Everything's Better With You escrita por Maremaid


Capítulo 6
05 - Testando minha paciência


Notas iniciais do capítulo

Waaazzaa! õ/

Tudo bem com vocês? Eu estou bem ;)

Não tenho nada de importante para falar agora... Então aproveitem o capítulo.

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/572926/chapter/6

Prós e contras de esportes

PRÓS:

1- Esportes são legais. Você se diverte e, ainda por cima, não vira uma pessoa sedentária.

2- Quando eu morava na Califórnia, eu adorava ir à praia e assistir campeonatos de surf e vôlei. Eu costumava ir com Kendy e Savannah, mas as duas eram muito escandalosas e ficavam gritando a cada homem gato — e sem camisa, obviamente — que passava por elas. Quer dizer, eu também reparava neles (era praticamente impossível não reparar), mas para mim, os caras bonitos eram só um bônus.

3- Aqui no Masterson High School, os esportes disponibilizados para as garotas são Voleibol e Hóquei. Acho que é meio óbvio qual dos dois eu escolhi. (Caso não seja, confira o item 4 dos “Contras”)

4- Todo time sempre tem um nome e um mascote que a representa. Na minha antiga escola, nós éramos os “Tubarões Assassinos” o que eu achava que combinava muito. Só espero que aqui na Masterson não tenha nenhum animal bizarro como mascote.

CONTRAS:

1- Na minha antiga escola não tinha vôlei. Os garotos jogavam futebol americano ou basquete e, as garotas, futebol de campo ou eram líderes de torcida. Nenhuma das duas opções me agradava, mas como conviver com garotas patricinhas que são felizes o tempo todo — Tipo a Avery — me parecia algo muito pior, eu escolhi o futebol.

2- Eu não sei fazer escolhas sábias quando o assunto é esporte. Eu achei que futebol iria ser moleza, mas não era! Eu não tinha mira, me cansava facilmente de correr pelo gramado e ninguém passava a bola para mim. Como o meu treinador mesmo disse: “Howard, você é péssima! Parece que tem dois pés esquerdos!” É, acho que ter ficado sem fazer nenhum exercício físico teria sido menos... Humilhante.

3- Eu comecei a odiar basquete. Por apenas um único motivo: Will jogava e isso me fazia lembrar-se dele. E pior que o desgraçado era muito bom!

4- Além de futebol americano — que Hunter, o namorado de Avery, jogava —, a Masterson também oferecia para os garotos: Hóquei. Que para mim era uma mistura de futebol americano com MMA. Afinal, tem pancadaria e a chance de você sair sangrando ou perder um dente é bem grande. Sem falar que eles deslizam sobre patins com um taco na mão enquanto tentam acertar um disco de borracha! E os goleiros, então? Ei, o Jason do filme “Sexta-feira 13” ligou e pediu sua máscara macabra de volta!

***

Na quarta-feira, durante o intervalo, eu me dirigi até a quadra de vôlei. Eu havia me inscrito para participar do time, mas precisava fazer o teste antes.

Sinceramente, eu não estava assim tão animada para fazer parte da equipe. Quer dizer, eu gostava de vôlei. Costumava jogar na praia e eu até que me saia bem. Só que isso era vôlei de quadra. Eu conhecia as regras, as táticas e etc, mas não tinha tanta prática jogando. Não tinha vôlei na minha antiga escola.

O que era um pouco irônico, afinal, estávamos na Califórnia, onde é quente, onde todo mundo ama praia e as pessoas estão acostumadas a jogar vôlei. Então, por que diabos não colocavam vôlei nas escolas também? Eu não conseguia entender! Por causa disso eu resolvi jogar futebol que, para mim, era muito melhor do que ser líder de torcida. Vamos combinar: isso nem é esporte! Cadê a bola? Cadê? Não tem!

