Everything's Better With You escrita por Maremaid


Capítulo 29
28 - Sou a "garotinha do papai" novamente.


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Ainda se lembram de mim? Hahauahau.

Eu sei, eu sei... demorei quase dois meses para postar. Confesso, passei muito tempo assistindo minhas série e esqueci de terminar o capítulo, mas o importante é que eu voltei, não é? Rsrs.

Bem, só para recapitular... neste capítulo teremos o encerramento da "briga" entre Stef e seu pai. Resolvi fazer isso de uma forma resumida, para não ficar muito cansativo (nem para vocês nem para mim). Não fiz de propósito, mas podem considerar isso como um "especial de dia dos pais" haha.

Ok, era isso. Boa leitura!

P.S.: No gif, (como eu imagino) o pai da Stef.



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Porque eu e meu pai não nos damos bem:

1- Ele foi embora de casa quando eu tinha sete anos. Eu esperei por ele. Eu era só uma criança, não sabia que ele não voltaria a morar conosco.

2- Ele foi ausente nos últimos anos. Eu me senti rejeitada, como se ele não gostasse mais de mim e da minha irmã.

3- Ele não estava presente no enterro da minha mãe, o momento em que eu mais precisei dele por perto.

4- Como se já não bastasse ele ter se mudado para longe, ainda tinha que ser para um lugar tão frio?!

5- Eu sempre achei que a culpa do divórcio tinha sido ele, mas (segundo a vovó) foi da minha mãe.

6- E, talvez, agora eu pudesse mudar isso.

***

Acordei às oito no domingo. Eu tinha colocado o alarme do celular para tocar só às dez. Gostava de acordar mais tarde no fim de semana, mas realmente não consegui dessa vez. A questão que tirou o meu sono foi aquela conversa com Kendall sobre o meu pai, na noite anterior.

 Abri as cortinas e percebi que havia nevado durante a noite, mas não tão forte como costumava ser. A camada de neve que cobria o chão era fina e as árvores não estavam congeladas. Eu estava começando a ficar uma expert nisso.

Havia uma pessoa tirando a neve do nosso gramado. Era meu pai. Ele só chamava alguém para tirar — Kendall, no caso — quando tinha muita neve.

Desci as escadas, ainda de pijama e usando o meu roupão quentinho, e fui tomar café. Jill já estava acordada e me fez companhia enquanto eu comia. Avery ainda estava dormindo, ela sempre dizia que precisava do seu “sono da beleza” e necessitava de no mínimo oito horas para isso.

— Está tudo bem? — Jill perguntou, depois de algum tempo sem falarmos nada.

— Hã... Sim, está — forcei um sorriso.

— Tem certeza? — ela insistiu. — Você mal tocou nas panquecas.  

Olhei para o meu prato quase intacto.

— Só não estou com muita fome — menti.

— Ah, sim — ela assentiu dando um pequeno sorriso. Mas sei que Jill não caiu nessa, seus olhos claros me analisavam, a procura do problema. Mães e seu sexto sentido.

Eu sabia que Jill odiava desperdício, então empurrei o prato em sua direção. Ela despejou mais mel por cima e começou a comer as minhas panquecas.  

— Eu vou para o meu quarto — me levantei. — Com licença.

Ela assentiu, já que estava com a boca cheia. Saí da cozinha e voltei para cima. Troquei de roupa e espiei pela janela, meu pai ainda estava lá na rua.

Coloquei as luvas, o gorro e enrolei o cachecol no pescoço. Respirei fundo e empurrei a cadeira até a frente do guarda-roupa para conseguir alcançar uma caixinha retangular que estava em cima dele. Saí do quarto com o objeto em uma mão enquanto tentava fechar o casaco com a outra. 

— Stef?

Eu ia colocar o pé no primeiro degrau quando ouvi Avery me chamar. Voltei alguns passos, andando de costas. Ela estava parada na frente da porta do seu quarto, usando seu roupão rosa de corações, pantufas de cachorro e parecia que seu cabelo havia passado por um tornado.

— Você já está acordada?— ela coçou o olho, parecendo ainda meio grogue.

