Glamorous escrita por Rock Queen


Capítulo 2
Temporary Spotlight




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2.

Gossip girl por aqui, a sua primeira e única fonte da escandalosa vida da elite de Manhattan. E vocês não acham que nossos belos e ricos jovens nova iorquinos já tiveram muita paz? É hora de agitar um pouco!

Comecemos então pelos nossos famosos rei e rainha, a realeza merece seu espaço especial até aqui! Alguém além de mim reparou que H engordou alguns quilinhos nessas férias? Acho que é depressão pós-reprovação, pelo menos eu estaria. I mean, repetir o último ano: not cool, H, not cool. Ou devemos te chamar de rolha de poço agora? Ops!

E para combinar, nossa Queen A está um trapo. Nem muito corretivo pra cobrir esses seus olhos inchados de chorar, querida. Francamente, você teve três meses pra amargar o pé na bunda, já está na hora de parar. E aliás, eu posso não saber agora, mas eu com certeza vou descobrir o que você fez no verão passado, garotinha! Três meses isolada num cruzeiro? Aí tem coisa, queridos. Em resumo, a dupla mais poderosa do Upper East Side está desmoronando? Fique ligado aqui pra ver se a queda vai daqui pra sarjeta, estou ansiosa por isso.

E temos novatos! Ah, amo o cheiro de carne nova nesse lugar, prontinha pra queimar. B, a francesa, parece não estar se adaptando muito bem à calçadas sem cocô de poodle e à homens que tomam banho. Calma, querida, logo logo você se acostuma com o que é bom. Enquanto isso, continue com essas suas estranhezas de falar sozinha na sua língua, ninguém liga.

Quanto aos rapazes, ouvi dizer que temos um furação por aí! Minhas fontes não encontraram nada sobre Twister, mas sua carinha de surfista e sua tendência a quebrar regras me diz que ele ainda vai dar muito o que falar.

Para vocês se ocuparem essa manhã, é isso, queridos. Esperem mais, muito mais.

XOXO, Gossip Girl.

Angelique encarava histérica o visor do celular, aberto no link que recebera de um número desconhecido. Ok, que porra é essa? Passou a mão pelos cabelos, respirando fundo. Não iria surtar. De forma alguma. Arrancou o telefone e digitou o número 2 de sua discagem rápida.

– Henry, você já viu... Aquela coisa?! – Angelique praticamente gritou quando ouviu a voz da outra metade da realeza atender o telefone.

– Já.

A resposta curta de Henry era a resposta que Angelique imaginava. Ela era a parte que surtava, ele era a que ficava centrada.

– Ok, que porra é aquela?! – Angel berrou, dessa vez, segurando o telefone com tanta força que poderia ter se espatifado se ela apertasse um pouco mais.

– É um blog de fofoca...? Deve ser alguém que você ignorou ou alguém que eu comi e sumi e agora quer se vingar – O tom despreocupado de Henry apenas serviu para aumentar a tremedeira em suas mãos – Temos coisas mais importantes pra nos preocupar.

Ignorar?! Henry, se alguém acha que pode atacar a gente assim, o que acha que é o próximo passo? A porra de uma revolução?! Porque eu acho que é!

– Angelique. Fica calma.

– Eu não posso ficar calma com uma coisa dessas!

– É uma garota de treze anos escrevendo que você é mal amada, que diferença faz?

– A diferença é que a cidade inteira recebeu essa droga de mensagem, Henry. Se for uma garota de treze anos, é uma garota de treze anos muito espertinha que conseguiu espalhar um boato idiota pra cidade inteira. Agora até a galera do Brooklyn sabe que você está parecendo a Mariah Carey grávida, Henry! Eu vou desligar e nós vamos resolver isso hoje, entendeu?! Nós não vamos começar o ano assim! – E com isso, Angel apertou o botão de encerrar a ligação e jogou sem cuidado algum o celular na mesa de estudos que servia de cabide no seu quarto. Não ia ficar assim mesmo.

.

De todas as preocupações de Henry Bass, a tal Gossip Girl não era uma delas. Alguns engraçadinhos tentaram algumas piadas, que Henry tratou de cortar pela raiz rapidamente, trazendo medo de volta aos olhares deles. Estava com seus amigos na fila do refeitório, na mesa de buffet, quando o assunto retornou.

– Cara, vai com calma – Evan alertou. Henry inicialmente pensou que fosse sobre ele estar com a língua afiada para todos que tentavam alguma brincadeirinha sobre seu peso, mas reparou que Evan apontava em direção ao prato de Henry.

