. - Ela disse recuperando a confiança.

– Ei sabem do que minhas garotas precisam? - Ele disse em seu tom mais empolgado, com um sorriso enquanto desembrulhava um sanduíche natural do papel alumínio.

– Do que? - Eu pedi curiosa.

– Ai acho que eu já sei! - Rosa comentou recobrando o entusiasmo "Rosayla de ser", trocando olhares com Alexy. Afs!

– Ah fala sério! Eu também quero aprender esses olhares! - Eu reclamei fazendo cara feia, os dois riram.

– Anos de prática! - Alexy zombou sorridente.

– Então, vão me dizer o que é? - Eu pedi mais uma vez, os dois se olharam mais uma vez antes exclamarem.

– NIGHT DAS GIRLS! - Ambos disseram em um coro desafinado, e essa era a prova de que Alexy realmente jogava no outro time.

– Claro. - Eu falei irônica como se fosse óbvio.

– Hoje! Na minha casa! - Rosayla declarou animada.

– Combinado! - Alexy confirmou. - Eu levo os filmes!

O resto da aula passou em lentos passos de tartaruga, Castiel ficaria até mais tarde no colégio ensaiando pro tal evento de amanhã, como havia feito no resto da semana, ele e Lysandre ficavam para ensaiar. Já estava saindo quando me encontrei com ele no corredor, camiseta preta, jeans velho, tennis surrado, pose de rockeiro de banda de garagem, irresistível como sempre.

– Já vai? - Ele perguntou me puxando pra junto de seu corpo.

– Aham. - Falei esboçando um sorriso. - Ah sim! - Eu falei lembrando de uma coisa.

– O que é? - Ele perguntou curioso.

– Bem...Rosayla andava um pouco desanimada com toda essa coisa com Lysandre... - Ele fez uma careta apreensiva ao ouvir aquilo, mesmo assim continuei. - Então, Alexy inventou uma "Night das gilrs" pra sabe...reunir as "girls". - Eu expliquei enquanto ele mostrava um sorriso preguiçoso.

– Alexy e Night das girls? - Ele repetiu divertido.

– Aham - Eu respondi distraída brincando com os fios vermelhos em meus dedos. - Nós vamos dormir na casa da Rosa. - Eu comentei.

– Hummm - Ele disse parecendo alheio, e eu encarei seus olhos nublados.

– Tudo bem? - Eu pedi franzindo o cenho em preocupação.

– Sim... - Ele disse colocando um dedo sobre o espaço entre minha sobrancelhas, aliviando a tensão, inclinando-se deixou um beijo suave no mesmo lugar.

– Você consegue ser tão gentil, mesmo assim ainda amo essa sua pose de guitarrista revoltado. - Eu disse fazendo seus olhos brilharem com o elogio.

– Um revoltado? É isso o que eu sou Srta. Moore? - Ele perguntou com um sorriso.

– Ah não, muito mais do que isso... - Eu falei sincera ficando na ponta dos pés para alcançar sua boca em um beijo suave e gentil.

– Então...eu te vejo no show amanhã. - Eu disse desembaraçando minhas mãos de seu cabelo.

– Sim... - Ele respondeu baixo com a voz rouca.

– Até amanhã. - Eu disse me distanciando.

– Pera! - Ele me puxou contra seu peitoral e eu pude sentir aquele cheiro de novo...jaqueta de couro e...Castiel.

– O que? - Eu pedi baixo, ele se inclinou dando um beijo casto no topo da minha cabeça, eu sorri com o gesto.

– Até amanhã. - Ele disse me liberando.

Estava no meu caminho para a saída quando esbarrei com Rosa no pátio, ela parecia entusiasmada e era bom vê-la assim de novo.

– Ei Sam! Será que você podia cuidar da comida, pipoca, chocolate, fini...essas coisas... - Ela disse ajeitando a bolsa no ombro.

– Claro! - Eu falei ágil. - Uhmm só tenho um problema... - Eu disse pensativa e ela me olhou concentrada, com os olhos cor de âmbar sobre mim.

– O que é? - Ela pediu

– Bem...eu não tenho digamos um "meio de transporte". - Eu falei revelando o problema, nessas últimas semana à todos os lugares que eu ia Castiel me levava ou então eu ia caminhando se não fosse um percurso longo.

