Everything's Better With You escrita por Maremaid


Capítulo 28
27 - Meu "irmão" me dá uma ajudinha


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Tudo bem com vocês?

Então, o capítulo está pronto desde sábado, mas eu fiquei sem internet. Por isso estou postando só agora haha. Ah, e também não coloquei spoiler no grupo porque não deu tempo, desculpe.

Ok, agora que esclareci tudo, vamos ao capítulo...

Boa leitura! õ/



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Prós e contras de crianças

PRÓS:

1- Algumas podem ser muito fofas e dá vontade de abraçar e não soltar mais (A série “Full House” é a prova disso).

2- São sinceras.

3- Como resistir quando elas fazem beicinho e dizem que gostam de você? Impossível!

CONTRAS:

1- Algumas podem ser verdadeiros diabinhos. (Vide: “Dennis, o pimentinha”, “O pestinha” entre outros filmes).

2- São choronas. E sempre vão chorar nos piores momentos.

3- São sinceras. (Ok, isso tem dois lados). Afinal, se elas disserem algo que te deixa constrangida na frente de alguém não vai ser nada legal.

4- As que são mimadas (Vulgo, o pior tipo). Fazem de tudo para chamar atenção e ganharem o que querem. Por exemplo: no supermercado sempre tem uma fazendo birra porque os pais não deram o que ela queria.

5- Gostam de gritar, enquanto correm pela casa e deixam as coisas caírem no chão “sem querer”. Argh!

 P.S.: Quero deixar claro que, mesmo tendo MUITO mais contras, eu gosto de crianças, ok?

***

Se alguém me perguntasse os meus planos para o fim de semana, eu teria dito que iria à casa de James ensaiar. Ou talvez fosse sair com Kendall para algum lugar legal. Ou, melhor ainda, estaria no conforto da minha cama assistindo Netflix.

Eu nunca diria que estaria passando o meu sábado à noite em uma casa do outro lado da cidade. Segurando um bebê no colo, com uma garotinha querendo “tomar chá” comigo enquanto que um menino está correndo pela casa — de máscara e com um escudo — achando que é o Capitão América (mesmo ele tendo muito bom gosto para super-herói).

Só que era isso que estava acontecendo comigo agora.

Ok, deixe-me explicar como eu fui parar nessa situação.

Como vocês devem saber, Maddie e Carlos estão saindo desde o baile de natal, ou seja, há um mês. Então, ele a convidou para jantar em um restaurante bem conhecido aqui da região para comemorar. Maddie aceitou, claro, e estava super empolgada.

Só que a família Sullivan pediu para que ela ficasse de babá no sábado à noite, a mesma noite em que eles iriam sair. Maddie ficou desesperada, pois tinha sido muito difícil fazer a reserva no tal restaurante, mas ela também não podia deixar os Sullivan na mão. E como eu estava com a noite livre, já que o ensaio tinha sido mudado para o domingo a pedido de Carlos, eu tive a brilhante ideia de me oferecer para ficar de babá no lugar dela.

Eu estava acostumada a cuidar apenas dos meus primos menores, quando eles iam à minha casa, ou quando tinham festas de família. Crianças adoráveis que me obedeciam e não eram mimadas (Bem diferente do meu outro primo, Auggie, mas esse é uma exceção).

— Não se preocupe. Vai ser moleza! — disse a Maddie quando ela me perguntou se eu daria conta. — As crianças me adoram.

Eu estava errada.

Cuidar de três crianças que você não conhece, era mais difícil do que vocês podem imaginar. Eu não sabia se elas eram “anjinhos” ou “pestinhas”, o que gostavam de fazer etc. Pena que só percebi isso depois de chegar à casa dos Sullivan e ficar sozinha com eles.

Abby, apelido de Abigail, tinha sete anos e era completamente apaixonada por princesas. Ela decidiu que eu seria uma Elsa perfeita. Até “Let it go” eu tive que cantar! (Talvez o fato de eu ser loira, ter chegado vestindo uma jaqueta azul-bebê e estar nevando, tenha influenciado um pouco isso...).

— Tome tudo, princesa Elsa — Abby, vestida de Aurora, fingiu despejar um pouco mais de chá na minha xícara. Enquanto isso, eu tentava achar um jeito de ficar confortável em uma cadeira de madeira pequena.