— Não, não.  Estou dormindo ainda e você também, isso é um sonho.

— Engraçadinha — ela fez uma careta. — Que horas são?

— Nove horas, eu acho.

— Hmm, ok — ela olhou para a caixinha que eu estava segurando. Fiquei nervosa pensando que ela iria perguntar algo. Avery costumava ser bem curiosa quando o assunto era eu. Mas ela só desviou o olhar e andou em direção ao banheiro devagar. — Daqui a pouco eu desço.

— Ok, até depois — respondi e desci as escadas. Passei rapidamente na frente da cozinha sem Jill me ver e fui para a rua.

Meu pai estava terminando de tirar a neve da nossa entrada. Sentei no banco de madeira que tínhamos na varanda, com a caixa no colo, e esperei. Ele estava tão concentrado que só me viu quando parou e olhou para a casa.

— Ah! Oi, filha — ele se apoiou na pá como se fosse uma bengala. — O que está fazendo aqui fora?

— Será que nós podemos conversar um pouco?

— Cla-claro! — ele parecia um pouco surpreso, mas sorriu. Afinal, eu nunca o procurava para conversar. Ele colocou a pá encostada na grade, subiu até onde eu estava e sentou-se ao meu lado no banco. — Sobre o quê?

— Sobre isso — estendi a caixa em sua direção. Ele juntou as sobrancelhas, sem entender onde eu queria chegar. Fiz sinal para ele abri-la. Ele tirou a tampa, revelando o álbum de fotos de capa preta com espiral.

— Onde você conseguiu isso?  — ele perguntou, passando o polegar pela capa. Mesmo sem abrir o álbum, eu tinha certeza que ele sabia que aquele era o álbum da mamãe, só pela expressão em seu rosto. Era um misto de surpresa, tristeza e alegria... Como se fosse doloroso e, ao mesmo tempo, bom olhar para aquilo.

— Vovó deu para mim e Savannah no Natal. Ela disse que a mamãe pediu para ela guardar.

Ele assentiu e abriu o álbum, indo direto para as fotos onde os dois apareciam juntos. Analisou-as por um breve tempo, um pequeno sorriso brotando em seus lábios. Ele olhou para mim pelo canto do olho e perguntou:

— Então, o que exatamente você quer saber?

***

Eu e meu pai conversamos por um longo tempo. Ele respondeu todas as perguntas que eu fiz e até falou de coisas que eu não havia perguntado, mas que eram importantes.

E então eu entendi tudo o que aconteceu ele e a minha mãe:

 Os dois se conheceram na faculdade, pois tinham o mesmo circulo de amigos. Meu pai disse que custou para conseguir sair com ela, pois mamãe não dava bola para ele. Depois de tanta persistia ela aceitou sair com ele, dizendo que seria a única vez. Porém, ela percebeu que ele era um cara legal e aceitou ir a outros encontros com ele. Começaram a namorar logo em seguida. Quando estavam namorando há mais ou menos um ano e meio, minha mãe descobriu que estava grávida de Savannah. Eles resolveram se casar e compraram um apartamento pequeno em Los Angeles (já que eles estudavam na UCLA*).

Meu pai disse que eles raramente brigavam quando namoravam, mas ao se casarem as brigas começaram a ser mais frequentes. Minha mãe sempre queria ter razão em tudo e não admitia quando estava errada, nem pedia desculpas, dizia que “se eu estou errada, você está mais ainda”. (Isso é verdade. Várias vezes levei a lição de casa errada para a aula porque minha mãe teimava que estava certo. E como ela era professora, eu acreditava. Ela era ótima em Biologia, mas nas outras disciplinas nem tanto). Cinco anos depois, eu nasci e eles tiveram que se mudar para um local maior. Foi então que eles se mudaram para San Diego e compraram a casa que eu vivia antes de vir para Minnesota.