Mas tinha um problema: eu não era uma boa jogadora. Parecia que eu tinha dois pés esquerdos e uma mira péssima. Tanto que uma vez eu fui tentar defender e acabei fazendo um gol contra. Todo mundo me vaiou, inclusive o meu próprio time. E isso era apenas um dos motivos no qual eu odiava futebol. Cheguei a fazer teste para ser goleira do time, mas como eu sou uma pessoa de muita sorte — sintam a ironia — não fui escolhida. Na maior parte do tempo eu ficava no banco. Resultado: Dediquei o meu tempo escolar em um esporte que eu não era boa e, muito menos, gostava. Eu poderia simplesmente ter saído da equipe e me livrado desse tormento. Mas, não, a burra aqui queria praticar um esporte! Queria ser saudável!

Depois dessa minha experiência desastrosa com o futebol, eu tinha um pouco de receio de escolher outro esporte ruim. Por isso fiquei muito aliviada quando descobri que aqui na Masterson High tinha vôlei.

Quando cheguei à quadra, avistei algumas garotas sentadas na arquibancada de madeira, parecendo apreensivas, algumas até roíam as unhas. Deduzi que elas iriam fazer o teste também. Só não conseguia entender o motivo de elas estarem tão nervosas. Era só um teste. Não é como se a vida delas fosse depender disso... Por favor.

Retirei a mochila das costas e sentei na ponta da arquibancada. Logo em seguida, uma mulher por volta dos cinquenta anos adentrou na quadra. Seu cabelo era tão preto que os poucos fios grisalhos que tinha pareciam destacar-se no seu rabo de cavalo desajeitado. Ela usava uma camisa gola polo bordô, calça de nylon preta e tênis Nike incrivelmente brancos. Levava um apito pendurado no pescoço e uma bola de vôlei debaixo do braço esquerdo. Ela tinha uma expressão autoritária no rosto, como se não sorrisse nunca.

Atrás dela, havia algumas garotas. Todas estavam iguais, usando camiseta amarela mostarda, short bordô e meias ¾ brancas: o time de vôlei. Reconheci na pequena multidão dois rostos familiares, Avery e Kacey.

Todas as garotas que estavam na arquibancada se levantaram, ficando uma ao lado da outra como se estivessem em um campo militar. Franzi a testa, achando tudo isso muito exagerado, mas acabei fazendo o mesmo.

A mulher levantou a mão direita fazendo um sinal que eu não entendi. Uma das garotas do time deu um passo à frente e lhe entregou uma prancheta, voltando novamente para o seu lugar logo depois. Ela analisou a ficha, depois olhou para nós. Senti a menina ao meu lado prendendo o fôlego e achei que era iria desmaiar a qualquer momento.

— Bem, pelo que eu posso ver, já estão todas aqui. Acho que já podemos começar — ela soou o apito. — Dez voltas na quadra. Agora!

As garotas olharam uma para a outra, parecendo confusas. Uma delas levantou a mão.

— Com licença, treinadora Baxter, achei que iriamos fazer o teste.

— Mas isso é o teste! — ela esbravejou, como se aquilo fosse óbvio. — Por acaso, você está questionando os meus métodos de avalição?

— Não, senhora, eu só achei que...

— Mais cinco voltas para você! — a treinadora interrompeu. Quando a garota abriu a boca para falar algo, ela lhe lançou um olhar feio. — Você quer que eu aumente para dez?

A garota arregalou os olhos e balançou a cabeça negativamente várias vezes.

— Ótimo — A treinadora Baxter pareceu sorrir, mas foi algo tão rápido que eu nem consegui ter certeza. — Agora... Corram!

As garotas quase se atropelaram na hora da partida, empurrando umas as outras. Eu me senti dentro de uma das edições dos Jogos Vorazes e comecei a repensar que talvez a vida delas realmente dependesse de entrar no time.

Na sétima volta, todas aparentavam já estar cansadas e corriam bem mais devagar do que antes. Eu estava suando tanto que o meu cabelo, mesmo estando amarrado, parecia estar grudando na nuca. Cheguei a sentir alguns pingos de suor escorrendo por dentro da camiseta.

— Vocês parecem um bando de velhinhas de oitenta anos de idade! Uma tartaruga correria mais rápido que vocês. Andem logo! — ela apitou novamente.