— Mas não tem nada aqui... — eu reclamei, olhando triste para a minha xícara de plástico vazia.

— Eu disse para tomar! — ela me lançou um olhar ameaçador que não combinava com a sua carinha angelical.

— Ok, ok! — levei a xícara aos lábios. — Hmm... Gostoso. 

O bebê começou a chorar no quarto ao lado.

— Desculpa, Abby, mas preciso olhar a sua irmãzinha —fiz beicinho, como se estivesse muito triste.

— Tudo bem — ela suspirou e fez um gesto com a mão, me dispensando. Como se eu realmente precisasse da ordem dela para fazer algo! Eu sou a babá aqui!

Corri para o outro quando, onde um bebê estava em pé no berço. Charlie, apelido de Charlotte, tinha nove meses e era muito fofinha. Peguei-a no colo, que parou de chorar no mesmo instante.  

— Sua espertinha! Só queria colo, hein? — perguntei, fazendo cosquinhas nela. Ela curvou os lábios em uma tentativa de sorrir.

— Stef — um menininho vestido de Capitão América, com um escudo na mão, apareceu na porta.  — Vamos brincar! Você é a Viúva Negra. A Charlie é o Hulk porque ela destrói tudo.

Brandon tinha cinco anos. Segundo a mãe dele, ele não tirava essa fantasia fazia uma semana.

— Ah! — lamentei. — Por que eu não posso ser a Feiticeira Escarlate?

— Porque não — ele disse. Nossa, bela resposta!

— Ok, vamos descer — suspirei.

— Steeef! — Abby desceu as escadas atrás de nós. — Você prometeu que ia brincar comigo!

— Eu já brinquei com você, agora é a vez dos seus irmãos — falei, já no andar de baixo. Ela cruzou os braços, emburrada, mas acabou ficando na sala conosco.

Demorei quase meia hora para construir uma minicidade feita de Lego (com direito a prédio, estradas, carros e pedestres) para Charlie destruir tudo em menos de dez segundos. O que fez Brandon comemorar, gritando “Hulk, esmaga!”.

O tempo foi passando, eu comecei a ficar cansada e as crianças pareciam estar com mais energia ainda — e eu nem dei açúcar para elas! —, se é que isso era possível.

Concordamos em assistir TV, mas eis que surge outro problema: Abby queria ver um filme da Barbie (Princesa, claro) e Brandon queria ver o desenho dos Vingadores. Se Charlie falasse, com certeza pediria algum desenho infantil com músicas irritantes que não saem da sua cabeça nunca mais. Os dois começaram a discutir, cada um defendendo o seu lado, enquanto isso, Charlie começou a chorar por causa do barulho.

Como Maddie conseguia? Ela fazia tudo parecer tão fácil!

Peguei Charlie e fui para a cozinha e esquentei a mamadeira dela. Se ela dormisse, talvez (só talvez) eu conseguiria dar conta dos seus irmãos. Mas adivinha? Ela não queria dormir!

Eu estava começando a me desesperar. Precisava de ajuda! Mas de quem?

Pensei em ligar para Maddie, mas não podia. Porque, um: Eu disse que daria conta. Dois: Não podia estragar o seu encontro.

Depois, pensei em Kacey. Ela tinha uma irmã mais nova que sempre cuidava. Mas me lembrei de que ela estava com Avery e mais duas meninas, ensaiando a coreografia para o Show de Talentos.

Resolvi ligar para o Gabe. Afinal, ele conhecia bem a Maddie e deveria saber algo útil. O telefone tocou, tocou, tocou. Eu estava quase desistindo quando ele finalmente atendeu.

— Gabe, oi! Ainda bem que você atendeu! Preciso da sua ajuda! — falei desesperada assim que ele disse “Alô?”.

Hã... Quem está falando?

— É a Stefanie. Você não olha o visor antes de atender, não? — perguntei, revirando os olhos, mas lembrei de que ele não podia me ver. — Enfim, estou aqui de babá, no lugar da Maddie, e as crianças Sullivan estão me deixando loucas! O que ela faria para acalmá-las?

— E por que você está me ligando para saber disso? Ligue para ela!

Porque eu não vou atrapalhar o encontro dela, oras! — respondi. Charlie, no meu colo, mexia no meu cabelo e tentava tirar o telefone da minha mão.