– Oh isso não é problema! - Ela disse claramente aliviada. - Olha, eu vou ficar aqui para terminar os últimos cartazes do show, você pode me encontrar aqui, e então vamos juntas pra minha casa! - Ela disse como Sherlock que acaba de resolver um mistério.

– Pode ser. - Eu acenei com a cabeça.

– Ok, até mais tarde. - Ela sorriu antes de sair.

Andei alguns quarteirões até chegar ao prédio, o caminho era curto o dia era nublado o sol perdia a batalha com as nuvens que traziam o vento frio à medida que o céu parecia cada vez mais cinza, uma cor que me lembrava o mesmo acinzentado que Castiel exibia em seus olhos.

Entrei no meu apartamento, e depois de jogar algumas roupas na bolsa, fui pra cozinha e peguei todo tipo de gordice que encontrei, pipoca sabor manteiga de cinema (minha favorita), chocolate...muito chocolate, alguns pacotes de fini, M&M's... Acho que tem gordura o suficiente. Kia estava completamente acomodada no apartamento de Castiel, portanto não teria que me preocupar com ela, vamos dizer apenas que ela e Dragon andam se entendendo...se é que vocês me entendem...

Olhei mais uma vez pela janela fazendo uma cara feia, o tempo estava horrível, agarrei uma velha jaqueta de couro, desse mesmo tipo que Castiel usava. Sai em meio ao vento gelado, chegando no colégio bem na hora em que a chuva começou. Isso se chama sincronia :)

Andei pelo corredor mas Rosa não parecia estar ali, ouvi uma voz em uma das salas e entrei, dando de cara com Ambrevaca, claro...porque não basta ser azarada...

– O que está fazendo aqui? Eu estou ensaiando. - Ela disse no habitual tom arrogante.

– Você vai cantar no show? - Eu perguntei na verdade rindo internamente, Ambre tinha por natureza uma voz fina e estridente, nada legal pra alguém que quer cantar.

– Claro! Principalmente com ela aqui tenho que ensaiar mais... - Ela disse enrolando uma mecha loira bem definida nos dedos.

– Ela quem? - Eu pedi confusa.

– Oras como quem? Não foi por isso que você veio? - Ela perguntou mais confusa do que eu.

– Hum eu vim me encontrar com a Rosa. - Eu expliquei, não estava entendendo nada daquela conversa. Então a expressão de Ambre passou de incerta pra surpresa pra esclarecimento parando em um sorriso triunfante nos lábios.

– Ambre, do que você está falando? - Eu pedi com a voz saindo mais falhada do que eu queria, tensa na verdade, mas por que? Nada que ela dissesse poderia me afetar...

– Então você não sabe... - Ela fez uma afirmação, estreitando os olhos em minha direção. Ai Meu Deus! Ela parecia uma psicopata!

– Não, não sei...bem, ilumine-me. - Eu disse com mais firmeza, cruzando os braços em uma posição defensiva, como se uma jaqueta de couro fosse me proteger de qualquer coisa que ela estivesse prestes a falar.

– Bem...era pra ser uma surpresa pro pessoal do colégio, mas eu como irmã do representante...digamos que tenho acesso as informações privilegiadas. - Ela disse em tom esnobe.

– Ah! Meu saco Ambre! Vamos logo! - Eu indaguei de saco cheio daquele joguinho.

– Ela é a surpresa... - Ela falou sem completar a frase.

– Porra! Já saquei que "ela" é o problema mas ela quem? - Eu falei perdendo a paciência.

– Debrah. - Ela disse presunçosa com toda a calma do mundo, o rastro de um sorriso passando por seus lábios. Minha cabeça começou a pesar de repente, o nome soando em infinitos ecos.

– Como...assim? - Eu pedi com a voz embargada. Isso não podia estar acontecendo...Não isso não era nem de perto uma surpresa, tava mais pra um dementador com nome de vadia.

– Ela vai se apresentar amanhã, com a banda de Castiel... - O que ela disse percorreu meus tímpanos quase me deixando surda, como se fosse demais pra aguentar, mas o que ela acrescentou depois me chocou mais ainda. - Eu pensei que você soubesse...eles têm ensaiado juntos a semana toda. - Merda merda merda merda! A imagem de Castiel cantando com outra garota me vinha na mente, Ambre me encarava superior, como se tivesse acabado de furar meus olhos com seus próprios saltos...na verdade era assim que eu me sentia.