Avery havia me falado mais cedo que a treinadora Baxter era uma mulher durona, que botava medo nos alunos e até mesmo em alguns professores. Achei que ela estava brincando, apenas para me deixar assustada, mas agora eu sabia que era tudo verdade.

Eu já estava começando a me arrepender de ter escolhido o vôlei.

Quando finalmente demos a décima volta, todas se jogaram no chão. Algumas aproveitaram para tomar água, inclusive eu. A garota que ganhou a punição continuava correndo as suas cinco voltas extras e parecia se controlar para não chorar. Assim que ela terminou, a treinadora Baxter nos mandou fazer cinquenta abdominais. Em seguida, trinta polichinelos e mais quinze flexões.

Essa mulher era louca? Ela estava fazendo um teste para um time de vôlei ou para o exército americano?

Quando terminamos a sessão de tortura, meus braços e pernas estavam dormentes e minha barriga doía. A treinadora apontou para três garotas e as dispensou. Conclui que tinham sido as piores durante o teste físico até agora. Ainda restavam seis garotas, contando comigo.

— Certo, agora podemos ir para a minha parte favorita: o teste prático — a treinadora jogou a bola para uma garota que estava ao lado de Kacey e imediatamente o time foi para a quadra.

Espera... Nós íamos jogar contra elas? Essa mulher só podia estar de brincadeira! Vamos ser massacradas! Agora sim isso parece com os Jogos Vorazes. Cadê a Katniss com o seu arco e flecha quando mais precisamos?

Comecei a ficar nervosa. Olhando para as outras garotas, percebi que não era a única que não estava se sentindo preparada. Isso me deixou um pouco mais aliviada. Só um pouco.

— Certo, vamos fazer apenas um set — a treinadora informou. — Garotas, podem pegar leve com as novatas.

***

Leve? Isso não era leve nem aqui e nem na China!

Acho que a treinadora precisa rever o significado de “pegar leve”. Porque, com certeza, isso não era pegar leve! Eu não queria ver essas garotas “pegando pesado”, não mesmo.

Nós fomos massacradas. Perdemos de 25 a 11 e, sinceramente, nem sei como conseguirmos tanto. Alguns pontos foram praticamente de graça, já que o outro time errou dois saques e bloquearam uma bola para fora.

Bem, pelo menos eu estava com a minha consciência tranquila. Acertei todos os saques que fiz, bloqueei quando foi necessário e consegui até fazer um ponto de ataque. Certo, e mandei uma bola para fora também.

Quando acabamos, a treinadora Baxter parabenizou o time vencedor e falou que elas poderiam se sentar na arquibancada. Depois, ela mandou que nós ficássemos uma ao lado da outra, como havíamos feito antes, e começou a caminhar na nossa frente, de um lado para o outro, analisando nossos rostos. Isso não ajudava nada no quesito tranquilidade. Ela parou de andar do nada.

— Você, você, você e... — ela apontou para mim. — você.

Arregalei os olhos e já quase podia ouvi-la dizendo que estávamos fora.

— Ficam — continuou. — As outras estão dispensadas.

Fechei os olhos e suspirei de alivio.

— Bem vindas ao time! — a treinadora abriu os braços, em uma expressão que poderia ser hospitaleira se ela não estivesse com aquela cara de brava. — Os treinos começam na semana que vem. Todas as segundas e quartas depois da aula. Ah, não se esqueçam de pegar os seus uniformes.

Dito isso, ela marchou para fora do ginásio. Levei um susto quando uma garota me abraçou.

— Ai meu Deus, Stef! Você conseguiu! — Avery estava animada demais, como se tivesse recebido a melhor notícia de todas. — Parabéns!

— Obrigada. Ok, já pode me saltar — pedi. Qual é, nós estávamos suadas. Isso era um pouco nojento!

Ela me soltou um pouco constrangida e Kacey entrou no meu campo de visão sorrindo.

— Parabéns, Stef! — ela disse, mas não fez menção em me abraçar. E eu agradeci mentalmente por isso. Agradeci com um pequeno sorriso.

— Agora somos colegas de time! — Avery bateu palminhas. — Isso não é legal?

— Muito — balancei as mãos, fingindo falso entusiasmo. — Oba!