— Mas a minha maratona de One Tree Hill você pode atrapalhar, não é?

— Desculpe, não sabia! Eu respeito muito maratonas — deixei claro. — Ok, vou ser rápida: você lembra de algo que ela possa ter falado sobre como ela cuidava das crianças? O que ela costumava fazer para eles, sei lá... Pararem de enlouquecer os outros?!

— Não sei, ela fala muito sobre as crianças que ela cuida, mas não consigo me lembrar de nada agora.

— Ok — suspirei. — Obrigada mesmo assim. Tchau.

— Tchau, Stef! Boa sorte! — ele desligou.

Sorte? O que eu estava precisando mesmo era de um milagre.

Droga! E agora, o que eu ia fazer?

Eu só conhecia mais uma pessoa que poderia me ajudar: Kendall. Mas havia um probleminha... Eu não tinha o número dele! Quer dizer, eu tinha. Eu havia deixado dentro da minha gaveta, caso precisasse um dia, mas Savannah fez uma limpeza no meu quarto da última vez que foi lá e o papel sumiu! (Eu odiava essa mania de limpeza da minha irmã, ela sempre jogava as coisas fora sem me consultar primeiro).

Tive que recorrer à lista telefônica (É, eu sei que quase ninguém usa mais isso hoje em dia, mas eu realmente estava desesperada!). Por sorte, havia poucos Knights na lista e eu sabia que o nome da sra. Knight era Jennifer.

Alô? — por sorte, foi ele mesmo que atendeu.

— Oi, Kendall... É a Stefanie — eu disse, meio constrangida.

Ah! Oi, Howard — tinha certeza que ele estava com um sorrisinho nos lábios. — Como você conseguiu o número da minha casa?

Lista telefônica. Enfim, preciso de uma ajudinha sua...

— Pode falar.  

— Lembra que eu te disse que hoje eu ficaria de babá no lugar da Maddie? — perguntei. Ele soltou um “aham”. — Então, eu pensei que seria um pouco mais fácil... Mas as crianças estão me deixando maluca!

— O que elas estão fazendo, exatamente, para te deixar assim?

— Bem, primeiro foi uma competição pela minha atenção. O menino querendo brincar de super-herói e a menina querendo que eu tome chazinho e finja ser uma princesa — acho que estava claro na minha voz que eu não suportava isso, a parte da princesa. — Fora o bebê que não quer dormir!

— Três crianças?! — ele assobiou, surpreso. — Que belo pacote você foi arrumar!

— É, eu sei — falei, triste. — Por isso preciso de ajuda! E eu não posso ligar para a Maddie, vou acabar atrapalhando o jantar deles. Por isso liguei para você, na esperança que você pudesse me dar alguma ideia de como fazer eles parem de brigar e irem dormir.

— Sinto lhe informar, mas não existe uma receita mágica para isso — ele disse. Suspirei. — Hm... Já sei! Me passe o endereço que eu vou aí.

— Mas... — comecei a dizer. Eu só queria uns conselhos! Podia ser por telefone mesmo.

 —“Mas” nada! Você quer a minha ajuda, ou não?

Revirei os olhos.

— E não revire os olhos.  

— Eu não fiz isso... — menti descaradamente.

Fez, sim. Eu te conheço bem, Howard. Ande, diga logo o endereço.

Ok, ok — me rendi. Passei o endereço para ele.

— Certo, chego aí em cinco minutos. Tchau.

Tchau — suspirei, desligando.

Voltei para a sala. Abby e Brandon estavam brigando pelo controle remoto. Tirei da mão deles e coloquei em um filme que estava passando. Tinha crianças e era de comédia, poderia resolver. Prendeu a atenção dele por uns dois minutos, depois voltaram a reclamar.

Como prometido, cinco minutos depois a campainha tocou. Eu levantei animada, com Charlie no colo para atender a porta.

— Olá, querida — Kendall estava encostado no batente da porta.

— Oi! Obrigada, obrigada, obrigada por vir! — agradeci, fazendo sinal para ele entrar. Sei que tinha dito que só queria uns conselhos, mas vê-lo me deixou mais calma. — Nem sei como te agradecer.

— Posso pensar em algumas coisas... — ele disse com aquele sorrisinho malicioso nos lábios. Bati de leve nele.