Tá. Talvez Henry Bass estivesse complendo um pouco descompensadamente. Bem, ele era um garoto grande e tinha 17 anos, comer muito não era exatamente novidade. Certo?

– Deixa pra lá, Evs – Dylan pigarreou, tentando mudar de assunto.

– Cara, por que vocês não vão cuidar da vida de vocês?! – Henry esbravejou, jogando os talheres em sua bandeja e batendo os pés até uma mesa livre no refeitório, e Evan e Dylan vieram logo atrás. Enquanto comiam, Dylan e Evan se entreolhavam, sempre cogitando falar alguma coisa e parando no meio do caminho assim que viam Henry abocanhar avidamente pedaços enormes do prato do dia, lasanha. Depois de algum tempo, Bass começou a murmurar – Eu estou comendo como sempre e...

– Hm, esse é o problema, bro – Dylan respondeu baixo, após dar uma garfada no pedaço de lasanha em seu prato. Era uma porção generosa, mas nada comparado ao prato de Henry – Você está comendo como um monstro, e sempre.

Quando Henry lançou os talheres no prato, fazendo um barulho alto o suficiente para que as mesas mais próximas voltassem-se para os três garotos, Dylan e Evan decidiram erradicar o assunto por completo. No momento em que Henry realmente colocava um ponto final no assunto, era um ponto final mesmo. E ninguém se atreveria a continuar.

– Olha lá – Evan disse, depois de algum tempo, apontando pra um garoto se servindo no balcão – Me disseram que aquele é o tal do Twister.

– Ainda estamos falando da Gossip Girl, sério? – Henry rolou os olhos, mas não demorou a virar devagar na direção do rapaz em questão. Se havia novos plebeus em seu reino, então ele tinha que saber, certo?

Twister. Sem um nome de verdade e um sobrenome de peso, Henry dificilmente descobriria por si só quem era aquele garoto que roubara a atenção nas últimas horas. Mas fazendo um rápido perfil, Henry percebeu que ele conhecia bem os costumes da St. Jude’s. Nenhum novato saberia que o lado esquerdo é o com a comida mais fresca (portanto o melhor para fazer seu prato), nenhum novato saberia que para conseguir dois pedaços de carne, você tinha que perguntar à cozinheira se os gatos dela estavam bem, e um novato com certeza não saberia de primeira onde ficavam os talheres (o próprio Henry esquecia, eles eram quase escondidos atrás das jarras de suco).

– Que tipo de apelido é Twister? – Dylan perguntou, levantando uma sobrancelha – Afinal, quem é esse cara?

– Não sei, Dylan. Mas a partir de agora, é seu trabalho descobrir – Henry respondeu, dando alguns tapinhas nas costas de Dylan. Evan e o garoto Archibald se entreolharam, preocupados. Se algo no garoto havia incomodado Henry, então o tal Twister teria um grande problema.

.

Audrey não podia dizer que se sentia confortável naquele momento. Estava numa sala da St. Jude’s com outras 19 das mentes mais brilhantes da St. Jude’s-Constance. Ela sabia muito bem que Anya Becker, uma senior, tinha errado só quatro questões em seu último SAT. Ela sabia muito bem que Aidan McKenzie já tinha sido pré selecionado para Berkeley. E ela sabia muito bem que... Que não fazia a menor ideia do que estava fazendo ali.

O que diabos ela estava pensando? Quero dizer, era uma honra ser chamada para participar do Ivy Club e se ela havia sido escolhida, era por um bom motivo. Mas talvez não fosse um motivo tão bom quanto o dos outros ali, ela concluiu enquanto encarava fixamente o questionário que o professor havia pedido para responderem. Era simples, parecia um recurso para que eles fizessem um perfil do aluno. Perguntas sobre cursos, faculdades...

– Primeira opção de faculdade. Que pergunta, todo mundo coloca Harvard – Ela ouviu alguém resmungar ao seu lado.

Audrey piscou algumas vezes e olhou para o lado, para ver quem estava sentado ao lado dela.

Maxwell Hudson. Ela sabia apenas o que todo mundo sabia também. Ele estava em seu último ano e tinha uma média geral de 3.8 de 4.0 pontos, um histórico brilhante e vencedor invicto do prêmio de melhor aluno da St. Jude’s.

