Obsessions : a letter from Capitol escrita por Sally


Capítulo 5
Quem se importa




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/572951/chapter/5

“Annie.. Annie... Annie” Por mais que a Helena rolasse a barra do computador não chegava nesse nome e ela começou a ficar nervosa, quantas pessoas eram nomeadas com a letra A naquele distrito 4?

Ela tinha pouco tempo e soube que ele tinha acabado quando a Lydia pigarreou na porta do escritório do marido.

“Amiga!” ela sorriu mais com nervosismo que com alegria.

“Helena, o que você está fazendo aqui em cima? Achei, por um momento só que estivesse aqui por minha causa. Pela minha festa de aniversário, não porque queria fuçar as coisas do meu marido no escritório de casa dele! Meu Deus, você está ouvindo o absurdo das minhas palavras? O que você está fazendo aqui?”

“SHH... Calma, ok?” Ela segurou a mão da melhor amiga e levou-a para fora “Eu só queria checar uma coisa... Um endereço... Como seu marido tem uma posição importante eu pensei que ele poderia ter... E ele tem, mas eu ainda não havia chegado no nome que eu estava buscando...”

Lydia cobriu o rosto com as mãos sabendo que a amiga estava aprontando algo.

“Você estava buscando o endereço de quem, Helena?”

“Annie...”

A amiga segurou-a pelos ombros “Você está falando daquela namoradinha do Finnick? O que você pretende? Você está louca? Fica longe desses dois.”

“Pretendo nada, pretendendo pensar em algo. Eu não vou deixá-los, Lydia, o Finnick não atende mais as minhas ligações. Nenhuma. Por que ele resiste tanto a mim? Por causa dela. Havia algo real entre a gente, você entende?”

“Não havia nada de real entre vocês, era apenas sexo. Puta merda, Helena, no que você está se tornando? Se for em uma ninfomaníaca, ótimo! Escolha qualquer um dessa festa.”

Os olhos da moça estavam cheios de lágrimas e ela desceu as escadas e pegou a primeira bebida alcóolica que sua mão alcançou. Ela não deixaria as coisas mal resolvidas daquela forma a Lydia também sabia disso, mas esperava que a amiga melhorasse logo daquela obsessão.

X X X

“O que você está fazendo sozinho aqui fora” a voz da melhor amiga de sua mulher chegou a seus ouvidos e ele se virou sorrindo, brindando.

“Helena!”

Ela sentou-se na cadeira a frente de onde o primeiro ministro de 50 anos estava sentado. E bateu de leve sua taça na dele.

“Marcus, preciso de um favor, é algo grande.” Ela olhava para os lados como quem buscava uma testemunha e ele sorriu percebendo.

“Ninguém vem aqui fora quando há uma das maiores festa da Capital lá dentro, Helena. O que está afligindo você?”

“Eu...” rapidamente a cabeça dela juntou tudo que precisava, os olhos azuis do Marcus esperavam com uma certa curiosidade e de repente tudo fez sentido “Eu... quero que você permita a entrada de uma moça aqui na Capital, ela é do distrito 4. Mas quero que pareça que ela só desapareceu, entende?”

Ele assentiu bebendo o vinho de sua taça todo de uma vez só.

“Por que você não pede ao seu tio, ele é o presidente.”

Ela suspirou “Você acha que ele vai se importar?”

Ele colocou a taça de lado “E por que eu me importaria?”

A Helena começou a se desesperar. Ela precisava daquilo e a única pessoa que poderia resolver seu problema estava meio bêbado, sozinho no jardim da casa no dia da festa de aniversário da esposa 25 anos mais nova.

Ela resolveu dar algo a ele que ele não tinha; atenção. Sabia que a Lydia havia casado pelas piores razões e mal conversava com ele.

“Ok, Marcus, como quiser, era só uma coisa que resolveria todos os meus problemas, mas esquece... Me fala... como foi seu dia?”

Ele franziu a sobrancelha “Meu dia?”

“Sim... por exemplo, hoje acordei fui no salão de beleza, comprei esse vestido para a festa e o presente da Lydia, e seu dia, como foi? Só estou tentando manter uma conversação...”

Ele parecia meio sem jeito, mas logo começou a falar, mais sobre o trabalho do que sobre qualquer outra coisa e realmente era interessante, ele parecia alegre dela entender o trabalho que executava e até deu risadas algumas vezes. Ela havia se curvado para frente e quando o assunto diminiu ela olhou para baixo e sorriu.

“Seu dia foi mais complicado que o meu”

Quando levantou os olhos ele a beijou, era um beijo terno, como um agradecimento e ela aceitou-o como um carinho do qual precisava. Não percebeu que lágrimas desciam-lhe pelas bochechas, ele sim e quando se afastou dela olhou para o céu e comentou. “Eu me importo, Helena.”

Naquele instante ela havia percebido algo muito maior do que gostaria. As flores que o Marcus havia endereçado a Lydia na tarde em que os três se conheceram eram para a Helena, ela lembrou de como a Lydia se insinuou quando o viu naquela doceria e de como ele havia apontado para a Helena e mandado o garçom entregar três flores recém retiradas da janela do lugar. A Lydia disse que ele havia apontado para ela e quando o garçom se aproximou, levantou e segurou as flores, piscando o olho para o primeiro ministro. Como se nunca houvesse visto antes a lembrança ficou clara e a Helena viu o desapontamento no olhar dele, quando ela sorriu para a amiga sem demonstrar nenhuma vontade de ter as flores para si.

Ela agora deveria parecer um pouco chocada, pois ele segurou o rosto dela e falou com pesar na voz “Me mande um e-mail com o nome da pessoa que precisa e organizarei tudo para você.”

Limpando a boca com um dedo ela ajeitou-se na cadeira e sorriu vendo-o partir. Quando a silhueta do Marcus estava distante ela terminou sua taça e comentou baixo “Que bom, primeiro ministro. Eu não me importo nem um pouco.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!