– A semana toda... - Eu falei pra mim mesma tentando acreditar naquilo. Castiel não tinha me deixado ver os ensaios, nem saber qual música eles tocariam...agora eu sabia porque.

– Sim, eles devem estar lá no porão agora. - Ela comentou espalhando ainda mais seu veneno, essa era a vingança dela e ela estava disposta a apreciar cada minuto.

Saí da sala rápido, me apressei pelo corredor tropeçando em meus coturnos. Sim, eu precisava ver, ter certeza, saber que era de verdade. Meu coração disparado, perdi uma parte de mim quando cheguei perto do porão, sim, eu ouvia o som de um violão, as notas rápidas eram tocadas com habilidade, sobrepostas pela voz única de Castiel que se juntava a uma harmonia feminina, afinada.

Desci alguns degraus com cuidadoso silencio, parei dois degraus antes do fim da pequena escada. A visão que eu tinha era como um soco no meu estômago, meu coração se partia em mil...sim, eu via Castiel, um violão e Debrah... Cabelos escuros, calças de couros sintético apertada, um corpete bem ajustado a sua cintura, sinônimo de puta...mesmo assim ela cantava com confiança, sabia totalmente o potencial de sua voz e não tinha medo de usa-la, observei em silêncio os olhos doendo de tanto segurar as lágrimas...

– Debrah, nós temos que conversar... - Castiel falou suave quando a música acabou. Não eu não aguentava ver aquilo...meu coração se apertava mais, eles estavam de costas mas eu sabia exatamente como era seu olhar naquele momento.

– Claro, gatinho... - Ela disse se aproximando dele, colocando a mão em seu joelho, aquele gesto foi como uma lâmina em meu próprio joelho, seu tom era melódico e carinhoso. As lágrimas já corriam soltas, mas eu não fazia nenhum som. - O que é? - Ela pediu e ele não afastou seu toque, aquilo foi como um trator nos últimos cacos do meu coração, solucei alto em uma tentativa falha de controlar o choro, alto demais...

– Sam! - Os olhos de Castiel se arregalaram ao me ver, ele rapidamente largou o violão, eu não conseguia controlar, subi as escadas correndo cobrindo o rosto com a mão. Não acredito que ele tinha mentido pra mim! Depois de tudo o que eu disse! Ele estava com ela...

– Sam! Espera! - Castiel tentava me alcançar pelo corredor. Eu corria com o barulho da chuva ficando mais alto, não queria falar com ele, não conseguia...eu chorava sem parar, a visão embaçando com as lágrimas.

– Samantha! - Ele chamou desesperado. Não.Não fale com ele Samantha!

– Você mentiu pra mim! - Eu gritei parando sobre meus pés.

– Sam..me deixe.. - Ele disse tentando se aproximar mas eu estendi a mão o cortando.

– Eu disse pra você Castiel... - Eu soluçava, ele parecia desesperado, como uma criança quando é pega fazendo algo errado. - Eu disse que não ligava, que não me importava...contanto que o seu presente e o seu futuro fossem comigo... - Eu engasguei com as palavras saindo amargas de minha boca, ele deu um passo em minha direção eu recuei, não suportava a ideia de que me tocasse. Ele abriu a boca pra falar mais fechou em seguida, incerto.

– Eu não acredito nisso! O que você pensou?! Que eu ficaria melhor se só descobrisse amanhã?! Quando eu visse você subindo no palco com ela?! - Eu joguei pra cima dele, dando passos pra trás colocando distancia entre nós, ele parecia atônito. - Oh pelo amor de Deus Castiel! Você é melhor do que isso! - Eu acusei tendo noção de minhas palavras.

– Eu...não queria te magoar... - Foi a única coisa que ele conseguiu dizer, os olhos cinzas estavam mais nublados, uma névoa os cegava.

– E então, valeu a pena? - Eu disse carregada de sarcasmo, dando as costas e entrando na chuva gelada.


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Notas finais do capítulo

E entaum...o forninho do nosso Cassy caiu.

*-*



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