Alleine In Die Nacht escrita por Maty


Capítulo 8
Capítulo 8 - Sozinho do outro lado da porta




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-Onde nós estamos?! – perguntei abrindo a porta e saltando pra fora. O lugar era uma enorme construção branca, sem muitas cores, e rodeada por uma enorme quantidade de árvores. O ar era fresco e consideravelmente mais agradável que o do hospital. Ouvi o barulho do porta malas sendo fechado e olhei para trás, quando a grande placa finalmente chamou minha atenção. – Hospital Psiquiátrico...? – cambaleei alguns passos, me encostando no carro á procura de apoio.

 

-Bill... – mamãe choramingou andando na minha direção, tinha a mão estendida, mas parecia não ter coragem de me tocar.

 

-Vocês me trouxeram para um hospital psiquiátrico?!

 

-Vai ficar tudo bem. – ela disse.  

 

-È óbvio que não vai ficar tudo bem!! Eles vão te abandonar!! – fechei os olhos. “ Ele voltou. “ pensei desesperado. Respirei fundo, Tom gritava. Minha cabeça começava a doer, mas aquela dor não era nada comparada a como suas palavras me doíam.

 

-Não!! Não vai ficar tudo bem! Parem de repetir isso!! – bati com força na lataria do carro, olhando com raiva para as três pessoas que me encaravam assustadas. - Desde que Tom morreu é tudo o que me dizem!! Isso não é uma casa de campo!! Vocês vão me abandonar!!  Vão me internar em uma casa de loucos e dementes!! Um hospício!!

 

-Não é um hospício! È um hospital psiquiátrico. – Gordon tentou me acalmar. – Aqui você vai receber um tratamento adequado, Bill. Vai poder parar de ouvir a voz do Tom e aos poucos deixar toda sua dor para trás e seguir em frente de cabeça erguida! – papai solto um resmungo contido, caminhou até mim em passos largos apertou minha cabeça entre suas duas mãos, me obrigando a olhar para ele.

 

-Estamos fazendo isso para você melhorar. Quase te perdemos também, tem idéia de como estamos assustados?!?! Não vamos correr o mesmo risco novamente!! Sei que estive muito ausente na sua vida e na do Tom nos últimos anos, mas vocês continuam sendo meus filhos e eu continuo sendo seu pai! Me recuso a perder os dois ao mesmo tempo! – com o canto dos olhos eu podia ver Gordon segurando minhas grandes malas, já a meio caminho da porta do hospital. – Em casa não temos nenhum controle sobre você ou sobre o que está acontecendo!! Acha que é agradável te deixar aqui?! Acha que foi fácil tomar essa decisão?! – se irritou, soltou meu rosto e cambaleou um passo para trás. – Está na hora de você começar a pensar mais nas pessoas á sua volta! Nós também estamos sofrendo! – bateu forte em seu peito por cima de sua grossa jaqueta de couro, fazendo um barulho grosso e abafado. Balancei a cabeça, me negando a concordar ser internado naquele lugar.

 

-Eu farei tudo o que vocês quiserem! Vou comer tudo que pedirem! Vou me comportar de agora em diante! Prometo! – meus olhos vagavam entre meu pai, minha mãe e Gordon procurando por algum indício de dúvida. Mas eles estavam decididos a me abandonar ali e por isso seus olhos pareciam duros e vazios. - Eu não vou entrar! Não vou!! Por favor, mãe! Não me deixe sozinho!! – andei até ela apertando seu braço com força. Naquele momento eu era apenas uma criança prestes a ser abandonada pelos pais.

 

-Fraco. Egoísta. Solitário. – tentava ignorar as palavras sussurradas por Tom em minha mente, mas a cada sílaba sentia um pouco mais de desespero crescendo em meu peito.

 

-Bill... Não torne as coisas mais difíceis. – mamãe tentou sorrir, mas as lágrimas e seu olhar machucado estragavam seu sorriso. – Não precisa ficar por muito tempo, somente até o médico dizer que está curado.

 

-E como eu sei se isso vai demorar ou não!? Até quando terei que ficar aqui?! – lembrei de Gustav, Georg e Andreas. Eles se despediram de mim, eu só não sabia por quanto tempo. Mas eles sabiam que talvez demoraria, não sabiam?

 

“-Espera! – Georg exclamou, parei e me virei. – Você... Você sabe que é muito importante para mim, certo? – estreitei os olhos, confuso com suas palavras. – Quer dizer, dividimos tantas coisas juntos que é difícil me imaginar sem você! – sorriu, poucos segundos depois me abraçou forte. – Nunca mais repita essa besteira! Não me deixe preocupado! Eu realmente te amo, sabe? È um de meus melhores amigos.