Kendall se inclinou para me dar um beijo, mas virei o rosto no último momento e ele acabou acertando minha bochecha. Ele me lançou um olhar de dúvida.

— Não na frente do bebê!

— Por favor, ela não entende nada ainda — ele desdenhou. — Então, onde estão os outros pestinhas?

— Na sala de estar... — respondi. Fechei a porta enquanto ele tirava o casaco e pedi para que ele me seguisse.

— Oi, crianças! — ele sorriu para eles. — Eu sou o Kendall e...

— Por que você tem nome de garota? — Brandon o interrompeu.

— Hã... Bem... Não tenho — Kendall estava tentando explicar aquilo de uma maneira fácil, mas não estava conseguindo. Eu fiquei quieta, só para ver como ele iria se sair. — É que... Hm...

— Tem, sim — ele insistiu. — Tem uma menina chamada Kendall no desenho do Kick Buttowski.

— Sim — Abby concordou. — E tem também a Kendall Jenner.

— Ok, certo. Mas não é um nome só de garota, é de garoto também...

— Tipo Taylor? — Abby perguntou. — Porque tem a Swift e o Lautner.

— Sim, isso! — Kendall respondeu aliviado.

Brandon acenou positivamente, mas seu rosto dizia: “eu não entendi muito bem, mas vou fingir que sim”.

— Ok. E como vocês se chamam?

— Eu sou a Abby — ela disse e apontou para os irmãos. — ­ Esse mané vestido de Capitão América é o Brandon e...  

— B — Brandon corrigiu. — Por que você pode ter apelido e eu não?

— Porque o seu é estranho, é uma letra. Sem falar que sempre penso em uma abelha* — ela deu um sorrisinho para o irmão, como se aquilo fosse algum tipo de ofensa. — Ah! E a bebê fofa é a Charlie.

— Ela tem nome de garoto... — Kendall sorriu.

— É apelido de Charlotte, dã! — Brandon disse. Esse garotinho tinha a língua bem afiada para a idade dele.

Reprimi uma risada.

— Não ligue para o meu irmão — Abby disse. — Você é muito bonito, parece um príncipe.

— Ah, obrigado! — Kendall agradeceu e me lançou um olhar que dizia “Viu? Eu já conquistei a garota!”, que me fez revirar os olhos.

Ele estava aqui há menos de dez minutos e achava que já tinha tudo sob controle? Coitado!

— Vocês são namorados? — Abby perguntou, olhando para Kendall e depois para mim fazendo uma expressão estranha. Espero que ela só queira dizer que achava essas coisas nojentas por ainda ser pequena, e não por outra coisa.  

— Eu acho que eles são irmãos — Brandon disse.

— O quê? — Kendall riu. — Stefanie e eu somos...

—... Irmãos! — o interrompi. — É isso mesmo!

Brandon olhou para a irmã e mostrou a língua, se vangloriando por ter “acertado”.

Irmãos? Sério? — Kendall olhou para mim e moveu a boca sem emitir som algum. Encolhi os ombros e murmurei “desculpe”.

— Então — ele voltou a sua atenção para os dois —, que tal um pouco de música?

Isso deixou os dois animados. Kendall foi até o seu carro e pegou o violão. Ele começou com músicas infantis bem animadas, algumas que eu nem lembrava mais a letra. Aos poucos, foi diminuindo o ritmo e passando para músicas mais calmas. Quando percebi, Charlie estava dormindo no meu colo. Fiz sinal para Kendall que a levaria para o quarto, ele assentiu e continuou cantando com as crianças.

Quando o repertório de músicas de Kendall acabou, as crianças ainda não estavam com sono. Então resolvemos brincar com eles para ver se eles ficavam cansados. Mimica, pique-esconde (meninos contra meninas) e cavalinho (eu carreguei o Brandon porque ele era mais leve e Kendall ficou com a Abby).

Finalmente, eles começaram a bocejar e aceitaram ir para a cama, onde Kendall teve que cantar outra canção para cada um. Se eles tivessem demorado mais um pouco, quem iria dormir seria eu.

Quando estávamos descendo as escadas, os Sullivan chegaram. Por pouco que eles não pegaram os filhos ainda acordados.