– Eu não – Respondeu, e Maxwell virou-se para ela. Aos poucos, viu o rosto do rapaz ficando vermelho, como se não esperasse ser ouvido – Eu coloquei Princeton.

Maxwell pareceu ficar bem atordoado com a fala de Audrey, e se ele ia ou não responder uma coisa, o professor interrompeu.

– Hora de entregar o questionário, senhoras e senhores. E não se esqueçam, temos mais um encontro amanhã depois da aula – Sr. Parker disse, enquanto passava pela sala recolhendo as folhas. Audrey anotou seu nome no topo da folha antes de estendê-la novamente para o professor, e com sua mochila nas costas, começou a fazer seu caminho para fora da sala.

Quando já estava no corredor, alguém a alcançou e começou a andar a seu lado.

– Eu não quis dizer que as outras são ruins, é só... É um clichê, sabe? Achar que Harvard é a melhor das oito. E o que mais tem aqui são clichês e... – As palavras iam morrendo cada vez que Maxwell tentava completar uma frase, e isso fez Audrey rir enquanto caminhavam para fora do prédio. Maxwell sorriu de canto, sem graça – Enfim, Princeton é legal, bem legal. E... Eu sou Max. Max Hudson. Eu não estou parecendo muito idiota, estou? – Perguntou, coçando a nuca.

Relaxe, Max – Audrey riu – Eu sou Audrey, aliás.

– Irmã do Henry Bass, não? – Era uma pergunta retórica, senão uma afirmação. Todo mundo sabia que Audrey era a irmã mais nova de Henry, e isso lhe rendia algumas vantagens e algumas desvantagens – Enfim, Audrey, em curso está interessada?

– Bioquímica – Ela respondeu, com certo orgulho na voz. Audrey Bass, futura cientista bioquímica – De preferência em Princeton. E você?

– Direito – A voz de Maxwell enquanto ele empurrava a porta e os dois saíam para o pátio não tinha nem metade da animação de Audrey, que estava genuinamente curiosa para saber mais sobre Max – E a única opção é Columbia, porq...

– AJ?

A conversa foi interrompida quando Audrey ouviu a única pessoa que a chamava por aquela droga de apelido.

– Qual foi, Hudson? – Dylan aproximou-se, passando um braço pelo ombro de Audrey. A garota arqueou as sobrancelhas, surpresa e confusa – Perdeu alguma coisa com a minha garota?

– Não sabia que ela era sua garota, Archibald – Max respondeu sem se alterar. Seus olhos ainda estavam fixos em Audrey, pouco dando atenção à Dylan – Foi uma ótima conversa, Audrey. Te vejo amanhã, então – E com um aceno, Maxwell Hudson saiu pelos portões, deixando Dylan e uma Audrey nada satisfeita para trás.

– O que foi isso? – Ela perguntou, incrédula, encarando o braço de Dylan sobre seu ombro.

– Eu é que pergunto, o que é que você estava fazendo com Maxwell Hudson? – Dylan rebateu como uma pergunta, cruzando os braços – Esse cara é um perfeito idiota...

– Do que está falando?! Ele é legal e...

– Argh, AJ, você não lembra? Eu dei um soco naquele otário na festa do branco ano passado...

Ele é o garoto que você encheu de porrada na calçada porque estava bêbado demais pra sequer lembrar seu nome? – Audrey simplificou em uma indagação aquela noite toda, da tal festa do branco.

Era uma comemoração do aniversário de Evan Lennox, e Dylan bebeu um pouco demais da conta... O suficiente pra deixá-lo numa vibe Henry de agressividade. Max e Dylan nunca haviam se dado muito bem, o que era devido à diferença extrema de personalidade dos dois, e era óbvio que entrariam em conflito uma hora ou outra. Mas, em resumo, Max trombou com ele na porta da festa, Dylan lhe deu um soco, Max caiu no chão, bateu a cabeça e foi levado às pressas para o hospital. E desde então, a rivalidade dos dois se acirrou profundamente.

– É, é aquele pedaço de bosta sim e...

– Jesus, Dylan! – Audreu exclamou – Você deveria pedir desculpas à ele.

– Desculpas? Você é quem bebeu agora – Dylan rolou os olhos – Enfim, o que é que estava fazendo com ele? Aliás, o que estava fazendo aí na St. Jude’s? Aliás, o que está fazendo aqui?

– Você fala muito rápido – Audrey piscou algumas vezes, confusa – Reunião do Ivy Club, Max é um senior e ele estava me contando algumas coisas...