 

-È... Concordo com tudo que ele disse! – Gustav exclamou por trás de seus óculos.

 

-Você sabe que eu também te amo, não sabe?! – Andreas sorriu mexendo em seu cabelo loiro. “

 

-E...E eu não vou mais poder ver meus amigos? E vocês? – engoli seco.

 

-As visitas são permitidas somente em fins de semana ou em caso de urgência. – minha mãe disse. – Vou ligar sempre! Você vai ficar bem... Já ficou meses sem me ver e anos sem ver o seu pai! – secou suas lágrimas com a parte de trás de sua mão se recompondo com um sorriso fraco e apagado.

 

-Não sozinho... Eu nunca estive sozinho.

 

-Nós não queremos que você sofra mais.  – papai apoiou suas mãos grosseiras de dirigir o caminhão sobre meu ombro.

 

-Eles vão te deixar sozinho. Estará rodeado de estranhos e todos eles vão tirar sarro de você como na escola!! E dessa vez eu não vou estar lá para te proteger. – fechei os olhos sentindo o quanto aquelas palavras me machucavam.

 

-Por favor, Bill... – Gordon implorou, observei com cuidado os olhos das outras duas pessoas ao meu lado e ficou óbvio que isso era o que eles desejavam também. Permaneceram em silencio esperando por uma reação positiva de minha parte.

 

   Meus olhos vagavam de mamãe para Gordon, de Gordon para papai e de papai para o hospital. Suspirei e dei o primeiro passo em direção á construção, não por que eu queria estar lá, mas sim por que precisava. Fui um egoísta ao fazer toda a minha família sofrer dessa maneira por causa de minha fraqueza, não era justo fazê-los sofrer mais ainda. Todos pareceram soltar um suspiro de alívio. Andamos juntos e em passos lentos, talvez os três ansiando que não chegássemos nunca ao nosso destino. Subi a pequena escada e adentrei a grande porta de madeira.

 

    Seguimos por um corredor composto por paredes brancas que levavam a um pequeno balcão. Atrás dele uma mulher de meia idade e cabelos ruivos sorriu assim que me avistou.

 

-Bill Kaulitz! – exclamou tirando seus pequenos óculos. O crachá em seu peito indicava que seu nome era Rose. – Estávamos esperando sua chegada.

 

-Mãe... – me virei segurando a encarando, preocupado. – Aqui é seguro?

 

-È claro que sim, meu amor. – sorriu. – O lugar é um pouco afastado do centro e não divulgamos sua internação.

 

-Ah sim... Não se preocupe! Já hospedamos celebridades, temos seguranças de prontidão caso necessário. – Rose mais uma vez sorriu, seu sorriso lembrava o sorriso meigo de minha falecida avó. – Está pronto?

 

-Até mais, querido. Se cuide, ouviu? – mamãe chorava novamente, tocou meu rosto e depois me abraçou forte. – Eu te amo. Estarei aqui no fim de semana.

 

-Também te amo. – ela se afastou e meu pai foi o próximo a se aproximar. – Você vai estar aqui no fim de semana também? – perguntei, sabia que ele tinha que voltar a trabalhar.

 

-Claro que sim! – passou suas mãos pelo meu cabelo os bagunçando de leve. – Estarei aqui, prometo.

 

-Não vá fazer besteiras, garoto! – Gordon sorriu batendo em meu ombro. – Seja forte. – piscou um olho e me abraçou.

 

-Vamos, querido. Jimmy irá te acompanhar até seu quarto. – Rose disse apontando para um homem sério de cabelos loiros, ele usava um uniforme completamente branco, era provavelmente um enfermeiro.

 

   Segui Jimmy até uma segunda porta, passei por ela e antes que ela voltasse a se fechar, parei, não resisti ao impulso, e olhei para trás. Gordon abraçava minha mãe, que tinha as mãos cobrindo sua boca e segurando o choro. Papai sorria, mas seus olhos permaneciam tristes e preocupados. Senti uma lágrima escorrer e molhar meu rosto ao observar a única família que me restou desaparecer por trás da porta. Do lado de lá havia todos os meus amigos, minha família e meus fãs, deste lado tudo que me sobrou foi a solidão e o desconhecido.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem...

Os próximos capítulos serão mais devagares pra mostrar como que é lá dentro do hospital e talz..
E a história finalmente vai começar a mudar de foco

espero que não acabe desapontando ninguém.
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Reviiews??



ps: Brigada beccak pela indicação!!!!!