Que legal, agora eu teria que aturar a animação da Avery até nos treinos de vôlei.

­— Ah, vamos ao vestiário pegar o seu uniforme — Kacey lembrou. — Depois você pode tomar um banho e trocar de roupa.

Assenti. Eu realmente precisava tomar banho. Um: porque eu estava toda grudenta. Dois: porque ainda tinha mais uma aula para ir depois do intervalo. E eu não podia aparecer nesse estado na sala de aula.

Após tomar um banho refrescante no vestiário feminino, passei na sala da treinadora e peguei o meu uniforme que constituía em: uma camiseta amarela mostarda, um short bordô e dois pares de meias ¾ brancas. Ela disse que esse era o uniforme de treino e quando eu fosse jogar, receberia o oficial.

Quer dizer, isso se eu jogasse. Porque se dependesse da minha sorte era capaz de ficar no banco de reserva. De novo.

Ela também avisou que eu deveria estar sempre de cabelo amarrado nos treinos e que não poderia usar nenhum acessório. Ela contou que uma menina, no ano passado, se machucou quando a sua pulseira enroscou na rede.

Imediatamente lembrei que teria de retirar a minha corrente com pingente de violão. Eu nunca a tirava do pescoço. Ela pertencia a minha mãe e ela me deu um pouco antes de morrer. Era como ter um pedacinho dela sempre comigo, perto do meu coração. Mas eu sabia que teria que fazer esse esforço para poder jogar. Mamãe, onde quer que ela estivesse, me entenderia.

Agradeci a treinadora e sai da sala. Não esperei por Avery e Kacey, do jeito que elas são deveriam estar fofocando junto com as outras garotas no vestiário em vez de se arrumarem, sem falar que eu ainda precisava comer. Eu não comia desde as sete e pouco da manhã. E agora já passava da uma da tarde. Eu estava com tanta fome que poderia comer facilmente por um batalhão nesse exato momento.

***

Só foi eu sair do ginásio para eu perceber que havia algo de diferente. O pátio, que era uma espécie de quadra ao ar livre, com o chão de cimento, estava tomado por um bando de garotos com tacos na mão e capacete. Em cada lado, uma mini trave. E isso só podia significar uma coisa: Hóquei.

Revirei os olhos e acelerei o passo, ao atravessar o pátio. Eu não gostava de hóquei no gelo porque ele me remitia a frio, que me lembrava inverno. E eu odiava inverno.

Eu queria poder dizer que tudo havia acontecido como eu havia planejado. Que eu passei por ali sem nenhum problema e consegui finalmente comer em paz.

Mas, se tratando mim, algo tinha que dar errado. Afinal, a sorte não era a minha maior fã.

Olhei de relance para o bando de garotos bem no momento que um deles bateu o seu taco com força no disco.

E onde o disquinho foi cair? Bem na minha frente!

E o que aconteceu depois? Dois garotos vieram correndo na minha direção a fim de pegar o tal disco.

Oh, mas eles estavam durante uma partida. O que significava que eles não estavam correndo civilizadamente, pelo contrário, pareciam dois malucos em busca do último pedaço de pizza da caixa.

Eu estava tão cansada para correr que a única coisa que eu fiz foi fechar os olhos e esperar pelo golpe. Mas nada aconteceu.

Abri apenas um olho e espiei, ainda um pouco desconfiada. Os dois garotos haviam parado bruscamente e estavam me olhando de boca aberta. Eles usavam uma camisa bordô de decote “V” com detalhes em amarelo. Um gigante “M”, também amarelo, estampava a frente. Deduzi que era o uniforme do time de Hóquei. Quer dizer, a metade dele, já que eles usavam calça jeans. Um estava de capacete na cabeça, tinha um sinalzinho perto da boca e parecia ter descendência latina. O outro era um pouco mais alto, seu cabelo castanho tinha um topete e suas covinhas se destacavam na pele bem branca.

Olhei para eles com os olhos semicerrados.

— Hmm... oi — disse, mais parecendo uma pergunta do que uma saudação.

Eles chacoalharam a cabeça quase ao mesmo tempo.