Com duas filhas para criar e várias contas para pagar, meu pai disse que teve que aceitar um trabalho em um clinica odontológica que era de tempo integral. Minha mãe, que trabalhava em uma escola dando aula de Biologia, sempre chegava em casa no mesmo horário que nós (por volta das três da tarde). Ela dizia que meu pai só pensava em trabalhar e não tinha tempo para ela e as filhas (Eu me lembro dela reclamando disso). Mas a questão é que o meu pai fazia isso porque precisava, e não porque queria. O salário dele era ótimo e ajudava muito nas despesas, só que a minha mãe parecia não entender isso. E foi então que eles começaram a brigar ainda mais. E por motivos cada vez menores (como a quantidade de sal que era colocada na comida!). Ele disse que conseguiu tolerar tudo por um bom tempo, mas chegou um momento que ele estava quase explodindo (e ele era uma pessoa bem calma), ele só queria chegar em casa após um dia cansativo de trabalho e relaxar, mas eles sempre acabavam discutindo depois do jantar.

Quando eu tinha sete anos aconteceu a “grande briga”. Meu pai recebeu uma proposta para ir trabalhar em Minnesota em uma grande filial da clinica onde ele estava no momento, onde ele iria ganhar muito mais do que estava recebendo no momento. Mas minha mãe não queria ir, ela disse que amava morar na Califórnia e não iria para um “fim de mundo congelante” só para ele ganhar um pouco melhor. Falou que eu e Savannah não podíamos nos distanciar dos amigos e sair da escola na metade do ano. Quando percebeu, eles estavam gritando um com outro. Era uma quinta-feira e meu pai disse que precisava ficar sozinho e clarear a mente, minha mãe disse “se você sair por essa porta não precisa mais voltar”. Ele achou que ela estava blefando, pois ela sempre fazia isso, e foi. Acabou dormindo na casa do meu tio Phill, que ficava na cidade vizinha (na época ele ainda era solteiro). Quando voltou no outro dia para casa, ainda cedo, mamãe estava o esperando na sala. Ela disse que o perdoaria se ele pedisse desculpas por tudo, mas ele não pediu, pois a culpa não havia sido dele. Ele tomou banho, comeu e foi trabalhar. Quando voltou à noite, suas malas estavam na sala, o esperando. Foi nesse dia que vi meu pai indo embora, ele disse que ia passar uns dias na casa da vovó e que voltaria logo, mas ele não voltou. Naquela época eu não entendia bem o que estava acontecendo, era só uma criança, então quando mamãe disse que o meu pai tinha nos abandonado, eu acreditei. Ele disse que ia ficar só alguns dias na casa dos pais mesmo, até as coisas esfriarem. Até que o advogado da família o contatou para dizer que mamãe estava pedindo o divórcio. Ele disse que tentou conversar com ela, mas ela ignorou todas as mensagens que ele havia deixado na secretária eletrônica. Vovó conseguiu falar com a minha mãe e disse que ela esqueceria tudo se ele admitisse que estava errado. O que ele não fez. E vovó ficou do lado dele (o que me deixou surpresa), ela gostava muito da minha mãe, mas é uma pessoa muito honesta e sabia que ela estava errada.

Então eles deram continuação ao divórcio. Meu pai disse que tentou ficar com a nossa guarda, mas mamãe ganhou. E mesmo o juiz tendo autorizado que ele nos visitasse uma vez por semana, mamãe não deixava ele passar o fim de semana conosco. Quando estávamos um pouco maior, ela nos perguntava se queríamos ver o nosso pai. Eu sempre dizia que não, pois achava que ele tinha saído de casa porque não gostava de mais de nós (Minha mãe dizia isso e eu acreditei nela). Savannah era quase adolescente quando ocorreu o divórcio, já entendia as coisas, então minha não conseguia mais influencia-la como antigamente e acabava deixando ela vê-lo, mesmo que a contragosto.

 Ele percebeu que não adiantava ficar na Califórnia se quase não conseguia nos ver. Foi então que ele aceitou a proposta e veio morar aqui em Minnesota. (Pelo jeito o meu destino era mesmo parar em Minnesota). Depois de passar alguns anos sozinho, conheceu Jill. Avery era paciente dele na época.  E acho que o resto vocês já sabem...

