Courage escrita por Luna Bergamo


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo será pequeno, mas amanhã posto o próximo! :)



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Capítulo um

Finn

Em maio de 1962, passei meu primeiro aniversário longe de casa. D. Clotilde, minha senhoria, preparou um jantar especial no pensionato em comemoração aos meus 19 anos completados e pela primeira vez em três meses morando em Nova York, cheguei cedo do trabalho e fiz uma refeição decente. Não que D. Clotilde não oferecesse comida aos seus hóspedes, mas porque mesclar faculdade e trabalho tomava todo o meu tempo. Eu chegava todos os dias às onze da noite na pensão e apesar de D. Clotilde deixar para mim o que havia sobrado do jantar no forno, eu ainda sentia meu estômago roncar alto durante as madrugadas.

O senhor Tony, o pensionista mais velho, me olhava intrigado enquanto eu devorava o assado que D. Clotilde preparou naquela noite para o meu aniversário.

-Parece que não come há dias, filho.

-É a primeira refeição decente que eu faço em três meses, senhor. – eu falei, com a boca cheia de frango. A senhora Walters, ao lado de Tony, disse que eu precisava tirar uns dias de folga e só em pensar em levar aquilo em consideração me fez dar risada. O meu dinheiro minguava a cada dia e o trabalho como garçom no restaurante quase não cobria as minhas despesas na pensão. Todos os dias, eu agradecia por eu não precisar me preocupar em pagar as mensalidades da faculdade, já que eu havia conseguido uma bolsa logo no primeiro semestre. Eu e mamãe sempre consideramos isso como a minha maior realização.

Dez minutos depois, alguém tocou a campainha. Eu, muito ocupado em devorar o jantar, nem cogitei me levantar para atender a porta.

-Deve ser alguém interessado no quarto. – disse D. Clotilde, levantando-se da mesa e abrindo a porta, sorrindo calorosamente. A moça parada na sua frente se encontrava em um estado lastimável. Estava molhada da cabeça aos pés, por conta da chuva torrencial que caía em Nova York naquela noite, e o vestido preto, muito grande para o seu corpo pequeno, estava todo murcho. Ela não aparentava ser muito saudável e também tinha machucados no supercílio e nos lábios. Carregava consigo apenas duas malas pequenas e uma bolsa.

-Eu ... vi o anúncio no jornal. Você tem quarto para alugar? – ela disse, timidamente.

-Sim, tenho. Pagamento de quatrocentos sempre no final de cada mês. – D. Clotilde respondeu, cruzando os braços. -Você tem algum emprego?

-Não. Infelizmente, ainda não tenho. Mas estou procurando.

-Então volte quando conseguir algum. – D. Clotilde disse. Se ela não tinha um emprego, não poderia ajudá-la a pagar o aluguel, e isso seria um problema. Ela realmente precisava de dinheiro. – O que aconteceu com o seu rosto?

-Eu bati em uma parede.

-Certamente uma parede com mãos. Mãos muito fortes. – D. Clotilde ironizou, enquanto todos nós sentados à mesa olhávamos para a moça com pena. – De onde você é?

-Mississipi. Me mudei para cá há apenas dois dias. – a moça disse. – Tenho o suficiente para pagar o aluguel desse mês. Dormi em um abrigo nas últimas noites, mas hoje perdi o horário para a entrada e acabei ficando do lado de fora. Eu vi o anúncio no jornal há poucas horas e achei ... senhora ...?

-Pode me chamar de D. Clotilde.

-Dona Clotilde. Encontrarei um emprego o mais rápido possível, eu prometo.

A D. Clotilde olhou para a mesa onde comíamos e o senhor Tony lhe lançou um olhar pesado, como se a repreendesse por estar sendo tão dura com a garota.

-Como você se chama?

-Rachel... Rachel Berry. – ela disse, tossindo violentamente.

-Você está doente? – perguntou D. Clotilde.

-Acho que sim, mas não deve ser nada.

-Tudo bem, Srta. Berry. Tenho um quarto pequeno no final do corredor, mas não tem nenhum luxo. E vai ter que dividir o banheiro com mais três. – disse D. Clotilde, dando espaço para que Rachel entrasse na pensão. – Enxugue os sapatos no tapete antes de entrar.

Rachel lhe sorriu e fez o que ela pediu.

-Tome um banho quente e depois venha jantar. Não parece que andou se alimentando. – falou a senhoria e vi Rachel esboçar um sorriso fraco. Antes que ela fosse para o quarto, D. Clotilde nos apresentou à nova pensionista e todos nós percebemos o quanto Rachel ficou constrangida com todos aqueles olhares concentrados nela.

Quando ela voltou do banho, usando um vestido azul e com os cabelos castanhos presos em uma longa trança, D. Clotilde já havia separado uma porção do jantar para ela. Rachel se sentou à mesa sozinha, enquanto todos os outros se acomodaram no sofá para assistir ao noticiário na televisão.

No meio do programa, desviei minha atenção da tela da tevê e olhei para Rachel jantando na mesa. Era uma linda moça, mas parecia ter passado por uma guerra antes de ir parar na pensão de D. Clotilde. Seu corpo era muito magro e sua pele estava pálida como o de uma tuberculosa. Os machucados em seu rosto pareciam ser recentes e vi também que ela tinha uma grande cicatriz que ia do ombro até o antebraço.

De repente, Rachel vomitou o pouco que havia comido. D. Clotilde rapidamente se levantou do sofá e andou até ela, que limpava a boca e respirava fundo.

-Perdão, D. Clotilde. – foi tudo o que Rachel conseguiu dizer, quando a senhoria pegou um pano e começou a limpar o seu vômito.

-Você deve ir ao médico. - D. Clotilde falou seriamente, desaparecendo da sala com o pano sujo de vômito. Rachel continuou sentada à mesa, sem ter coragem de olhar para ninguém, mas percebi que chorava baixinho. Alguns segundos depois, ela se levantou e sem dizer uma palavra, foi para o seu quarto.


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Notas finais do capítulo

Se já tiver lido uma história minha, saberá que amo dramas e tragédias, e com essa fic não vai ser diferente. hehe
enfim, espero que tenham gostado e comentem!!



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