— Eu vi primeiro! — anunciou o de capacete, batendo com a ponta do taco no ombro do outro.

— Não! Eu vi primeiro! — o de topete rebateu, dando um tapa com a mão no capacete do amigo.

Eles começaram a se empurrar, como se estivessem brigando. Mas, claramente, esses dois nunca haviam entrado em uma briga de verdade. Dava para ver na cara deles.

Ei! — exclamei, chamando a atenção deles que pararam no mesmo instante. — Olha, eu não sei por que vocês começaram a brigar do nada, mas eu não vou ficar aqui para ver o resultado. Então... tchau!

Acenei e me preparei para sair dali.

— Espera! — eles disseram juntos.

— O que foi? — perguntei, olhando de má vontade para eles.

Eu só queria ir embora logo e poder comer. Será que isso era tão difícil assim?

Eles se olharam, com se estivessem tendo uma conversa mental. Por fim, assentiram, possivelmente entrando em um acordo.

— Ok, vamos do começo: Eu sou Carlos — disse o de capacete apontando para si mesmo, em seguida, apontou para o de topete que acenou para mim. — E este é o Logan. E você é...?

— Stefanie — respondi.

— Stefanie, oi! — o de capacete, que agora eu sabia que se chamava Carlos, sorriu. — Seja bem vinda à Masterson High School.

— Hm, obrigada.

— Então... — começou Logan, mas ele foi interrompido por outro garoto que parou bem no nosso meio.

Ele era bem mais alto que Logan e Carlos, tinha o cabelo castanho um pouco comprido e também usava o uniforme de Hóquei. Os dois reviram os olhos ao ver o outro parceiro de time.

— Olá — ele sorriu galanteador e estendeu a mão para me cumprimentar. — Eu sou James. James Diamond.

— Oi, James — apertei sua mão. — Sou a Stefanie.

— Caí fora, Diamond. Nós chegamos primeiro — avisou Logan.

Primeiro? Isso era uma... Competição?!

James pareceu não se importar.

— Stefanie, belo nome — ele sorriu. — Eu estava pensando... Será que você gostaria de pegar um cineminha comigo?

— Você costuma convidar todas as garotas que você vê pela primeira vez para um encontro? — questionei.

—Se ela for gata... Sim.

Ah, não, era só o que me faltava. Mais um dando em cima de mim! Qual era o problema dos garotos desta escola afinal?

— Então? — ele insistiu.

— Não, obrigada — forcei um sorriso.

— Desculpe... Eu acho que entendi errado — ele riu. — Você disse “não”?

Concordei. Ele abriu a boca em espanto.

— O quê?! Ninguém dispensa James Diamond — ele apontou com as duas mãos para si mesmo.

— Prazer, Ninguém — ironizei.

James deu um passo para trás, parando ao lado de Carlos, que parecia se divertir com a cena.

— Então, Stefanie — Logan falou, chamando minha atenção —, você gosta de Hóquei?

— Sinceramente? Detesto.

Os três começaram a tossir como se estivessem se afogado com algo.

— Vocês estão bem? — perguntei, me segurando para não rir da reação exagerada deles. Eles assentiram, parecendo ainda se recuperar da surpresa.

Em seguida, Carlos cutucou James que olhou para algo atrás de mim e revirou os olhos. Pensei em virar para trás e descobrir do que eles estavam se referindo, mas alguém falou primeiro:

— Oi, pessoal.

Ah, não... Eu conheço essa voz. Droga, droga, droga!

Ele apareceu no meu campo de visão e cumprimentou os três com um aperto de mão estranho. Ele estava usando uma camisa xadrez de flanela verde, o que me fez pensar que ele só deveria ter isso no guarda-roupa, mas carregava a camisa do uniforme no ombro. Ou seja, ele também estava no time. Ótimo!

— Ah! — Logan começou. — Essa é a Stef...

— Howard — Kendall o interrompeu, fixando aqueles olhos extremamente verdes em mim. — Como vai? — ele me deu um sorrisinho cínico.

— Estava bem até você chegar — devolvi o sorriso.

— Vocês se conhecem? — Carlos perguntou confuso.