Eu sabia que a minha mãe tinha um temperamento difícil, mas não imaginei que era tanto. Sinceramente, não sei como o meu pai aguentou tanto tempo com ela. Eu a amava muito, mas tinha vezes que ela me deixava estressada quando sempre queria ter razão em tudo. Meu pai ficou surpreso ao saber que ainda tinha fotos deles juntos no álbum, imaginou que ela teria rasgado tudo e jogado fora. Ele não entendia porque ela havia mantido aquelas lembranças.

Só que eu conseguia entender tudo: A questão era que a minha mãe nunca esqueceu o meu pai, ela sempre o amou. Mas ela preferiu perde-lo a admitir seus erros. Por isso Savannah a encontrou chorando olhando as fotos naquela vez. Ela estava arrependida do que havia feito, mas percebeu que era tarde demais para voltar atrás.

Sei que a minha mãe não era perfeita, que ela tinha muitos defeitos, mas não consigo odiá-la. Acho que consigo entender suas razões (mesmo que fossem erradas). 

***

— Qual é a casa?

— A próxima — respondi. Meu pai parou o carro em frente à casa de James.

Normalmente, eu ia para os ensaios a pé mesmo, mas meu pai me ofereceu uma carona e eu acabei aceitando. Essa é a segunda vez que eu ficava no mesmo carro do que ele desde que cheguei aqui (A primeira vez havia sido quando ele foi me buscar no aeroporto, mas Jill e Avery estavam juntas). É meio estranho, mas ao mesmo tempo bom tê-lo por perto novamente.

— Quer que eu te busque?

— Não precisa, o Kendall me leva em casa.

Ele assentiu, batucando os dedos no volante.

— Então... Vocês estão “ficando”? É isso que os jovens dizem hoje em dia, não é? — ele não parecia muito certo disso.

Não sei bem por que ele estava me perguntando isso. Eu já tinha dito para ele ontem que estávamos nos conhecendo. Talvez ele não lembrasse, ou estava me testando. Sei lá.

— Sim, é — prendi uma risada. — E fique tranquilo: eu vou te contar quando esse status mudar.

— Você está se referindo a... — ele não terminou a frase.

—... Namoro — completei —, sim.

Tirei o cinto de segurança e dei um beijo na sua bochecha, o que deixou ele bem surpreso.

— Obrigada pela carona. Tchau, pai.

— Estou a disposição quando precisar — ele sorriu. — Tchau, filha.

Sorri para ele e saí do carro. Ele ficou esperando, com o motor ligado, enquanto eu apertei a campainha e esperei alguém abri-la.

— Oi, Stef! — James deu um grande sorriso quando me viu. Ele havia parado de me chamar de “gata” desde que Kendall e eu começamos a sair. — De quem é aquele carro?

— Do meu pai. Apenas faça o que eu fizer e ele vai embora — eu disse. Olhei em direção ao carro, acenei e sorri. 

James juntou as sobrancelhas, parecendo um pouco confuso, mas fez o que eu disse. Em seguida, meu pai deu uma buzinada rápida e saiu estrada afora. 

— Por que... — ele começou.

— Os meninos já chegaram? — o interrompi.

— Sim, menos o Logan — respondeu, vindo atrás de mim em direção à garagem.

— Só espero que ele não chegue atrasado no dia do Show de Talentos.

— Nem diga umas bobagens dessas! Eu vou buscá-lo em casa, se for preciso, mas ele não vai destruir a minha chance de brilhar naquele palco! — ele certamente fez aquele movimento com as mãos em frente ao rosto ao falar isso, mas não me virei para ter certeza, apenas pigarreei. — Ok, nossa chance.

— Melhor assim — respondi, entrando na garagem.

Assim que Logan chegou — mais ou menos uns cinco minutos depois de mim — Carlos nos contou as novidades sobre o seu jantar com Maddie. Em resumo: ele pediu Maddie em namoro e ela aceitou. Mas eu já sabia disso, pois ela mesma havia me ligado e me contou tudo, com uma riqueza de detalhes, desde como era o restaurante até ao traje que ele estavam usando e como Carlos foi fofo e tentou não fazer nada vergonhoso durante a noite toda (o que estranhamento ele conseguiu). Afinal, garotos não se importam tanto com os detalhes, mas com o resultado final.