— Boa noite, Stefanie — a mãe me cumprimentou. — As crianças deram muito trabalho?

Se ela soubesse...

— Boa noite, sra. Sullivan. Claro que não, seus filhos são crianças ótimas.

Não era bem uma mentira. Sim, eles deram um pouco de trabalho, mas eram boas crianças.

— Ah, que bom! — ela parecia muito aliviada. — E quem é esse jovem com você?

Por um momento, esqueci que Kendall estava logo atrás de mim. E agora?

— Hm... — comecei.

— Eu sou o Kendall — ele me interrompeu, estendendo a mão para cumprimenta-la e sorriu. Ele olhou para mim pelo canto do olho.

Por favor, não diga que estou pensando, por favor, supliquei em pensamento.

— Eu só vim buscar a minha... irmãzinha — ele me puxou para mais perto e mexeu no meu cabelo, como irmãos gostam de fazem para irritar o outro —, mas estava um pouco cedo e as crianças ainda estavam acordadas, então brinquei um pouco com elas. Desculpe por isso, sra. Sullivan.

Ele era um bom ator. Se ele não saísse bem como jogador de Hóquei ou músico, poderia fazer isso para viver. 

— Oh, tudo bem! — ela deu um pequeno sorriso. Que tipo de bruxaria esse garoto faz para todo mundo gostar dele? — É bom ver irmãos que cuidam um do outro, espero que meus filhos também sejam assim quando crescerem.

Abby e Brandon? Acho difícil...

— Tenho certeza que sim — Kendall disse.

— Eu vou dar um beijinho nas crianças, obrigada por vir, Stefanie – sra. Sullivan se despediu de nós com um abraço, o que me pegou de surpresa. — Hank, faça o pagamento, por favor.

— Claro, querida — o sr. Sullivan, que estava quieto até agora, respondeu. Ele tirou a carteira do bolso e me entregou uma quantia grande de dinheiro.

Tudo isso?! — deixei escapar, espantada. Kendall me cutucou discretamente, como se me pedisse para ficar quieta e só aceitar.

— Bem, não posso te pagar como se você estivesse cuidando de uma criança só — ele soltou um barulho que pensei ser uma risada. — Podemos ligar novamente para você quando precisarmos?

Uma próxima vez? Mas eu pensei que seria só hoje!

— Hm, sabe o que é... Acho que estou com a agenda um pouco lotada — menti. — Só fiz um favor para uma amiga mesmo porque estava disponível hoje, o que foi uma exceção. Mas vocês podem ligar para a Maddie! Ela com certeza vai poder!

— Ah, tudo bem.. — sr. Sullivan respondeu, coçando o cavanhaque. — Obrigado por vir.

— Imagina, o prazer foi meu — sorri. Olhei para Kendall — Vamos?

 — Sim — ele assentiu. — Boa noite, sr. Sullivan.

— Boa noite, rapaz — eles se despediram com um aperto de mão. Eu apenas acenei.

Kendall pegou o seu violão, que estava encostado perto da porta, e nossos casacos no cabideiro. Demos um último aceno e saímos em direção ao seu carro.

Entramos no carro e Kendall guardou o violão no banco de trás e deu partida. Ele ligou o som e fingiu estar muito interessado nas ruas praticamente vazias.

— Kendall? — o chamei. Ele nem olhou para mim. — Por favor, fale alguma coisa.

Ele suspirou, derrotado, e lançou um olhar rápido para mim.

— Acho que quem tem que falar algo é você — respondeu. — Que merda foi aquela de dizer que éramos irmãos?

 — Desculpe! Foi a melhor desculpa para explicar porque eu tinha levado um garoto para uma casa onde eu estava de babá. Eu não queria que eles pensassem mal de mim... — olhei para as minhas próprias mãos que estavam no meu colo. 

— Ok, eu entendo o seu lado. Mas você já pensou se eles me conhecessem e soubessem que só tenho a Katie de irmã? — questionou. — A sorte é que só conheço uma família por aqui e não são eles.

Ele não precisou citar nomes, sabia que estava falando dos Crawford, a família do Nick. Não lembrava exatamente onde ficava a casa dele, pois só fui naquele dia do Hockeyween, mas sei que ficava nessa região.

 — Eu sei, eu sei. Eu não pensei direito na hora — eu disse. — Sinto muito.