– Tipo contando o que?

– Tipo contando coisas sobre o clube, Dylan...

– Tipo quais?

– Tipo as quais só as pessoas do clube devem saber – Audrey desconversou, dessa vez sendo ela a pessoa a rolar os olhos – E você, está fazendo o que aqui? A aula já acabou faz tempo.

– Seu irmão me pediu pra descobrir mais sobre esse tal de Twister - Dylan respondeu, bufando - Às vezes acho que Henry é maluco.

– Dê um desconto - Audrey pediu, dando um longo suspiro. Não era como se Henry estivesse fácil naquelas últimas semanas, então ela entendia perfeitamente o que quer que estava passando pela cabeça de Dylan - Ele finge que não liga, mas meus pais, ter que repetir o último ano, não saber o que fazer... Está acabando com ele por dentro.

– E acabando comigo por fora - Dylan respondeu, rindo baixo - Mas eu sei, vou pegar leve, Ivy girl. Um pedido seu é uma ordem.

.

Um dia longo. Longo demais. Pelo menos era assim que Beatrice Rousseau descreveria seu dia, se alguém tivesse tido a decência de perguntar. Mas afinal, seus pais estavam em outro continente, ela não tinha um amigo sequer - ainda estava decidindo o que Twister seria - quem é que se importaria com isso? Quem é que se importaria com o fato de que ela havia sido bombardeada de olhares, cochichos e fofocas o dia todo?

– Ai!

Foi a primeira palavra que ela disse durante aquele dia inteiro. Meio deprimente, não?

– Foi mal – Um garoto respondeu desinteressado, depois de chocar-se com Bea na entrada do condomínio. O garoto parecia tão desesperado quanto ela pra chegar em casa – Valeu – Respondeu para o porteiro assim que ele destravou o portão.

Beatrice ficou chocada com a falta de tato e educação do garoto, mas manteve-se em silêncio. Começou a caminhar em direção de sua casa, o condomínio era pequeno, e abrigava apenas 8 luxuosas e grandes residências.

– Está me seguindo? – Ouviu o garoto perguntar, com escárnio evidente no tom de voz.

– Eu moro aqui! – Respondeu indignada, apontando para grande casa de paredes amarelas no final da rua, enquanto o sotaque francês soava forte nas tônicas de cada frase.

– Ah, você é a nova vizinha – O rapaz nem se deu ao trabalho de virar, continuou andando, enquanto Beatrice apressava-se atrás dele – Aliás, por que está falando estranho desse jeito?

Beatrice trincou os dentes. Ele podia brincar com qualquer coisa, exceto seu sotaque francês. Ou qualquer coisa relacionada à sua amada nação, por assim dizer.

Je parle d'une manière normale! – Bufou, perdendo toda sua educação francesa. Esticou sua mão e segurou o ombro do garoto, puxando-o para trás e quase desequilibrando os dois – Vous êtes un garoto muito rude, sabia?! – Sua voz soava aguda, mandona, como se ela tivesse dez anos novamente. Seu vocabulário se misturava, trazendo francês, inglês e talvez até um pouco de espanhol se continuasse falando naquela irritação.

As palavras fora do idioma pareceram chamar a atenção do garoto.

– B – Ele disse, num tom quase acusatório, fazendo-a franzir a testa – Você é aquela francesa de quem a Gossip Girl falou hoje, não?

– Argh, vous non me fale dessa stupidité! – Beatrice bateu os pés no chão, irritada – E sim, eu sou Beatrice, a francesa de quem essa crétin falou. E você, posso saber o nome do garçon mais rude do East Upper Side?

O garoto parecia estar se divertindo muito com a situação, enquanto sustentava um olhar fascinado em direção à Beatrice. Como se ela fosse um bicho de zoológico e ele fosse um garotinho atrás do vidro, observando a espécie. Cruzou os braços, esperando uma resposta.

– Você confundiu – Ele observou, com um pequeno sorriso no canto do rosto. O olhar fascinado mantinha-se, apenas com uma certa nuance sombria que de longe Beatrice não notara. Um traço sombrio o suficiente para fazê-la ficar temerosa por um momento – É Upper East Side, não East Upper Side. E eu sou Henry Bass, e é um prazer conhecê-la, Beatrice.


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Notas finais do capítulo

E aí, pessoal, gostaram? Hehe, espero reviews e sugestões! Beijos e até a próxima s2