Carlos parecia muito feliz e eu sabia que Maddie também estava. Por mais que eu nunca tivesse imaginado os dois juntos, eles faziam um casal muito bonito e eu estava feliz por eles.

Em seguida, partimos para o ensaio. Faltava menos um mês para a apresentação e tínhamos tudo pronto. Então, acabamos não repetindo a música tantas vezes como fazíamos antes. Era mais um exercício mesmo, para não perdemos o jeito.

Ao final, como sempre, comemos pizza. Logan disse que iria a cozinha pegar os copos e o refrigerante, já que James havia se esquecido de pegar e eu me ofereci para ajuda-lo. Precisava falar com ele.

— Certo, você leva o refrigerante e... Consegue levar pelo menos um copo? — Logan perguntou, abrindo a porta do armário, que ficava no alto, para pegá-los.

— Posso levar dois, se precisar — respondi, pegando o refrigerante na geladeira.

— Ótimo — ele parecia aliviado, com certeza estava pensando como iria equilibrar cinco copos. 

— Logan, por que o Nick não veio hoje? — perguntei. Esse era o segundo ensaio que ele faltava.

Sua mão direita parou no meio do caminho antes de tocar o próximo copo e ele olhou para mim. Eu quase conseguia ver as suas engrenagens funcionando em busca de uma boa desculpa.

— Ah, eu acho que ele deve está ocupado... Com a escola e o time de baseball, sei lá — ele deu de ombros e pegou o copo.

— Você contou para ele, não é? Sobre eu e Kendall — esclareci.

— Desculpe — ele suspirou. — Ele perguntou como você estava e eu não sou muito bom com mentiras, você sabe...

“Muito bom”? Eu diria péssimo!

— Tudo bem, eu só queria ter certeza mesmo — eu o tranquilizei. —É que... Eu só não queria que ele ficasse com raiva de mim.

— O quê? — Logan riu. — Nick não está com raiva de você! Só está triste, porque você escolheu o Kendall e não ele. Mas fique tranquila, ele me garantiu que vai à nossa apresentação.

Ele vai? Como assim?!

Espera... Claro que sim! A apresentação era para os alunos da escola e seus familiares e, bem, Nick era primo de Logan.

 — Legal — forcei um sorriso. — Hm, será que podemos manter essa conversa só entre nós?

— Claro —­ ele confirmou.

— Ok, obrigada. Não quero que a rivalidade deles aumente mais ainda por minha causa — eu disse, o que fez Logan rir. — O que foi?

— Stef, você ainda não entendeu? — ele perguntou, mas não esperou eu dar uma resposta e continuou: — A rivalidade deles é por sua causa. Eles estavam bem até você aparecer.

— Obrigada por dizer que eu sou uma destruidora de amizades — ironizei.

— Desculpe, eu não quis dizer isso. É que quando Nick começou a vir nos ensaios Kendall já estava a fim de você. — ele explicou. — E ele sabe que meu primo tem essa fama de ser “legal com todo mundo”, o que faz a maioria das garotas caírem aos seus pés, e ele só não queria que você fosse mais uma. É isso.

— Então Kendall estava apenas com ciúmes esse tempo todo? — perguntei. Logan assentiu.

— Inacreditável — dei uma risada, balançando a cabeça.

Nós pegamos as coisas e quando estávamos voltando para a garagem alguém apareceu na nossa frente. E adivinha que levou um susto e quase derrubou tudo? Isso, eu mesma.

— Desculpa, desculpa! Aqui, me deixe ajudar — Kendall disse, pegando os copos da minha mão antes que eu pudesse impedi-lo — Vocês estavam demorando e eu vim ver o que tinha acontecido.

Se ele tivesse chegado um minuto antes teria nos flagrado falando sobre ele. Uffa!

Logan e eu trocamos um olhar. Fiquei com receio de ele acabar entregando tudo se abrisse a boca agora.

— Só estávamos conversando — dei um beijo no seu rosto. — Não precisa ficar com ciúmes.

— Mas eu não estava... — Kendall juntou as sobrancelhas, parecendo bem confuso e olhou para o amigo.

— E nem tem motivos! — Logan riu, bem desconfortável.  — Nossa, estou com uma fome.