— Tudo bem. — respondeu. Ficamos em silêncio por um instante, até ele falar novamente: ­— Eu acho que você deveria dividir esse dinheiro comigo. Afinal, você não teria conseguido domar aquelas crianças sem mim.

Dei uma gargalhada.

— Vá sonhando! Tenho uma ideia melhor: Eu pago na próxima vez que sairmos. Assim eu já agradeço pela sua ajuda.

— Não foi isso que eu pensei quando você disse “nem sei como te agradecer”... — ele batucou os dedos no volante, triste. — Ah, caso não tenha ficado claro a minha resposta é não!   

— Eu posso muito bem pagar um encontro. Já sei! Eu aproveito e escolho o lugar também. Vamos nos divertir bastante — sorri. Ele revirou os olhos. — Qual é, Kendall, não seja machista!

— Ok... — ele concordou, meio contra sua vontade. Dei um sorriso. —  O próximo é por sua conta.

Mais um momento de silêncio.

— Hm, não sabia que você era tão bom com crianças ­— falei.

— Sou bom em várias coisas — ele deu um sorriso torto. Bufei. — No hóquei, tocando violão, cantando... Não pense besteira, Howard.

Ele entrou na rua onde eu morava. Eu estava cantarolando baixinho uma música que tocava na rádio.

— Eu aprendi a ser responsável desde cedo — ele disse do nada. — Minha mãe precisava trabalhar e alguém tinha que cuidar da casa e da minha irmã.

— E o seu pai? — falei sem pensar.

— Ele morreu quando eu tinha nove anos. Um carro veio na contramão e bateu no dele.

— Oh! Eu realmente sinto muito — eu disse. Eu deveria ter imaginado, nunca tinha ouvido falar nele. — Você sente muito a falta dele?

— Todos os dias — respondeu.

 Eu conseguia sentir a dor em sua voz.  Eu também sentia muito a falta da minha mãe.

— Eu era muito mais apegado ao meu pai, fazíamos tudo juntos. Foi ele que me ensinou a jogar Hóquei — disse. — Mas depois que ele se foi, comecei a dar mais valor as outras pessoas que estavam a minha volta. Percebi que minha mãe e Katie, que era só um bebê na época, precisavam de mim.

Eu não sabia o que era isso. Quando meu pai foi embora, eu tinha oito anos, quase a idade dele quando perdeu o pai. Mas era diferente. Por mais que eu não convivesse com ele, sabia que ele estava bem, que o veria novamente. Kendall sabia que o pai não ia voltar.

— Sinto muito mesmo — foi tudo que eu disse.

— Tudo bem — ele parou o carro na frente da minha casa e desligou o motor.

— Por que você me contou isso? Sobre... Sobre o seu pai?

— Porque — ele se virou no banco e olhou para mim — eu confio em você. E quero que você confie em mim também.

— Mas eu confio em você.

— Então por que você não se abre comigo? Fica fingindo que tudo está bem?

— Não estou fingindo — engoli em seco, desviando o olhar para a estrada.

— Sim, está. Você pode dizer que está tudo bem entre você e o seu pai, mas isso não é verdade. Olha, eu não estou pedindo para você me contar em detalhes o motivo dessa desavença entre vocês. Só quero que você saiba que pode me procurar quando precisar de alguém para desabafar, ok? — ele perguntou. Assenti, ainda sem olhar para ele. ­— E eu sei como é doloroso perder alguém, mas você não pode afastar o seu pai, independentemente do que ele tenha feito no passado. — ele fez uma pausa. — Eu faria qualquer coisa para ver o meu pai de novo, mas sei que isso é impossível. O sr. Howard pode não ter sido o melhor pai de todos, mas pelo menos você ainda o tem. Não desperdice isso.

Kendall tinha razão. Eu mantinha meu pai longe como se ele fosse o culpado por tudo que aconteceu de ruim comigo. Ok, ele tinha uma parcela de culpa, mas não era tudo por causa dele.  Além disso, ele era minha única família agora.

Eu olhei para Kendall e, sem dizer nada, o abracei. Ele pareceu um pouco surpreso no momento, mas logo depois passou os braços ao meu redor e acariciou o meu cabelo.

Obrigada — sussurrei.