— Gostaria muito de dizer que não... — suspirei.

— Espera...Você chamou ela de quê? Howard? — Logan parecia ter se lembrado de algo.

Kendall estava de braços cruzados, olhando para os amigos com uma das sobrancelhas arqueada, como se dissesse “sim, é exatamente o que vocês estão pensando”.

— Pois é, o querido amigo de vocês resolveu que me chamar pelo sobrenome seria algo legal — acabei respondendo já que Kendall não parecia a fim de falar algo.

James, Carlos e Logan se entreolharam.

— Acho que ela é aquela garota — Carlos sussurrou, mas não tão baixo assim. Afinal, eu ouvi.

— Você acha? — Logan ironizou. — Claro que é!

— Droga! — James xingou. — Não acredito que ele a viu primeiro!

— Ei, será que dá para vocês pararem de falar de mim como se eu não estivesse aqui? Obrigada, de nada.

— Er... — Logan coçou a cabeça, parecendo constrangido —, desculpe.

Kendall pigarreou, chamando nossa atenção.

— Então, Howard, o que você está fazendo aqui junto com os meus amigos? — ele perguntou ainda de braços cruzados.

— Não é da sua conta! — disparei.

— Vocês estão vendo, não é? — ele perguntou, olhando para os três amigos, com uma cara de ofendido. — É ela que está sendo grossa comigo.

— Falou o Sr. Educação em pessoa — ironizei, revirando os olhos.

James assobiou.

— Nossa... Já deu para perceber que vocês se deram muito bem.

Meu estômago respondeu por mim e ele dizia: “Comida! Comida!”. Tirei o celular do bolso e percebi que já havia perdido uns quinze minutos conversando com eles.

— Parece que alguém está com fome — Carlos riu.

— Sim e muito. Se vocês me dão licença, preciso dar um jeito nisso. Carlos, Logan, James... Legal conhecer vocês — sorri. Eles eram maluquinhos, mas até que gostei deles.

Recebi um coro de “tchau”, “foi legal te conhecer” e um “o prazer foi todo meu” por parte de James.

— Tchau, Howard! — Kendall exclamou, só para dizer que ainda estava ali.

— Tchau! — exclamei também. — Até mais, meninos e... Kendall.

Eles acenaram para mim, exceto Kendall que estava de cara amarrada. Virei de costas para eles e comecei a andar em direção ao prédio principal. Ainda consegui ouvi Carlos perguntando: por que ela disse “meninos e... Kendall”?

Mas não ouve resposta.

***

Bati várias vezes na porta 1M que tinha uma plaquinha, em amarelo, escrita “Jornal da escola”. A porta se abriu em seguida.

— Boa tarde! — Gabe sorriu para mim.

— Boa tarde o caramba — resmunguei, entrando na sala.

— O que houve? — Maddie perguntou, se esticando na sua cadeira giratória. — Você não passou no teste? É isso?

— Não, não. Eu passei — respondi, sentando na primeira cadeira que vi na minha frente. — Depois eu conto o que aconteceu. Primeiro: você pegou a minha comida?

— Claro — Maddie respondeu se levantando. Ela foi até o micro-ondas e colocou um prato com comida dentro, em seguida, colocou para esquentar 1 minuto e meio. — Você teve sorte, quando eu cheguei lá eles já estavam quase fechando.

— Obrigada! Você me salvou.

Eu havia pedido para Maddie comprar meu almoço caso eu demorasse muito e o guardasse. Ela concordou e disse para encontrá-la depois naquela sala. Ela e Gabe trabalhavam no jornal da escola e podiam usar a sala sempre que quisessem.

— Não precisa agradecer. É para isso que os amigos servem, certo? — ela sorriu, colocando o prato na mesa a minha frente. — Bon appétit.

Não sei se a comida estava realmente assim tão boa ou se era apenas a minha fome falando mais alto, mas eu comi tudo em questão de poucos minutos. Quando terminei, senti minhas energias renovadas e meus braços e pernas não doíam tanto quanto antes.