Ele passou por nós rapidamente e entrou na garagem. Eu tentei passar, mas Kendall parou na minha frente.

— Aconteceu algo que eu deveria saber, Howard?

— Claro que não — revirei os olhos. Felizmente, eu sabia mentir melhor do que Logan. — Pensei que você tinha dito que confiava em mim.

— E eu confio.

— Ótimo ­— sorri. — Será que você poder sair da minha frente agora?

Ele pareceu que ia dizer algo, mas acabou mudando de ideia e deu um passo para o lado.

— Obrigada — eu disse ao passar por ele.

***

Assim que nós entramos no carro para ir embora eu falei para Kendall sobre o “convite” do meu pai para que ele fosse tomar café conosco um dia desses. Eletentou demonstrar que estava calmo, mas a sua mão tremendo enquanto tentava ligar o carro não ajudou muito. 

— Fique tranquilo, meu pai não é assim tão assustador — garanti.

— Fácil para você falar — ele riu sem humor. — Não é que você que vai ser interrogada. Além disso, os pais sempre implicam com os namorados das filhas.

Tive que conter um sorriso.

— O que foi? — ele perguntou confuso, já que eu estava quieta.

— Você disse “namorado”.

— Ah! É, eu disse — ele coçou a nuca. — Desculpe, foi só jeito de falar, sei que estamos indo devagar...

— Tudo bem — assenti. Mas até que soava bem... — Então, você vai?

— Sim, claro... Diga ao sr. Howard que aceito.

— Que bom — eu sorri. — As panquecas da Jill vão fazer tudo isso valer a pena, eu prometo! 

Ele sorriu de volta e finalmente conseguiu ligar o carro. Ficamos um certo tempo em silêncio, até ele mencionar sobre o seu próximo jogo de Hóquei. Ele disse que era um jogo bem importante, que os Angry Bears* — o time da nossa escola — estava nas semifinais. Mas o que ele estava mesmo querendo dizer nas entrelinhas era: “gostaria muito que você fosse”.

— Você sabe que eu não gosto de Hóquei — foi o que eu disse em resposta.

— Qual é, Howard! — ele soltou um ruído, quase um choramingo. — Você foi ao jogo das meninas!

— Eu fui porque a Maddie é minha amiga, queria apoia-la.

— E nós estamos saindo, você tem que me apoiar também.

— Justo. Mas eu não queria ficar sozinha lá...

— Não se preocupe com isso. Provavelmente Kacey e Maddie vão por causa dos caras. Além disso, você pode convidar Gabe e a Hazel também, eles costumam ir aos jogos.

— Ok, eu vou — me dei por vencida. Ele deu um sorriso enorme. — Mas não vai se acostumando, hein?

— Você é incrível! — ele tentou tirar as mãos do volante para me dar um abraço, mas eu dei um grito em alerta. — Desculpa! Prometo que faço um gol para você.

— Nada disso, quero logo dois! Eu não vou fazer esse sacrifício todo por causa de um golzinho só — avisei. Ele riu.

— Fechado, dois gols — ele virou à esquerda.  

— Hm, James comentou comigo que você ganhou uma carona para o ensaio hoje...

Garoto fofoqueiro!

— Sim, era o meu pai — expliquei. 

— Eu sei.

— Nós tivemos uma longa conversa hoje e estamos bem novamente... A propósito, queria te agradecer.

— Eu? Por quê? — ele olhou de canto de olho para mim. 

— Sobre aquilo que você falou ontem... Você tinha toda razão — suspirei. E então contei, de uma forma resumida por causa da falta de tempo, toda a situação com o meu pai. Kendall prestou atenção em tudo que eu disse e não me interrompeu sequer uma vez. — Eu estava desde o Natal para ter essa conversa com ele, mas estava sem coragem. E você me ajudou, obrigada.

— De nada. Fico feliz de ter sido útil — ele sorriu e entrou na rua onde eu morava.

Você sempre é ­ — sorri de volta. Ele ergueu uma sobrancelha, como se quisesse dizer “É mesmo? Bom saber”.