— Um sorriso no seu rosto já serve — ele respondeu perto do meu ouvido, o que me fez realmente deixar escapar um sorriso.

— Hm... — me afastei um pouco dele. — Eu havia pensado em outra coisa.

Como se ele estivesse pensando a mesma coisa do que eu, me beijou. E de novo, e de novo...

— Ainda bem que não somos irmãos, porque isso aqui — ele disse, apontando para nós dois — seria considerado incesto.

— Pois é — eu ri. — Dá para acreditar que eles caíram nessa?  Nós nem somos parecidos... Ou somos?

— Acho que não, talvez só a cor do cabelo — respondeu. Concordei.

As pessoas sempre diziam que eu e Savannah éramos parecidas e eu também achava isso. Mas Kendall e Katie não tinham semelhança alguma: ele era loiro, ela, morena. Muitas pessoas são parecidas e nem ao menos são parentes, isso não quer dizer nada mesmo.

— Bem, acho melhor você entrar...

— Você está me dispensando? — fiz biquinho, fingindo estar decepcionada. — É isso mesmo?

— Claro que não! Se eu pudesse, ficaria com você aqui pelo resto da noite, mas... — ele lançou um olhar para a minha casa, que estava bem atrás de mim. — Já estamos um tempo aqui no carro e acho que vi alguém na janela. Não quero te trazer problemas.

— Tudo bem — assenti e lhe dei um beijo rápido. — Te vejo amanhã no ensaio. Tchau.

— Espera... — ele me deu um beijo demorado.  — Ok, tchau.

Eu ri e saí do carro. Acenei para ele e escutei o som do seu carro distanciando quando entrei. Tirei o casaco e coloquei no cabide, ao chegar à sala, vi o meu pai sentado assistindo televisão. Ah, então era ele estava na janela...

— Ah, oi! Deu tudo certo com as crianças?

— Oi. Sim.

— Que bom — respondeu, dando um pequeno sorriso. — Hm... Eu escutei um barulho de motor, alguém te trouxe em casa?

— Sim, o Kendall. E você sabe disso, porque te vimos espiando.

Ele não conseguiu disfarçar sua cara de surpresa por ter sido pego.

— Não estava espiando, só estava passando na frente da janela na hora que escutei o carro e resolvi ver quem era, só por curiosidade — explicou. Aham, claro.

— E antes que você fique mais curioso, quero deixar claro que não menti sobre ter ido trabalhar como babá — mostrei o dinheiro para ele. — Kendall só se ofereceu para me trazer de volta.

Ok, eu não precisava ser 100% verdadeira e dizer que ele foi lá para me ajudar a cuidar das crianças. Isso era só um pequeno detalhe. 

— Tudo bem ­— ele pareceu acreditar em mim. — Hmm... Vocês dois estão namorando?

— Não. Ainda. — eu disse, só para ver sua reação. — Estamos nos conhecendo.

— Ok — ele assentiu, satisfeito. — Eu queria conhece-lo melhor também.

— Como assim?

— Que tal convidá-lo para tomar café conosco um dia desses? — ele propôs.

Isso me pegou de surpresa.

— Hã... Ok, posso falar com ele.

— Ótimo! — ele sorriu, desligou a televisão e levantou-se do sofá. — Já está meio tarde, vou dormir. Você deveria fazer o mesmo.

— Claro, eu já vou... Só vou dar uma passada na cozinha primeiro.

— Certo. Boa noite, filha — ele foi em direção às escadas.

— Boa noite — respondi, indo para a cozinha.

Mas o que acabou de acontecer aqui? Eu jurava que ele iria me dar um sermão.

Acho que meu pai precisava de uma chance de contar o seu lado da história. Talvez aquela conversa que eu estava adiando tanto, esteja finalmente na hora acontecer. 


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Notas finais do capítulo

*A letra “B” em inglês se pronuncia “bi”, que tem o mesmo som de “Bee” (“abelha” em inglês).
>> Aurora: nome da princesa Bela Adormecida
>> Referência a Vingadores, porque sim u.u

Oi (de novo)!

E aí gostaram das crianças? E do Kendall aparecendo? E será que agora Stef e o pai se resolvem de vez? Me digam o que vocês acharam nos comentários!

#Favoritem #Recomendem #MovimentoFaçaUmaAutoraFeliz

Até mais! õ/

XOXO

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