Fiz um resumo do meu dia desastroso. Falei da Treinadora Baxter colocando o terror durante o teste e sobre o meu encontro maluco com os jogadores de Hóquei. Tive que incluir fatos anteriores, como quase ter sido esbarrada por Kendall no sábado e descobrir que ele estava na minha aula de Biologia na segunda. Eu não havia contado isso antes a eles, afinal, havia acabado de conhecê-los. Mas fiquei feliz de poder desabafar isso com alguém, acho que eu iria estourar se ficasse guardando tudo para mim. Quer dizer, eu estava contando as coisas para Savannah, mas era totalmente diferente, ela não estava aqui, só ouvia os fatos pelo meu ponto de vista, eu precisava de outros pontos de vistas. De preferência, de gente que conhecesse as pessoas que eu estava falando.

Maddie me ouviu atentamente e não me interrompeu nem sequer uma vez. Mas Gabe parecia um pouco confuso e me fez explicar algumas vezes a mesma coisa. Esqueci que Maddie havia me dito que ele era um pouquinho lerdo.

— Uau! — Maddie exclamou, assim que eu terminei. — Sua vida anda bem agitada ultimamente, hein?

— Nem me fala — suspirei. — Eu só queria entender se esse tal de Kendall gosta de importunar todas as garotas que ele conhece ou se o problema é só comigo.

— Olha, eu conheço o Kendall desde o jardim de infância. Ele é considerado um “pacote completo” para muitas meninas aqui da escola, mas ele não é do tipo mulherengo...

— Esse é o James — Gabe completou. Maddie assentiu.

— Oh, então quer dizer que eu fui a premiada? — balancei as mãos, fingindo falsa animação. — Maravilha!

— Não sei por que você está reclamando tanto. Não é como se o Kendall fosse um garoto esquisito e feio de doer. Pelo contrário, ele é bem gatinho — Maddie disse e vi Gabe a olhar pelo canto do olho com uma expressão que me pareceu ciúmes.

— Não estou dizendo que ele é feio, porque definitivamente ele não é — expliquei —, mas... Ele me faz perder a paciência. Esse é o problema. Quem sabe se ele fosse um pouquinho menos irritante.

— Você deveria dar uma chance a ele — Maddie aconselhou. — Ele é bem mais legal depois que você o conhece melhor.

Dei uma risada debochada.

— Ah, aposto que sim!

— Estou falando sério — Maddie olhou para mim como se estivesse tentando convencer uma criança de cinco anos que comer vegetais era legal.

— Também estou — rebati.

— Acho que vocês dois fariam um casal bem bonitinho... — Gabe comentou, ajeitando o boné na cabeça, evitando fazer contato visual comigo.

Você e a Maddie também, pensei. Mas resolvi não falar isso em voz alta.

— Não viaja! — fiz uma careta. — Isso definitivamente não vai rolar.

Ele poderia ser lindo e ter aqueles olhos verdes maravilhosos, mas era um idiota. E de caras idiotas na minha vida, já bastava o meu ex.

— Será mesmo? — Gabe perguntou em tom de desafio. — Afinal, os opostos se atraem.

— Isso só funciona na Física, Gabriel — respondi.

— Tenho as minhas dúvidas... — ele disse, girando na sua cadeira. Bufei em resposta.

Mas uma pergunta ficou ecoando na minha cabeça: E se eu estivesse errada?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?

Finalmente os outros "cãezinhos" apareceram! Ah, curtiram a treinadora Baxter? Ela é um "amor" *cof *cof* de pessoa, não é? Haheuahau.

* Referência a "Jogos Vorazes" porque eu amooooo essa trilogia :3

* Sem spoiler do próximo capítulo, pois ainda estou em dúvida do que vou escrever.

Aguardo vocês nos comentários!

Até mais! Beijos :*

P.S: Eu coloquei o Hunter (namorado da Avery) na lista de personagens lá do blog. Então se alguém quiser saber como eu o imagino é só acessar o link:
http://mari-fanfics.blogspot.com.br/2015/01/everythings-better-with-you-conheca-os.html

GRUPO NO FACEBOOK: https://www.facebook.com/groups/MariFanfics/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Everything's Better With You" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.