Fiquei observando Kendall enquanto ele estacionava, com atenção, o carro em frente a minha casa, tomando cuidado para não bater no meio-fio.

De repente, ele olhou na minha direção. Não tive tempo de desviar o olhar e ele acabou me pegando no flagra.

— O que foi? — perguntou, desligando o motor. Ele ficava fofo quando fazia essa expressão de menino curioso.

— Nada, só estava te observando. Não posso? — indaguei, me inclinando apenas alguns centímetros em sua direção. O cinto de segurança ainda estava preso a mim e não me deixava ir muito mais longe do que isso.

 — Claro que pode — ele se curvou um pouco na minha direção também e me deu um selinho. — Então, quantos minutos nós temos?

— Hm... — Olhei para o visor do meu celular. — No total? Onze. Até meu pai perceber que nós chegamos e olhar pela janela? Eu diria que... Menos de cinco.

— Então acho melhor aproveitamos o curto tempo que temos da melhor forma possível...

Dito isso, ele tirou o seu cinto de segurança, e o meu também, em questão de poucos segundos e me beijou. Não pude deixar de pensar se suas mãos eram assim tão habilidosas para outras coisas também...

 E eu tive a resposta logo em seguida quando uma das suas mãos entrou por baixo da minha blusa e tocou minha pele quente. (Detalhe: não era uma tarefa muito fácil porque eu estava usando bastante roupa devido ao frio!). Senti um arrepio percorrer o meu corpo quando sua mão continuou subindo e estava quase tocando meu sutiã. Tive que afastá-lo antes que as coisas esquentassem demais.

— Fiz algo de errado? — ele perguntou, não entendendo minha reação. Ajeitei minhas roupas, sem olhar para ele.

— Hã... — olhei em direção a minha casa para ganhar a tempo e percebi que havia uma luz acesa no andar térreo (e não estava na hora que chegamos), o que veio a calhar. — Não, claro que não. Eu só preciso entrar.

— Ok — foi tudo que ele disse.

— Te vejo amanhã? ­ — perguntei, mesmo sabendo qual era a resposta. Ele assentiu. — Certo, boa noite.

— Boa noite.

— Tchau, Kendall — dei um beijo longo nele.

— Tchau, Howard — ele estava sorrindo e isso era um bom sinal.

Sorri de volta e saí do carro. Ele esperou até eu entrar e depois deu partida. Pensei que encontraria meu pai na sala, mas era Jill que estava na cozinha com um pacote de salgadinhos na mão.

— Oi — eu disse.

— Oi! Ah, eu só estava fazendo um lanchinho rápido... — ela tratou de se explicar rapidamente. — Por favor, não conte a Avery, você sabe o que ela acha sobre isso.

Claro que sabia. Avery era totalmente chata quando o assunto era produtos industrializados e cheios de corante.

— Seu segredo está a salvo comigo — dei uma piscadinha. — Vou para o meu quarto.

 — Ok, boa noite.

— Boa noite — eu disse, já no primeiro degrau.

Eu sabia que Jill gostava de fazer “lanchinhos noturnos” (e acredite: eu também gostava), mas nunca havia visto ela comendo salgadinho. Bem, talvez ela só queria comer sem a sua filha ficar tagarelando no seu ouvido como isso fazia mal. Porque se eu dissesse a Avery que comia pizza todo fim de semana, quando ia à casa de James ensaiar, ela iria surtar e me dar um sermão. Então, eu meio que entendia Jill.

Agora que as coisas estavam bem entre mim e meu pai (e eu era novamente “a garotinha do papai”), eu podia riscar um problema da minha lista. Porém eu ainda tinha outros assuntos para conversar com Kendall — sobre meu ex, por exemplo —, mas acho que isso poderia esperar mais um pouco.  


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Notas finais do capítulo

*UCLA: University of California, Los Angeles.
* Angry Bears: ursos raivosos (em tradução livre).

E aí, o que acharam? Espero que tenham gostado ;)

*SPOILER* No próximo capítulo, teremos o jogo de Hóquei dos meninos e algo vai acontecer (será que é bom ou ruim?).

Ok, era isso mesmo. Prometo não demorar tanto na próxima vez. Até mais! õ/

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